Já haviam se passado algumas horas desde que Jane havia nos deixado e Edward usara o sangue de Nahuel para escrever nossa localização na parede, mas ainda ninguém havia ido até nós.
Estávamos sozinhos em nossa cela, Nahuel havia se afastado o máximo que pode para que tivéssemos a chance de que Alice nos visse naquele lugar, mas ainda não tínhamos tido nenhum sinal de ninguém que pudesse nos tirar daqui e eu estava começando a me perguntar se tudo aquilo teria valido a pena, se extrair o sangue de Nahuel daquela forma não teria sido um sacrifício em vão.
Edward estava sentado no canto da cela encostado sobre as pedras escuras que formavam tijolos para a parede atrás de nós, paredes que nos afastavam do mundo, da civilização, das pessoas que amávamos e de nosso maior presente em toda nossa existência, Renesme. Os olhos de Edward estavam negros, os contornos em volta mais arroxeados que o de costume, as olheiras mais profundas e eu podia ter certeza que os meus não estariam muito diferentes dos deles. Para qualquer humano seriam apenas sinais de noites mal dormidas mas para nós, sabíamos exatamente o que aquelas marcas em nossos olhos negros como ônix significariam.
Há muito tempo não caçávamos por nós mesmo e o que Jane nos oferecia não saciava por completo nossa cede, estávamos cansados e quem sabe quanto tempo ainda poderíamos sobreviver a tudo aquilo, mas mesmo dentro daquelas paredes eu sabia que não havia ninguém melhor no mundo para estar comigo do que Edward, acredito que sem ele ali eu mesma teria me cortado em pedaços e arrumado um jeito de atear fogo ao meu corpo.
Eu estava deitada no seu colo, meu olhar atencioso fixado de volta aos olhos da pessoa mais importante de minha existência que me retribuía o olhar com carinho e amor, Mas Edward estava ali comigo e naquele momento isso era tudo que importava.
Edward brincava com meus cabelos entre seus dedos e isso me lembrava de outros tempos, tempos onde não havia preocupações, uma época onde tudo com o que nos preocupávamos era estar juntos, claro que nem todos os momentos foram tão simples assim e eu já deveria estar acostumada a situações como essas, mas nunca antes em todo o tempo que eu estava com Edward nada havia chegado a um estremo tão grande como o de agora.
Eu pensava em todos os problemas que já tinha trazido aos Cullens e que talvez se Jane finalmente me matasse eles poderia ter uma existência melhor do que a que tinham hoje, mas eu não poderia aceitar que Edward estivesse incluso no pacote de Jane ou mesmo Renesme, a eles eu apenas desejava um existência longa e feliz, já a mim eu não me importaria em morrer por eles.
- Bella, não pense nisso. – Edward interrompeu meus pensamentos. – Eu jamais seria feliz sem te-la, você sabe muito bem disso.
Eu acreditava que Edward estava errado, mas eu sabia que sem mim ele procuraria uma forma de acabar com sua vida, nós já havíamos passado por isso antes e era pesaroso lembrar que por pouco eu não o perdi a anos atrás quando ele achou que eu havia me matado, conclui que minhas idéia de morte estaria acarretada a morte da razão da minha existência e preferi pensar em outras coisa, eu não poderia deixá-lo, isso significaria que Edward me seguiria mesmo que fosse para os confins do além.
- Foi só um pensamento meu amor, eu nunca deixaria de lutar tendo você ao meu lado. – Eu não estava mentindo. Enquanto Edward e Renesme estivessem em minha existência eu teria bons motivos para viver.
- Eu não gosto quando você age assim Bella, estamos nisso juntos e sairemos daqui com vidas juntos você esta me ouvindo? – Sua voz era nervosa e fraca pelo cansaço do cárcere.
- Desculpe Edward, mas não há como não pensar que tudo não é minha culpa, se eu nunca tivesse ido a Forks, se não tivéssemos nos conhecido, você não estaria aqui hoje.
- Não diga isso. – Ele me repreendeu. – Se você não tivesse aparecido em Forks, Renesme não existiria. Bella, eu posso não adivinhar o futuro como Alice, mas nem é preciso fazê-lo para saber que o meu futuro é você.
Eu sabia que Edward estaria certo e apesar de todo a culpa que eu tinha guardada dentro de mim era verdade que eu jamais me arrependi de um momento ao seu lado, de nada que tivéssemos vividos e claro eu jamais me arrependeria de ter Renesme, a pessoinha tão especial de minha vida, agora uma mulher e eu me culpava mais uma vez por não estar com ela.
- Como será que ela esta? – Eu perguntei a ele enquanto acariciava as palmas de suas mãos.
- Ela esta bem Bella, não se preocupe, tenho certeza que todos estão cuidando muito bem dela, principalmente Jacob. – Edward forçou um meio sorriso pelo que acabara de dizer.
- Você acha que ele... – Eu não consegui completar a frase, há meses quando fomos capturados Renesme era apenas uma criança e Jacob não tinha nenhum tipo de interesse além de protegê-la, mas agora ela era uma mulher e o que poderia ter acontecido entre os dois, com toda a nossa situação eu ainda não havia pensando nisso.
- Bella, eu tenho certeza que Jacob saberá a hora certa dele. – Edward me respondeu delicadamente.
- Espero. – Respondi sorrindo. – Ou então será ele quem estará preso em uma cela.
Edward e eu rimos do meu comentário e era bom ter um pouco de humor apesar de toda aquela situação, era bom estarmos juntos.
Nosso riso foi interrompido quando ouvimos barulhos de alguns passos através do corredor, a principio longe o bastante para que não víssemos nada, mas não o suficiente para os nossos ouvidos vampiros pudessem escutar.
Levantei-me em um salto do colo de Edward onde estava deitada e ele seguiu meu movimento, nossos corpos enrijeceram ao som de cada passo e eu não imaginava de quem poderia se tratar. Talvez Jane, não tínhamos boa noção de quanto tempo havia se passado desde que ela nos deixou, mas sabíamos que não era o bastante para que ela tivesse ido e voltado de Forks, talvez Morris, talvez ela pudesse ter nos enganado dizendo que ele iria com ela, ou simplesmente fosse Nahuel que voltara para ver como estávamos.
Ficamos em pé um ao lado do outro esperando por nossa sorte como um jogador quando os dados são lançados sobre a mesa, a mão de Edward tocou a minha o que aliviou um pouco da minha tensão mas não por completo, os passos estavam ficando mais próximos e eu poderia jurar que naquele momento senti meu coração bater ao ritmo de cada passo, mas eu estava apenas enganado a mim mesma, tentando não pensar quem poderia ser.
Se Jane ou Morris voltassem e vissem a parede o mais provável é que eles nos matassem antes que qualquer pessoa pudesse nos encontrar e não haveria por que Jane não acabar com Renesme após isso. Um calafrio percorreu minha espinha com este pensamento e Edward segurou mais forte minha mão lendo minha mente.
Os passos continuavam e agora estava perto de mais de nós, Edward relaxou sua mão e sorriu eu o fitei imaginando o que aquele sorriso significa para nós.
- Liberdade! – Ele respondeu a pergunta em minha mente.
Assim que Edward pronunciou a palavra avistei uma figura pequena e magra virando em direção a nossa cela, eu nunca deixaria de reconhecer aquela silhueta de bailarina saltitante, ao seu lado o vampiro louro que em outro momento da minha vida eu vislumbrei como um astro de cinema. Alice e Jasper haviam ido nos resgatar.
Eu amava Alice como a uma irmã e se pudesse chorar naquele momento eu estaria em prantos, mas dentro de mim, em algum lugar do meu corpo frio as lágrimas transbordavam e eu não poderia estar mais feliz do que estava em vê-la.
Através das grades que ainda nos separava eu pude abraçá-la, tão forte quanto o resto das minhas forças me permitiam enquanto Edward e Jasper repetiam a mesma cena e de repente toda a tensão e medo havia passado, só poderia ser Jasper nos deixando calmos, por que há um minuto eu estava pensando em minha própria morte e agora tudo que eu conseguia sentir era felicidade, um breve espaço de felicidade, mas eu realmente estava feliz.
- É bom vê-los novamente. – Jasper nos disse separando seus braços de Edward.
- A idéia da parede foi ótima. – Alice disse sorrindo. – Eu jamais reconheceria este lugar sem a ajuda de vocês.
- A idéia foi de Edward. – Respondi a ela.
- De quem era o sangue na parede? – Foi Jasper quem perguntou.
- De Nahuel. – respondi. – Ele esta nos ajudando.
- Não entendo. – Disse Alice intrigada.
- Alice, Nahuel não esta aqui por sua vontade, Jane tem o enganado todo esse tempo, ela o esta ameaçando.
- Nessie nos disse algo sobre isso, mas não estávamos certos se poderíamos confiar no tal Morris a respeito. – Ela respondeu a Edward.
- E não podem, Morris esta com Jane nisso tudo, ele tem ajudado ela todo esse tempo. – Fui eu quem falei a ela.
- Como não vi isso? – Ela tinha uma expressão triste em seus olhos.
- Não é sua culpa Alice. – Eu respondi abraçando-a novamente através das grades.
- É hora de saírem daqui. – Jasper interrompeu nosso abraço.
- Sim.- Edward e eu respondemos em coro.
- Jasper pegou uma pequena chave em seu bolso e girou na fechadura de nossa cela, a porta em grades se abriu e Edward e eu passamos por ela, era o inicio de nossa liberdade. Nos abraçamos novamente, agora sem as barras para nos impedir, finalmente um pequeno pedaço de nossa família estavam reunidos novamente, mas ainda tínhamos que voltar, Nessie poderia estar em perigo.
- Jane esta indo para La Push, precisamos ir. – Eu disse ao me lembrar de que Jane estava caçando Nessie.
- Acalme-se Bella, nós já sabemos, ela tem tentado me confundir, mas assim que tive a visão com vocês imaginei que ela só poderia ter se distanciado o suficiente para ir atrás de Renesme. – Ela me respondeu. – Todos estão avisados e a alcatéia decidiu nos ajudar.
- Como conseguiu a chave? – Edward perguntou a Jasper, com a alegria de vê-los eu não havia me atentado a este detalhe. – Ah, claro. – Ele provavelmente leu a resposta a sua pergunta na mente de Jasper.
- Ele quer vê-los. – Jasper disse calmamente a Edward.
- De quem estão falando? – Eu não estava gostando daquela conversa.
- Aro. – Edward me respondeu.
Eu não consegui dizer mais nada depois disso, estava tão feliz de ter Alice e Jasper comigo, mas agora ainda teríamos que passar por Aro que até então supostamente não sabia de nada que estava acontecendo, pensei comigo mesma se não era cedo de mais para sentir me feliz e aliviada como estava.
Saímos pelo longo corredor onde meses atrás fomos trazidos por Nahuel, não me lembrava exatamente por onde entramos, mas sabia que não era o mesmo lugar por onde estávamos saindo.
Saímos por uma grande porta que ficava no fim do longo corredor, ela dava a outro corredor e uma segunda porta, ao abrir a segunda porta passamos por uma espécie de ante sala também vazia, as teias de aranha na parede identificavam que aquele lugar não era utilizado há muito tempo, a sala não tinha mais nenhum tipo de saída e eu já estava me perguntando se Alice não havia errado o caminho.
- Que tipo de lugar é este? – Perguntei intrigada.
- Os Volturi usavam esse lugar para aprisionar vampiros que não seguiam as suas leis, mas o lugar foi desativado há muito tempo depois que eles perceberam que era mais fácil matá-los a mantê-los aqui.
Imaginei como seriam esses vampiros, que tipo de gente eles não detinham ali, preferi elevar meus pensamentos em outra coisa.
Alice se aproximou de uma parede feita todas em pedras, ela parou de frente para ela e fitou seus olhos diretamente a parede, como se estivesse entretida em algo.
- O que ela esta fazendo? – Sussurrei para Edward.
- Ela esta contando Bella. – Edward me respondeu no mesmo tom de sussurro.
- Contando o que?
- Esta parede é uma passagem secreta Bella, existe a pedra certa a tocar para que a porta se abra, se ela errar poderá ativar algum tipo de armadilha.
Eu assenti que havia compreendido a ele, mas fiquei imaginando que tipo de armadilhas um Volturi prepararia, mais uma vez achei melhor não imaginar o que poderia ser, nós já conhecíamos do que os Volturi eram capazes.
- Acho que esta aqui. – Alice nos disse apontando para uma das pedras.
- Você acha? – Jasper perguntou a ela, sua voz tensa.
- Não. – Ela respondeu. – Eu tenho certeza, não me vejo caindo em nenhuma armadilha.
Alice pressionou a pedra contra a parede e instantaneamente uma parte da enorme muralha se abriu nos dando passagem, me senti aliviada por ela poder prever o próprio futuro, eu nunca me perdoaria se Alice se machucasse.
Passamos por outro pequeno corredor, uma espécie de hall de entrada e nele havia uma outra porta, Alice girou a maçaneta e eu pude ver os raios de luz entrarem atingindo diretamente nossos olhos, a luz vinha de uma grade sala oval, eu já havia estado naquela sala antes há alguns anos atrás, nela três homens nos aguardavam e não demorou para que eu os reconhece. Aro, Caius e Marcus, eram os Volturi.
Sentados em seus tronos Aro se levantou para nos receber assim que nos viu passar pela porta, Caius e Marcus permaneceram sentados nos observando atentamente.
- Peço-lhes desculpa por todo esse ocorrido, não sabíamos que estavam aqui. – Aro nos disse com um tom simpático.
- Entendemos Aro, só queremos ir embora. – Edward respondeu a ele, tentando manter o mesmo tom.
- Claro, vocês estão livres, podem ir.
- E quanto a Jane? – Eu perguntei. Se Jane ainda estava livre ainda havia perigo para nós.
- Jane terá seu castigo Bella, ela não é mais uma de nós. – Aro respondeu de imediato.
- Podemos ir? – Edward perguntou.
- Sim vocês estão livres, mas voltem quando quiser.
Edward assentiu que sim e nos retiramos da grande sala, do lado de fora na Praça de Volterra finalmente pude sentir o cheiro da liberdade, por sorte era um dia nublado e não precisamos esperar anoitecer para que pudéssemos sair, eu parei no meio da praça sentindo a leve garoa que batia contra o meu rosto e pela primeira vez em minha vida eu gostei de sentir frio e chuva contra minha pele.
Da ultima vez que estivemos em Volterra o dia estava muito ensolarado e agora do lado de fora eu me lembrava bem daquele dia, cada detalhe estava bem claro em minha mente e foi só então que me atentei a um detalhe.
- Como chegou aqui tão rápido Alice? – Eu perguntei imaginando o que Alice poderia ter feito para chegar em tão pouco tempo. – Não me diga que você roubou outro carro?
Não. – Ela me respondeu sorrind. – Desta vez tive que roubar uma coisa um pouco maior, mas penso que devemos falar com Carlisle para adquirir um daquele também, é muito útil.
- Do que você esta falando Alice? – Eu perguntei a ela enquanto Edward prendia um pequeno sorriso que se formava em seus lábios.
- Nada de mais Bella, Alice só pegou “emprestado” um Cessna Citation X. – Edward respondeu a mim.
- Isso é um carro?
- Não Bella. – Alice agora estava as gargalhadas. – Isso é um jato.
- Alice. – Eu a repreendi. – Não tinha como ser menos indiscreta?
- Calma Bella, não penso em ficar com ele eu o devolverei, mas aquela coisinha corre, chega a fazer 1126 Km/h, depois que voltarmos para La Push.
- Você não tem jeito Alice. – Eu disse a ela dando-lhe um sorriso, não havia como sentir raiva de Alice.
Estamos todos rindo quando Alice entrou em um conhecido estado de transe ao qual já conhecíamos, o riso na face dos quatro vampiros parados na praça de Volterra desaparecera em instantes. Alice abriu os olhos e esperamos pelo que quer seja que ela estivesse prestes a falar, mas ela nada nos disse e eu decidi incentivá-la de alguma forma.
- Alice, o que esta vendo? Diga. – Eu procurei usar um tom de voz calmo, mas eu sabia que não estava realmente calma.
- Jane esta chegando a La Push. – Ela nos disse.
Edward segurou minha mão e em segundos o pânico tomou conta de mim, pensei em Nessie e no que Jane havia nos dito sobre sua teoria de maldade, tínhamos que correr o mais rápido que pudéssemos para La Push e agora eu estava agradecida por Alice ter pego aquele jato.
- Vamos. – Eu disse caminhando sem soltar a mão de Edward. – É hora de irmos para casa.
1 comentários:
kk um jatinho Alice?! Finalmente libertos em Edward e Bella!!Jane maldita!
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