Meio Dia Avermelhado - Capítulo 04: O Cão do Inferno

Em questão de segundos, o cérberus havia avançado em Edward, violentamente o atirando ao chão. Sangue espirrou em todas as direções enquanto a besta feroz afundava seus dentes no lado do pescoço dele. Nunca pensei que seria possível que o tom de pele de Edward ficasse ainda mais pálido do que já era, mas eu estava totalmente errado. Esse era todo um novo nível de pálido.

O cão do inferno estava drenando o sangue do corpo de Edward, e estava fazendo isso rápido.

“Chame Carlisle!” Emmett gritou, seus olhos indo selvagemente entre Jasper e eu. Mas ele deve ter notado que estávamos simplesmente tão abismados e sem idéias quanto ele estava, porque ele simplesmente havia ido para matar ou assim ele pensou.

Ele nem sequer havia tocado o cérberus, quando seu rabo repentinamente o levantou no ar e o esmagou em um tronco de árvore a vários metros de distância.

Eu não precisei nem ver outra demonstração das altas capacidades de combate do cão do inferno para perceber que nós é que estávamos em desvantagem aqui, mas Jasper aparentemente discordava de mim.

Sem perder tempo, ele soltou um alto grito de guerra e se atirou contra a besta, claramente mirando seu pescoço. Mas, assim como eu suspeitava, a criatura tinha outros planos para ele.

Com apenas um movimento de seu rabo, o cão parou o ataque de Jasper e o lançou nos ares. Jasper aterrissou batendo suas costas contra uma rocha, e eu tenho bastante certeza de ter ouvido seus ossos se quebrando.

Enquanto isso, Emmett tinha parcialmente se recuperado do ataque, então ele se levantou de onde estava e disparou em direção ao atacante de seu irmão com a força de uma debandada. Ainda assim, foi inútil. O cérberus parecia ter olhos atrás de sua cabeça porque ele nem precisava virar sua cabeça para ver Emmett chegando.

Antes que percebêssemos, Emmett estava voando em direção às árvores novamente. Só que dessa vez, ele não teve tanta sorte. Agora, ele acabou sendo atravessado em um galho afiado que se projetava de uma árvore próxima e, pelo visto, ele perdeu a consciência instantaneamente.

E quanto a Edward, ele parecia lânguido no chão embaixo das garras do cérberus, sua pele cinza e arrepiada pela perda de sangue. Vendo Edward impotente deitado ali, tudo no que eu podia pensar era Nessie. Ela jamais me perdoaria se seu pai morresse daquele jeito.

Nesse ponto, eu sabia que me transformar era inevitável. Eu não iria simplesmente ficar ali parado e deixar o cérberus pegar os Cullens um a um. Já tinha visto mais do que o suficiente para perceber que os vampiros não eram páreo para esse demônio, então eu não podia olhar para trás. Eu tinha que salvar a família de Nessie, ou ao menos morrer tentando.

Me lancei no que poderia vir a ser a última batalha da minha existência e imaginei o rosto de Nessie enquanto me entregava à fúria do lobo interior.

O tempo parecia desacelerar durante o instante que levou para eu me transformar. Pensei no que minha escolha significava. Eu sabia que havia acabado de escolher sacrificar minha própria vida e a vida do meu bando apenas por uma chance de salvar os Cullens. Tudo o que eu podia esperar agora era ter tempo o suficiente para massacrar o demônio.

Minha pele estava agora totalmente coberta de pelos, fiquei de pé nas quarto patas e uivei para atrair a atenção do cérberus. A batida do meu coração parecia mil tambores de batalha soando alto contra meu toráx, e meu sangue fervia grosso com a adrenalina.

Então, assim que eu estava pronto para atacar, o demônio se virou em um flash, e seus furiosos olhos vermelhos se fixaram nos meus. Agora eu entendi o que Emily queria dizer, já que eu estava experimentando exatamente o que ela havia descrito. Meu corpo inteiro sucumbiu ao poder do olhar do cérberus, e eu não podia me mover, não importava o quanto eu tentasse. Como a Loira, eu estava congeladamente sólido também. Por um momento, assumi que meu sacrifício tinha sido em vão e que eu tinha traído meu bando por nada. Pelo menos até que algo interrompesse meu raciocínio, na verdade.

Jake! Uma voz de repente chamou. Era a voz de Sam, mas eu não estava ouvindo com meus ouvidos. Eu estava ouvindo seus pensamentos, o que só podia significar uma coisa. Ele tinha se transformado também.

Sam, que diabos você está fazendo? Respondi em minha cabeça.

O bando está a salvo, ele explicou. O eremita encontrou uma forma de proteger a todos nós, mas você tem que voltar para a casa antes que seja tarde demais.

Embora eu estivesse aliviado por descobrir que estávamos seguros, eu ainda estava paralisado da cabeça aos pés. E mesmo se eu fosse capaz de me mover, eu me recusava a deixar os Cullens para trás para serem dilacerados pelo filho de Satanás. Tinha que haver uma forma de derrotar esse monstro, e eu estava determinado a descobrir como.

Nesse momento, Sam deve ter ouvido minhas intenções, porque ele parou de insistir e simplesmente disse:Encontre o ponto fraco dele, Jake. Invoque os ancestrais por ajuda.

Quando ele mencionou os ancestrais, algo emergiu em mim. De repente, me lembrei que o Velho Quil tinha dito uma vez durante uma reunião ao redor da fogueira que verdadeiros guerreiros devem aprender a parar o diálogo interior em suas cabeças para receberem orientação dos ancestrais. Finalmente isso fazia sentido para mim. Era o que Sam estava tentando me dizer o tempo todo quando ele dizia para que eu parasse de pensar.

Nesse momento, o cão do inferno tinha começado a andar em círculos ao meu redor. E, julgando pelo olhar em seus olhos, eu podia dizer que ele estava ouvindo minha conversa com Sam. A maldita criatura podia ler meus pensamentos, eu tinha certeza disso.

Mas agora eu sabia o que eu deveria fazer. Se eu não podia lutar com meu corpo, eu teria que usar a única arma que me restava – minha mente.

Ao invés de tentar resistir à minha incapacidade de me mover, respirei fundo e limpei minha cabeça de todos os pensamentos. Conseguir tal feito havia parecido impossível quando Sam mencionou isso pela primeira vez, mas diante das circunstâncias, eu sabia que essa era a minha única chance de vencer essa batalha, então eu permaneci ali e foquei todas as minhas energias em silenciar minha mente.

Ainda andando ao meu redor, o demônio balançou sua cabeça levemente, mas nunca desviou o olhar. Estranhamente, eu percebi, ao bloquear minha mente eu havia também bloqueado minha capacidade de sentir medo. Não importa o quanto o demônio tentava me intimidar me fazendo pensar que eu estava encurralado, eu não conseguia sentir medo disso, porque eu não estava pensando em nada.

Então isso é tudo? Me perguntei. O medo é só um pensamento que provoca uma reação emocional?

O cão deu alguns passos em minha direção e farejou em volta, aparentemente procurando um cheiro que não estava lá. Enquanto eu prendia seu olhar, tive a impressão de que minha estratégia poderia estar funcionando porque ele parecia confuso.

Então eu me lembrei do que o eremita havia dito a Emily. “Ele estava se alimentando do seu medo, ” ele tinha dito.

Era esse o cheiro que o cérberus estava procurando. O cheiro do meu medo. Achei difícil de acreditar, a princípio. Mas então, enquanto eu sentia a batida do meu coração diminuindo, percebi que a rigidez dos meus músculos tinha lentamente começado a ceder. Eu estive errado o tempo todo. Não foram os olhos do cérberus que haviam me paralisado. Foi meu próprio medo. O cérberus estava meramente usando meu medo contra mim, refletindo-o de volta como se seus olhos fossem espelhos, ou melhor, escudos que desviavam ataques mandando-os de volta bem para onde eles tinham vindo.

Ainda olhando fixamente em meus olhos, o demônio parou de andar em volta, e um rugido escapou de suas presas ensanguentadas.

Algo me dizia que era mais um rugido de frustração do que uma tentativa de me intimidar, então eu determinadamente dei um passo à frente para testar minha teoria. E certamente, como eu havia suspeitado, eu recobrei o controle total do meu corpo e pude me mover livremente. Mas nem mesmo tal vitória podia se comparar ao quão poderoso eu de repente me senti. A adrenalina se espalhou pelo meu corpo como uma droga injetada direto na minha veia. Era um frenesi de poder como eu nunca havia sentido na minha vida. Sem nenhuma dúvida, o jogo tinha virado e agora eu é que estava me alimentando do medo do cérberus.

E então, a besta recuou, jogando seu peso para suas patas traseiras.

Eu não tinha certeza se ele estava se preparando para lutar ou se preparando para fugir, mas me mantive de cabeça erguida do mesmo jeito. Pode vir, seu covarde, eu pensei, deliberadamente provocando-o. Mas só no caso de que ele não pudesse ouvir o que eu estava pensando, fui em frente e rosnei ferozmente apenas para mostrá-lo que eu estava pronto para rasgar sua garganta.

Eu queria tanto dilacerar aquele demônio que eu podia sentir o gosto. Na forma de lobo, eu era muito diferente do meu eu humano. Como lobo, eu era um assassino selvagem. Pura fera. Pura adrenalina. Uma máquina de matar. Jurei que se aquele monstro fizesse alguma coisa para ferir minha Nessie, eu lutaria até a morte para vingá-la. Eu estava pronto para qualquer coisa, mesmo se isso significasse morrer apenas para que Nessie pudesse viver.

Mas o cão do inferno não parecia mais tão ansioso para lutar, especialmente quando o restante do bando apareceu sem aviso. Para minha surpresa, os rapazes que tinham permanecido na praia para assistirem aos fogos de artifício estavam repentinamente emergindo das sombras, cada um deles agora um lobisomem completo. Paul, Embry, Jared e Quil tinham vindo em nosso auxílio. Sue e Charlie devem tê-los reunido quando foram pegar o carro de Charlie na praia.

Mantive os olhos fixos no cérberus enquanto os outros lobos o cercavam. Cuidado com o rabo dele, eu os avisei, sabendo que eles todos podiam ouvir os meus pensamentos quando se transformavam em lobo.

Todos nos juntamos em um círculo em torno do cão e estávamos prontos para derrotá-lo quando, do nada, o demônio se transformou em uma mulher. Toda vestida de preto e com um talismã pendurado em seu pescoço, a híbrida dos meus pesadelos se materializou na nossa frente, me encarando com os mesmos ferozes olhos vermelhos que eu tinha visto no cérberus apenas um minuto atrás.

Nenhum de nós se moveu, e os outros pareciam estar esperando pelo meu sinal verde para atacarem. Mas como eu fiquei tão atordoado pela sua repentina transformação, que tive que recuar um momento só para recuperar o fôlego. Com o que diabos estávamos lidando? Será que ela podia ser uma metamorfo também, assim como nós?

Ainda assim, eu estava prestes a me lançar nela, mas então ela falou meu nome e me fez chegar a uma estridente parada.

Ela disse, “Se você me matar, nunca descobrirá onde Renesmee está. ”

Eu não sabia o que sentir nesse momento. A confusão me atingiu na cabeça como uma tonelada de tijolos, e eu estava completamente sem palavras. Mas se a híbrida queria falar, eu iria ouvir. O que quer que fosse preciso, se significasse que ela iria me dizer como encontrar Nessie.

Ignorei a aparência confusa dos rostos dos meus companheiros lobos e me transformei de volta à minha forma humana. Em seguida, tentei falar com ela com uma voz tão calma quanto eu era capaz. “O que você quer com Nessie?”

“Ela me invocou, ” foi sua resposta.

“Mesmo?” perguntei, não acreditando em uma única palavra do que ela havia acabado de dizer. “E por que ela faria isso?”

“Nessie não é a criança feliz que você acha que ela é, Jacob. ”

Sua resposta me encheu de tanta raiva que eu juro que a teria estrangulado bem ali e naquele momento, mas eu sabia que tinha que me controlar, já que isso estava começando a soar como uma negociação de seqüestro. “Me diga onde ela está. ”

Seus olhos estavam brilhando de satisfação, ela sorriu debochadamente e balançou a cabeça como se estivesse me zoando. “Você não acha realmente que será tão simples assim, não é?”

Foi preciso uma enorme quantidade de auto-disciplina para que eu não me transformasse de novo, mas eu sabia que tinha que jogar pelas regras dela ou do contrário nunca teria as respostas que eu estava procurando. Eu deveria ter desconfiado desde o momento em que Nessie desapareceu. Ela não estava procurando vítimas humanas. Ela foi procurar um monstro que devastava todo lugar por onde inclinava sua cabeça feia. Mas o que a híbrida queria com a Nessie?

“Apenas me diga o que você quer em troca dela,” foi tudo o que eu pude pensar em dizer. Péssimo, eu sei, mas eu estava desesperado. Olhei rapidamente para meus companheiros lobos e eu não precisei ouvir seus pensamentos para saber o quanto eles estavam frustrados comigo.

Enquanto isso, a híbrida continuou a me atormentar com seu joguinho sádico. “Ela me pediu para que eu a levasse comigo por livre e espontânea vontade, Jacob. Ela me implorou pelo presente de aniversário que seus pais a negaram.”

“Que presente?” disparei entre dentes cerrados, já temendo sua resposta.

O demônio deve ter antecipado minha reação ao que ela estava prestes a me dizer, porque ela levantou seu talismã e declarou, “Nessie quer ser uma vampira completa como o resto de seu clã.”

Eu mal tive a chance de me transformar novamente e me lançar a ela, quando uma luz brilhante explodiu da pedra no centro de seu talismã, cegando todos nós de uma vez. Quando me recompus e fui capaz de enxergar claramente de novo, percebi que a explosão havia nos mandado voando para trás com a mesma força que o rabo do cérberus tinha atingido Emmett e Jasper.

Quando todos nos levantamos do chão, percebi que a híbrida havia desaparecido com a luz. Olhei em volta, ainda atordoado pela explosão, mas não pude encontrá-la em lugar nenhum. Ela se foi, e também minha única esperança de encontrar Nessie.

Tomei a liderança me transformando de volta em humano, e os outros lobos me seguiram. Com tudo o que havia acontecido, eu não estava com humor para ouvir as reclamações prestes a choverem sobre mim pela forma como eu havia conduzido as coisas, então me virei e me dirigi de volta para a casa de Leah. Eu já havia tido confrontos o suficiente por uma noite e estava esgotado de energia. A última coisa que eu queria nesse ponto era outra discussão.

Mas conte com Paul para tentar me provocar… como de costume. Correndo atrás de mim, ele parou na minha frente e falou tudo na minha cara. “Ei, cara, qual o seu problema?” ele exigiu, empurrando meu ombro.

“Saia do meu caminho,” retruquei e o empurrei para o lado bem a tempo de desviar o soco obviamente que pretendia deslocar meu queixo.

Paul tinha o temperamento mais volátil do bando inteiro e estava sempre arrumando briga, especialmente comigo. Infelizmente, eu estava condenado a tê-lo como cunhado algum dia, já que ele tinha sofrido um imprinting com minha irmã Rachel. Acho que isso não era razão o suficiente para impedir que ele desafiasse minha autoridade toda chance que ele tinha, então eu estava de saco cheio.

Sob circunstâncias diferentes, eu teria alegremente quebrado o nariz dele de novo como eu fiz um dia em que ele apareceu na minha casa sem ser convidado, mas hoje eu não ía deixar que ele me irritasse. “Por que você não faz alguma coisa útil e vá ver se a Rachel está bem, seu babaca?” eu disse a ele enquanto chegava na varanda de Leah.

Meu lembrete deve ter atingido seus nervos, porque ele estancou em seus passos e deu meia volta em direção à praia. Eu sabia que ainda não tinha terminado, mas pelo menos por enquanto, eu tinha certeza que podia contar com Rachel para mantê-lo distraído enquanto eu cuidava das coisas do meu jeito.

Quando cheguei na porta da frente, topei com Bella, que acabara de sair disparada da casa, totalmente apavorada. Não muito atrás dela vieram a Loira, Carlisle e Esme. Sam, Seth, Leah e os outros tinham permanecido na casa, provavelmente cuidando de Alice e Emily. O que quer que o eremita tenha feito lá salvou nossas vidas, embora eu não estivesse muito certo sobre Edward.

“Jake, o que foi aquela explosão?” Bella perguntou, seus olhos arregalados de pânico. “Onde está Edward?”

Sem me dar nenhuma chance de responder, ela o avistou de imediato e foi direto para o chão onde ele estava deitado para ver qual era o problema. Ela se encolheu com a sua condição e teve que se virar, mas logo depois disso, ela pareceu reunir força o suficiente para encarar o que restava de seu esposo. “Edward, fale comigo,” ela gritava enquanto o sacudia freneticamente. “Edward!”

Enquanto a Loira ajudava a remover o galho do peito de Emmett, Esme foi ver Jasper, que estava consciente mas não conseguia se mover da cintura para baixo.

E quanto a Carlisle, ele permaneceu bastante calmo, dadas as circunstâncias. Afinal, aquilo era exatamente o que ele havia sido treinado a fazer nesse tipo de situação. Ele analisava a situação da varanda, e eu podia praticamente ouvir as engrenagens girando em sua cabeça pelo olhar pensativo em seu rosto.

Entendi que ele devia estar analisando os estragos para que pudesse, então, decidir qual dos seus filhos precisava mais de sua atenção. E com certeza, assim como eu suspeitava, ele veio e se ajoelhou ao lado de Edward e começou a examinar os ferimentos em seu pescoço.

Me sentei ao lado de Bella para demonstrar-lhe meu apoio, mas decidi ficar com a boca fechada, já que toda a sua atenção parecia estar focada em decifrar a expressão de Carlisle.

Um silêncio agourento caiu sobre todos nós. Era o silêncio de saber – simplesmente saber – que algo muito ruim estava acontecendo. Todos vimos isso e instintivamente compartilhamos nossa velada consciência. Edward não parecia nada bem. Seus olhos estavam fechados, e ele não estava se mexendo. Ele não era mais que uma sombra do Edward que conhecíamos.

“Foi o cérberus, não foi?” Carlisle me perguntou enquanto se movimentava em volta das marcas de dente no pescoço de Edward.

Olhando fixamente para a escuridão atrás das árvores, acenei com a cabeça sem dizer uma palavra. Eu não só tinha perdido Nessie, mas eu também tinha falhado em salvar Edward. Me senti envergonhado de sequer olhar para Bella.

“Ele vai ficar bem,” Bella disse em um tom seguro, mas não convincente. “Ele não pode morrer a menos que seja despedaçado e… queimado.” Sua voz diminuiu para um sussurro quando ela percebeu o olhar de desespero no rosto do doutor. “Não é assim, Carlisle?”

“Temos dar para ele sangue o mais rápido que pudermos. Ele não tem nada de sangue restante em seu corpo. ” A resposta de Carlisle soou como más notícias para mim. “Jake, me ajude a carregá-lo para dentro, por favor?” ele continuou.

Fiz o que Carlisle me pediu sem fazer perguntas, embora eu tinha a nítida impressão de havia muito mais passando por sua cabeça do que ele havia acabado de nos dizer.

Bella seguiu atrás de nós e trocou olhares comigo. Ela também parecia insatisfeita com a explicação de Carlisle. “O que acontece se um vampiro é drenado de sangue?” ela perguntou.

Mas quando Carlisle estava prestes a dizer a ela, Emmett e Jasper apareceram para ver Edward. Naquele momento, os dois estavam de pé e correndo como se nada tivesse acontecido.

Vampiros eram naturalmente dotados de uma habilidade de regeneração ultra-rápida, igual aos lobisomens. Eles podiam se regenerar mesmo depois de terem as partes de seus corpos arrancadas. Literalmente. É por isso que não era o suficiente rasgar um vampiro em pedaços se você quisesse matá-lo de verdade. Você teria que queimar os pedaços e enterrar as cinzas em sete diferentes “covas”, como os ancestrais lobos Quileute as chamavam.

Estas, é claro, não eram covas no sentido tradicional, mas na verdade buracos não marcados que nós cavávamos no alto das montanhas para evitar que as cinzas de nenhum vampiro se juntassem novamente. Era apenas uma medida preventiva, mas um ritual importante de qualquer forma. Nossa espécie praticava isso há gerações toda vez que o bando era bem sucedido em matar um sanguessuga. Os morto-vivos eram extremamente difíceis de serem mortos, então nós tínhamos que ter certeza de que os que nós pegásaemos permanecessem realmente mortos.

Ao longo da minha vida, eu me senti sempre muito confiante em relação ao extensivo conhecimento que os ancestrais passaram para nós. Eu pensava que nós, Quileutes, sabíamos quase tudo que havia para saber sobre vampiros. Até essa noite, quero dizer. O que o cérberus fez com Edward me deixou totalmente perdido, e, pelo visto, fez o mesmo com Carlisle, que parecia simplesmente tão confuso quanto eu, se não mais.

Levei os Cullens de volta para a casa de Leah, na esperança de que o Velho Quil ou o eremita pudessem ser capazes de lançar alguma luz sobre esse mistério. E, caramba, eu consegui mais do que havia pedido!

A sala dos Clearwater tinha mudado tanto durante o breve tempo que passamos lá fora, que eu tive que esfregar meus olhos só para ter certeza de que eu não estava tendo uma alucinação. Todas as luzes haviam sido retiradas, e a mobília tinha sido afastada para dar espaço a um enorme círculo desenhado com pó vermelho no chão. A única fonte de luz emanava de algumas velas acesas em volta do círculo.

À primeira vista, o lugar parecia um covil de bruxa, completo com um pentagrama desenhado dentro dos limites do círculo. Alice estava sentado como uma índia no centro do pentagrama, enquanto Leah, Seth, Sam, Emily e o eremita estavam posicionados uniformemente ao longo da circunferência. De mãos dadas e virados para o centro do círculo, cada um deles estava em uma das cinco pontas do pentagrama.

Eles todos permaneciam perfeitamente imóveis, mesmo depois de termos entrado com dificuldade com Edward pendurado entre Carlisle e eu.

A coisa toda pareceu bem assustadora para mim se você me perguntasse. Mas, de qualquer forma, o que eu sabia? De alguma forma, eu tinha dado um jeito de escapulir de toda a leitura de Edgar Allan Poe no ensino médio, então eu não podia me considerar exatamente um expert em ocultismo.

“É um círculo de proteção,” Bella explicou, reagindo à expressão pasma no meu rosto.

Então eu notei que Sam estava usando a venda ao invés de Alice. Pelo menos agora eu entendi o que ele quis dizer mais cedo quando me disse que era seguro para o bando se transformar de volta.

“Mas e a Alice?” eu retruquei.

Leah devia ter antecipado minha pergunta, porque ela respondeu rapidamente, “Ela insistiu em dar a venda para Sam, então tivemos que encontrar uma maneira diferente de proteger sua mente.”

“Contanto que ela permaneça dentro do círculo, ela estará a salvo de qualquer ataque psíquico, não importa quão forte ele possa ser,” o eremita acrescentou.

De todo jeito, isso significava que Alice quis sacrificar sua própria sanidade apenas para nos dar uma chance na luta, e eu a decepcionei também. Se eu me sentia podre antes, me senti ainda pior agora.

Ainda assim, acenei com a cabeça para ela em gratidão e disse, “Obrigada, Alice. Você salvou o bando. ”

“Por nada, Jake,” ela falou fininho através de seu sorriso de fada, sua marca registrada.

Mesmo assim, nem o seu otimismo podia me ajudar a ver uma luz no fim desse túnel. “Queria poder dizer o mesmo em relação a mim, todavia, ” confessei amargamente.

“Ah, vamos, Jake, ” Bella murmurou. “Dê a si mesmo um pouco de crédito pelo menos uma vez. Você foi muito corajoso de ir lá fora. ” Ela pausou, provavelmente percebendo o quão irritado eu estava, mas eu podia dizer pela forma com que seus lábios se moviam que ela ainda tinha muito mais a dizer.

Contudo, eu a parei antes que ela pudesse prosseguir mais além. “Corta essa, Bells, não quero ouvir.”

Conhecendo Bella, eu tinha certeza de que ela tinha as melhores intenções de coração e estava apenas tentando me demonstrar um pouco de simpatia. Ainda assim, de alguma forma, seu tom de voz saiu na verdade acalentador, quase maternal. Isso me deixou tão frustrado, que as minhas juntas ficaram brancas de apertar meu punho tão forte. Eu não queria ninguém sentindo pena de mim, especialmente Bella. Ela tinha boas intenções, eu sabia, mas eu ainda me sentia um lixo, e isso era algo que ela não podia consertar. A não ser que ela pudesse me dizer onde encontrar Nessie.

Ajudei Carlisle a deitar o corpo de Edward no primeiro sofá que pudemos encontrar e em seguida disparei para a varanda, me recolhendo à minha vergonha.

No instante em que coloquei meu pé for a da casa, senti um estranho frio no ar. Arrepio se espalhou por toda a minha pele, e um frio desceu pela minha espinha. Uma sensação assustadora caiu sobre mim, me fazendo me sentir como se eu estivesse sendo observado.

Escaneei os arredores polegada a polegada e olhei pela segunda vez, e depois mais uma vez.

Nada.

O único movimento que detectei foi o das folhas se mexendo com a brisa e os galhos rangendo como um navio pirata abandonado. Aqui e ali, um grilo cricrilava ou um cachorro latia ao longe. A música vinha em ondas da praia, seu volume ondulando de alto a um sussurro e em seguida de volta a alto, como se o próprio som estivesse balançando junto com a maré.

Nada registrado como for a do comum pelos meus ouvidos super-sensíveis. E quanto ao meu sexto sentido? Bem, aí era outra história. O instinto de sobrevivência do lobo dentro de mim estava sentindo uma presença nos arredores. Eu não conseguia desfazer a sensação de que alguém – ou algo – estava me observando, ou ainda pior, me perseguindo.

Ainda em guarda, me sentei nos degraus, cotovelos nos meus joelhos, e queixo nas palmas das minhas mãos. Mesmo eu tendo deixado a porta fechada, eu ainda podia ouvir pelas paredes da casa tão claramente como se eu estivesse lá dentro.

“Onde ele está indo?” Bella cochichou, e eu ouvi passos se aproximando da porta.

Os passos subitamente pararam e Esme falou em seguida. “Dê um minuto a ele, querido. Ele passou por muita coisa essa noite. ”

Sempre a prima donna, a Loira reclamou, “Todos nós passamos.” Que previsível! Ela não conseguia lidar com ninguém mais sendo o centro das atenções.

Pare de falar como se eu não pudesse te ouvir, pensei comigo mesmo, desejando poder dizer isso na cara dela. Ao invés disso, deixei para lá e voltei minha atenção para ouvir quaisquer sons estranhos. A Loira tinha uma cabeça tão oca que falar com um macaco teria sido mais produtivo. Pelo menos macacos tinham cérebro.

Por um curto tempo, não ouvi mais ninguém conversar. O silêncio fez minha pele eriçar, me lembrando do quão inútil eu me sentia sentado ali, mergulhado na minha derrota.

Então eu ouvi outro conjunto de passos diferentes do que eu tinha ouvido antes. Eles eram muito mais lentos que os de Bella, como o arrastar de uma pessoa velha.

“Vou falar com ele,” o Velho Quil declarou enquanto abria a porta da frente e saia.

“Obrigado pela sua preocupação, Velho Quil,” eu disse descontente “mas, por favor, poupe o sermão. Eu sei que eu deveria ter matado o sanguessuga enquanto eu tinha a chance. ”

Tendo fechado a porta atrás de si, o Velho Quil se segurou na cerca de madeira e lentamente se sentou na mureta perto de mim. “E quem disse que eu estou aqui para te dar um sermão?” ele perguntou, colocando suas mãos gentilmente no meu ombro.

De repente, me senti como uma pequena criança que precisava de conforto depois da birra que deu. “Eu sei que eu sou um covarde, mas eu não preciso da pena de ninguém, ” resmunguei.

“O único aqui sentindo pena de si mesmo é você, Jacob. ” Eu juro que teria doído menos se ele tivesse simplesmente tirado seu mocassim de couro e me esbofeteado na cabeça com ele.

“O que eu devo fazer?”

As linhas de seu rosto ficaram mais proeminentes quando ele sorriu. “Quais são suas opções?”

Suspirei e revirei meus olhos. “Sério, Velho Quil, estou pedindo seu conselho, e tudo o que você faz é responder minha pergunta com mais perguntas!”

“É melhor um de nós começar a achar algumas respostas, então.” Ele pausou e esperou. “Certo?”

“Ok, ” eu me rendi e rapidamente revisei o que tinha acontecido na minha cabeça. Não muito depois, a resposta me surgiu, simples assim.

Seus olhos se iluminaram quando ele notou a repentina mudança na minha expressão. “Bem?”

“É o talismã!” eu exclamei. “É a fonte da força dela. É o que permite que ela mude de forma e desapareça, e mexa com as mentes das pessoas. ”

“Ah, o talismã, é claro,” o Velho Quil disse como se ele soubesse a resposta o tempo todo.

Eu deveria ter ficado enfurecido com ele por não me contae, mas eu estava na verdade grato que ele tenha me forçado a olhar dentro de mim mesmo para encontrar a resposta.

“Eu sei o que eu tenho que fazer,” eu disse a ele enquanto me levantava da escadinha. “Eu tenho que tirá-lo dela.”

3 comentários:

Jaami disse...

se eles sao vampiros pq eles precisam de sangue para viver?

Jaami disse...

aah alguem pode me explicar uma coisa ???
os cullens sao vampiros ?? isso ta muito confuso alguem me explica ?

Alice Volturi disse...

Sim, essa fic é uma continuação de Amanhecer, ou seja. os Cullen são vampiros! ;)

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