Winter - Capítulo 06: Polly Sanders West

[Alice]

Sentei-me , em uma poltrona , ao lado da dela , e Polly começou :

-“Meu verdadeiro nome , é Polly Sanders West .
Nasci em 1710 , nos Países Baixos , mais exatamente em Amsterdã .
Eu tinha 5 irmãos , e duas irmãs , sendo eu , a primogênita .

Nos tornamos órfãos , quando eu possuía apenas 16 anos . Nesta época , eu cuidava de meus irmãos sozinha , eu sabia que havia assumido o papel de mãe para eles .
Nós éramos muito pobres ... e por isso , éramos tratados como criminosos nas ruas . Não podíamos estudar , e tão menos ainda , freqüentar o comércio e a igreja .

No dia em que completei 19 anos , conheci Peter Oxseen , um rapaz de 21 anos , pelo qual me apaixonei . Passamos três meses juntos , ele me ajudava com meus irmãos e com toda a minha vida . Até que em novembro de 1729 , ele foi convocado para ir em uma das batalhas ocorridas nos arredores . Esta , ofereceu somente muitas mortes , entre elas , a de Peter . Chorei e sofri muito naquele dia . Eu não sabia mas como viver ...
Novamente , fiquei sozinha com meus irmãos no mundo .

No ano novo de 1732 , eu já havia completado 22 anos , um acontecimento estranho marcou a cidade . Luanny Frank , uma garota de 14 anos , foi encontrada morta , totalmente drenada e mastigada , nos arredores da cidade . Depois dela , a onda de assassinatos continuou assolando tudo e todos . Pessoas sumiam e morriam . Corpos eram drenados . Foram-se seis meses assim , até que ... meus irmãos sumiram , bem no meio da noite . Eu e minhas irmãs , seguimos desesperadas atrás deles .
Primeiro , fomos até a cidade , andamos cada beco , cada esquina , cada rua ... tudo o que encontramos foram gatos esqueléticos , e cães em busca de alimento .

Vagamos por horas na cidade , até que minha irmã mais nova , Claire Sey , teve a infeliz idea , de procurarmos nos bosques . Como estávamos todas desesperadas , e sem muita opção , concordamos .

Caminhamos entre as casas silenciosamente , até chegarmos nas laterais do bosque . Ventava e chovia muito naquela noite , além , é claro , da terrível neblina que teimava em assolar a nossa visão , fazendo com que enxergássemos até , no maximo , a ponta de nossos narizes .

Conforme adentrávamos no bosque , o frio aumentava .

Paramos quando minha outra irmã , Teyse , deu um grito abafado , dizendo ter visto algo se mexendo por entre árvores . Rapidamente , segurei a sua mão , e sussurrei que tudo daria certo , e que ficaríamos todas bem , para evitar chamar a atenção , do que ela viu , eu tapei a sua boca . O que eu não havia percebido , foi que , ao ir até Teyse , eu havia deixado Claire sozinha .

Sem soltar Teyse , comecei a procurar Claire . Nada . Nada . Ela sumira . Teyse se desesperou mais ainda , e começou a correr pelo bosque a dentro .
Corri atrás dela , mas acabei tropeçando em uma raiz , que estava acima da terra . Depois disso , tudo o que me lembro , é de um vulto saltando em minha direção , e me arrastando logo em seguida pelo bosque , enquanto eu gritava assustada . E temendo a morte .

Então , o fogo começou . Foram-se quatro dias queimando .

Quando “acordei” , descobri o que eu me tornara . Um monstro . Uma assassina . Uma vampira sedenta por sangue .

Procurei por meus irmãos e irmãs , mas uma sede queimava em minha garganta , gritando para saciá-la . Obedeci a sede , e segui os meus instintos mais primitivos .
Então ... nunca mais consegui esquecer a minha vida humana . A terrível vida , e o terrível fim que ela teve . Nunca .

Percebi que , como eu vira tantas mortes , e vivera a mais dolorosa delas , eu conseguia ver se pessoas , ou vampiros no caso , cometeriam suicídio , ou se seriam assassinados , e caso fossem , quem os mataria . Mas eu nunca saberia o por quê das mortes .

Esse talento , despertou a atenção dos Volturis , que me convidaram para fazer parte de sua guarda ... eles me fizeram inúmeras promessas e propostas . Recusei todas . Eu tinha em mente , como principal objetivo , viver sozinha , me lamentando a minha existência .
Segui a minha vida assim , até que , por volta de 1848 , encontrei Angelique e Mary , me juntei a elas . Quebrei a minha promessa . Mudei o meu destino .

Primeiro , moramos juntas , na Hungria , depois seguimos para Roma , em 1870 , quando encontramos Ella , uma recém-criada .

Vivíamos somente nós quatro , até que por volta de 1983 , quando Ella teimou em viajar sozinha até Madri , ela encontrou ninguém menos que Nick . Meses depois eles se casaram . E Nick , se juntou a nós , e ... seguiu a nossa ... dieta .

Em 2003 , nos mudamos para Paris , e ... bem ... moramos aqui até hoje ” – Polly terminou sua história suspirando .

-Minha nossa ! Que história ! – exclamei .
-Minha história , não é a mais interessante . A minha favorita é a das irmãs , Angelique e Mary – Polly sorriu simpática .
-Por quê vocês duas não a contam , para Alice ? – disse Ella a Mary , e a Angelique , que estava no andar superior da casa .
-Ella ... conte a sua , e a de Nick , primeiro – disse Mary , meio sem jeito .
-Gostaria de ouvi-la , Alice ? – disse Ella , sorrindo gentilmente para mim .
-Mas é claro que sim – eu disse observando algumas partes do enorme hall de entrada .
-Contaria a sua também , amor ? – Ella sorriu novamente , mas dessa vez para seu marido . Nick .
-Não vejo por quê não – ele disse sem alterar as suas atuais feições do rosto .
-Antes de mim começar ... Mary , pegaria o álbum para mim ? Sim ? – disse Ella , dessa vez dirigindo o seu olhar para Mary , que estava distraída naquele momento , brincando com uma mecha de seu cabelo .
Mary parou , e subiu as escadas em menos de 1/10 de segundo , e retornou trazendo com ela , um livro azulado e velho , nas mãos .

-Aqui – ela disse entregando o livro a Ella , que assentiu educadamente , e abriu o livro , na primeira página delicadamente , como se fosse uma fada . Como se fosse eu .
-Pois bem então – ela começou com o semblante sério .