Singularity - Capítulo 22: Um Parentesco Mortal

Eu cantava junto a uma das músicas no rádio do meu carro enquanto eu fazia meu caminho através do campo escuro para Long Island. Eu estava voltando para Nova York para uma parte das férias de Verão, após um primeiro ano surpreendentemente bem-sucedido na escola, e eu tinha cantado junto com Glenn Miller e Bing Crosby durante todo o caminho para casa. Eu estava cuidadosamente revendo o ano letivo passado, enquanto eu dirigia, porque era sempre melhor para rever o passado enquanto assim à medida que mantinha visões do futuro controladas. Eu realmente não queria bater meu carro novamente.

Dr. Hendricks tinha sido uma boa fonte de informação, mas agora ele estava em São Francisco na faculdade Berkley. Ele me ensinou muito sobre o funcionamento do complexo mundo dos vampiros, e eu finalmente comecei a apreciar os Volturi quando ele falou de todos os problemas que causamos uns aos outros e à humanidade. Mesmo que ele não os defendesse como Gregorio o fazia. Eu podia compreender o quão grande era a necessidade dos guardiões de regras com tantos da minha espécie perambulando por aí tentando alcançar poder.

Dr. Hendricks era uma pessoa de caráter único, e eu tinha certeza que os Volturis tinham sido forçados a participar em algumas das suas aventuras. Ele estava por trás de vários grandes mistérios da história, e ele estava muito orgulhoso desse fato. Ele tinha passado quase 150 anos em Bermuda apreciando o tempo. Triângulo das Bermudas – ele.

Ele tinha estado na escavação da tumba do Rei Tut. A maldição da múmia – ele. Ele tinha sido enviado por Sir Francis Drake para deslocar a Armada Espanhola, quando eles ameaçaram a Bretanha. Não foi apenas uma tempestade que destruiu os navios. Ele teve ajuda de outros dois vampiros famintos. Ele veio ao Novo Mundo junto com os primeiros colonizadores. O sumiço dos colonizadores em Roanoke – ele. Ele só ficou com um pouquinh de fome explorando o novo mundo.

A lista era interminável.

Estar perto dele também me ajudou a perceber o quão miserável os vampiros pensam sobre os humanos. Dr. Hendricks nunca os viu como fortes ou ricos em recursos ou únicos, mesmo passando algum tempo em torno deles. Assim como todos os outros vampiros que eu tinha conhecido, os humanos não eram nada além de animais de estimação ou comida para ele. Eu me perguntei o quanto era conceito e o quanto era realidade. Os humanos que conhecia eram geralmente corajosos, alegres e ricos em recursos. Eles mereciam algo melhor do que ser tratado, literalmente, como objetos.

“Por que tantos da nossa espécie não gostam dos humanos?” Eu tinha perguntado ao Dr. Hendricks formalmente em uma tarde.

“Nós todos gostamos dos humanos, um pouco. Eles são tão saborosos.” ele disse. “Você é a única que conheço que não gosta deles. “

“Muito engraçado. “

“É, não é? Alice, eles são a nossa comida. Eles morrem, a gente não. Temos melhores sensos, melhores mentes e melhores corpos. Eles são muito mais fracos do que nós, o que é uma coisa boa, ou eles seriam muito difíceis de apanhar. É tão difícil entender por que nos vemos como uma espécie mais avançada?”

“Mas nós éramos humanos uma vez, e ainda somos tão parecidos com eles. Você nunca sente pena deles, ou felicidade em conhecê-los, ou sente alguma coisa a mais do que um interesse de caçador por eles?”

“Não. “

“Nunca?”

“Não. Alice, esse caminho de pensamento irá causar-lhe sofrimentos desnecessários. Há um antigo ditado que diz, ‘Os únicos amigos de um vampiro é morto e o moribundo’. Essa afirmação é um pouco mais velha do que as pirâmides, e a verdade absoluta. Os humanos podem ser fascinantes, e fortes do jeito deles, mas eles não são nada a mais do que comida para nós. Estar tão perto de um deles causa nada além de dor, acredite em mim. “

Suas advertências ecoavam na minha cabeça enquanto eu dirigia para a casa. Será que todos do meu tipo evitavam a companhia humana? Pensei em meus amigos humanos e as presas humanas e percebi por quanta dor eu tinha passado por alguns anos. Minha imortalidade não misturou bem com a vida mortal deles. Sim, os mortos e os moribundos seriam os melhores amigos que um vampiro poderia ter.

Eu pensei sobre o morto e o moribundo enquanto dirigia cuidadosamente na garagem da casa da Annette e descarregava meus poucos itens de viagem. O clã definitivamente estava caçando nos campos de batalhas da Europa Oriental e o Oriente Médio. Eu estava constantemente preocupada com eles, mas até agora, as batalhas que foram disputadas perto deles foram de armas e canhões, e não as bombas de fogo que freqüentemente tinha visto. Meus amigos, os mortos, estariam caçando os moribundos até esta guerra terminar, ou até que o último homem fosse drenado, o que vier primeiro.

Eu ainda precisava cuidar de suas casas, que é o porquê eu dirigi para Nova York. Além disso, eu precisava fazer compras. Pittsburgh era uma cidade grande, mas não poderia se comparar com Nova York.

Infelizmente, o mundo da moda não mereceu o meu tempo.

Todas as modelos altas e magras vestiam ternos com linhas afiadas e ombreiras pesadas que pareciam militarista e utilitária e muito não-feminino, em minha opinião. Todos pareciam como triângulos invertidos ou arranha-céus deformados naquelas roupas. Minha suave forma não poderia ficar bem em ombreiras grandes. Eu aparentemente precisaria criar minhas próprias roupas para os seguintes anos. Eu suspirei alto, assustando varias pessoas perto de mim, quando deixei último pequeno desfile de moda. Eu já sabia que a guerra em breve causaria carência praticamente de quase todos os itens imagináveis. Criaria uma grande dificuldade para os amantes de boa roupa, e mesmo que nós nem sequer estivéssemos oficialmente nele ainda decidi estocar os itens que eu tinha visto que estaria em falta. Haveria pouca coisa a mais para eu comprar esse ano.

A razão de meias de seda serem afetadas pela guerra estava além da minha compreensão, mas eu definitivamente tinha visto elas em falta nas prateleiras das lojas. Seda de qualquer forma, tornaria um item raro. Bem, se eu não pudesse encontrar boas peças de roupa exteriores, pelo menos eu poderia estocar adoráveis peças íntimas. Quem poderia ter pensando que a guerra demoliria o fornecimento de calcinhas?

Eu passei o meu verão em Rocky Mountains, e vaguei livremente. Enquanto eu estava lá, eu tentei manter as minhas visões focadas na guerra tão freqüentemente quanto pude, para que eu pudesse verificar o Clã de Paul. Minhas visões foram à toda em Agosto, porque a inevitável guerra estava se aproximando. Era tudo muito complexo, e eu mal conseguia entender o que estava acontecendo, porque as visões voavam de uma forma que eram quase não decifráveis.

Quando retornei para a escola, eu estava preenchida com um profundo sentimento de medo. A guerra estava chegando, era só uma questão de tempo. Eu estava tão preocupada com meus amigos e o que estava por vir que eu mal podia me concentrar na sala de aula. Enquanto a semana passava, só piorou, e em Novembro eu mal podia funcionar devido às visões que constantemente passavam por minha cabeça. Na maioria do tempo, eu não podia falar o que estava acontecendo, mas algumas coisas eram terrivelmente claras. Em primeiro de dezembro, eu sabia exatamente como entraríamos na guerra.

Eu vi os japoneses atacando os navios de guerra no porto antes mesmo que o ataque fosse mandado. Eu sabia o que aconteceria dias antes do evento de verdade, era frustrante saber isso e ainda ser incapaz de fazer alguma coisa, mas realmente não havia nada para se fazer. De qualquer maneira, ninguém teria acreditado em mim.

Pelo menos, é isso que continuei falando para mim mesma, enquanto ouvia os relatos no rádio. Até sete de dezembro, éramos aliados com o Japão, mas agora aquilo estava perdido, e estávamos indo para a guerra. Eu não precisei de mais visões para saber isso. Agora era impossível de se escapar.

Eu não precisei ir à escola na segunda de manhã, porque as aulas seriam canceladas por causa do ataque em Pearl Harbor, e a declaração de guerra que em breve seria anunciada no rádio. Eu li o jornal para confirmar o que já sabia, o que tenho sabido durante anos. Eu não podia evitar em sentir preocupação pelos humanos que conhecia e estudava junto. O que aconteceria com eles?

Eu olhei sobre a mesa enfeitada e repleta com meus desenhos. Eu até tinha ajustado aos padrões e materiais para fazer as roupas mais aceitáveis para o estilo de tempo da guerra. Eu tinha acumulado nylons e roupas de seda porque eu sabia que seria impossível de obter. Eu sabia muito do que iria acontecer, então por que me sentia perdida?

Todos os meus atuais amigos vampiros estariam quase vertiginosos de alegria com o prospecto de mais corpos adicionado à guerra já enfurecida, e vários já estavam indo para os campos de batalhas. Mesmo assim, aqui estava eu sentada, cheia de aflição e preocupação pelos humanos.

“Eu sei que nós todos estamos chocados com o ataque traiçoeiro e de baixo nível na nossa base em Pearl Harbor, e eu sei que a maioria de vocês estará adiando suas educações para ajudar nossa nação nesse grande momento de necessidade. Eu estou orgulhoso de cada um, não importa qual caminho que você escolha, e eu quero que saiba que não importa o que você faça, contanto que você esteja colocando sua nação em primeiro lugar, você pode ter certeza que é o caminho certo. ” Dr. Morris, nosso professor de química, disse quando terminou seu discurso curto mas ardente para a nossa pequena classe de química. Ele não estava acostumado a fazer discursos longos, e seu rosto estava vermelho com entusiasmo e empenho. Nos levantamos e o aplaudimos.

A classe já estava reduzida de tamanho a mais do que a metade. Um dia depois de declarar guerra, a maioria dos homens e algumas mulheres já tinham ido. Os restantes de humanos no campus todos tinham a mesma aparência de preocupação e de perda em seus rostos. Eles estavam tão pálidos quanto eu, e o campus que uma vez foi agitado agora era silencioso como um túmulo.

“Então o que você vai fazer?” Eu ouvi um jovem rapaz perguntando a outro quando saímos da aula de química.

“Eu não sei, ” ele respondeu com um suspiro frustrado.

“Eu não queria que entrássemos nessa guerra, ” começou o primeiro, “mas agora que eles nos atacaram, eu acho que não há como voltar atrás. Minha mãe não quer que eu vá, mas eu preferiria me alistar a ser chamado. “

“Pelo menos você pode ir, ” o outro disse em uma voz brava. “Minha quebrada deficiente me impede de alistar-me em tudo. Tentei duas vezes. ” Ele tocou em sua perna esquerda com seu punho. Eu tinha já o visto por dois anos, e o pequeno homem tinha uma leve mancada.

“Não se sinta mal. Eles também precisam de nós aqui. Você ia ser um cientista, certo? Eles precisarão de muitos desses durante essa guerra. Eu ouvi que Hitler tem uma grande quantia de cientistas trabalhando em maneiras de matar tantas pessoas quanto puderem. “

“E eu ouvi que o imperador dos japoneses deixa seus homens cometer suicídio. Talvez nós possamos começar um esquadrão de homens-bomba suicidas, e então eu posso ir lutar com eles já que ninguém parece me querer,” revoltou-se o manco. Seu tom era amargo e gozador.

Eu senti uma estranha sensação de irmandade com esse homem manco. Eu também queria lutar, mas também não havia nenhum jeito que eu pudesse ajudar. Eu sabia que não deveria estar tão envolvida com os humanos o meu redor, mas eu ainda queria lutar pelo meu país mesmo que não era mais um membro integral de seu povo. Era ridículo, é claro, até mesmo considerar ir há algum lugar com tanto sangue, mas mesmo assim o sentimento estava lá.

“Então o que você vai fazer?” Perguntou uma voz muito suave de algum lugar acima de mim. Eu virei e vi uma mulher nova que eu tinha sentando perto nos três primeiros meses de escola, mas nunca tinha conversado. Ela tinha aproximadamente 1.82 de altura, magra, e tinha um rosto adorável e estudantil rodeado por cabelo castanho e curto. O rosto de menina ia contraditório com a altura da qual ela olhou para mim.

“Eu não vou fazer nada a não ser ficar na escola, ” eu respondi honestamente. Eu não conseguia manter um pouco da amargura de minha voz. “Não há muito que eu possa fazer. E você?”

“Eu vou esperar por meu melhor amigo voltar, ” ela disse com um olhar triste de determinação.

“Sua melhor amiga foi para a Guerra? Ela é uma enfermeira ou está na tropa?” eu perguntei. Era uma raridade para uma mulher se alistar no serviço a menos que ela fosse uma enfermeira.

Sua boca se transformou em um sorriso amargo. “Meu melhor amigo é um homem, e eu o conheço desde a primeira série. Nos casamos quando eu tinha dezoito anos. Ele se foi no último verão para se alistar ao exército, e eu vim para casa para morar com meus pais e ir para a faculdade. Eu precisava de alguma coisa para manter minha mente fora do fato que ele não está mais aqui. ” Seu tom tinha se tornado apologético e seu rosto ficou avermelhado.

“Desculpe-me, ” era tudo que eu podia dizer. A maioria dos estudantes só falava comigo em conversas curtas, e a maioria era por serem forçados por algum projeto escolar. Até o meu grupo de laboratório raramente me olhava. Aquilo era normal, mas essa garota, Emily eu acho, queria conversar comigo. Era muito estranho. Mais estranho ainda foi a minha reação porque eu queria conversar com ela e isso não era uma boa idéia para nenhuma de nós duas.

“Você é Emily, certo?” Só perguntei para ser educada.

“Sim, ” ela sorriu um pouquinho mais autenticamente. “Você é Alice, não é? Eu tenho te visto na sala de aula por um tempo e eu queria conversar com você, mas demorei um pouco para criar coragem, bem bobinho, não é?”

Auto-proteção nunca é bobo, eu pensei sarcasticamente.

“É um prazer conhecê-la, Emily, ” eu disse cuidadosamente. Será que eu realmente queria envolver-me com outra frágil vida humana?

“Você também está sentindo falta de alguém, não é? Alguém que você ama está fora. Eu posso ver em seu rosto quando você sai da sala de aula. É como se você se preparasse para enfrentar outro dia, e eu faço a mesma coisa, ” ela disse bem rápido. Seu rosto agora estava totalmente vermelho, mas o meu poderia ter estado o tom mais vermelho de todos se houvesse alguma maneira de isso ser possível. Essa alta mulher tinha lido o meu segredo mais profundo claramente em meu rosto.

Levou-me um segundo para formular minha mentira, e eu simplesmente disse a ela o quanto da verdade pude.

“Eu tenho um… namorado… , ” eu comecei e depois fiz uma pausa no absurdo total da palavra, “que está ausente pela guerra. Estou esperando ele voltar também. “

Ela sorriu largamente com minhas palavras e puxou seus ombros em um tímido dar de ombros. “Eu pensei isso. Eu posso ler as pessoas realmente bem, e eu poderia dizer que você também está muito solitária. Eu adivinhei que você estava sentindo falta de alguém. Qual é o nome dele, e em qual serviço ele está?”

Eu a assisti de perto. Ela tinha uma postura habitual para meninas altas, e ela só fazia contanto com os olhos quando precisava. Ela realmente parecia muito tímida e desajeitada, e seus olhos lançavam-se de um objeto para outro. Agora eu percebi que aqueles olhos focavam em todos detalhes que viam enquanto perambulavam a sala.

Eu sabia que conversando com a Emily e construindo qualquer tipo de relacionamento com ela era errado, mas eu estava tão solitária que eu fiz a coisa errada.

“O nome dele é Jasper Whitlock, ele está na infantaria,” eu disse. Novamente, era a coisa mais próxima da verdade que pude dizer.

Ex-capitão de um exército de vampiros pode não soar muito bem.

“Meu marido é o Tom, Thomas Bradley McKensey. Ele se alistou ao Exército logo após sair da escola, e ele foi enviado em Agosto. Eu voltei para Pittsburgh para que eu pudesse ir para a escola e morar em casa, você sabe, para economizar nas despesas. É bom estar na escola e manter minha mente fora da guerra, mas é realmente difícil estar aqui sozinha. Eu sinto tanta a falta dele, ” ela disse com um suspiro final. Ela superou sua timidez, e suas palavras fluíam para fora facilmente. Eu podia ver que ela era falante, assim como muitas das pessoas aqui. Isso era uma coisa muito boa, porque quando as pessoas ao meu redor falavam demais, elas não prestavam muita atenção em mim.

Ela virou seu estranho rosto infantil para mim e esperou por uma resposta. Eu não tinha idéia do que falar para ela. Qualquer coisa que eu falasse pode puxá-la para o meu mundo, e ela não poderia sobreviver a isso.

Eu disse a mim mesma que eu não podia me permitir a fazer amizade com outro humano. Eu não podia permitir-me a perdê-la mais tarde. Até mesmo se eu vi em seu rosto as mesmas saudades que senti em meu coração solitário, nenhuma de nós podia se permitir a ser amiga intima da outra.

Eu não deveria ser amiga dela, mesmo assim eu continuei falando com ela.

“Jasper tem estado ausente por mais tempo do que isso, ” eu comecei, “mas só comecei a estudar aqui no ano passado. Eu moro com a minha tia e estudo Arte e Design aqui. Ajuda há passar o tempo.” Eu comecei a andar devagar para a porta. Eu sabia que deveria sair agora, antes que qualquer coisa fosse dita.

“Eu moro poucos quarteirões da escola a mais do que você. Talvez possamos andar juntas alguma vez”, ela disse quando andou ao meu lado. Ela tinha inconscientemente mantido vários centímetros entre nós. Isso, pelo menos, era um bom sinal.

“Talvez possamos,” falei em voz alta. Ela tinha notado onde minha casa era o que significava que ela tem prestado atenção em mim. Como é que uma pessoa podia ser tão observadora? Eu precisaria tomar cuidado ao seu redor.

“Isso seria ótimo, ” ela borbulhou, entendendo minha resposta como uma afirmação, “Eu te vejo mais tarde, Alice. ” Ela me deu um grande sorriso e dirigiu-se á sua aula de ciências. Eu a tinha ouvido falar sobre cursos de enfermagem durante a aula de química, então a maioria de suas aulas seriam nesse prédio. Isso também era uma coisa boa, porque o prédio de artes era do outro lado do campus. Quando era sobre educação superior, artes e a ciências raramente se encontravam.

Minha próxima classe foi Historia Mundial, e nos estávamos estudando sobre a queda de Roma. Eu estava gostando da versão bastante cômica dos humanos da queda da grande civilização. Ninguém sabia que a verdadeira causa foi a grande guerra dos Volturis, quando o clã governante da Transylvania foi expulso e destruído quando os Volturis assumiram o poder. Eles até atribuíram a um dos grandes líderes de vampiros da Transylvania, Attila o Huno, para a raça humana. Foi hilário.

Enquanto sentava em minha aula de História do Mundo, rindo silenciosamente da versão humana da migração dos Bárbaros, eu pensei sobre a Emily e o nosso problema em comum. Só agora percebi que vários rostos tinham a aparência de solidão que ela tinha notado no meu. Eu já não estava sozinha em minha dor de um parceiro ausente, e o pensamento me deu uma sensação melancólica de afinidade com essa mulher. Por este breve momento na história, eu, agora, tinha mais em comum com a minha futura presa do que com a minha própria espécie.

A visão que acabou com minhas reflexões foi tão clara que eu engasguei. Eu sabia que ocorreria hoje a noite pela clareza. Meu peito frio constringiu e meu corpo apertou quando o rosto do Jasper me cobriu. Ele estava em pé na chuva escura, olhando para alguma coisa no chão, eu acho que ele estaria chorando se pudesse. Seu rosto tinha a tristeza que eu tinha visto tantas vezes antes, quando ele tinha lutado e matado nossa espécie.

Mesmo tão submersa na visão como eu estava, eu ainda podia sentir o rosnado de pânico subindo em minha garganta.

O que tinha acontecido? O que o tinha feito voltar a matar? Ele estava em perigo?

Eu lutei com minhas emoções e tentei retornar novamente para a visão. A coisa no chão era um corpo de uma mulher, um corpo humano com o pescoço despedaçado. Eu podia ver outro corpo atrás de Jasper, maior e com roupa vigorosa. Um marido e uma mulher? Era a sua tristeza por estes humanos?

“Desculpe-me, ” eu o ouvi claramente sussurrar, e sua voz quebrou. Então ele pegou os corpos, colocou-os no carro com um capô amassado que estava alguns metros atrás dele, e empurrou-o sobre a borda da estrada. Deve ter sido uma queda muito grande porque levou muito tempo para som da batida chegar em mim. E mal o notei. Tudo o que podia ver, tudo que eu podia focar, foi a forma do adorável homem parado no chão perto das marcas de pneu.

Quando a minha mente retornou a sala de aula, eu nem sequer olhei ao meu redor para ver ser alguém tinha me notado, eu simplesmente recolhi meus livros e fugi.

Eu marchei de um lado para o outro por tanto tempo e tão furiosamente que o chão da minha casa antiga estava rangendo em protesto. Humanos eram tão sortudos de não ter que se dar com tantas emoções misturadas e opostas girando em sua cabeça de uma vez só. Essa bagunça poderia ter levado um humano à insanidade em poucos minutos.

Fúria, arrogância, frustração, e amor não correspondido contorceram-se em minha estúpida mente de vampiro.

Fúria e frustração eram as mais fortes. Ele estava tão claro e tão perto que eu senti que poderia ter tocado nele. Está noite, essa noite mesmo, em algum lugar na América, Jasper se alimentaria de pelo menos dois ocupantes de um carro. Eu sabia que iria acontecer porque minha visão era tão minuciosa. As decisões que colocassem o casal no caminho do vampiro já tinham sido feitas, mas eu não tinha idéia de onde aconteceria. Eu bati o meu pé no chão e rachei dois dos velhos pisos de madeira.

Uma pequena parte da minha mente notou que eu teria que obter um tapete para esconder isso.

Arrogância e desejo foram acrescentados em minhas emoções mais negativas. Essa foi a primeira visão vívida que eu tinha visto de Jasper em meses. Todas as outras eram fotos minúsculas de Jasper se escondendo, ou andando, nada tão tangível e intenso. Vendo-o claramente trouxe um sentimento de êxtase que eu não nem poderia começar a descrever. Foi intenso, puro prazer.

Também arrogância em seu evidente coração quebrado por ter que matar humanos. Eu não tinha chorado sobre os humanos que eu tinha matado? Antes que eu escolhesse essa vida difícil com a sua sede constante, eu tinha passado a maior parte do meu tempo lamentando por suas vidas que fui forçada por minha natureza a tomar. Nenhum dos vampiros que eu conhecia deu a eles mais do que um segundo pensamento. Matar os humanos era simplesmente uma coisa. Mas eu vi Jasper sofrer. Eu o vi triste pelo que ele era forçado a fazer. Isso o fez parecer comigo mais que qualquer outro vampiro que tenha conhecido, e a idéia do homem monstruoso que uma vez vi estar sendo substituído por um homem que podia lamentar por suas presas me fez mais feliz do que tenho sido nos últimos anos.

Também me fez desejar por sua companhia de formas novas e cada vez mais dolorosas.

Eu nunca poderia ser humana, mas eu vivia entre eles. Eu também nunca poderia viver entres os vampiros por mais tempo, porque eu já não era verdadeiramente uma deles. Eu tinha esperado por vinte e dois anos para encontrar o homem, cujo rosto eu vi minutos depois do meu “nascimento”, eu estava cansada da espera. Escola, roupas, amizades falsas só ajudavam a manter a dor dolorosa controlada, mas nunca foi embora, nem sequer por um minuto.

Era o amor não correspondid, que fazia a coisa toda quase impossível de tolerar. Eu tinha conhecido e amado Jasper por tanto tempo que eu sentia que o conhecia intimamente. Além disso, se ele fosse me ver cara a cara, ele não teria sentimento nenhum por mim. Ele não saberia quem eu era. Como eu poderia agüentar mais disso? Nenhum humano que eu tenha conhecido poderia agüentar essa dor infinita. Eu não acho que muitos dos vampiros que eu conheço poderiam ter agüentado também. Eu ansiava por ele com todos os cristais do meu corpo, ele nem sabia ou ligava que eu existia. Era uma piada.

Eu caí no chão com uma pancada ressonadora e cobri meu rosto com minhas mãos. Eu estava tentando focar em fazer sentido de todas essas emoções que passavam por minha cabeça. No entanto minha mente tinha outros planos. Quando eu bati no chão, a segunda visão forte do dia veio à tona.

Eu estava novamente na lanchonete, e Marty estava perguntando o que ele poderia pegar para mim. Um pequeno som de trás surpreendeu-me e eu me virei muito rápido para ver o que tinha me empurrado. Em primeiro lugar, tudo que vi foi um chapéu xadrez. Então o chapéu inclinou-se para revelar o rosto de um jovem negro. Ele estava me encarando com olhos grandes e aterrorizados.

“Eu… eu sinto muito, senhorita, ” ele gaguejou enquanto se afastava.

“Está tudo bem, ” Eu me ouvir dizer. “Não se preocupe com isso. “

O menino de grandes olhos castanhos encarou-me, então ele engoliu em seco e ergueu um jornal com mãos tremulas. “Você quer um jornal, senhorita?” ele perguntou gaguejando.

“Sim, eu adoraria um, ” Eu disse enquanto colocava uma moeda na sua pequena e trêmula mão.

“O que você quer senhorita? Você nunca me falou, ” Marty disse enquanto a visão desaparecia.

Eu estava paralisada no chão digerindo todas as informações que eu poderia. Eu não podia ler o nome do jornal, muito menos a data, mas se ficasse mais claro, eu saberia onde e quando encontrá-lo. A visão de dois humanos de alguma forma causou Jasper tomar uma decisão que o colocava um pouco mais firme no caminho para encontrar-me na lanchonete desconhecida? As duas visões pareciam ligadas de alguma maneira, mas eu não podia ter certeza de nada, exceto que Jasper estava um pouco mais perto de me encontrar.

0 comentários:

Postar um comentário

blog comments powered by Disqus
Blog Design by AeroAngel e Alice Volturi