Singularity - Capítulo 27: Não Tão Vampira Assim

Nós estávamos correndo juntos na neblina de minha visão. Todos nós. Jasper corria ao meu lado, e todas as partes do meu corpo vibraram com a memória da visão. Corremos até voltarmos à grande cabana no lago perto do Mount Washington, em New Hampshire, onde desabamos no sofá rindo da piada mais recente de Emmett.

Essa visão era o motivo pelo qual eu estava aqui no escritório da Lowe and Associates tomando posse da cabana e abandonando outras duas. Eu não pisaria na casa de Long Island de novo.

Eu pensei que iria sentir tristeza em deixar a casa, mas em vez disso, senti alívio. A Casa guardava muitas lembranças que eram perfeitamente claras e nítidas em minha mente. Toda vez que eu pisava na porta, as memórias surgiam para mim, e a memória e a dor de suas perdas me vinham em ondas frescas. Agora, acabou. Eu assinei os papéis, um a um, e deixei as lembranças recuarem da minha mente. Aquela parte da minha vida se foi, e agora estava pronta para seguir em frente.

“Tudo parece em ordem, Srta. Stoker.” Sr. Trudel disse enquanto me entregava os últimos papeis para assinar. Sua mão tremia um pouco.

“Muito obrigada pela sua ajuda Sr. Trudel,” Sorri tentando parecer tranqüila. Ele tinha passado várias horas na minha presença em seu pequeno escritório, e isso estava começando a desgastá-lo.

“Se você não se importa com minha pergunta, o que vai fazer com todo o dinheiro?”

“Eu não me importo”, eu ri. Eu não me importava. Minha fortuna era agora mais do que o dobro, eu tinha minha própria casa. Agora, eu não me importaria se ele me perguntasse se eu brilhava à luz do dia. “Eu pretendo fazer uma viagem à América do Sul para ver alguns amigos. Estarei fora até Maio do próximo ano.”

“Isso é quase um ano fora”, ele disse incrédulo. “Como vamos entrar em contato com você? Nós temos que ser capazes de contatá-la se algo acontecer”.

“Não se preocupe, vou fazer questão de ligar para você pelo menos uma vez por mês.” Eu esperava que minhas visões fossem me ajudar a ver esse escritório repleto de seres humanos. Os humanos são sempre difíceis de ver, mas talvez eu pudesse ter um vislumbre de algo, se me envolvesse. Minhas visões normalmente instáveis poderiam fazer pelo menos isso.

“Só não fique muito tempo sem contatar-nos, por favor. A última vez que tentamos entrar em contato com você, foi um pesadelo de papelada”, disse ele secamente.

“Descobrir que os meus amigos estavam mortos não era apenas um pesadelo de papelada para mim”, retruquei.

“Desculpe. Isso foi grosseiro, eu sei, mas agora você é a pessoa mais rica que conheço, e uma vez que somos parcialmente responsáveis pela sua riqueza, como também pela sua identidade, acho que temos o direito de tentar ficar em contato com você.”

“Toda a minha correspondência chegará aqui, assim você saberá exatamente o que está acontecendo com a minha riqueza. Vou manter contato o mais freqüente que puder. Vou precisar de mais identidades logo, assim voltarei por elas e nada mais.” Eu assinei os papéis legais com o meu nome mais recente, e eu não precisaria de uma nova identidade por pelo menos mais três anos. Eu tinha vinte e dois agora segundo a minha certidão de nascimento, assim eu poderia esperar até 1947, antes que eu começasse a parecer muito mais nova para a minha identidade.

Devolvi os papeis e me levantei para sair.

“Srta. Stoker? Por favor, tenha cuidado. Eu sei que você é uma mulher de capacidades incríveis, mas ainda é muito jovem e muito frágil, e o mundo é um lugar muito grande e violento. Eu não quero que nada lhe aconteça.” Ele parecia quase paternal quando ele apertou a minha mão em despedida.

Eu tive que sufocar uma risada pela avaliação que ele fez de mim. Eu provavelmente era a criatura mais violenta e menos frágil que ele entraria em contato neste ano – se tivesse sorte. O mundo frágil e mortal tinha mais medo de mim do que eu jamais teria dele.

“Obrigada Sr. Trudel, eu terei cuidado e vou entrar em contato, prometo.” Tentei sorrir enquanto eu rapidamente deixava o escritório com as minhas cópias dos documentos. Eu tive que sair rapidamente, porque a cobertura fina de nuvens da manhã estava desaparecendo, e eu precisava desesperadamente chegar ao meu carro antes que qualquer um dos raios do sol saísse.

Uma vez lá dentro, eu acelerei o motor e fui para o norte. Eu queria verificar a cabana, a minha cabana, e conseguir uma caça decente antes de ir para o sul. Estaria de volta a Nova York por volta de 1º de maio para que eu pudesse ver a Times Square neste verão. A guerra iria acabar, nós iríamos ganhar, e aquela festa duraria a noite inteira.

Deixei o carro no pequeno galpão da cabana e corri para o sul para tentar encontrar o Rio de Janeiro. O Clã de Ivan estava visitando Paolo lá em uma vila “abandonada” fora da cidade. Não tinha estado abandonada até Paolo e Maria aparecerem e “retirarem” os ocupantes.

A corrida para o sul era revigorante. Eu corria e agia como uma vampira – na verdade exatamente como uma vampira. Eu corria à noite e me escondia durante o dia se eu estivesse perto dos humanos. Era um verão ensolarado. Eu estava correndo apenas com o que eu precisava, algumas roupas extras que tecnicamente eu não precisava, e meu dinheiro. As verdinhas eram universalmente aceitas na maior parte da América do Sul, e eu realmente não achava que estaria comprando muito de qualquer forma. Eu não conhecia os designers cuja roupa eu iria querer na América do Sul.

Eu sentia falta de Paris e das compras na Europa.

Era tão desconsiderante eles lutarem uma guerra onde a beleza e a alta cultura eram o alvo. Pelo que eu tinha visto do sul do Texas e norte do México, eles poderiam ter se bombardeado totalmente aqui e não prejudicaria nada. Por que os humanos não pensavam melhor nessas coisas?

Minha viagem até a fronteira sul dos Estados Unidos foi ótima. Eu viajei rápida e silenciosamente, e não encontrei ninguém para me incomodar, mas as coisas ficaram destacadamente piores quando cheguei ao centro do México.

Minha má sorte começou quando eu estava caçando uns poucos animais que eram saborosos. Eu tinha passado vários dias nas florestas do centro do México, caçando qualquer coisa que eu pudesse encontrar e vendo as ruínas. Nunca deixava de me surpreender o quanto os arqueólogos humanos perdem. Eu poderia encontrar templos só pelos seus cheiros, e os humanos que eram treinados para encontrá-los apenas erravam o seu caminho através do crescimento de espessura e esperavam tropeçar em algumas ruínas antigas. Patético.

Infelizmente, minhas áreas de caça cruzaram o caminho de alguns desses desajeitados arqueólogos que estavam vagando como idiotas na floresta tentando encontrar ruínas. Eu achei que estava longe o suficientemente dos humanos. Eu pensei que minhas visões me falariam se alguém iria atravessar o meu caminho. Estúpida. Eu era estúpida. Eles eram estúpidos. Agora, eles estavam mortos.

Eu estava agora deitada no telhado de uma antiga igreja fora da expansão maciça da Cidade do México esperando o sol se pôr, e odiando o fato de que eu não podia ir ver a cidade como eu tinha planejado. Nesse exato momento, eu odiava praticamente tudo.

Eu não queria matá-los. Eu nem sabia que eles estavam lá. Só que aconteceu de eles tropeçarem em meu caminho, enquanto eu estava caçando. Eu tinha deixado a mim mesma ficar com um pouco mais de fome comendo cabras e porcos domésticos, e de repente lá estavam eles bombeando sangue quente e delicioso através de seus corações. Assim como antes, eu agarrei e foi somente por instinto. Assim como antes, eu nem sabia o que estava fazendo até que estivesse feito. Assim como antes, eu podia ver a vida que eles deveriam ter tido e a tristeza de seus familiares. Um pequeno escorregão idiota e perdi tudo. Eu me odiava agora.

Eu estava com um humor negro e muito vampiresco sobrevivendo na cidade mais povoada que eu já tinha visto. Não havia nenhuma forma que pudesse ir lá embaixo agora. Meus olhos estavam muito vermelhos, e meu desejo por sangue humano recente demais. Toda vez que eu tomava sangue humano, o desejo de continuar a caça por seu sangue voltava tão fortemente como quando eu era uma vampira jovem.

Quando isso se tornaria mais fácil?

Eu gemi para mim mesma. Como eu poderia ficar quatro anos na escola sem tocar no cabelo de um humano e me virar e me alimentar com três pessoas em um momento de descuido? Estúpida.

Os últimos raios do sol brilhavam vermelhos em minha pele, e me levantei para correr pela cidade e de seus humanos inocentes. Eu queria ver a sólida e antiga catedral da cidade e ouvir a música das bandas de cantina, mas agora estava tudo arruinado. Não havia nenhuma maneira que eu pudesse ir para a cidade com olhos vermelhos brilhantes, e não apenas por causa dos humanos. Cidade do México estava cheia de vampiros, ou foi o que tinha sido contado para mim. Com os recém-olhos vermelhos, eu seria vista como uma ameaça para qualquer vampiro desta cidade, então eu precisava sair daqui rapidamente.

Mesmo com a minha segunda visão, eu quase esbarrei em outros da minha própria espécie, antes que eu saí das montanhas para a floresta. Cada vez, os vampiros iriam perseguir o meu perfume por várias léguas antes que eles desistissem.

Eu decidi evitar esta cidade no caminho de volta para o norte. Talvez eu pudesse pegar a rota ocidental, nadar no mar de Baja e visitar Hollywood novamente. Eu adoraria ver Tinseltown e talvez até ir para Las Vegas. Isso definitivamente iria ser divertido.

Corri durante os próximos dois dias, permanecendo na sombra profunda da selva, e fiz isso até o canal do Panamá no meu segundo dia fora da Cidade do México. Esperei até a noite, e então pulei o canal em um grande salto.

Então eu fiz isso mais algumas vezes por uma boa extensão. Não é todo dia que você consegue ir entre os continentes em um pulo. Eu pulei para trás e para frente até três trabalhadores bêbados cambalearem para fora da sua pequena casa e saírem correndo gritando que um fantasma estava voando sobre o bloqueio. Eu alegremente fiz isso mais algumas vezes, e então comecei a minha corrida para o sul rindo sobre as histórias que seriam contadas sobre o lindo fantasma que tinha assombrado os bloqueios esta noite.

Demorou apenas mais quatro dias de corrida para alcançar o oceano da cidade do Rio de Janeiro. Então, eu estava diante de três grandes problemas. Primeiro, meus olhos estavam ainda bastante vermelhos, e eu precisava encontrar um animal adequado para devolvê-los à sua cor certa e me impedir de caçar qualquer pessoa nesta cidade grande. Segundo, eu precisava evitar qualquer inimizade com clãs ou indivíduos enquanto eu buscava. Terceiro, eu precisava encontrar o cheiro do clã de Ivan nesta cidade tão aromática.

Eu decidi tentar encontrar o cheiro de Paolo ou do clã de Ivan primeiro porque eles deviam estar localizados em uma grande casa fora da cidade propriamente dita. Eles caçariam como antes em Nova York, alimentando-se dos milhares de humanos perdidos que viviam nas barracas pobres, então todas as noites eles provavelmente entrariam na cidade. Eu poderia simplesmente ter sorte e pegar seus cheiros em algum lugar.

Isso não foi uma boa idéia.

A área que circunda a cidade era uma mistura de cheiros de vampiros e humanos tão entrelaçados e abundantes que era quase impossível para eu determinar de onde eles estavam vindo e indo. Por três vezes eu tive que correr profundamente para dentro da selva.

Tudo bem, eu iria caçar primeiro.

Corri para dentro da selva coberta pelas colinas para encontrar duas das minhas novas delícias favoritas da America do Sul, javali selvagem e jaguar.

A caça foi fácil. Eu encontrei dois javalis pela manhã, e peguei o perfume de um jaguar logo depois disso. O jaguar me levou cada vez mais fundo na selva espessa, já que ele estava caçando macacos uivadores.

Eu nunca tinha comido macaco.

Eu tentei um pouco e descobri que os macacos uivadores não são ruins. Embora eles sejam herbívoros, têm um sabor um pouco semelhante aos carnívoros, e descobri que é muito agradável. Eu demorei quase uma hora correndo para alcançar o gato depois de tentar o macaco, mas eu terminei a perseguição rapidamente e sem luta. Eu não queria arruinar a minha roupa.

Foi no meu caminho de volta para a cidade que eu vi pela primeira vez a pequena tribo de índios que deve ter me visto caçar o jaguar. Eles estavam diante da varanda de suas cabanas gritando loucamente em um idioma gutural, que eu não conseguia entender. Eles estavam dançando ao redor de um círculo de madeira e segurando o que deve ter sido algum tipo de talismãs. Há uns cinqüenta metros ao meu lado um grito soou, e toda a aldeia entrou no círculo de varas.

Virei para ver os anciões da tribo e o que deveria ser o pajé avançou em minha direção com lanças preparadas.

Terrível.

Como eles tinham me visto caçar? Será que eles sabiam o que eu era? O que eu ia fazer sobre eles agora?

Eu decidi sorrir e erguer as minhas mãos para ver se talvez eles tivessem me confundido com outra coisa, mas eles só pararam e começaram seus gritos agudos de novo. Eles continuaram me chamando pelo mesmo nome mais e mais, então eu sabia que eles sabiam. Mas, como é que eles souberam?

Eu ouvi o barulho do fogo vivo em torno das pessoas no meio das varas. Eles ficaram parados, rodeado por uma muralha de chamas de proteção enquanto eu fiquei parada tentando decidir a melhor maneira de sair daquilo.

O pajé do grupo também congelou, e então trouxeram tochas e começaram a acená-las para mim gritando seus cânticos estranhos com a força renovada.

E eu tinha pensado que os ciganos eram ruins.

Como é que eles sabiam sobre o fogo?

Eu não podia acreditar que isso era apenas uma coincidência, que eles não somente me viram e sabiam que eu era uma ameaça, e que de alguma forma sabiam que o fogo poderia me prejudicar.

Eu não queria machucar essas pessoas assustadas, e eu não queria chegar muito perto de seu fogo, não importa quão pequeno era, então, eu saltei para as árvores e corri através do dossel enquanto o barulho da tribo desaparecia com a distância.

Bem, esta viagem foi certamente uma aventura.

No momento em que cheguei à cidade eu estava com menos fome, mas tão frustrada que eu poderia ter mordido e arrancado a cabeça do próximo vampiro que cruzasse o meu caminho. Literalmente.

Eu fui de telhado em telhado degustando os aromas cuidadosamente e verificando minhas visões. O cheiro humano era insuportavelmente forte, e meu progresso foi frustrantemente lento, mas eu finalmente encontrei a casa que tinha cheiro dos vampiros que eu conhecia e um ligeiro aroma dos humanos que uma vez possuíram a casa. Eu olhei atentamente para o futuro e me vi sentada petulantemente em uma cadeira de madeira quando meus amigos entraram pela porta. Era aqui. Finalmente.

Eu entrei com cuidado e rapidamente encontrei a cadeira ornamentada e pesada e me sentei para esperar. Eu naturalmente parecia aborrecida, fiquei bastante irritada com eles por não me avisarem sobre todo o lugar insano. Vampiros em massa perto da cidade e os nativos bizarros na floresta, que tipo de lugar é este? Eu não podia acreditar que Paolo falava tão bem daqui.

Demorou cerca de duas horas, mas os cinco vampiros finalmente voltaram com brilhantes olhos vermelhos e sorrisos joviais pouco antes do amanhecer.

Ivan foi o primeiro a reconhecer o meu perfume.

“Alice! Querida Alice, você veio!” O grande russo tirou-me da cadeira e me abraçou com força.

De repente, eu estava sendo envolvida por vários braços de uma só vez, e beijada na bochecha. Minha raiva não tinha ido embora, mas eu estava com um humor muito melhor no momento em que todos me colocaram no chão.

“Como se sente na minha cidade maravilhosa?” Paolo estava radiante com orgulho. Eu decidi esmagá-lo suavemente.

“Bem, eu não fiquei tão impressionada até agora.” Sugeri.

“O que aconteceu?” Engasgou Lena. Ela me conhecia muito bem e pôde ver pela minha cara que eu ainda estava muito irritada.

“Para começar, encontrar uma casa de vampiro numa cidade cheia de cheiro de humanos e vampiros caçadores não é tão fácil quanto possa parecer. Então, quando eu entrei na floresta, os nativos foram muito menos amigáveis. Finalmente, quando eu consegui pelo menos encontrar o lugar certo, vocês não estavam aqui.” Eu assinalei cada um com meus dedos fazendo um som clicando com cada ponto.

“Seus olhos então tingidos de vermelho?” Maria estava encostada perto de mim e olhando nos meus olhos com um sorriso no rosto.

“Você deslizou novamente?” Perguntou Vasily. Eles definitivamente não estavam ajudando meu humor.

“Sim, eu deslizei. Feliz?” Eu não disse, eu rosnei. Os outros se afastaram um pouco.

“Isso acontece freqüentemente? Eu não me lembro dela deslizando em Nova York”, disse Paolo pensativo.

“Aconteceu uma vez com a gente. Ela saiu para caçar algum animal e pegou dois humanos em vez disso. Ela realmente tenta não comê-los, mas ela parece escorregar muito ao nosso redor”, respondeu Vasily como se eu nem sequer estivesse na sala.

“Ela não deve se preocupar com isso. Pense em todas as vidas que ela salvou em Nova York. Certamente um ou outro de vez em quando pode não ser tão ruim. Ela passa muito tempo sem comer, realmente é quase absurdo”, respondeu Paolo.

“Eu estou bem aqui, muito obrigada”, eu rosnei novamente. Eu odiava quando falavam sobre mim como se eu não estivesse na sala.

“Uhm, bem, não se sinta tão mal, Alice, achamos você muito linda com olhos vermelhos,” Ivan riu e bateu nas minhas costas.

Isso não estava indo bem para mim. Eu queria simpatia e tudo o que senti foi curiosidade mórbida.

“Venha, deixe-me mostrar-lhe a nossa casa aqui no Rio”, disse Maria enquanto ela agarrava minha mão e começava a me levar pela linda casa. Eles estavam tentando me distrair, e eu estava pronta para ser distraída e aceita pela minha própria espécie novamente.

A casa era situada na costa de uma colina com vista para a cidade e o oceano a perder de vista. Ela tinha uma infinidade de janelas e varandas que davam a sensação de uma casa aberta e brilhante, mesmo que estivesse com painéis escuros de madeira que foram ornamentadas e esculpidas em torno das portas e janelas. Eu podia ver porque Paolo tinha escolhido esta casa, mas eu também estava muito triste pela família que tinha morrido aqui. Os outros nem mesmo pensaram nos humanos que uma vez viveram aqui, eles eram apenas uma refeição que foi comida e descartada sem um segundo de consideração. Na verdade, a melhor coisa sobre a casa era sua proximidade com as partes mais pobres da grande cidade, bom território de caça para o forte clã. Pelo momento que nós voltamos para a sala da frente eu estava me sentindo um pouco doente com a atitude dos meus colegas vampiros.

“Então, como você pode ver, nossas vidas são fáceis aqui, e nós temos tudo que precisamos. Esta casa, e os humanos abaixo fornecendo tudo para nós. Estamos muito contentes aqui”, Paolo terminou orgulhosamente após a turnê.

“O que você tem feito todos estes anos?”, perguntou Maria enquanto sentávamos para esperar o anoitecer.

Por onde eu devo começar? Enquanto olhava nos quinze anos atrás desde que eu havia visto Paolo e Maria pela última vez, eu percebi o quanto eu tinha feito.

“Eu viajei pela Europa, Oriente Médio e África do Norte até 1934 com o clã de Paul, ” comecei. Eu não podia conter o tom triste que deslizava por minha voz. “Eu os deixei nas savanas da África e voltei para casa para viajar pelos Estados Unidos.” Uma nova onda de culpa, não tão forte como antes, mas ainda bastante potente tomou conta de mim.

“Nós todos nos sentimos terríveis por sua perda”, consolou Maria. “Paul era um verdadeiro líder entre os vampiros do mundo. Eu não consigo imaginar viver em Nova York sem ele”. Vasily e Ivan concordaram.

“Os dias dourados acabaram agora”, suspirou Vasily. “Todos nós achamos que haverá muitos conflitos entre os antigos e os novos vampiros que retornarem para Nova York. Pode não ser o melhor lugar para viver, até que tudo se acalme. Na verdade, Lena e eu estamos planejando nos mudar para Chicago e deixar que Ivan fique em Nova York. Podemos controlar melhor a máfia com um membro permanente do clã em ambas as cidades.”

“Como você gerencia isso aqui?” Eu perguntei a Paolo. “Parece que há um grande número de vampiros na cidade. Como é que vocês mantêm a paz?”

“Não mantemos.”

“Mas você vive em paz aqui”, eu respondi.

“Só porque nós podemos lutar melhor do que a maioria e por que nós não reivindicamos nenhuma cidade como nossa. Nós caçamos apenas quando necessário, e fazemos isso rapidamente, mas fora isso não podemos sair ou fazer muita coisa. Tivemos vários conflitos desde que chegamos aqui há dez anos atrás.”

“Isso não parece muito divertido”, afirmei morosamente. Eu tinha viajado de tão longe para me divertir e relaxar um pouco, mas eles estavam fazendo isso soar como se fôssemos prisioneiros nesta casa ornamentada.

“Realmente não é tão ruim,” riu Ivan. “Com todos juntos, nós temos sido capazes de fazer muito mais e vagar abertamente durante a noite. Temos passado vários dias nadando no mar quente. Aqui é muito parecido com o Caribe, Alice. Espere até você ouvir a música e ver as danças, eles são magníficos.”

Suas garantias iluminaram um pouco meu humor negro.

“Se tivermos sorte, podemos até entrar em uma luta, como nos velhos tempos”, acrescentou Vasily. A idéia de diversão para Vasily e Ivan sempre giraram em torno da luta.

“Você viajou o tempo todo?”, perguntou Maria tentando voltar à sua pergunta inicial.

“Não, eu só viajei por cerca de cinco anos. Eu fui para a faculdade em 1939 e me formei em Arte e Design em maio deste ano,” eu disse com um sorriso orgulhoso.

Nem Maria nem Paolo se moveram, mas uma expressão bastante curiosa espalhou em seus rostos. Paolo olhou interrogativamente para Ivan, que deu de ombros e apenas sorriu. “Foi importante para ela, ” disse ele se desculpando.

É claro que eles não entendiam. Ir à escola estava fora dos desejos de um vampiro normal é que eles provavelmente nunca tinham sequer pensado por um segundo.

“Por que você quis obter uma graduação? Você já era boa em desenhar roupas, e você pode fazer festas melhor do que Annette. O que mais você queria aprender?” Maria perguntou-me isso enquanto ela ficava ali olhando para mim como se eu fosse algum tipo de aberração, o que eu admito que sou.

“Eu não me lembro de nada do meu passado como humana, eu queria ter uma experiência humana, e eu queria aprender mais sobre os assuntos que eu amo”, eu expliquei.

“Você estava em classes com os humanos?”

“Claro que eu estava. Nós não temos faculdade para vampiros”, eu suspirei enquanto eu esperava para o ataque de perguntas que eu sabia que estava chegando.

“Você matou quantos?”

“Nenhum”, outro suspiro.

“Realmente? Nem mesmo um?”

“Não, nenhum sequer. Eu segurava minha respiração quando eu precisava e comia todo fim de semana para que eu não ficasse com fome. Meus olhos não me entregaram, então enquanto eu podia evitar o sol, não tive problemas.”

“Não era horrível se sentar nas suas aulas? Aprender é uma coisa tediosa para os seres humanos.”

“Às vezes era chato, mas principalmente me diverti. Eu mesma organizei três festas para os humanos, enquanto eu estava lá”, eu adicionei orgulhosamente.

“Por quê?” Engasgou Paolo.

“Porque eu queria. Eu adoro dar uma festa, e os meus amigos humanos precisavam de uma. Além disso, é algo que só eu posso fazer” eu disse, me achando um pouco. “Você não tem idéia de como era divertido ser uma estudante e ser parte de algo tão profundamente humano”.

“Nós organizamos festas para os humanos, às vezes”, ponderou Maria “mas eles não vão embora. Eles têm um bom momento por um tempo, porém. É divertido vê-los se divertir antes de morrerem.”

“É ainda mais divertido vê-los ir para casa de suas famílias com um sorriso no rosto”, eu disse incisivamente.

Nós éramos tão diferentes uns dos outros que eu não acho que eles poderiam entender porque eu fiz o que fiz. Olhei para cada um dos seus rostos incrédulos, até que todos desviaram o olhar. Eles não entenderam é claro, mas eles deixaram tudo de lado.

Passamos o dia conversando sobre os problemas do mundo e então saímos para ver as paisagens e ouvir os sons do Rio de Janeiro ao anoitecer. A cidade era tão brilhante e festiva como o Caribe tinha sido – tal diferença da nação subjugada e devastada pela guerra que eu tinha acabado de deixar. Embora nós tenhamos visto e cheirado vários outros vampiros, ninguém ousou confrontar-nos porque o nosso grupo agora era bem grande. Paolo e Maria exultaram em sua liberdade renovada e nós percorremos a cidade e o oceano até pouco antes do amanhecer. Eles estavam certos, a música e a dança eram inacreditáveis. As cores da cidade eram quase chocantes, e eu mal podia esperar por um dia nublado para que eu pudesse sair e vê-los na luz.

No dia seguinte passamos novamente dentro de casa, mas desta vez eles me ensinaram as danças exóticas e eróticas que eu tinha visto na noite anterior.

E assim foi a próxima semana até que nos separamos para as viagens de caça. Minhas visões eram abundantes aqui e eu não poderia estar perto deles quando caçavam seres humanos. As visões nítidas da caça e do sangue foram um pouco demais para eu suportar, então eu corri para a floresta novamente por alguns dias para caçar qualquer coisa que eu encontrasse.

Quando voltei para eles, o clima tinha mudado um pouco. Outro clã tinha confrontado cinco deles durante uma corrida de caça e, embora nenhuma luta se seguiu, eles estavam certos de que o confronto não terminaria hoje a noite. Paolo e Maria estavam ansiosos, mas Ivan e Vasily estavam exultantes.

“Está a fim de uma pequena briga, Alice? Parece que vamos ter algum divertimento, em breve.” riu Vasily enquanto Maria e Lena fizeram uma careta.

“Eu vou ajudar a protegê-los, você sabe disso,” Eu os assegurei, ” mas eu não quero comprar uma briga sem razão.” Eu não perderia mais dos meus amigos quando eu poderia ajudá-los, desta vez não, mas eu realmente não queria lutar com um clã por uma cidade onde eu não tivesse interesse.

“Eu não quero nenhuma luta”, concordou Paolo. “Se há alguma forma de evitá-la nós o faremos. O outro clã pensa que somos uma ameaça ao seu rebanho e querem que partamos ou queimemos. Se nós pudermos convencê-los de que não somos uma ameaça, então eles nos deixarão em paz.”

“Eles nunca deixarão você em paz”, replicou Ivan “e você sabe disso. Uma vez que eles acham que você é uma ameaça, eles vão matar você, não importa o que diga. Mesmo se sairmos hoje à noite, eles ainda vão vir até você. A única opção é lutar.”

“Por que simplesmente não nos deixam em paz? Eu odeio lutas entre clãs!” Maria soou tão melancólica quanto eu me sentia.

“Esta é a nossa casa, e não estamos incomodando ninguém, além dos humanos. Nós não deveríamos ter que sair”, respondeu Paolo categoricamente. Não, ele não iria querer deixar essa vida, ela era muito fácil.

Meu peito frio sentiu um pouco mais frio e muito mais parecido com uma pedra quando eu percebi a verdade de suas palavras. Se nós não lutássemos por Paolo e Maria, eles queimariam até as cinzas no futuro.

“É melhor começarmos a treinar então,” eu disse sem emoção. Depois de alguns dias de volta para a minha própria espécie, eu era arrastada para uma batalha. Comecei a olhar para o futuro para ver onde isso poderia levar, mas tudo o que vi foi a luta, não o resultado.

Nós praticamos luta de rua pelos próximos dias. Foi tão divertido como sempre, e eu podia ver que Ivan e Vasily estavam tão felizes com a perspectiva de queimar o outro clã. Minha diversão vinha por meio da aventura e da criação, mas eles eram homens, e eles gostavam de uma batalha. Foi bom para praticar e brincar com eles tão fisicamente de novo. Eu tinha estado entre os humanos por tanto tempo que eu tinha esquecido como eu realmente me sentia usando a minha força. As lições que aprendi há muito tempo não se apagaram nem um pouco, e eu segurei firme contra os outros.

Nós não tivemos tempo para esperar pelo conflito que vinha. Quatro dias depois do meu regresso da floresta, nós saímos para relaxar e ver as paisagens da cidade, perto do oceano novamente. Paolo decidiu levar-nos a uma parte mais deserta da cidade. Esta foi a nossa escolha, claro, porque nós não queríamos ser apanhados nos limites apertados da cidade, onde havia tantos lugares para ter uma emboscada.

Nós passeamos como antes, observado as paisagens, mas muito mais cautelosos. Eu via, claramente agora, que em breve teríamos companhia.

“Eles estão vindo,” Eu sibilei e os outros formaram uma fila, mas nós continuamos a caminhar. Pouco antes de chegarmos à frente do oceano, a primeira figura apareceu a nossa direita.

Nós não iríamos lutar aqui, mas minhas visões mostraram claramente uma luta. Parecia que haveria seis, mas eu não podia ter certeza.

Paolo rapidamente virou à esquerda e seguiu à praia para uma área mais isolada perto de uma colina. Dois outros começaram a seguir-nos por trás e a nossa esquerda. Outro no topo do morro quando nos o rodeamos. Era um ponto bom, aberto, mas escondido da vista da cidade. Sim, a visão era deste lugar. Este seria o local da batalha.

Eu deixei os outros saberem e nós formamos um círculo defensivo e esperamos enquanto o outro clã formava um círculo ao nosso redor. Havia cinco deles, e seis de nós. Dois recém-nascidos tinham aderido ao clã, e seus inconfundíveis olhos vermelhos atiraram o aviso que todos nós instintivamente sabíamos. Parte da minha mente queria saber se estes novatos realmente entenderam o que estava acontecendo ou se tinham sido enganados para a batalha como os recém-nascidos de Jasper tinham sido. Infelizmente, eles seriam queimados também. Era a única maneira de proteger Paolo e Maria.

“O que é que você quer, Fernando?”, Perguntou Paolo calmamente.

“Quero a cidade”, respondeu o vampiro alto e magro chamado Fernando.

“Eu não posso dar isso para você porque não é minha. Nós não reivindicamos qualquer terreno de caça aqui”, Paolo afirmou com firmeza.

“Você trouxe outros”, Fernando acusou, apontando para cada um de nós. “Eles irão se alimentar do rebanho e levar nosso alimento. Você já pensou sobre isso?”

“Eles são nossos amigos da América. Eles vieram para nos ver como convidados e irão embora quando a visita for concluída. Eles não são uma ameaça. Você por outro lado, criou novos que vão comer mais do que sua parte.” As palavras de Paolo saíram em um leve rosnado, todos nós ficamos tensos em ligeira posição agachada.

“Nós não queremos uma luta, Fernando, nós só queremos viver em paz. Não há nenhuma razão para que isso aconteça.” Maria estava tentando dissipar a tensão, mas suas palavras caíram em ouvidos surdos.

“Se você não quer uma briga, por que você está pronta para uma? Por que vocês têm treinado para uma?” Rosnou uma mulher à nossa esquerda.

Ivan suspirou e disse: “Porque nós sabíamos que isto ia acontecer.” Ele se virou e piscou para mim. Ele estava ansioso para lutar contra os recém-nascidos.

“Talvez, se seus amigos partirem nós podemos falar sobre viver em paz de novo,” ofereceu Fernando em uma mentira mal disfarçada.

Ivan riu. “Você não vai deixá-los viver em paz. Você quer esta cidade só para você, e você vai lutar contra qualquer um para obtê-la, então você tem que ser destruído. Essa é a única maneira. Nós vamos defender os nossos amigos, e você vai perder. Simples.”

Minha mente estava focada mergulhando e torcendo as visões do futuro. Elas mudavam quando cada um dos onze de nós mudava nossa tática ou mentes, mas a luta era uma certeza. Mas, nas visões, os números estavam diferentes. Havia seis deles, eu tinha certeza disso. Onde estava o sexto vampiro?

Eu mandei o único aviso que eu pude, em uma voz quase inaudível. “Estejam preparados, há outro lá fora em algum lugar, e os nossos números serão o mesmo.”

Nosso grupo ficou tenso, mas Vasily apenas resmungou e seu sorriso ficou um pouco maior. Claro que ele iria querer uma luta justa.

Como se nossas posturas tensas fossem algum tipo de sinal, os vampiros que nos rodeavam lançaram o ataque. A pequena fêmea à minha esquerda atirou-se para mim em um ataque baixo. Seu rosto era uma mistura cômica de surpresa e fúria quando eu pulei no momento certo e ela foi arremessada na areia macia, enviando para cima uma nuvem de material branco.

Atrás de mim, eu podia ouvir Lena e Vasily rosnarem e saltarem em seus oponentes, e eu senti pena de quem iria enfrentá-los juntos. Ivan e Vasily, irmãos e vampiros por mais de um século eram difíceis de enfrentar, mas adicione Lena na mistura e eles eram quase imbatíveis.

Minha fêmea gritou em fúria e rodopiou em mim por um ataque frontal que ela voltaria a fazer como um ataque baixo. Mudei-me para o lado e chutei suas costas para baixo com um chute tão alto que ela voou para longe. Ela bateu na areia novamente com um som forte. Eu tentei saltar em suas costas para tirar a cabeça dela, mas ela saiu do caminho a tempo.

Ela era uma boa lutadora, mas eu parecia ser igual, e minhas visões me davam uma clara vantagem. Encaramo-nos rosnando e tecelando, assim como eu tinha feito antes, tomada por nossos fortes instintos. Eu mal percebi que o som estava mudando e que os uivos e estalos metálicos eram agora mais audíveis que os rosnados.

Ela estava indo para pular em mim numa passada longa, e na estranha realidade dupla que minhas visões muitas vezes causavam, eu vi o salto apenas uma fração de segundo antes que ela o fizesse. Eu a deixei cair e agarrei suas pernas quando ela aproximou-se, mais uma vez a minha visão guiou minhas mãos e o futuro se juntou ao presente. Puxei-a para baixo de mim e coloquei meus braços em torno de seu torso enquanto eu mordia profundamente sua garganta. Ela arqueou as costas e uivou em fúria. Isto trouxe sua cabeça para mais perto de meus braços, e eu simplesmente estendi a mão e arranquei a cabeça para trás, até que saísse de seu corpo.

Comecei a desmembrá-la e olhar para ver se alguém havia começado um incêndio quando minha visão voltou para o futuro muito próximo. Três outros estariam surgindo da água. Três! Como minhas visões tinham perdido isso? Não seis, mas oito. Ivan havia desmembrado o seu adversário, mas os outros ainda estavam lutando.

“Mais três estão vindo pela água. Preparem-se!” Eu gritava freneticamente enquanto eu começava a rasgar os pedaços do corpo da fêmea que se contorcia. Eu não precisava de nenhuma parte nos agarrando enquanto nós lutávamos. Ivan e eu corremos para a beira da água para evitar os três adversários que agora eu podia ver apenas sob a superfície.

Os outros três também eram recém-nascidos. Isso era uma tática que eu tinha visto quando o Jasper lutou. Os vampiros mais velhos levariam os recém-nascidos para a batalha, e depois mais se juntaria quando o inimigo estava distraído.

Com selvagens olhos escarlates, eles se levantaram da água como um leviatã de três partes.

“Não os deixem colocar seus braços em volta de você”, Ivan sibilou para mim. Eu não precisava do aviso.

Os três se lançaram para nós em harmonia, dois pegaram Ivan, e uma avançou em mim. A velocidade era incrível, e eu fui quase capturada pelo jovem quando ele precipitou-se com os braços estendidos para mim. Ele virou-se imediatamente e começou seu ataque de novo, mas ele usou a mesma tática. Esta era a chave, eu sabia. Eles não tinham tido treinamento ainda, então eles só sabiam como lutar e matar, ou possivelmente as duas coisas. Eu sabia algumas coisas a mais do que isso.

O recém-nascido lançou-se contra mim novamente, e eu saltei sobre ele e arrisquei um chute de volta na cabeça dele enquanto ele passava. Funcionou. Meu pé bateu em sua cabeça como uma pedra batendo no metal, e ele voou para frente, sem equilíbrio, direto para o soco de Lena.

Virei para ver Ivan sendo dominado pelos dois recém-nascidos que o estavam enfrentando. Ele era um lutador hábil, mas os dois recém-nascidos ambos atacavam-no com golpes muito rápidos tentando distraí-lo para ser esmagado. Corri e dei um golpe duplo nas costas do mais próximo. Empurrei-o para frente e Ivan foi capaz de pegar a sua cabeça em um estrangulamento. Com um som massivo de rasgo e um estouro repugnante, a cabeça do recém-nascido saiu rolando. Ivan o partiu pela metade e se virou para enfrentar o outro. Ele ainda estava se divertindo! Homens!

Minha visão me mostrou o próximo ataque daquele que eu tinha jogado no caminho Lena, e eu encontrei o seu golpe com outro ótimo chute bem no rosto.

Da minha direita houve um grito de dor seguido pelo som agudo do rachar de uma rocha. Ouvi Fernando soltar um assobio frustrado, mas eu não podia virar e olhar até que o meu adversário fosse desmembrado.

Mais uma vez, me entreguei ao instinto de vampiro. Eu estava regozijando-me na luta, não me preocupei com meus amigos ou até mesmo comigo, enquanto eu atacava meu adversário. Seu rosto encheu de medo enquanto seus ataques se tornarem menos e menos bem sucedidos. Eu não me importava com seu medo. Eu mal tinha consciência de que Lena tinha se juntado a mim na luta. E em uma fração de segundo que ele estava distraído subi em suas costas e mordi profundamente seu pescoço. Lena chegou ao mesmo tempo e puxou o braço direito rasgando-o. Seu grito foi surpreendente até para mim. Ele se moveu descontroladamente comigo mordendo seu pescoço e Lena tentando agarrar o outro braço. Finalmente, com uma última mordida profunda, a cabeça saiu e Lena empurrou seu corpo na areia. Eu pulei para ver se eu era necessária em outro local, quando Lena começou a despedaçá-lo.

Fernando e outra fêmea eram tudo o que restava do grupo. Paolo e Maria tinham tentado lutar contra ele, mas eles nunca tinham sido lutadores. Vasily agora entrou na briga, e eu vim para completar o círculo.

“Se você não fosse ganancioso, isso não teria acontecido”, criticou Ivan, quando ele começou a dançar muito familiar.

“Nós podemos compartilhar. Nós podemos governar esta cidade juntos”, Fernando ofereceu em uma tentativa desesperada de mudar o que aconteceria.

Eu ouvi o barulho do fogo atrás de mim. Vasily sempre carregava um pequeno frasco de querosene. Ele era tão bom em ser um vampiro.

“Talvez se você tivesse oferecido isso antes,” ponderou o agora confiante Paolo, ” então nós teríamos dito que sim, mas você queria nos matar, não importa o quê, então eu não tenho escolha a não ser matá-lo agora.”

Ivan soltou um rugido gutural, que eu sabia era só para se mostrar, e pulou nas costas de Fernando, enquanto Paolo atacava sua frente. Os três caíram com um baque na areia macia. A mulher gritou, e Maria atacamos. Maria a segurou pelas costas, enquanto eu arranquei sua cabeça. Pequenos pedaços do seu corpo começaram a voar em todas as direções enquanto ela lutava contra o nosso ataque combinado. Demorou apenas um minuto para o nosso ataque forçá-la para o chão onde nós impiedosamente terminamos seu desmembramento.

Eu estava tão envolvida na luta, tão completamente vampírica, que a visão que deveria ter me avisado apenas me mandou para a loucura da sede de sangue.

Vários jovens, alguns bêbados, contornariam a colina tentando ver o que estava causando tais sons altos. Eles nem sequer nos viram enquanto atacávamos. Eu já podia cheirar e provar o seu sangue. Talvez se eu não estivesse lutando, eu poderia tê-los impedido. Talvez se eu fosse menos monstro do que sou agora eu conseguiria me parar. Mas a luta e a visão trabalharam juntas para tornar isso imbatível. Eu subi no primeiro ser humano a rodear o morro, sem sequer pensar. Ele e os outros nem sequer tiveram tempo para registrar o massacre, queimandos os corpos na praia, eles estavam mortos antes que eles caíssem no chão. Suas vidas traçadas e drenadas de futuro enquanto seus sangues que foram drenados de seus corpos, mas não pude evitar que isso acontecesse. Nós queimamos os corpos de nove homens e cinco mulheres com os corpos dos vampiros que nos atacaram. Eu tinha matado três deles.

Os corpos humanos não se transformam em cinzas. Tornam-se pedaços de carne queimada, pretos e mutilados. Eu assisti entorpecida enquanto os homens jogaram os restos flamejantes deles no mar onde iriam afundar para baixo da superfície. Eu tentei não pensar em suas famílias que não saberiam onde seus filhos tinham ido, ou no terrível destino que eles encontraram nesta bela praia. Eu não precisava ver as famílias porque a minha culpa já era esmagadora.

“Essa foi uma boa captura, Alice”, disse Lena aprovando. Ela, obviamente não podia ver meu rosto.

“Eu não acho que eles viram qualquer coisa antes de morrer.” Maria concordou com naturalidade. “Apenas um teve tempo para correr. Acho que o resto morreu sem medo. Gosto muito mais assim, você sabe, quando eles não sofrem quando saciam nossa sede”.

Eu observei Maria pelo canto do olho. Ela tinha um olhar suave em seu rosto e estava lentamente concordando em aprovação. Lena estava ao lado dela e seu rosto estava calmo, também. Esta foi uma noite divertida e gratificante para elas.

De seu ponto de vista as mortes foram inevitáveis. Os humanos podem ter nos visto, e então eles tinham que morrer. Para eles, as minhas ações rápidas terminaram a vida para a maioria dos jovens de forma rápida e sem medo. Para eles, isso era uma coisa boa.

“Você se sente mal por isso, não é Alice?” o tom de Lena estava acusando quando ela olhou nos meus brilhantes olhos vermelhos.

“Como é que ela consegue se sentir mal? Nós lutamos e ganhamos nossa primeira guerra de clãs aqui, protegemos nossa identidade da exposição dos humanos, comemos bem e salvamos os humanos de sentir medo e pavor. Como é que isso pode ser uma coisa ruim?” Maria estava ficando irritada. Ela estava tão feliz com a forma como a noite terminou que ela simplesmente não podia sentir a perda dos humanos. O rebanho tinha ficado menor um pouco, isso era tudo. Eles não eram jovens homens e mulheres com vida para viver e famílias para amar, eles foram o jantar, e os tínhamos comido gentilmente.

Suspirei. “Parece que eu não me encaixo muito bem, não é? Eu não sou humana e nem vampira o suficiente. Sinto muito estragar a sua noite, , eu disse timidamente enquanto eu olhava para eles sob a minha franja. “E acabou sendo bom para nós.”

Ivan misericordiosamente caminhou até a minha volta e bateu forte o suficiente em mnhas costas para me forçar um pé para frente.

“Eu senti falta de lutar com você, pequena,” ele riu.

“Então o que vamos fazer agora?”, Perguntou Vasily. “Temos algumas horas antes do amanhecer, e ninguém vai nos ameaçar hoje à noite.”

“Eu só peguei dois”, começou Paolo, “então talvez pudéssemos sair em uma pequena caçada da vitória e, em seguida, todos nós podemos sair para ver algumas das ruínas na floresta. Eu poderia usar uma pequena viagem depois desta noite.”

“Eu encontrarei vocês de volta em casa”, disse categoricamente. Vasily olhou para Lena que apenas franziu a testa e revirou os olhos.

“Oh,” foi tudo o que ele disse.

No caminho de volta para a casa, os meus dois lados lutaram pelo controle dos meus sentimentos. A parte dominadora que realmente gostava dos humanos por quem eles eram queria afundar na vergonha e culpa. O lado vampiro queria matar a parte dominadora de um vez e, em seguida, festejar a vitória. O lado vampiro foi lembrando-me do sabor maravilhoso do sangue. Ele queria mais.

Passei as horas ensolaradas do dia me preparando para ir em uma longa caminhada pela floresta e ao longo dos Andes com os outros. Eu também escrevi uma longa carta para Emily e enchi-a com desenhos coloridos de aves, animais e plantas daqui. Fotos em preto e branco nunca fariam justiça a este local. O simples ato de escrever resolveu a questão entre as minhas duas metades, e o lado dominador saiu vitorioso por pouco. Enquanto eu estava com outras de minha própria espécie, o vampiro em mim tendia a ter o controle.

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