Minha cabeça girava. Meu corpo todo doía. Onde é que estou? Como foi mesmo que cheguei até aqui? O que realmente aconteceu comigo? Sinto- me extremamente confusa e perdida... Tudo girando, como se acabassem de tentar me assassinar. Bem... De fato isso parece ter acontecido. Mas por quê? O que foi que eu fiz?
Não me lembro de muita coisa... Só que... Naquela manhã... Ou tarde- não consigo me lembrar direito- estava vendo a carta de meus pais quando...
Minha mente começou a formigar perdidamente, eu não conseguia associar e ligar os fatos corretamente... As lembranças eram terríveis. Assustadoras. Meu corpo tremia ao me lembrar daquele dia... Fora terrível. A dor era horrível. Insuportável... Talvez... Se eu não acreditasse que me encontrava em meu juízo perfeito, diria que Jane me torturou... Durante dias... Sem cessar.
Mas é logicamente impossível... Certo? Eu não podia estar no castelo Volturi... Podia?
Meu estômago se contorceu com a idéia. Não. Eu deveria estar em Paris. No hotel. Mas eu... Definitivamente não estava.
Vamos recapitular os fatos...
Primeiro, eu não estou mais no hotel.
Segundo eu estou, provavelmente, no Castelo Volturi. O que me assombra por dentro.
Terceiro tudo o que me lembro, depois de ter lido a carta de meus pais, é de ver os braços dilaceradores de Santiago prendendo meus pulsos, e me arrastando Paris a fora... Enquanto e observava o meu sangue escorrer pelo chão... Enquanto, eu gritava desesperadoramente- e inutilmente- por ajuda.
Minha mente ainda está em choque. Mas meu corpo está fraco... Sem vida... Não posso resistir por muito mais tempo aqui. Não agüento... Não quero. Tudo o que desejo, é poder experimentar o aroma e o sabor da morte. Descansar. Lívida... Serena. Eterna.
Mas não posso simplesmente desistir. Acabar com tudo... Tenho minha família... Meus amigos. Jake... Todos. Tenho que agüentar. Por eles. Só por eles.
Mas meu sangue, minha vida... Meu corpo todo se negam a isso... Eles imploram pela morte.
Eu a quero.
Quero senti-la dentro de mim. Consumindo-me por completo. Mas não posso fazer isso...
Não vou. Vou resistir, nem que seja eternamente, eu vou resistir. Não podem acabar comigo assim.
Não me dou por vencida tão facilmente...
Minha vontade... Minha força de vontade é maior do que a minha vontade de morrer.
Vou viver. Eternamente. Ao lado de minha família e... De Jake. Jake... Jake... Jake. Será mesmo ele a escolha certa para mim? Será mesmo ele, a quem eu devo passar a eternidade... Ter minha família... Não me parece certo. Quer dizer... Eu conheço sobre imprinting, sobre essas coisas de lobo... Mas não me parece certo, viver ao lado dele. Algo maior dentro de mim grita isso. Grita pela felicidade.
Dever.
Felicidade.
Palavras tão parecidas, e tão diferentes ainda... Uma coisa é eu cumprir o meu dever, de viver com Jake e fazê-lo feliz, e outra coisa, completamente diferente, é eu ir a busca de minha felicidade. Felicidade eterna. Ser feliz... Assim como pais são... E foram. Mas ainda pareço não ter encontrado, o meu... Príncipe encantado. Não haverá de ser nenhum humano... Claro. Mas um lobo? Não... Não Jake. Não ao dever. Um vampiro? Talvez... Ainda não o encontrei... E se encontrei, ainda não reconheci o meu amor por ele... E nem ele por mim. Isso se... Ele realmente decidir me amar. Não posso obrigar alguém a seguir o... Dever. Se não quero isso para mim, não posso obrigar alguém a isso. Não posso... Não devo...
Às vezes... É tão difícil deixar a incerteza me consumir tanto... O desespero... A ambição do amor. Não quero isso. Quero felicidade.
Meu corpo e minha alma gritam por isso.
É tudo o que mais quero no mundo... Tudo. Mas nem tudo está sempre ao nosso alcance. Pode ser que temos... Caminhos... Diferentes. Separações difíceis... Tudo faz parte do ciclo da vida. Tudo como sempre deve ser... Não existe a necessidade de alguém como eu, interferir nesse ciclo... Não quero ser uma pessoa egoísta.
Mas quero viver.
Tenho sede de vida.
A eternidade é apenas uma gotinha de água, quando se tem sede pela vida... Quanto se tem vontade de viver.
Mas estou fraca... Não consigo mais fazer muitas coisas, além de reflexionar. Sinto que perdi o controle do meu corpo... O controle de permanecer acordada... Só consigo me manter pensando e reflexionando... Mas ainda posso ouvir tudo o que acontece ao meu redor.
Tudo.
Minha vida... Está por um pequeno fio... Como se qualquer pequeno arranhão em meu frágil corpo, pudesse me matar por completo... Uma simples queda... Qualquer coisa. Estou extremamente vulnerável agora... Mas não estou a ponto de desistir.
Resistir.
Sim... Viver.
Minhas reflexões foram quebradas quando percebi alguém ao meu lado. Obviamente um Volturi.
Senti uma de suas gélidas mãos pousarem sobre o meu braço... A sensação era boa... Dormência...
-Pobre Renesmee... Não esperava que as coisas tomassem esse rumo... Queria poder ajudar... - A delicada voz masculina falou, enquanto ainda acariciava meu braço- Mas não posso. Regras são regras. E elas devem ser cumpridas... Sinto muito. Mas... Não tenho o que fazer. Não quero a sua morte... Mas ela está começando a me parecer algo totalmente inevitável... Sinto tanto... Queria que pudesse me ouvir. Sei que não pode... Mas... Por favor... Perdoe-me. Não queria o seu mal... Ainda espero poder falar com você novamente... Queria tanto, poder ser forte como você. Resistir, até mesmo quando tudo está contra você. Mas... De todos aqui, nunca se esqueça de uma coisa: Você poderá sempre... Sempre... Sempre contar comigo. Para qualquer coisa.
Aquelas palavras... Eram tão carinhosas comigo... Que minha vontade de morrer se esvaneceu como uma mera nuvem de fumaça. Nunca existiu. Tudo o que existia eram eu... E o dono daquela voz. Por quem- mesmo sem ver o rosto- eu acreditava ter me apaixonado.
-Agora... Devo ir... Não devia estar aqui. Me desculpe... Prometo sempre vir te ver... Te ajudar.
Não senti mais nada depois... Ele se foi. E levou junto dele, toda a sensação de proteção... Confiança... Alegria.
Eu estava deprimida e com sede pela morte novamente...
Queria, só... Desaparecer. Totalmente. Nunca ter existido. Nunca. Ser um vazio no espaço. Um borrão no tempo.
Mas não havia como fazer isso. Eu não podia.
Dor.
Tristeza.
Morte.
* * *
Mas, durante toda a noite eu não havia ouvido mais aquela doce voz... A doce melodia que enchia meus ouvidos, e penetrava por todos os cantinhos de meu coração e de minha alma.
Era incrível, como... Mesmo no leito de morte... Eu tinha a habilidade de me sentir apaixonada... “Nas nuvens”.
Minha mente flutuava. Tudo dançava ao meu redor. A sensação de morte se intensificava. Tudo estava pior.
E a... Certeza do fim se aproximava.
Rapidamente.
Tic, tack... Tic, tack... Tic, tack... O relógio batia contra mim. O tempo e a vida estavam contra mim...
E eu sabia, que naquele momento, meu fim estava próximo.
Sabia a dor que causaria a meus pais, mas... Eles certamente, teriam Jake e o resto da família para ajudá-los... Sabia da dor que causaria a Jacob, que teria meus pais como auxilio... Sabia da dor que minha família sentiria. Alice. Jasper. Emmett. Rosalie. Esme. Carlisle. Todos...
Mas era algo, como eu já disse, inevitável de se ocorrer... Não podia se alterar o tempo dessa forma. Os mortos, não contam histórias.
A vida... Prega muitas surpresas para nós... Mas se existe algo que aprendi foi um pequeno texto, muito bonito, que tia Alice leu para mim uma vez:
“A vida é uma peça de teatro,
Que não permite ensaios
Então ria, chore, dance...
Faça tudo que mais sempre sonhou em fazer
Antes que as cortinas se fechem...
E a peça termine sem aplausos.”
Isso é a mais pura verdade... E a minha peça, foi feita com todo o meu jeitinho... Foi feita com carinho.
Mas ela terminou.
E espero que tenha os seus aplausos.
Mas... Se isso que estou provando agora for à morte, ela não é uma coisa ruim... A vida é mais difícil. A morte é doce... Papável até. Não sinto nada... Somente vejo minha vida... Vejo que fui feliz. Mas que podia ter sido mais... Podia ter tido um amor. Dado uma chance a Jacob.
Mas agora é tarde...
Tudo o que fiz, foi fechar os olhos- os da alma, já que os outros há tempos não se abrem...
E descansar...
* * *
Não sei.
Só posso saber se abrir os meus olhos... Mas sou uma fraca... Tenho medo do que eu possa ver...
Não...
É agora ou nunca.
Abri meus olhos.
Sim...
Eu tinha certeza em sentir medo do que estava prestes a ver.
A 1ª coisa que reparei, era que eu estava no quarto médico improvisado de Carlisle, mas minha surpresa foi quem eu vin parado ao meu lado.
Segurando minha mão.
Minha mãe?
Não. Ela estava a minha frente.
Meu pai?
Também não.
Tia Alice? Tio Jasper?
Não. Não.
Tia Rose? Tio Emmett?
Não e não também.
Vovó Esme ou vovô Carlisle?
Nenhum dos dois.
Jacob?
Não. Ele estava ao lado de meus pais- e sua face demonstrava ódio a quem estava ao meu lado.
Algo estava acontecendo... Algo que não me explicaram direito ainda...
-Vejam!- Mamãe “falou” correndo ao meu lado- Ela está acordando. Carlisle? Ela está bem?
-Sim Bella... Isso está acontecendo perfeitamente como queríamos que ocorresse. Mas... Não era para ela acordar agora... Algo a trouxe diretamente a “realidade” mais cedo do que o esperado...
- Ele teria algo haver com isso?- Jacob falou, com ódio fervente ainda a mostra, apontando para aquele que segurava minha mão com tanta ternura.
-Talvez... Não temos certeza por completo...
-Sua mente ainda está confusa...- Papai falou agora, aproximando-se de mim vampiricamente- Mas seu rosto aparece em muitos de seus pensamentos... Talvez, sua teoria esteja correta, Jacob. Talvez... O imprinting não seja tão poderoso quanto imaginamos...
-Edward... Sabe que prezo muito você e sua família... Mas me irritar, não é uma escolha muito favorável. Por favor... Colabore.
-Ei, meninos, sem brigas! Nessie acordou! Está bem! Isso não é motivo para alegrias?- Alice começou a saltitar e cantarolar pela sala- Vamos. Vocês são amigos, lembram?
-Mas... Eu não estou entendendo... - Aquele que segurava minha mão falou confuso- Como eu posso ter de alguma forma... Interferido na vida dela?
-Ora essa sanguessuga... Não aprendeu ainda a calar essa boca?- Jacob, novamente grunhiu.
-Esperem... - Falei fracamente e gaguejei involuntariamente- Não briguem... Por favor... Por favor...
-Filha, não se exalte- Mamãe se aproximou mais- Está tudo bem.
-Ele vai ficar?
-Quem, meu amor?
-Ele... Demetri... Vai ficar?
Ele me fitou surpreso, depois de ouvir aquelas palavras. Seu olhar ainda mais confuso, mas... Esperançoso?
-Eu... –Ele começou ainda sem jeito- Bem... Não creio que sou bem vindo por aqui...
-Jacob prometerá se comportar, não é mesmo Jake?- Falei, interrompendo-o.
-Mas é claro que n... - Tia Rose deu-lhe um cutucão- ... Que sim.
-Então... Se estiver de acordo...
-Sempre estarei- sorri largamente.
-Vou viver com minhas irmãs, mas sempre voltarei aqui... Já que pareço ser bem vindo.
-É claro... Depois daquele showzinho da Alice... - Rosalie riu ironicamente. Parece que ela também não está muito feliz com isso... Mas ela parece aceitar pelo menos... Já é um começo.
-E assim, temos enfim o fim- falei, e olhei cada rosto que me fitava. Não me permitiriam viver longe de “proteção”, mas não me proibiriam de viver. E se tudo correr como estou planejando... Terei o meu “Felizes Para Sempre”.
-Não! Ainda não é o fim!- Alice gritou se espantando, mas depois deu um largo sorriso, que veio junto de uma cara de preocupação do papai- Ainda temos a festa do Natal!
É... Tudo voltou mesmo ao normal.
Não seria hoje que eu teria minha vida feliz... E nem conquistaria Demetri... Certamente, ninguém se renderá a mim hoje.
Mas eu não pretendo desistir.
O “Felizes Para Sempre” ainda me aguarda.
2 comentários:
S.I.P.L.I.S.M.E.N.T.E A.M.E.I. E.S.S.A. F.A.N.F.I.C.
o final ficou parecido com frase que a bella disse no final de crepusculo
Ninguem vai se render essa noite...
Mais eu nao vou desistir...
Eu sei o que eu quero.(Bella)
Certamente, ninguém se renderá a mim hoje.
Mas eu não pretendo desistir.(renesmee)ficou parecido
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