Winter - Capítulo 20: Verdades E Mentiras

[Alice]

Esperei a resposta de Demetri. Mas ela não apareceu. Ele ficou calado enquanto fitava o vazio. Eram em horas como essa que eu adoraria ter o dom de Edward. Adoraria saber o que ele estava pensando. Mas eu não podia. Eu era só eu.

Nada mais.

Mas nesse momento... Critico, por assim dizer... Eu tinha que tentar. E tinha desesperadamente que obter algum resultado. Eu precisava. Nessie precisava. Bella e Edward precisavam... De mim. E eu não os decepcionaria de novo. Não... Dessa vez eu faria direito. Eu a manteria a salvo. Eu a levaria de volta. Para casa. Sã e salva, assim como eu havia prometido antes.

Os minutos se arrastavam, e junto deles as memórias de toda a vida de minha pequena sobrinha vieram como rápidos flashes em minha mente. Tudo.

Desde se nascimento- embora eu não tenha estado totalmente presente, já que a “misteriosa” dor de cabeça resistiu em me perseguir... Suas primeiras palavras... O “quase” confronto mortal com os Volturis- me nego ainda a crer que estou nesse momento, conversando e praticamente implorando pela ajuda de um... Seus primeiros passos clássicos como bailarina... Seu 1° ano, humanamente falando... E as memórias começaram a se esvanecer quando atingiram o a nossa viagem. Da última vez que a vi sorrindo... Sua carta. Não eram mais memórias tão claras para mim... Talvez seja por que estou numa época em que ainda não fiz isso, ou talvez por que me recusei a admitir aquelas memórias e teimei em retirá-las de minha cabeça.

Não sei.

Sinto-me tão perdida... Não tenho mais com quem falar.

Quando ela foi embora... Levou tudo com ela. Mas as lembranças e, metaforicamente falando, as dores do sofrimento, são as únicas coisas que me lembram que ela foi real... Que ela de fato existiu em nossas vidas. Quando tivemos Bella conosco, desde a 1ª vez que eu soube que ela seria minha “irmã” nossa vida mudou... Mas quando tivemos Nessie na família... Foi diferente. Ela era diferente. Um mistério. Um enigma quase que indecifrável. Para nós.

Mas ainda tenho as minhas esperanças... Elas existem para todos, não é? Até mesmo para nós... Vampiros. Monstros sem alma- como Aro se referira uma vez.

“-Você trocaria a sua vida, por alguém como nós? Um monstro sem alma...- Aro disse olhando para Bella que ainda gritava aterrorizada com o que poderia acontecer com meu irmão- Um vampiro. Que extraordinário.

-Você não sabe nada da alma dele!- ela devolveu, mas ainda gritando. Quer dizer... Mais alto agora.

-Talvez... Nem da sua também.

As imagens corriam vagas, só me dei conta do que realmente acontecia quando Aro parecer decidir matar minha “irmã”. Não! NÃO NÃO NÃO! Ressoei isso mentalmente repetidas vezes... E intervi.”


Passado. Há anos esquecido.

Não fazia diferença isso agora... Ou talvez... Fizesse. Sim, fazia diferença. Quando fomos até Volterra naquele dia, fomos para salvar Edward. Mas acabamos, mesmo... É um salvando o outro. O que uma família faria... Mesmo que na época Bella não fosse tecnicamente da família, e não termos Nessie. Éramos uma família. Nos amávamos e nos protegíamos. O que uma família de verdade faz.

Senti minha mente, de alguma maneira voltar ao atual “presente”, e comecei a enxergar corretamente as imagens do que até o momento eram vultos escuros, de Mary, Angelique e Demetri. Junto a essa “novidade” senti também meus músculos se contorcerem para começar a correr. Por que correr?

-Espere!- Demetri falou meio apressadamente, praticamente “engolindo” as poucas letras dessa única palavra- Eu... Eu ajudo vocês.

-Ajuda?- nós três- Mary, Angelique e eu- falamos surpresas.

-Sim... Posso ajudar... Eu acho.

-Que plano brilhante tem em mente dessa vez? Pretende matar mais alguém?- Angelique falou irônica e sombriamente, levando um cutucão da irmã- Ai!

-Calada!

-Mas... Comece ajudando, me dizendo o que realmente houve com minha sobrinha. Quero as verdades e as mentiras- falei, e congelei no meu lugar.

-Bem... Não sei exatamente o que houve com ela... - Ele começou a falar, e comecei a andar novamente- Está bem! Naquela tarde... Aro havia mandado Santiago atrás dela... Não sei mesmo a razão. Ele só disse que tinha “planos particulares” para ela... Só comentou o assunto com, é claro, Marcus e Caius, e estranhamente... Com Jane. Ninguém mais por aqui ficou sabendo do que “fizeram” com ela. Só sabemos que ele, como já sabe a trouxe para cá... Mas a manteve, digamos... Prisioneira. Ontem à noite, eu o ouvi falando com Jane novamente, não entendi muita coisa. Somente falaram sobre esses “planos” e comentaram que sua família, os Cullens, iriam se arrepender de algo. E que ele tinha certeza, de que você, seu irmão, e sua cunhada se uniriam a nós... Não sei de muito mais que isso. Agora, por favor, quer me explicar à razão de tudo isso?

-Por que tudo isso? Não descumprimos nada da “lei”! E mesmo que tivéssemos, ela não tem nada haver com isso!- comecei a gritar, e bem... Pular raivosamente de um lado para o outro.

-Como quer que eu diga, algo que eu já disse que não sei?! Não posso fazer se vocês...

-Cale essa boca! Você não tem o menor direito de dizer qualquer mentira sobre nossa família! Sabe muito bem que somos, mais dignos do que vocês- eu o interrompi. Como ele ousa?

-Você que não fale comigo dessa maneira! Também sabe muito bem, que precisa de mim para levar a preciosa Renesmee de volta ao lar...

-Não. Ouse. Falar. Dela.

-É briga! É briga! Vamos, vamos, vamos! Vai Alice! Acaba com ele!- Angelique gritou batendo palmas e pulando, novamente ela levou um outro cutucão da irmã- Ai! Por que fez isso de novo?

-Não sabe calar a boca, quando ela deve ficar fechada?

-Me desculpe... MAS ELE MERECE!

-ANGELIQUE CALE A BOCA!- Mary gritou dessa vez. E por um fio aquela ingênua e calma vampira vegetariana, não explodiu em uma vampira... Praticamente... Tradicional. Claro que não para matar humanos, ela parecia querer matar a irmã.
Olhei para o lado, e vi Demetri rindo, dei um soco em seu braço. Que idiota! As vezes é fácil entender o ponto de vista de Angelique... Minha nossa! Conviver com ele, deve ser pior do que conviver com o Emmett! Não quero nem pensar...

-Ei! Por que fez isso?- ele reclamou.

-Por que, tem certas horas, que se deve aprender a ser educado.

-Mas...

-Calado- falei calmamente, como se estivesse tentando ensinar uma criança pequena a permanecer quieta no lugar. Convencer uma criança pequena, teimosa, chata, irritante e com o mesmo gênio da Rose teria sido mais fácil.

-Quietas! As três!- Demetri gritou, de uma forma para que somente nós ouvíssemos, e congelou-se no lugar- Santiago. Está vindo para cá. Ele desconfia de algo... Pelo menos aparenta isso. Esperem aqui.

Ele nem esperou uma resposta, e saltou para as escadarias mais abaixo das nossas atuais. A altura era de mais ou menos, uns cinco andares.

Não consegui captar muito da conversa dos dois- só o final dela:

-Tem mesmo certeza, de que não tem ninguém lá para cima?

-Já lhe disse, Santiago, não havia ninguém por lá.

-Mas algo me diz que... Hum... Esqueça. Vou voltar para avisar a Aro que está tudo bem.

-Faça como quiser...

Em poucos segundos ele voltou, olhou pra nós três durante algum tempo, analisando a feição de cada uma. E por fim, falou:

-Acho que já sei onde ela está... Venham.

* * *

Ele nos guiou rapidamente por alguns muitos corredores do castelo. Paramos em frente a uma porta de madeira de carvalho com uma tranca de ferro. Um tipo de ferro diferente... Um que mantivesse vampiros, pensei, e ri desse pensamento.

-É aqui...- Ele falou, e empurrou a porta, que já havia sido aberta.

A figura de Nessie estatelada no chão me entristeceu profundamente. Tecnicamente ela estava ai somente há pouco tempo, e já estava assim? Não quero imaginar como foi a sua morte... Não. Afastei esse pensamento de mim.

Eu finalmente cumpriria a minha promessa.

Levaria Nessie para casa.

Viva.

Mas... Ela estava tão imóvel, isso me preocupou, Demetri pareceu perceber minha preocupação e falou calmamente- Não se preocupe. Ela está viva. Mas precisa de cuidados imediatos!

Não tomei controle de meus atos, e cambaleei até ela, agarrando o pequeno e frágil dela em meus brças. Segurei-a em meu colo carinhosamente, e olhei para Mary:

-Quanto tempo?

-... 30 segundos.

Não esperamos mais do que isso, ela e Angelique seguraram as mãos umas da outra após trocarem um olhar- uma conversa pelo olhar, talvez- E me juntei a elas.
Nossas imagens estavam começando a se esvanecer da cela de Nessie, mas ainda podíamos ouvir, ver e responder tudo ao nosso redor por lá.

-Esperem!- Demetri gritou vendo nossos vultos começarem a sumir- Eu vou com vocês! Não consigo mais viver por aqui... Não depois de você, Alice, “abrir os meus olhos” para como vivemos por aqui. Obrigado. Pela 1ª vez na vida farei algo certo.

-Sim... Fará- olhei-o e sorri- Mas não tem o que me agradecer. Achei que todos os Volturis não possuíssem um... Coração, mas me enganei com você. Perdoe-me.

-Você é muito bem vindo entre nós, irmão- Mary falou e agarrou a mão dele.

Em poucos segundos, começamos a poder ver a casa de minha família novamente.

Tudo voltara ao normal. Parcialmente.

Os olhares de lá dançavam entre nós. Mas especificamente estavam em choque fixados em Nessie- presente nos meus braços- e algumas vezes em Demetri. Não aguardei mais tempo e gritei:

-Me ajudem aqui logo!- Edward e Bella vieram rapidamente, e a seguraram apaixonadamente. Como se aquela fosse a 1ª vez que eles a viam.

Apenas Rosalie não se mexeu, somente ficou encarando Demetri com um ódio fervente a mostra- O que ele está fazendo aqui?!

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