A descontração era total quando adentramos o interior da casa. Todo mundo estava entretido demais com alguma coisa para olhar pra nós dois. Eu ainda estava agarrada à mão de Jake, tensa feito um bichano acuado. Aparentemente, ele estava tão nervoso quanto eu, pois afrouxou a gola de sua blusa bege de manga comprida, que provavelmente o estava sufocando um pouco. Nessa hora, eu percebi a corrente prateada do medalhão que eu havia dado a ele de presente, oculta dentro da roupa. Ele notou que eu olhava pra ela, então puxou-a para fora, pra que ficasse à vista de todos. Depois, sorriu pra mim, gentil:
– Achou que eu não ia usar?! Isso agora é um adereço indispensável ao meu vestuário! – ele tentou imitar a entonação de Aly e eu não consegui não rir da cara gozada que ele fez.
Papai veio na nossa direção com um olhar condescendente. Lembrar que ele já sabia de tudo {tudo mesmo, urgh!!}, mesmo que nenhum de nós dois tivéssemos lhe contado qualquer coisa, fazia com que eu me sentisse surpreendentemente... aliviada! A reação dele, afinal, era a que eu mais temia e, no entanto, ele aparentava ser a pessoa mais calma na face da terra. Isso era estranho, mas melhor do que se ele começasse a gritar histericamente com a gente!
Ao nos alcançar, primeiro ele tencionou dizer alguma coisa, mas aí levou a mão à testa e refreou a língua. O embaraço era evidente em sua expressão! Cinco segundos depois, ergueu o olhar novamente até nossas caras de tacho e se decidiu. Cruzou os braços e indicou com a cabeça que o seguíssemos de volta até o hall de entrada. Nós o obedecemos, completamente mudos.
Paramos. Ele se virou e assoprou desanimado antes de começar:
– Bem, eu ia perguntar se vocês estavam realmente certos do que estão prestes a fazer... mas seria inútil, uma vez que eu já posso ver a resposta em suas mentes, mesmo sem preguntar...
Senti meu rosto ferver. “Isso é tão injusto!”... Ele revirou os olhos quando eu pensei isso.
– Diante disso, eu vou tentar de outra forma. Se não for pedir demais, gostaria de dar um conselho a vocês e, antes de me dizerem não, insisto que considerem o que vou falar por uns minutos pelo menos...
– Fique a vontade Edward, – Jake disse, despreocupado – mas eu garanto que é como você mesmo já sabe: Minha decisão não vai mudar, a não ser que Nessie esteja insegura...
Eu tirei o dedo da boca {sempre roia unha quando ficava tensa}, alarmada com suas palavras.
– De jeito nenhum!! – guinchei – Já está decidido, pai! Não vamos voltar atrás com nossa decisão.
– Eu já disse que sei disso, filha. É por essa razão que vou dar o conselho... – ele ponderou de novo, antes de voltar a falar – Quando vocês fizerem o anuncio, não falem nada sobre cerimônias ou coisas do tipo. Vocês dois decidiram que não iriam querer uma festa pomposa, mas eu acredito que não seja uma boa idéia impor condições logo de cara. Apenas se concentrem no essencial, o resto se resolverá sozinho. Assim espero...
– Mas Alice vai querer organizar um evento estupidamente exagerado se a gente não... – Jake tentou argumentar, mas papai o interrompeu colocando a mão em nossos ombros
– Acreditem em mim, vocês vão preferir qualquer coisa a tê-la inconformada e vomitando fogo por causa desse casamento. E não só ela. Desculpe informar isso, mas o planejamento da festa vai ter que ser a carta na manga de vocês pra negociar com o furor daquelas quatro mulheres lá dentro!
– Então a gente vai ter que ceder?! – eu choraminguei
– A não ser que você queira ter um noivo sem cabeça te esperando no altar... Sim! Mas não se preocupe, vai ser melhor assim!
Nós dois nos entreolhamos, depois encolhemos os ombros ao mesmo tempo. Que frustrante... teríamos que passar por toda aquela maratona de casamento e, ainda por cima, com um sorriso estampado na cara. Seria possível ficar ainda pior?!
– A propósito – papai disse, já se dirigindo de volta a sala - Eu convidei Charlie para vir nos visitar hoje. Seria melhor esperar até que ele estivesse aqui, pra contar de uma vez só!
Maldita Lei de Murphy...
Ele deu risada de mim, antes de nos deixar a sós. Tudo que eu pude fazer foi enterrar a cara no peito de Jake, a coragem abandonando outra vez meu espírito. Ele me envolveu delicadamente em seus braços, não sei se querendo me consolar ou buscando consolo também... Passados alguns minutos, ele me afastou sorridente.
– Não se preocupe Ness, nós vamos conseguir! O máximo que pode acontecer é... Nossa, eu nem sei o que pode acontecer...– ele se interrompeu, mas depois continuou sem perder o entusiasmo – isso não interessa! O que interessa é que eu te amo e quero que isso se prolongue por toda a eternidade... mesmo que pra isso, eu tennha que me vestir de pingüim!
– É – dei um risinho desanimado – e eu de bolo com glacê...
– Ei – ele suspendeu minha cabeça baixa pelo queixo com leveza, abrindo aquele sorriso estonteante que inibia a gravidade – que carinha é essa?! Todo mundo adora glacê, eu acho...
Ele beijou a ponta do meu nariz, depois meus lábios. Eu relaxei em seus braços novamente e aquela sensação de que tudo iria ficar bem no final me invadiu por completo. Tranqüilidade total! Que poder tinham aqueles lábios macios de canela... Ele os afastou dos meus, para cheirar o alto do meu pescoço. Incrível como toda vez que ele fazia isso, meu coração parecia que ia explodir...
– E então o pingüim se apaixonou pelo bolo de glacê...
– Que bolo estúpido e enjoativo... – eu mal consegui pronunciar, com ele assim tão próximo a mim
– E que pingüim sortudo! – ele riu e me deu um beijo final na testa, se afastando para novamente estender sua mão para mim – e eles foram felizes para sempre!
Eu, como de costume, hesitei de início {tão corajosa, meu Deus...}
– Bolos não duram para sempre, Jake!
Ele não esperou por minha iniciativa e agarrou a minha mão, me levando com ele até o cômodo ao lado.
– E nem pingüins... Mas, se vampiros e lobisomens existem, e se um lobisomem pode amar profundamente uma meia-vampira... então quem é o tempo, senão um aliado à felicidade dos corações apaixonados?!
Não poderia discordar dele quando estava sendo tão romântico e lindo... Apenas me deixei guiar por suas mãos quentes de veludo.
Ouvi o barulho da viatura do vovô Charlie adentrando a estradinha, enquanto nos dirigíamos até os puffs que ficavam dispostos bem de frente ao sofá, onde papai e mamãe estavam sentados. Convenientemente, os pequenos acentos nos manteriam a uma distância apropriada um do outro, até que chegasse a hora de largar a bomba na minha família. Vovô Carlisle e vovó Esme, juntamente com Rosie e tio Emmett, foram até a janela para olhar quem chegava. Acho que meu pai não contou pra mais ninguém sobre o convite que fez ao vovô...
– Charlie está aqui, Bella! – Aly, sem precisar ver, se adiantou e minha mãe deu um salto, indo até onde os demais estavam
– Que maravilhoso – ela disse, enquanto o observava estacionar o carro – já faz tanto tempo que não o vejo... Mas também, agora ele só quer saber da Sue, o que é que eu posso fazer?!
Vovó Esme fez um carinho na franja dela e censurou seu ciúme:
– Não seja malvada! Você vivia preocupada que seu pai ficaria sozinho, depois que você se transformasse... Sue “aconteceu” em boa hora!
Ela concordou, amuada, mas depois seu rosto se iluminou e ela acenou através do vidro. Eu olhei pra Jake. Ele até que estava bem relaxado no puff azul ao meu lado... Como eu queria estar com metade da sua coragem... Eu nunca havia sido uma pessoa covarde, mas agora todos os meus neurônios lançavam um alerta de “saída pela direita” para o meu cérebro... minha boca ficou seca.
Aly foi saltitando até o hall para recepcioná-lo. Tio Jasper, na outra extremidade da sala, se retesou todo como de costume. Depois se concentrou em um ponto qualquer do chão e, aos poucos, foi conseguindo se controlar. O cheiro humano ainda era muito atrativo para ele. Pra mim, era só um aroma bastante agradável... nada que fizesse com que eu me sentisse impelida a atacar. Mas papai disse que ele estava progredindo... Seja lá como fosse, ele ainda não conseguia disfarçar o desconforto totalmente. Eu sentia tanto por isso... tinha muito carinho por ele e queria que as coisas não precisassem ser tão difíceis.
Vovô Charlie entrou e foi recebido pelos demais. Tadinho, ele ficava tão desconcertado quando as atenções se voltavam todas para ele. Depois de retribuir os cumprimentos, seus olhos passearam pelo perímetro restante da sala e ele sorriu ao ver a mim e a minha mãe.
– Onde estão as mulheres da minha vida?! – ele disse, oferecendo um tímido abraço a nós duas. Tão fofo meu vovô... Corremos juntas até ele, nos envolvendo graciosamente em seus braços frágeis {tínhamos que nos conter, senão corríamos o risco de parti-lo ao meio se o abraçássemos com a vontade que queríamos} e ele gemeu com o impacto {infelizmente, todo o esforço nem sempre era suficiente}!
– Pai, eu senti tanto a sua falta... – mamãe disse, satisfeita com sua presença.
Quem não nos conhecesse e observasse a cena poderia dizer que eu e ela éramos duas irmãs nos braços do pai. Tínhamos agora o mesmo tamanho, os mesmos olhos e a mesma expressão de contentamento. Ele beijou o alto da cabeça morena escura dela e disse, com os olhos marejados {não pude deixar de notar}:
– Eu também senti, Bels! Muito! Você não mudou nadinha, como sempre... Daqui a alguns anos, eu vou parecer mais seu avô do que seu pai...
Essa conversa sobre envelhecimento sempre a machucava, então ela tratou logo de replicar:
– Besteira... Você está mais em forma do que muito garanhão por aí afora! Sue é uma mulher de muita sorte...
Ele deu um muxoxo, envergonhado, depois olhou para mim.
– E você, hein... será possível que conseguiu crescer ainda mais em apenas um mês que eu não vim te ver?! – ele fez cosquinhas em minhas costelas e eu me retraí, rindo
– Que nada vovô, é impressão sua! Eu já parei de crescer faz um tempinho...
– Hum, não sei não... Carlisle, você está medindo essa garota direito?!
– Agora que você tocou no assunto, eu realmente não faço uma medição há bastante tempo... – vovô Carlisle piscou pra mim – então talvez você tenha razão, Chefe!
– Seja como for, está linda como sempre!! – vovô Charlie disse, dessa vez fazendo um carinho na minha bochecha. Ele era sempre tão carinhoso comigo... Adorava suas visitas e gostava especialmente quando ele me contava histórias de quando minha mãe era pequena. Era o período que ele melhor se recordava! Ele sempre usava muitas hipérboles e eu me deliciava com as trapalhadas do bebê Bella se lambuzando num castelo de farinha de trigo, ou da pequena Bella contra o cachorro que lutava caratê...
Jake veio cumprimentá-lo, com um certo receio, mas foi recebido com muita energia.
– Jake, meu velho... você eu já vi por esses dias! Mas, como está?! – vovô deu uns tapões nas costas dele, que fingiu se contrair com o gesto.
Ele se endireitou e respondeu:
– Muito bem, Charlie! Muito bem! E você?! – meu gatinho ficava tão fofinho quando estava sem graça. Tadinho... já estava prevendo que aquele contentamento todo iria sumir, assim que a palavra casamento fosse pronunciada!
– Eu estou muito bem também! E como vai Billy?!
– Está ótimo! Com uma energia que eu vou te contar... As vezes, poderia até ser menor!
– Hum, sei... sei... Você anda namorando muito por aí e ele está pegando no seu pé, não é?!
Papai teve que reprimir o riso nessa hora! Jake o fuzilou com os olhos, depois se virou de volta para Charlie, um rubor forte tomando conta da face.
– Eu não diria isso, Charlie...
– Tudo bem, eu vou fingir que acredito!
– Então Charlie, como é que vão aquelas dores no tornozelo?! – esse era, em geral, o convite para a conversação descontraída que vovô Carlisle costumava lançar. Nunca falhava.
– Ah, estão melhores, mas eu ainda não consigo fazer longas caminhadas sem sentir uma dorzinha chata depois... – ele acompanhou meu vovô médico até o seu consultório natural {em outras palavras: sofá de frente para a televisão} e todos retornaram ao que estavam fazendo antes.
Jake veio até mim e sentiu a minha testa, comparando as nossas temperaturas.
– Eu achei que ia pegar fogo quando ele disse aquilo sobre eu estar namorando por aí! Céus...
– Mas a culpa não é dele se você é um deus grego ambulante! O que ele deveria pensar?! Que você é um monge?!
Ele deu um sorrisinho malicioso.
– Você ficou com ciúmes, Ness?!
**Quase morri de ciúmes...**
– Há há há... Não seja convencido, meu bem! Eu não sou ingênua a ponto de achar que você nunca...
Meu pai solicitou a atenção de todos nesse momento.
– Ei gente, voltem aqui pra sala um pouco... Jake tem uma coisa pra dizer que é muito séria!
Eu congelei. O que ele pensava que estava fazendo?!
Como em um passe de mágica, aquele monte de olhares curiosos estavam pousados na figura petrificada ao meu lado. “Maravilha pai, será que dava pra ser menos sutil?!” eu gruni mentalmente. Ele veio se sentar no sofá com Carlisle e Charlie, trazendo minha mãe junto. Cada um dos demais se posicionou confortavelmente em cantos variados dentro de um perímetro próximo. Será que havia alguma coisa no planeta mais assustadora para Jake do que oito vampiros e um humano que sabia atirar, o encarando daquele jeito?! Ele estava de olhos arregalados quando se encaminhou de volta ao puff... Eu o acompanhei, indo apreensiva para o meu.
É, agora era a hora, não teria jeito! Ele engoliu em seco, depois respirou fundo, alongando o pescoço. Eu evitei ficar olhando pra ele, pra não dar bandeira antes do tempo, então fingi me distrair com o detalhe felpudo da minha pantufa... Ele começou, inegavelmente instável, por causa do nervosismo:
– Bem... – sua voz saiu tão rouca quanto possível – o que eu queria dizer era...
Ele parou de falar e fez uma cara estranha, como se estivesse enjoado. Eu não contive o impulso e toquei seu ombro.
– Você quer que eu diga?! {Até parece}
– Não – ele sacudiu a cabeça e seus lábios recobraram a cor – está tudo bem! Eu é que tenho que fazer isso...
Esse mínimo diálogo entre nós dois já foi o suficiente para intrigar os outros.
– Mas o que é que está acontecendo, hein?! – tio Emmett resmungou, impaciente. Estava perdendo algum jogo online, ou qualquer coisa do tipo... Papai fez sinal para que ele ficasse quieto. Jake recomeçou, colocando um pouco mais de firmeza na entonação.
– Eu não faço idéia de como se começa uma conversa desse tipo, mas eu vou tentar ser o mais direto possível.
– Ah – tia Aly o interrompeu – eu já sei o que está acontecendo aqui!
– SABE?! – todos dissemos ao mesmo tempo
– É claro que sim – seu tom era de uma ironia que não pude compreender e ela pareceu chocada com a perplexidade geral – e nem é preciso ser nenhuma vidente pra saber, ora...
– E o que é?! – Mamãe não se agüentou
– Jacob e Renesmee finalmente se apaixonaram e decidiram que vão namorar!! Simplesmente.
...
Meu Deus, ela disse isso como se fosse a coisa mais cotidiana do universo. Sua vozinha de fada verbalizando aquela frase foi como uma chicotada em meu coração! A efusão foi automática. Todo mundo iniciou as congratulações a nós dois, sem nem mesmo esperarem pela confirmação. Papai apoiou a mão na testa, frustrado. Mamãe sorriu admirada para nós e eu só pude imaginar minha cara de bocó em meio aquela idiotice toda. Já não sentia nem um músculo em minha face... Vovô Charlie era o único, além de mim e de Jake, que estava imóvel no recinto, seus olhos examinando, incrédulos, a reação dos demais. Ele esperava por certo uma negativa de um de nós, e eu me decidi a dá-la eu mesma. Ouvi meu pai cochichar pra mim um “não, Nessie, não!!”, mas já era tarde... As palavras já estavam prontas para serem expulsas da minha garganta e eu me pus de pé:
– Não é nada disso... Jake e eu vamos nos casar!
...
...
Num minuto, eu vi as expressões de todos se transformarem uma por uma com o choque da minha afirmação. Gradualmente, saíram de contentes para confusas, depois se tornaram mórbidas...
– Ela disse “casar”?! Foi isso mesmo que eu escutei?! – tio Emmet estava sinceramente duvidando de sua audição perfeita
– Eu creio que sim... – vovô Carlisle respondeu com a mesma insegurança do filho
– É, foi isso mesmo que ela disse... – foi a vez do tio Jasper dar o ar de sua graça.
Mas por que será que somente os homens estavam se pronunciando?! Ah sim, por que a parte feminina do clã Cullen permanecia totalmente atônita, processando os últimos segundos mentalmente, cada uma com uma variação perturbadora de terror nas faces. Aly, antes tão segura de sua constatação, agora encarava o vazio enquanto sua mente provavelmente se perdia em divagações horrendas. Rosie estava visivelmente enfurecida, com uma ruga vincando em sua têmpora, enquanto comia Jake vivo com os olhos e suas mãos, fechadas em punho, começavam a tremer. Vovó Esme era um misto de surpresa e pânico. E minha mãe... ah, minha mãe... seu sorriso se desfez em uma linha fina nos lábios e ela encarava Jake com asco.
A simples substituição de “namoro” por “casamento” em um anúncio implicava em coisas que, no nosso caso, não haviam acontecido... mas que eram absolutamente factíveis em outras realidades na maioria das vezes. Eu estremeci com essa verificação sobre suas atitudes sombrias. Elas estavam certas de que Jake e eu tínhamos...
Vovô Charlie irrompeu o silêncio, se levantando bruscamente do sofá e indo em direção à janela com um olhar de maluco. Depois, ele se virou e sua atenção se fixou direto na arma de prata que decorava a parede próxima à escada.
– Ela não tem munição – meu pai respondeu desanimado aos seus pensamentos e eu me dei conta do ambiente perigoso que eu havia criado.
Mas, iria ser de outro jeito se Jake tivesse contado, e não eu?!
– Você sabia disso o tempo todo e não me falou nada – mamãe se descontrolou e começou a estapear o braço do meu pai
– Meu bem, eu não podia te contar – ele disse, enquanto se protegia do espancamento – não era algo que dizia respeito só a mim!
– Ai, que dor de cabeça... – Aly comprimiu a fronte com os dedos – isso não pode estar acontecendo...
– É, mas está! – Rosie bufou, quebrando o silêncio que mantivera até o momento. Em sua atitude, eu vi o próprio ódio, personificado – E querem saber de uma coisa?! Eu não ligo se veneno de vampiro mata lobisomem instantaneamente... Eu quero mais é que esse cretino vá pro...
Como um estouro, todos os homens correram para contê-la nessa hora, pois ela claramente teria investido mortalmente contra Jacob se não houvesse interferência. Estava dominada pela raiva de um jeito como eu nunca havia visto antes! Meu pobre Jake estava apavorado em meio àquilo tudo, as mãos agarradas no pequeno acento embaixo dele, quase rasgando o courino.
Que ridículo!! Senti uma vontade enorme de gritar com elas, por estarem sendo tão maldosas. Mas vi que, por mais embaraçoso que fosse, eu teria de fazer os esclarecimentos antes que as coisas piorassem...
– Não é nada disso que vocês estão pensando! – eu as censurei severamente – Jacob é um cavalheiro e jamais ultrapassaria esse limite antes que estivéssemos devidamente comprometidos, está bem?!
Após um novo intervalo silencioso, tio Emmett então não se agüentou e explodiu em uma gargalhada histérica. Todos o encaram, espantados, enquanto ele se desfazia no riso.
– Pode-se saber qual é o motivo desse ataque, Emmett?! – mamãe estava a ponto de perder o controle, como Rosie.
Ele precisou de um minuto inteiro para se recompor... mas não conseguiu evitar e desatou a rir outra vez...
– EMMETT!! – Aly esbravejou, impaciente
– Tá bom, tá bom – ele buscou a concentração – é que... eu me lembrei daquela noite, antes da festa de Nessie, quando Jake deu aquele showzinho ridículo enquanto dormia... Agora que Nessie falou isso, a minha ficha caiu totalmente!!
Tio Jasper olhou pra o irmão e, passados dois segundo, também caiu na gargalhada. Eu sinceramente não estava entendendo nada e o descontrole deles dois começou gerar em mim uma irritação. Meu pai me fez sinal de calma e também se lançou na algazarra. Mas o que diabos estava acontecendo ali?! Eu olhava para aquela cena patética, depois para Jake. Ele estava agora com a cara enterrada nas mãos, constrangido demais para continuar
Dentro em pouco, Aly, Esme e minha mãe não conseguiram evitar e também se renderam ao bom humor, lembrando de alguma coisa cômica demais para se contar com palavras. Rosie permaneceu emburrada, mas estava claro que seu ódio havia sido consideravelmente atenuado pela memória que eu desconhecia... Que coisa surreal! Numa hora, todos estavam sérios. No minuto seguinte, não se escutava outra coisa a não ser suas gargalhadas. Sem contar que antes de ficarem sérios, estavam regozijando com a perspectiva do nosso namoro...
Ai meu cérebro! Eu abandonei o corpo sobre o meu puff, zonza com aquele catavento de reações... Em que outro lugar do planeta seria tão conturbado dar uma notícia dessas?!
– Hey, seu bando de doentes!!! – Vovô Charlie berrou, gesticulando pasmo para meus familiares – Será que dá pra retornar à questão primordial aqui?! Por Deus, Renesmee tem apenas sete anos de idade!! E ai... nós vamos dar uma coça em Jacob ou não?!
– Charlie, pelo amor de Deus... – Jake estava no fundo do poço do constrangimento. Eu queria muito entender o que havia acontecido...
– Pai, pode relaxar! – mamãe, já recuperada da raiva, disse enternecida – Jake não fez nada disso que nós estávamos pensando! Besteira nossa pensar isso dele...
– Ah é?! E quem garante?! Olhem só a cara dele... Ele é culpado! – ele agora zanzava de um lado para o outro, como um leão enjaulado
– Pode confiar, sogrão – papai agora tomava o nosso partido – eu conheço BEM Jacob Black e, a julgar pela “cara de culpado”dele, a inocência não é a única coisa que o torna digno nesse caso...
– Como assim, Edward?! – tio Emmett fez uma careta cômica
– Não queira entender, Emm... simplesmente acredite!
Meu pai e Jake trocaram um olhar de cumplicidade e eu fiquei tocada com aquilo. O que quer que tenha acontecido entre os dois antes daquele momento, construiu entre eles uma aliança muito sólida.
– Vocês estão todos loucos... – vovô Charlie não estava de um todo convencido, mas desistiu de insistir e passou a batata quente – mas o que é que eu posso fazer?! Só não venham depois dizer que não avisei...
Ele olhou subitamente para o relógio e se alarmou.
– Ah, caramba... hoje é quarta-feira?! Esqueci que tinha uma vigilância pra fazer pelos arredores daqui de Clallam County... – ele se agitou e veio me dar um beijo na testa, depois fez o mesmo com mamãe e se despediu dos demais – eu infelizmente não posso ficar mais tempo!
– Mas pai, você acabou de chegar... Que história é essa de vigilância em Clallam County?! – mamãe não parecia acreditar muito na conversa dele...
– Bels, seu velho às vezes se esquece das coisas, só isso!! Mil desculpas, mas eu preciso ir!
E assim fez. Saiu afobado pela porta e cantou um pouco o pneu, quando dirigiu para a estrada... Mamãe olhou moderadamente pra meu pai.
– Aonde é que ele está realmente indo?!
– Ao bar... – ele torceu os lábios e ela revirou os olhos.
– Está tudo bem, tudo lindo... – Aly se levantou do braço do sofá, cruzando os braços e erguendo as duas sobrancelhas – mas Charlie disse uma coisa certa: vamos voltar à questão primordial aqui, que nesse caso é “o que fazer com vocês dois!”
– Exatamente! – Rosie disse, quase agradecendo pela retomada ao assunto – não pensem que está tudo resolvido, e vocês dois vão escapar da punição.
Ah não, papai tinha razão...
– Punição?! – nós dois dissemos juntos, réus convictos...
– Com certeza – mamãe entrou no jogo delas, com um olhar perverso – ou vocês pensaram que ia ser assim, tão fácil?!
– É isso aí, nada de moleza para os pombinhos... – até tu, vovó Esme?! Que horror...
– E em que consiste essa punição?! – Jake tomou coragem e perguntou. Que jeito...?! Melhor encarar logo o veredicto!
– Ah, que bom que você perguntou! – Aly fez uma cara sinistra e bateu os dedinhos uns nos outros – A primeira parte do castigo consiste em...
– Espere aí, primeira parte?! Como assim?! – eu interferi, mas fui repreendida por minha mãe:
– Psiu, calada mocinha!
Eu me emburrei. Que saco, elas iam pegar pesado, já estava até vendo.
– Como eu estava dizendo... – ninguém fazia aquela expressão de desdém melhor do que Alice Cullen – A primeira parte do castigo consiste em fazer o pedido apropriadamente. E antes que um dos bonitinhos me interrompa novamente, eu vou explicar! Já que vocês querem contrair o matrimônio, nada mais justo então que Jacob peça a mão de Nessie ao pai dela... de joelhos... diante de toda a família! Não concordam?!
Arght, elas ia obrigá-lo a fazer aquilo mesmo... Eu olhei pra ele com pena, mas ele me surpreendeu com um sorriso coberto de singeleza. Será mesmo que ele se humilharia assim, de bom grado?! Que pergunta... aquilo iria ser fichinha pra ele! Eu fiquei morta de vergonha e protestei:
– De jeito nenhum! Jake não precisa se humilhar dessa form...
– Claro que eu vou fazer o pedido, Ness, elas têm toda a razão! Não seja boba, será um prazer.
As quatro me lançaram aquele olhar de “Bem feito!” desaforado. Ai meu Deus, eu não conseguia nem retrucar quando aqueles dentes brancos e perfeitos dele me hipnotizavam daquele jeito... totalmente injusto! Papai se colocou de pé numa pose presunçosa e elas encararam Jake sugestivamente.
– Agora?! – ele coçou a cabeça – sem nem um intervalo pra eu me preparar?!
– Você ouviu isso, Alice?! – vovó Esme fingiu choque
– Isso foi uma piada, Jacob?! – Aly estava saciando a raiva com aquilo, eu pude ver.
Então, sem mais delongas, ele caminhou com classe até a figura estática de meu pai e se ajoelhou. Nessa hora, eu entendi o porquê de aquele ser um dos momentos mais importantes na vida de uma mulher... Os calafrios que percorreram os extremos da minha coluna foram inacreditáveis! Risinhos dos meus tios interromperam a perfeição da cena, mas foram contidos pelos olhares mortais femininos. Jake estava com a cabeça baixa em reverência e, com o máximo de ternura, proferiu as seguintes palavras:
– Edward, é com imensa alegria que eu humildemente peço a mão de sua filha em casamento! Ela é a pessoa mais importante pra mim e eu pretendo passar o resto da minha vida fazendo-a feliz! Você me daria essa honra?!
“Respira Renesmee... Respira Renesmee...”
Aquele silêncio terrível estava acabando comigo... Minha mãe, avó e tias estavam visivelmente impressionadas com a desenvoltura e seriedade em suas palavras, cada uma do seu próprio jeito. Meus tios se acotovelavam com gozação, mas eu vi que eles também se surpreenderam com a facilidade com que Jake se expressou, mesmo diante de tantas ameaças. Ele era, verdadeiramente, um príncipe!
Meu pai olhou na minha direção, depois de volta pra ele. Então, lhe estendeu o aperto de mão final.
– Com todo prazer, Jacob! Você fez por merecer meu respeito!
TuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDuDummm...
Sem conseguirem conter os suspiros, as garotas se derreteram por completo. Meu avô e tios as imitaram escraxadamente, fazendo todos rirem. Jake e meu pai se cumprimentaram com um abraço cordial e eu me lembrei da sensação que tive mais cedo, no hall. Tudo acabou bem.
Provavelmente eu evidenciei demais o meu alívio prematuro, por que elas se recompuseram e, em um segundo, já estavam bancando as carrascas outra vez.
– Certo Jacob... eu admito que você se saiu razoavelmente bem nessa primeira etapa – Aly parecia uma apresentadora de freak show – mas vamos dar continuidade, antes que você perca o espírito da coisa...
– Razoavelmente bem... – Jake fez eco às palavras dela, incrédulo
– A próxima parte da punição é a seguinte: Você, Jacob, vai ter que fazer uma serenata pra Nessie, e os meninos vão te ajudar.
– Ei – tio Jasper se manifestou inconformado – porque é que vai sobrar pra gente, Alice?!
– Nem comecem... Vocês vão ser os backing-vocals! Jake, vá pegar seu violão e trate de ensaiar alguma coisa bem rapidamente com os meninos, que nós vamos ficar aqui esperando. E não se atreva a demorar! Edward, dê uma carona pra ele, e certifique-se de não perdê-lo de vista!
– Sim senhora! – papai bateu continência, claramente se divertindo a valer, e arrastou Jake pelo braço até a saída. Os outros foram para a outra sala, cochichando enquanto alguma coisa relacionada à nova atribuição trouxe de volta o bom humor a eles. Eu estava boquiaberta.
– Eu não acredito nisso... Vocês são inacreditáveis mesmo! – titubeei, ainda enterrada em meu puff
– Ué, ele não quer casar?! Então vai ter que sofrer antes! – Rosie esganou um voodoo imaginário nas mãos e isso foi assustador. Eu ignorei...
– Vocês vão fazê-lo ir até a casa dele, buscar um violão?! Deve haver pelo menos uns dez entocados lá em cima...
Mamãe sacudiu a cabeça.
– Na-na-ni-na-não. Com o violão próprio é muito mais romântico!
– Concordo em gênero, número e grau! – vovó Esme também estava exultante de contentamento.
Fala sério... Só podia ser piada! Mas não era, elas não estavam para brincadeira!
– E quer saber de uma coisa?! Chega de falar de Jacob! – Aly veio até mim e me puxou até o sofá – vamos falar de você!! Conte-nos tudo, em detalhes, e nem tente esconder nada!
Eu pisquei. Do que estávamos falando agora?!
– Como foi que ele se declarou?! – era tão estranho ter minha mãe perguntando uma coisa dessas que eu mal acreditei
– Com que palavras você respondeu?! – Aly
– Ele recitou algum poema?! – Esme
– Você chorou, não foi?! – mamãe
– Foi na floresta?! – Aly
– Foi à luz de velas?! – Esme
– Teve musiquinha?! – mamãe
– Ai, que tédio! – Rosie
Vamos lá, Renesmee, conte até três: 1... 2 ...
– Não interessa; Interessa menos ainda; não; sim; não; mais ou menos; não; concordo totalmente!
Elas ficaram amoadas.
– Que desaforada!! – Aly
– Depois de todas as fraudas sujas que eu troquei... tudo bem que nem foram tantas assim, mas isso não vem ao caso! – mamãe
– Você merece um castigo só por essa malcriação – Esme
– Com essa parte eu até concordo! Quem mandou querer casar tão cedo assim... – Rosie {ainda inconformada}.
Eu dei de ombros, já tinha me rendido! Nada que eu dissesse ou fizesse me livraria dos seus planos maléficos mesmo, então... pra quê me dar ao trabalho de tentar!
Elas ficaram mais uma meia hora discursando sobre a minha falta de consideração, até que um celular tocou e, em seguida, os meninos passaram correndo atrás de nós, indo do outro cômodo até a porta da frente. Foi o suficiente para alterar todo o teor da conversação... Elas começaram a tagarelar sobre seus respectivos namorados e maridos, cada uma se vangloriando de alguma particularidade sobre a vida
Embaixo de nós, os cinco homens da minha vida se organizavam em uma serenata maravilhosamente improvisada. Nos flancos, meu pai, vovô Carlisle, tio Jasper e tio Emmet faziam um corinho harmonizando com a melodia. No centro, meu Jake... lindo... impecável... conduzindo a empreitada cômica, mas extremamente romântica. Ele era muito habilidoso com instrumentos musicais, aquelas quatro malvadas iriam pagar a língua por tê-lo desafiado... Ele estava dando um baile nelas com tanta perfeição!
Após a introdução singela, ele começou a cantar com sua voz suave de barítono uma letra que havia composto pra mim, naquele curto espaço de tempo.
Flutuar não era a expressão correta para descrever a sensação que me afetava diante daquela obra prima da natureza. Em espírito, eu já estava nas nuvens, enquanto fisicamente me apoiava sobre o aço gelado como uma verdadeira mongolóide. Era quase impossível admirar por inteiro a impecabilidade de sua performance. Ele era mestre em me deixar sem fôlego...
– Click –
Aly já estava no andar de baixo, fotografando tudo feito uma paparazzi desgovernada, quase interferindo no equilíbrio da serenata... Graças à Deus, Jake estava concentrado em mim, e eu nele, senão eu teria decido e arrancado aquela máquina estúpida das mãos dela!
A música não durou muito tempo e, ao final, todos aplaudiram, me despertando do meu transe apaixonado. “Eu quero bis!” só consegui pensar nisso...
– Ela quer bis!! – meu pai gritou e eles recomeçaram com a mesma energia. Vivas!!
Minha mãe me aninhou nos braços.
– Meu bebezão... – ela segredou a mim, emocionada – estou tão contente por você!
Eu fiquei tão aliviada com aquilo, que me agarrei nela e suspirei.
– Obrigada, mãe! É muito bom escutar isso de você...
Ela me embalou no ritmo da canção e eu fechei os olhos. Era muita felicidade pra caber em um coração só...
Quando a música teve fim outra vez, eu já estava com o rosto ensopado de lágrimas e vovó Esme as enxugou com um lençinho. Olhei pra baixo novamente e soltei um beijo que Jake agarrou no ar.
– Ah, assim não tem graça – Aly protestou mimada – vocês estão estragando o castigo... Isso é trapaça!
Rimos de seu descontentamento e ela nos ignorou, visualizando as imagens na tela da câmera. Tio Emmett aproveitou a deixa para fazer gracinha.
– Oh, Julieta – ele começou, assanhado – deixa-me amar-te sem dizer nada, deixa-me querer-te dizendo tudo...
– Muito engraçado, tio... – eu respondi, com sarcasmo, e ele se curvou palhaço, prolongando as risadas
– Meu Romeu... – Rosie não se agüentou e piscou pra ele, que piscou de volta convencido.
– Ok, Ok!! O show acabou, vamos voltar lá pra dentro!
– Ah Alice, logo agora que eu estava no melhor da minha apresentação...
– Não quero saber Emmett. Você tem tempo o suficiente para nos deleitar com suas imitações baratas – ela resmungou e eles não tiveram escolha.
Tanto esforço, para acabar tão rápido... Era uma pena que esses momentos tivessem que ser coletivos. Eu queria que durasse mais! Me senti uma rainha diante de tantas juras de amor...
Nos encontramos todos na sala, reconstruindo a mesma formação de antes. Estávamos aguardando qual seria o próximo capricho que Aly inventaria para tentar penalizar a Jake, ou a mim dessa vez! Ela afundou no sofá, ainda mergulhada nas imagens geradas na tela da máquina. Ele veio se colocar do meu lado, me dando um beijo na mão. “Eu te amo” ele sussurrou em meu ouvido discretamente antes de se dirigir à figura pequenina e desanimada de minha tia:
– E então, Alice! Já tenho permissão para casar com sua sobrinha?! Eu fiz tudo que me pediu...
– É, é... mas calminha aí, ainda tem mais uma etapa pela frente e, dessa vez, inclui vocês dois.
Meu pai nos lançou um olhar de sobreaviso e nós soubemos imediatamente do que se tratava aquela última parte do “castigo”... dessa vez, seria realmente um sacrifico!
– Vocês terão de concordar com a realização de uma cerimônia de casamento apropriada, que será organizada por mim e pelos demais membros dessa família, a acontecer na data de amanhã, ao entardecer. Vocês não terão direito a contestar nada, nem a darem opiniões, a não ser quando solicitados e, ainda assim, estarão sujeitas a avaliação – ela encerrou solenemente.
Não tínhamos pra onde correr mesmo... Se negássemos, seria como meu pai nos alertou. Ela iria nos azucrinar até o fim dos tempos. Casar de véu, grinalda e smoking era um preço pequeno a se pagar pela paz perpétua, afinal! O prazo, pelo menos, era atraente...
– E então, o que vai ser?! – Ela realmente parecia acreditar que nós desistiríamos diante de algum obstáculo que ela viesse a colocar a nossa frente. Estava certa de que não toparíamos a empreitada maluca...
Olhamos um para o outro e, resignados, respondemos ao mesmo tempo:
– Feito!
...
– Vivas! – ela se levantou, do nada, e começou a dar saltinhos estranhos de felicidade – Eu consegui, eu consegui!! Vocês toparam, ahaha, vocês toparam!!
I-na-cre-di-tá-vel...
Éramos somente dois corpos inertes contemplando a vitória daquele serzinho astucioso e irritante. Ela fez parecer que estava tentando ao máximo evitar nossa decisão, mas, na verdade, tudo que queria era nos pegar em sua armadilha e, ainda, com a vantagem de que nós concordássemos com tudo!
Nos fez de trouxas... Que ódio!
Ela arrastou Rosie e vovó Esme escada acima e nós deixou pra trás, perplexos... enganados... idiotas... ocos!
Meu pai veio até nós, com aquela mesma cara de antes, só que um pouco mais irônica.
– Meus parabéns – ele deu tapinhas nos nossos ombros – vocês acabam de vender suas almas àquelas três!
Olhamos pra ele desolados.
– Mas vocês disse que... – eu comecei, porém ele me interrompeu:
– Epa, eu não sou vidente! Eu apenas dei um conselho... Vocês seguiram por livre e espontânea vontade, não se esqueçam disso! – ele sorriu de uma forma sombria e seguiu com o restante até a cozinha, enquanto conversavam sobre os eventos sucedidos naquele longo dia.
Ficamos sozinhos no cômodo vazio.
Ah, o peso do mundo caiu tão violentamente em nossos ombros desavisados... havia sido um complô para nos enganar desde o princípio, eu só pude crer! Maldita ingenuidade...
– Bem... – a voz de Jake ao meu lado me despertou de meus pensamentos revoltados – pelo menos foi divertido...
Eu sibilei diante de sua rendição pacífica. Mas depois relaxei os ombros, mentalizando os momentos mais significativos...
“Eu diria que foi bem mais do que isso!” pousei a mão em seu rosto
– É?! – ele perguntou, me aconchegando em seus braços musicais
“É!”
– Você gostou da serenata, minha Julieta?!
“Mais do que qualquer outra coisa no mundo, Oh Romeu!”
Dito isso, eu fiz uma coisa nova.
Pela primeira vez, tomei a iniciativa de beijá-lo.
Foi diferente... mais misterioso... minha investida foi tímida e ele se surpreendeu de início. Mas depois, foi como em todas as outras vezes: mágico... instigante... perfeito!
Um barulho de louça se batendo nos sobressaltou e nos afastamos instintivamente. Que droga, o alarme falso acabou com a minha alegria... Ele riu e me fez cócegas.
– Já pensou se eles pegam a gente assim?! A maratona de “punição” ia recomeçar a todo vapor!
– Nossa, nem me fale!
Ele olhou no relógio, então resmungou:
– Ah não... já está na minha hora!
– O quê?! Mas por quê?! – choraminguei { minha especialidade}
– É que eu marquei com Leah e Seth para fazermos uma patrulha a oeste da Reserva... Sam e a matilha dele estarão cobrindo o outro lado! Eu sinto muito Nessie!
– Não mais do que eu... – disse, cabisbaixa. Eu teria que me conformar com aqueles compromissos ocasionais que nos separariam.
– Ei – ele buscou meus olhos – Não quero saber de desânimo! Nosso casamento é amanhã, esqueceu?!
Ai, que arrepio forte que congelou meu estômago!
– É impossível esquecer! – eu concertei a gola de sua blusa – Está bem, eu me conformo em te dividir com sua matilha. Sei o que isso significa para o seu povo!
– Você é um anjo!
Ele me deu o beijo de despedida, então fez menção de se afastar, mas eu o segurei pelas mãos uns segundos mais.
– Te vejo amanhã?!
Ele sorriu satisfeito.
7 comentários:
muito bom
affs
Foi mto legal esse capítulo!!
MARAVILHOSOOOOOOO
AFF'S???
pq vc n gostou???
vc é muito é doida de n ter gostado desse capitulo!!!
que lindos poxaaa
A utima fala foi Parecida com a
fala da bela em amanhecer parte 1!só que ela fala vou ser a de branco!
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