Meio Dia Avermelhado - Capítulo 06: Viagem Ao Mundo Dos Espíritos

Eu tinha minha opinião formada. Eu não ia deixar que a híbrida continuasse com seu jogo sádico. Ela poderia ter um exército inteiro cheio de monstros escondidos na floresta, que depois de testemunhar o que ela tinha feito para a Loira e Sam, eu sabia que tinha visto o bastante. Essa foi a gota d’água para mim. Agora eu podia ver claramente o que a sanguessuga estava fazendo.

Ela estava nos pegando um por um.

Primeiro Nessie, então Edward, depois foi Sam, e agora a Loira. Ainda assim, eu sabia que ela não pararia ali. Se seu padrão de ataque me ensinou alguma coisa, eu diria que ela estava apenas começando. Sua missão era nos caçar até que cada um de nós estivesse morto. Não restava nenhuma dúvida sobre isso.

Havia apenas um obstáculo que ela tinha subestimado. Eu. Eu, Jacob Black, iria detê-la. Solenemente, jurei aniquilar a aberração da natureza, mesmo se tivesse que sacrificar minha vida para isso.

Todo Titã tinha sua fraqueza. Eu não era nenhum especialista em mitologia, mas tinha lido o suficiente para usar isso em meu favor. Não importava o quão poderosa uma metamorfa poderia ser, ou mesmo quantos sanguessugas ela tinha sob seu comando.

O lobo dentro de mim havia predito o meu destino e agora não havia mais volta. Eu seria o David para seu Golias, o Perseus para sua Medusa, o matador para seu dragão. Você entende o meu ponto!

O mais indispensável é que eu estava certo de que usar o talismã contra a híbrida seria minha única oportunidade de derrotá-la, mas ainda teria que descobrir como. Certamente, tinha que haver um segredo para isso, e, até agora, tudo parecia indicar que a resposta que eu procurava me esperava no mundo dos espíritos.

Mudei de direção enquanto caminhava na ponta dos pés, prestes a voltar para a casa, quando eu percebi que Sam estava fraco e fora cambaleando entre um passo e outro como se estivesse prestes a desmaiar. Foi quando tomei conhecimento da inflamação em torno das marcas de garras em seu ombro.

As feridas não estavam cicatrizando tão rápido como deveriam. Na verdade, tinha minhas dúvidas se elas de fato se cicatrizariam. Elas pareciam inchadas, infectadas e com algum tipo de líquido aquoso escorrendo para fora delas.

Estava fazendo o meu melhor para não me encolher ao ver aquilo, eu só podia esperar que o líquido emergente não fosse nada além que pus inofensivo, algo que poderia ser tratado em casa com qualquer antibiótico comprado sem necessidade de receita médica. Eu não queria nem considerar a possibilidade de que aquilo pudesse ser veneno de vampiro, porque, se fosse esse o caso, Sam iria cair morto em menos de uma hora. O veneno de vampiro era a única coisa neste mundo que podia matar um lobisomem.

Posicionando meu ombro debaixo do braço bom do Sam, levei-o a passos largos na direção da casa, carregando-o junto comigo. “Onde estão os outros irmãos do bando?” eu o incitei, sacudindo-o repetidamente para que abrisse as pálpebras caídas.

“Eu os perdi.” Sua voz soou tão fraca, que mal podia entender o que tinha acabado de me dizer. “Nós fomos separados”.

Como se eu já não tivesse muito mais do que minha gama de preocupações para lidar! Ainda, mesmo então, segui em frente, tentando com todas as minhas forças afastar as visões da carnificina que invadia minha mente.

Subi alguns degraus da parte frontal da casa em pânico, pensando que diabos eu diria ao Dr. Cullen sobre a Loira. Que eu deixei alguma gárgula alada voar com a sua filha? O simples fato de pensar nisto me atormentou com tanta vergonha que o sangue correu para meu rosto, corando minhas bochechas de vermelho quente.

Mas eu sabia que o Dr. Cullen seria a única pessoa que poderia me dizer se Sam tinha sido ou não contaminado com veneno de vampiro, por isso reuni coragem para abrir a porta e rapidamente arrastar Sam para dentro.

“O que aconteceu com ele?” Emily gritou, correndo de encontro a seu noivo ferido.

Muito atordoado para ser capaz de falar, eu olhei em choque ao meu redor. O círculo de proteção havia sido quebrado. Alice estava ajudando Esme a recolher suas coisas. Os Cullen estavam obviamente se preparando para sair, mas para onde iriam? Nessie ainda estava desaparecida, Emmett e Jasper não haviam voltado da floresta. Os olhos de Edward tinham a mesma expressão vaga de antes, e eu ainda tinha que dar a notícia sobre a Loira.

Congelei no lugar assim que meus olhos encontraram com os de Bella, que estava sentada na mesa de jantar. Seus olhos mudaram de uma nuance de preto para vermelho carmim brilhante. Isso significava que ela tinha bebido sangue humano. Evitando o meu reflexo, ela ergueu uma taça de vinho até lábios e, em um único gole, bebeu o líquido borgonha nele. Pensei comigo de quem seria aquele sangue, mas tive medo de perguntar.

Quando eu virei um pouco o olhar, eu não tinha nada a perguntar, porque a resposta estava bem diante de mim. O ermitão estava sentado diante de Bella, com a manga da camisa enrolada para dar espaço para o tubo intravenoso ligado ao seu braço. A outra extremidade do tubo foi conectada a um saco plástico transparente cheio de sangue, igual ao que usamos para coletar o sangue que eu tinha doado para Edward.

“O que está acontecendo aqui?” eu finalmente consegui perguntar, engolindo dificilmente.

“Jacob”, respondeu o Dr. Cullen enquanto removia o tubo do braço do eremita e pressionou uma bola de algodão na ferida, um orifício minúsculo deixado pela agulha. “Venha comigo filho, vou explicar tudo”.

“Você não está partindo, está?” Eu olhei para Bella esperando que me apoiasse, mas eu podia ver em seus olhos que sua única preocupação naquele momento era fazer com que o copo vazio fosse recarregado.

Delicadamente, acenando com a cabeça, o Dr. Cullen esvaziou o sangue do saco no copo e entregou a Bella. “Vamos ter uma conversa”, ele me disse.

“Você não pode partir!” Eu levantei a minha voz, incapaz de esconder a minha frustração. “Diga-lhes, Sam! Diga-lhes o que acabou de acontecer a Rosalie!”

Mas Sam apenas oscilava dentro e fora da consciência, então ele simplesmente gemeu algo indistinto e adormeceu nos braços de Emily.

“Eu vi o que aconteceu com ela”, Alice interferiu, seu tom de voz estranhamente calmo. “É por isso que temos de partir”.

Estreitei meus olhos suspeitosamente para como Esme e Bella estavam posicionadas em pé ao lado de Edward, segurando seus braços para ajudá-lo a se levantar do sofá onde estava sentado. Junto com Alice, cada um deles trocou abraços de despedida com Seth e Leah. Então, conduziram o atordoado Edward até porta da frente. Alice os seguiu, como se Edward fosse um prisioneiro que escoltavam.

“Bella!” eu implorei mais uma vez, embora em meu coração eu já soubesse que era inútil qualquer tentativa de fazê-la mudar de idéia. Seus olhos carmesim me mostraram que ela estava decidida a partir de qualquer maneira.

Ela acenou para mim, sua pele vislumbrou como milhares de diamantes em miniatura, enquanto a luz do sol atravessava pela aberta. “Ouça ao Carlisle e você vai entender tudo.” Com isso, ela mandou-me um beijo e saiu pela porta.

Eu literalmente senti como se uma das minhas pernas tivesse sido amputada abruptamente e sem anestesia. Doeu minha alma vê-la partir, especialmente sob tais circunstâncias. Por tudo que eu sabia, essa poderia ser a última vez que a veria.

Dr. Cullen gesticulou para que eu o acompanhasse pelo corredor, e eu fiz com relutância, uma vez que nenhuma explicação neste mundo, não importando quão lógica, jamais me convenceria deixar Bella partir.

Bella era minha ligação mais forte com Nessie, ao mesmo tempo havia o vínculo emocional que compartilhávamos, um vínculo que só tinha se tornado mais forte com o tempo. Sem dúvida, Bella era minha melhor amiga. E ainda assim, com todas as emoções confusas que ela despertou em mim recentemente, eu suspeitava que as coisas estivessem prestes a ficar realmente complicadas entre nós . . .

Se nós sobrevivêssemos para nos ver novamente.

Por mais que eu detestasse ter que admitir, tinha chegado a minha hora de encarar a verdade. A festa de Nessie estava oficialmente encerrada, embora dificilmente pudesse chamar de “festa” a provação da noite anterior. De qualquer forma, do que quer que escolhessem chamá-la, após os Cullen anunciarem sua partida, todos se dispersaram, então eu acho que todos obtiveram a mesma coisa no final. Festa ou não festa, de qualquer maneira, estava encerrada e agora havia uma bagunça do inferno para limpar.

Seth acompanhou o Velho Quil até sua casa, enquanto Leah empurrou meu pai em sua cadeira de volta a nossa casa. Emily correu até a loja para comprar alguns ingredientes para o ermitão, para que ele pudesse preparar uma de suas poções mágicas a fim de ajudar na cura das feridas infectadas de Sam.

Eu particularmente não poderia dizer que as coisas estavam indo bem, afinal nossos irmãos do bando ainda estavam espalhados na floresta junto com Emmett e Jasper, mas pelo menos o Velho Quil e meu pai seriam capazes de ter algum descanso, algo que era extremamente necessário.

Correndo o risco de me sentir um completo idiota por ser tão egoísta, tive que confessar—se somente para mim—que era uma espécie de alívio saber que a híbrida tinha seqüestrado a Loira. Mesmo assim foi só porque eu esperava com todo meu coração que a híbrida levasse a Loira para o mesmo lugar onde tinha levado Nessie.

Nestas circunstâncias isso me deu uma pequena porção de paz, porque pelo menos eu sabia que Nessie não teria que enfrentar a Ordem do Dragão sozinha. Afinal de contas, se minhas suspeitas estivessem corretas, as chances de Nessie escapar tinham acabado de aumentar exponencialmente agora que a Loira estava com ela.

Mas, em última análise, essas eram apenas teorias flutuando em minha mente inquieta. Depois de duas noites sem dormir, eu estava uma pilha de nervos, sem mencionar o fato de que perder todo aquele sangue tinha feito coisas estranhas com a minha cabeça.

“Jacob, eu sei que você está preocupado”, disse o Dr. Cullen enquanto puxava uma cadeira e sentava-se perto da pequena mesa de cozinha na parte de trás da casa. “Mas pode fazer o favor de sentar-se e me ouvir por um momento?”

O ar na cozinha dos Clearwater ficou pesado, e, além disso, a luz da manhã machucava meus olhos toda vez que eu tentava olhar pela janela. De maneira alguma eu poderia me acalmar o suficiente e ainda por cima me sentar, nem por um segundo. Tanta coisa estava em jogo para mim, que eu senti como se estivesse afogando no meu próprio desespero.

Minhas mãos estavam úmidas e pegajosas com a aflição, eu vagava em círculos para frente e para trás, andando ao redor como um animal enjaulado. “Você não pode levar Bella para longe. Nessie precisa dela. Eu preciso dela. Temos que ficar juntos contra esse monstro. É a única maneira—”

Ele me interrompeu. “Não posso permitir que esta aliança continue, Jake”, murmurou, esfregando os olhos com as palmas das mãos.

Eu apertei minha mandíbula, fazendo muito esforço para me controlar. “Por quê?”

“Porque a híbrida”, ele mordeu seu lábio inferior para deter-se, e, em seguida, hesitou. Me deu a nítida impressão de que ele estava escolhendo cada uma de suas palavras cuidadosamente. “A híbrida não está atrás de você… ou do seu povo…” Pausando de novo, ele suspirou e olhou direto nos meus olhos. “Ela está atrás do meu clã”.

“Como sabe você disso?” ordenei-lhe, e de repente, o conceito impecável que sempre tive do doutor começou a ruir.

Seus olhos brilharam com uma intensidade implacável. “Não importa como eu sei—”

“É claro que importa!” Agora foi eu quem o interrompi. “Eu sabia que você estava escondendo algo, Dr. Cullen, e isso é muito injusto”.

Mas ele se manteve firme. “Eu não quero que ninguém mais se machuque. Como isso pode ser injusto?”

“Faço parte do seu clã”, eu declarei, pouco disposto a recuar. “Se Bella ou Nessie se machucarem, eu me machuco também, e você não pode negar isso”.

Eu poderia dizer que ele se sentiu em pedaços. Ele podia até tentar mentir pra mim com suas palavras, mas a hesitação em seus olhos o traiu. No entanto, mesmo assim, ele insistiu. “Eu não vou deixar você arrastar o seu povo para isso, Jacob. Seu dever é protegê-los, da mesma forma que meu dever é proteger os meus. ”

“Por que ela quer destruir seu clã?”

Abaixando os olhos, ele deliberou, mas se recusou a dizer uma palavra.

Frustrado para nenhum fim, eu levantei minha voz e o enfrentei cara a cara. “Diga-me! De quem a híbrida está atrás?” Eu me odiava por desrespeitá-lo dessa maneira.

Eu sabia que ele estava tentando cuidar de mim e do meu povo, mas, ao mesmo tempo, ele não estava sendo justo. Manter segredos não iria nos ajudar, muito pelo contrário. Nossa separação seria justamente o motivo da nossa derrota.

Então, após um curto período de tempo, ele finalmente admitiu. “Ela está atrás de mim.”

Sua confissão me bateu tão forte, que senti como se o chão abrisse, rachando-se como uma boca, e agora um enorme ímã posicionado lá no fundo me puxava para baixo, tentando me engolir por inteiro. “E você sabia disso todo esse tempo?”

“Eu suspeitava, mas tinha que ter certeza. Não queria tirar conclusões precipitadas. ”

Não importava a explicação que pudesse me dar, qualquer uma que fosse, eu havia perdido toda a fé que tinha nele. Eu sabia que ele podia sentir isso pelo meu tom de voz. “Você a deixou pegar Nessie. Você a deixou sugar o sangue de Edward. Você deixou seus filhos serem atacados pelo cão do inferno. Você a deixou levar Rose! E você nem nos avisou sobre ela? ”

Ele abaixou a cabeça com vergonha e tapou os ouvidos. “Estou fazendo algo a respeito agora. Estou desfazendo a aliança para que seu povo fique em segurança.”

“É tarde demais, Dr Cullen. A única coisa que pode nos salvar agora é a verdade. Você nos deve isso a todos nós. Porque é que a híbrida está atrás de você?”

Ele nem sequer teve tempo de responder. Eu mal acabara de falar, quando fomos interrompidos abruptamente.

Foi o ermitão que tinha acabado invadir a cozinha, gritando com o coração. “Ele está morto!” Disse-nos. “Eu não consegui impedir que o veneno se espalhasse. Sam está morto. ”

Minha mente ficou em branco com o choque, e eu reagi automaticamente. Fora de reflexo e sem pensar, cheguei à sala tão rápido, que foi como se tivesse me teletransportado para lá. Ainda em negação, senti que havia me transformado numa pedra enquanto eu olhava para Sam. Tive que vê-lo com meus próprios olhos para acreditar.

Encontrei-o ainda deitado no chão, a face para cima, e com as moedas do barqueiro sobre as pálpebras fechadas. Provavelmente, as superstições do ermitão o levaram a colocar as moedas nos olhos de Sam, da mesma forma que, na Idade das Trevas, eles costumavam posicioná-las para manter o espírito errante restante.

Eu poderia dizer que Sam não estava respirando, especialmente depois que notei a cor mortal de seus lábios. O tom pálido e incomum de sua face agora começava a se espalhar por todo seu corpo. Eu nunca tinha visto um irmão do bando morrer, e ainda, só de estar assistindo aquela cena, eu tive certeza de que o ermitão estava certo. Sam estava realmente morto.

Dr. Cullen chegou lá tão rápido quanto eu. Caindo sobre os joelhos, ele pressionou dois de seus dedos no pescoço de Sam para sentir o pulso, eu vi o mesmo olhar de registro de evento em seu rosto. Balançando a cabeça em negação, lançou-me um olhar penetrante que confirmou o que eu já sabia.

Eu tinha deixado Sam morrer.

Odiando-me e desejando estar em seu lugar, desmoronei sobre uma poltrona e cobri o meu rosto para que ninguém visse minhas lágrimas.

Sam Uley, o Alfa do bando, o primeiro da nossa geração a mudar de homem para lobo. O Homem que ajudou cada um de nós a fazer a transição, após ser sido forçado a aprender tudo por conta própria. Ele havia estado lá para nós, durante todo esse tempo, firme e forte, mostrando-nos o modo de mudarmos de forma e ajudando-nos na adaptação às mudanças dolorosas em nossos corpos que vieram com a transformação nas primeiras vezes.

Apesar de nossas divergências, nenhum de nós poderia negar que todos nós o seguíamos. Não importa quantas vezes nos queixamos das decisões dele, no final, ele sempre foi aquele que recorríamos quando não sabíamos o que fazer. Esse era o Sam. Esse era o nosso Sam.

E agora ele se foi. Morto pelo veneno da híbrida. Tudo por causa de minha obstinação egoísta.

A visão de seu corpo enviou-me um arrepio na espinha, senti como se soubesse a vida inteira que eu seria destruído em um instante. Talvez o Dr. Cullen tivesse razão sobre tudo que tinha acabado de me dizer. Se eu tivesse o escutado desde o início, talvez Sam ainda estivesse vivo.

Talvez, de alguma maneira, eu pudesse ter poupado a sua vida. Eu sabia que o veneno de vampiro espalhava-se incrivelmente rápido em um lobisomem. Embora não fôssemos filhos da lua, nossa espécie era inimiga mortal dos vampiros por uma razão muito poderosa. O veneno de vampiro tinha um efeito muito diferente em um lobisomem, quando comparado a humanos.

Para nós ele era letal. Era nossa primeira e única fraqueza, e também, ao mesmo tempo, era o nosso mecanismo de defesa, o mesmo que nos impedia de nos tornarmos vampiros. Nossos poderes de cura nos tornavam imunes ao veneno, o que significa que lobos metamorfos como nós não éramos capazes de nos tornarmos vampiros. Nosso sistema reagia de forma a se fechar ao veneno, nos matando no processo. Pelo menos eu sabia que Sam estava protegido de se tornar um vampiro.

Porém o fato de que Sam estava morto ainda permanecia, e eu não podia fazer nada a respeito, nada para tentar salvá-lo.

Todo esse tempo, eu estive tão focado em resolver meus próprios problemas, que no processo acabei por esquecer de todos os demais. O que aconteceria com Emily agora? Quem iria tomar o lugar de Sam como Alfa do bando? Como eu viajaria para o Mundo dos Espíritos a fim de consultar os Antepassados Lobos?

As perguntas não paravam de chegar à minha cabeça, acumulando-se. Nesse instante, lembrei que Sam era o único capaz de me contar como se viajava em espírito. E agora o segredo tinha morrido com ele. De maneira nenhuma o Velho Quil ou até mesmo meu papai iriam me falar como se viaja ao mundo dos espíritos. Consideravam essa viagem fora de cogitação. Sendo assim, se eu quisesse fazer isso, teria que descobrir sozinho.

Assim que comecei a pensar em quem poderia me ajudar, o ermitão quebrou minha concentração.

“Ele está aqui”, ele sussurrou.

Rapidamente, limpando minhas lágrimas, pulei para cima da poltrona e olhei ao redor confuso. “Quem?”

Percebi que o ermitão era o único presente, já que o Dr. Cullen não estava em nenhuma parte do meu campo de visão.

“Onde está o Dr. Cullen?” perguntei, meu estômago em nós. Dentro de mim, em algum lugar, eu já sabia o que o ermitão ia me dizer, mas eu tinha que ouvi-lo dizer em voz alta.

A resposta que ele me deu doeu tanto, que senti como se alguém tivesse me apunhalado no coração com uma adaga gelada. “Ele partiu”.

Recusando-me a encarar a verdade, eu balancei a cabeça freneticamente e declarei: “Não! Ele ainda está aqui!” Esforcei-me inutilmente para acreditar na minha própria mentira. Mas logo que abri a porta da frente, uma onda de angústia brotou dentro de mim. Ambos os carros dos Cullen, que tinham sido conduzidos de Port Angeles até aqui, tinham desaparecido.

“Mas você disse que ele estava aqui”! Queixei-me ao ermitão assim que voltei para dentro e bati a porta atrás de mim.

“Eu não me referia ao Dr. Cullen “.

Não havia ninguém mais lá. Eu não tinha idéia do que o ermitão estava falando, mas eu também não gostei do tom misterioso de sua voz quando ele disse aquilo. Mais uma vez, me senti tão derrotado e sem esperança, que invejei Sam por estar morto. Ainda assim, eu não quis dizer ao ermitão o que eu realmente pensava dele, porque eu meio que entendia como alguém poderia enlouquecer depois de tudo o que tinha acontecido.

De repente, tive uma sensação estranha, que me mostrou que poderia ter sido precoce em assumir que era loucura o que o ermitão havia me dito. A menos que loucura fosse contagiosa, é claro, eu poderia jurar que alguém, ou algo, estava naquela sala de estar conosco.

Eu nunca tinha experimentado nada parecido com isso, portanto não tinha a que comparar. Tudo o que eu sabia era que o ermitão e eu não estávamos a sós. Eu poderia claramente sentir uma presença, que de alguma forma, tinha deslocado a energia ao nosso redor. Quase senti como se ele quisesse fazer a sua presença notada. O que quer que fosse, ele queria chamar nossa atenção.

“Você também sente isso, não é?” perguntou o ermitão.

Em outras circunstâncias, eu ficaria muito envergonhado em admitir isso em voz alta, mas já que o ermitão era um alquimista imortal e tal, de certo modo me senti à vontade o suficiente para confiar nele.

Engolindo em seco, perguntei-lhe, “Isso é. . . o espírito de Sam?”

“Sim”, respondeu o ermitão como se fosse a coisa mais normal do mundo. “Ele ainda está aqui.”

Só levou um minuto para descobrir o que Sam queria. Ele sabia tão bem quanto eu que a nossa única esperança de derrotar a híbrida seria eu me consultar com os Espíritos Guerreiros. Dessa forma, ele recusou-se a mover-se em direção à luz no final do túnel, assim como devem fazer os espíritos depois da morte de seu corpo físico, apenas para que pudesse me guiar.

Mesmo na morte, Sam era um homem muito melhor do que eu. Ele não só tinha sacrificado a própria vida e sua futura felicidade ao lado de Emily, mas agora, acima de tudo, ele também estava se arriscando a um terrível destino.

Nossos ancestrais haviam nos deixado esta mensagem em nossa mente a partir do momento em que cada um de nós possuísse idade suficiente para compreendê-la. A morte era apenas um ritual de passagem, uma transformação, um novo começo. Qualquer espírito que demorasse ou se recusasse a mover-se em direção à luz no momento da morte poderia acabar preso entre os dois mundos.

De acordo com os ensinamentos ancestrais, esse destino era pior que a morte propriamente dita. Muitas culturas se referiam a esses espíritos presos como espíritos errantes. Almas perdidas que vagavam pela terra por centenas, ou até mesmo, milhares de anos.

Eu não poderia deixar que isso acontecesse com Sam. Eu já o havia deixado morrer, então, agora a minha única chance de me redimir era ter certeza de que ele faria uma passagem segura para a sua pós-vida, onde agora ele pertencia.

Uma parte de mim só queria saltar sobre a moto e ir atrás de Bella. Eu ainda acreditava que eu poderia convencê-la a ficar, para que pudéssemos encontrar Nessie juntos. Porém, no final, suprimi esse meu desejo e acabei por aceitar a decisão do Dr. Cullen sobre o destino de Bella.

“Preciso de sua ajuda”, disse ao ermitão. “Eu preciso que me leve ao lugar mais escondido na floresta que você conhece”

Embora não pudesse ver seu rosto debaixo do capuz, ainda conseguia ouvir o choque em sua voz quando me perguntou: “Pra quê?”

“Eu preciso de um lugar seguro para esconder meu corpo, para que ninguém possa encontrá-lo.”

Agora, provavelmente, ele pensou que eu tinha pirado de vez. “E por que você quer fazer isso, filho?”

“Vou viajar para fora do meu corpo e eu preciso que você me diga como fazer isso.”

“O que faz você pensar que eu posso dizer-lhe como fazer isso?” o ermitão perguntou defensivamente.

“Eu vi os títulos de seus livros, quando os resgatei do fogo.” Senti-me confiante de que ele sabia exatamente a que eu me referia, e então pressionei. “Lá em cima, nas montanhas onde encontramos você.”

Ele deve ter ouvido em minha voz o quão determinado eu estava, porque não disse uma palavra. E ainda percebi por sua maneira de mexer na pele ao redor das unhas que eu tinha atingido seus nervos com as minhas palavras.

Tirando proveito de seu silêncio, prossegui, “Viagens fora do corpo, projeção astral, visão remota. Soam familiares?” Fiz uma pausa esperando uma reação, mas ainda ele não tinha nada a dizer, então continuei. “Eu sei o motivo pelo qual você estava preocupado com seus livros se queimarem. Você vem fazendo experimentos com eles há séculos. Eu sei que você pode dizer-me como fazer isso, porque você já o fez.”

Eu estava bem na frente dele para que ficasse claro que eu não tinha intenção alguma de parar. Eu iria continuar a pressioná-lo, até que ele acabou cedendo.

Mas, aparentemente, ele foi suficientemente inteligente para brincar com meus pensamentos, ou pelo menos fazer com que eu pensasse que ele o estava fazendo. “Você está certo”, ele admitiu erguendo a voz. No entanto, com tom que ele falara, ele bem podia ter dito: “Já Basta!”

Eu quase cedi ao impulso de bombardeá-lo com mais perguntas, mas recuei um pouco e esperei a fim de ouvir o que ele queria me dizer.

“É verdade”, afirmou. “Eu já viajei em espírito muitas vezes.”

Meu lado otimista inclinou-me a pensar que havia ganhado esta batalha, certamente eu ultrapassara mais um pequeno obstáculo. Bom, assim pensava eu. Agora, tudo que eu tinha que fazer era sentar e ouvir como o enigmático monge realizara suas façanhas corajosas e tudo mais que aprendera durante suas viagens ao mundo invisível. Tudo parecia bastante simples. Eu não tinha motivos para crer que ele, de todas as pessoas, se recusaria a me ajudar.

Mas, como ultimamente vinham acontecendo coisas estranhas com demasiada freqüência, o otimismo não me fizera bem algum até o momento presente. Pelo contrário, eu estava preparado para receber qualquer outra surpresa sinistra.

Ao invés de disponibilizar-me uma lista prática de instruções passo-a-passo, a qual eu aguardara, o ermitão aproximou-se da janela da casa onde o sol brilhava com mais intensidade. Então, sem aviso, retirou seu capuz, descobrindo o seu rosto.

Uma vez mais, exatamente como na noite em que eu arrancara sua venda, eu me vi olhando diretamente para o emaranhado de cicatrizes retorcidas ao redor de seus olhos. Dizer que não eram muito bonitas já teria sido um eufemismo. Só que desta vez, não foi apenas o suave brilho da luz do fogo que iluminou sua feiúra. Agora, eu tinha de suportar tudo isso em plena luz do dia, sem sombras noturnas para mitigar o impacto do choque. Puxa! Foi um despertar bem desagradável!

“Você vê essas cicatrizes, Jacob?” Ele apontou para seus olhos com seus dedos enrugados e trêmulos, seus movimentos frágeis e fracos. No entanto, ele falou com tanta autoridade, que me fez sentir insignificante em sua presença. “Eu preciso que você dê uma boa olhada nessas cicatrizes”, insistiu, orientando o seu rosto em minha direção como se pudesse sentir exatamente o local onde eu estava.

Mesmo enquanto eu me erguia sobre ele com minha forma alta e imponente, ainda assim, não encontrei a força necessária para olhar a camada branca que cobria suas pupilas. Supostamente, ele não podia ver nada sem a venda nos olhos. E ainda, por alguma estranha razão que eu não poderia explicar, minha pele rastreou a sensação de que ele poderia ser capaz de me ver de algum modo. Ou, pior ainda, ver através de mim.

Incapaz de conter-me mais, explodi: “Eu já vi!” Pronunciei muito mais alto do que eu esperava. “Eu vi as suas cicatrizes, OK? E agora o quê?”

“Você não gostaria de saber como eu as ganhei?” o ermitão perguntou enquanto dava um passo em minha direção.

Deixando meu instinto de lobo assumir, eu agi sem pensar. Hesitei para trás e desviei o olhar horrorizado, incapaz de tolerar as visões macabras mexendo-se dentro de mim. Estava tão irracional naquele momento, que a idéia que passou pela minha cabeça era de que talvez suas cicatrizes apresentavam algum tipo de efeito “Medusa” em alguém que pusesse os olhos sobre elas.

Por um segundo, eu fui tão longe em meus pensamentos, que examinei meus braços e mãos só para me certificar de que eu não me transformara em uma estátua de pedra. Pelo menos, eu tinha que dar crédito ao ermitão por tirar minha ousadia e coragem de uma forma tão rápida e completa. Da próxima vez, eu pensaria duas vezes antes de levá-lo além do limite de sua tolerância.

“Não se preocupe”, ele riu, imitando a minha atitude sarcástica de antes. “Minhas cicatrizes não tem poderes mágicos.” Agitou as mãos na frente do meu rosto, enquanto pronunciava as palavras num tom de zombaria assustadora. “Você não será eternamente amaldiçoado se olhar para elas.” Ele estava realmente tirando sarro de mim. Um homem velho e deformado, quem diria?

A súbita explosão de raiva disparou bem diante do meu rosto, e, antes que eu percebesse, meu rosto estava em chamas. “Ouça-me, Padre,” disse-lhe no tom mais ameaçador que eu poderia lidar. “Terá que ter um inferno cicatrizes iguais a essas para me assustar.”

“Você realmente acha que eu estou fazendo isso só para assustá-lo, filho?” Desta vez, seu tom de voz soou diferente, muito mais grave do que antes, mas também com compaixão e sinceridade. “Eu estou tentando adverti-lo para que não termine ficando igual a mim”.

Meu queixo caiu em descrédito enquanto eu tentava entender o que ouvira. “Você quer me dizer…?” Um suspiro ficou preso em minha garganta, forçando-me a parar abruptamente para recuperar minha compostura. Eu tive que dedicar um momento para digerir o que acabara de deduzir. “Claro!”, exclamei. “Alguém fez isso com você.”

Ele acenou em afirmação e lentamente puxou o capuz por cima da cabeça para cobrir as suas cicatrizes novamente.

Agora eu entendi porque ele queria que eu olhasse suas cicatrizes. “Eles o atacaram enquanto você viajava em espírito?”

“Sim”, ele confirmou. “Eles estavam me espionado e esperaram até que meu espírito estivesse fora do meu corpo. Então, eles queimaram os meus olhos para provar que eu não podia sentir dor.”

Era difícil acreditar no que estava ouvindo, mas eu sabia que o ermitão dizia a verdade. “Quem eram eles?” perguntei.

“Meus companheiros, os monges. Eles acreditavam que era um pecado mortal ler livros sobre o sobrenatural. Foi assim que me tornei um fora da lei. A Igreja me acusara de praticar bruxaria e me condenara à morte na forca.”

“Mas você escapou,” eu adicionei.

Ele assentiu com a cabeça. “Certamente… Porém, de alguma forma, ainda sou um prisioneiro.”

Eu caí em silêncio, entendendo muito bem o que ele quis dizer. Deve ser terrível possuir o segredo da imortalidade, quando você tem que passar sua vida inteira escondendo o rosto sob um capuz.

Enquanto baixava a cabeça, direcionando o olhar para o chão, lembrei-me do que acontecera a Taha Aki, o último grande Espírito Chefe da Nação Quileute.

Seu corpo tinha sido roubado da floresta, num lugar escondido que acreditara estar a uma distância segura. Quando tentou voltar para ele, descobriu que seu inimigo, Utlapa, tomou-o e usurpou seu lugar como chefe da tribo.

Algum tempo depois, Taha Aki conseguiu assumir a forma de lobo para que ele pudesse retornar ao seu povo. A primeira coisa que ele fez após seu retorno foi eliminar as viagens em espírito de nossas tradições, proibindo sua prática para o bem de todos.

Eu já estava bem ciente dos perigos potenciais de um espírito viajante. Mas, agora, as cicatrizes do ermitão apenas simbolizavam a realidade de um ser muito mais experiente, especialmente porque sabia que a híbrida e seus lacaios estavam lá, esperando por nosso deslize, para que pudessem nos caçar.

No entanto, assim mesmo, a possibilidade de desistência estava completamente fora de questão. Eu tinha que continuar lutando. A morte de Sam não seria em vão, e eu certamente não iria desistir de Nessie. Mesmo se ela tivesse fugido por conta própria, ainda assim, precisaria revê-la, e só havia uma maneira de descobrir a verdade.

Após um breve momento de reflexão, anunciei minha decisão final ao ermitão. “Eu vou correr o risco.”

A julgar pela maneira como ele suspirou, agitando a cabeça, eu poderia dizer que o anúncio não fora uma surpresa para ele.

Não pude evitar sentir uma pontada de culpa por ter sido tão rude com ele antes. “Padre, eu aprecio sua preocupação, realmente aprecio, mas há algo que não faz sentido para mim. Você é um alquimista. Quero dizer, se você descobriu como inventar o elixir da vida, eu tenho certeza que você pode encontrar uma poção para curar a sua pele, também. Certo?”

“Você realmente acha que é assim tão simples, não é?” ele perguntou como se a minha ignorância o tivesse ofendido.

“Claro que não”, repliquei, “mas o tempo está passando e estamos perdendo um tempo precioso. Podemos discutir isso ao longo do caminho? Nós realmente precisamos ir.”

Ele refletiu sobre aquilo por um breve período de tempo, então respondeu: “Ótimo, se você insiste… Apenas com uma condição.”

“Diga-me seu preço”, eu disparei para trás sem medo.

“Você deve se tornar meu aprendiz.”

O Thunderbird de Sam balançou violentamente enquanto percorríamos a estrada de terra que levava para a floresta. O vento soprava a poeira espessa, girando as nuvens de areia no pára-brisa, durante as curvas acentuadas ao longo do caminho. Eu estava acordado por quase dois dias seguidos agora, e minhas pálpebras pescavam com o sol da tarde.

Ao meu lado, no banco do passageiro, o meu mais novo mentor pressionava as costas com força no banco, para evitar que balançassem dentro do carro. Meu novo mentor. Isso soava tão surreal. Nem em meus sonhos mais estranhos eu poderia ter imaginado que eu ia acabar me tornando aprendiz de um alquimista.

Para ser brutalmente honesto, toda essa idéia de tornar-se aprendiz do ermitão parecia ridícula para mim, isso para não dizer completamente desnecessária, se bem que não me restavam muitas opções.

O Ancião Quil e meu pai nunca me contaram como viajar em espírito pelo mesmo motivo que o ermitão também tinha sido tão relutante em revelar-me o que sabia. Era perigoso, era imprudente e tinha o potencial de condenar-me a um destino pior que a morte.

Mas, mesmo assim, no final, eu acabei concordando com o pedido do ermitão, mais por desespero do que qualquer outra coisa. Eu nem sequer queria considerar as implicações de tal acordo, e uma parte de mim ficava imaginando no que eu tinha me metido.

Ainda assim, nada disso importava mais. A dura realidade é que eu poderia facilmente ter acabado de fazer um pacto com o diabo e agora poderia estar indo direto para a minha própria morte, ou algo muito pior, da mesma forma que eu não tinha idéia sobre os motivos do ermitão.

E ainda assim, aqui estávamos, dirigindo de volta para as ruínas, onde o ermitão viveu sabe lá Deus por quanto tempo, a bordo do bem mais precioso de Sam, seu restaurado Thunderbird. Eu achava que ele sempre quis que eu o possuísse, e agora como ele estava morto e tal, eu o considerava meu.

E, além disso, toda a idéia de viajar para o mundo espiritual fora de Sam em primeiro lugar, então eu sinceramente não acho que ele se importaria. De qualquer forma, ninguém ia cuidar desse bebê melhor do que eu, então eu não tive nenhum problema em pegar no bolso do meu amigo morto as chaves de seu carro. Afinal, eu sabia que tinha que aproveitar a chance antes que alguém como Paul, por exemplo, o fizesse.

Antes de sairmos, eu envolvi Sam num cobertor, após o ermitão realizar um ritual de proteção para afastar os maus espíritos. Segundo ele, isso era absolutamente necessário, pois haviam muitas entidades desencarnadas perambulando em busca de um cadáver fresco para se apossar.

Verdade seja dita, para mim tudo isso soava como um monte de superstição medieval, mas eu iria deixá-lo fazer as coisas de seu jeito só para ficar do lado seguro. A partir de todas as coisas bizarras que eu tinha já visto acontecer nesses últimos dias, percebi que tudo era possível, então eu não deixaria a minha falta de fé arruinar o descanso tranqüilo de Sam, ou pior, fazer com que ele se transformasse em um demônio zumbi possuído.

Eu também enviei uma mensagem de texto para Leah e Seth a fim de prepará-los para o que iriam encontrar quando voltassem. Mantive o texto curto e doce, pedindo-lhes que voltassem para casa imediatamente, e assim poderiam estar junto de Emily quando ela chegasse da loja. A pobre moça precisaria de muito apoio moral. Dessa forma, eu teria a certeza que alguém estaria lá para lhe explicar o que tinha acontecido.

Por enquanto, isso era tudo que eu podia fazer. Estava cumprindo o meu dever com o meu povo. Eu gostaria de poder dizer o mesmo sobre Bella, apesar de tudo. Eu devo ter-lhe mandado, no mínimo, dez mensagens para saber notícias, porém sempre caia direto para a caixa postal, ou seja, seu celular estava desligado.

“Você parece absorvido em seus pensamentos”, comentou o ermitão.

Concordei apenas para ser educado, embora a última coisa que eu queria agora era começar uma conversa. E isso foi quando eu tive um estalo. “Por que você deixou Bella beber o seu sangue?” Perguntei-lhe, percebendo que essa pergunta esteve na minha mente desde o momento que eu vira isso acontecer.

“Dr. Cullen me pediu para fazer isso”, explicou o ermitão. “Ele disse que Bella precisava para reforçar seu escudo.”

O super poder de vampiro de Bella era o seu escudo. Era basicamente um campo invisível de energia protetora que poderia esticar o suficiente para proteger todo seu clã, além de todo um exército de aliados, se ela o quisesse. Os Volturi e os seus guardas eram a máfia real de vampiros italianos, que supostamente governavam o mundo, nem mesmo eles eram capazes de penetrar no escudo de Bella.

Encolhendo os ombros, melancolicamente respondi: “Claro, isso faz sentido.”

Eu sempre me perguntei o que aconteceria com os vampiros se eles passassem muito tempo sem beber sangue. Agora eu entendia perfeitamente. Sem sangue seus corpos cresciam fracos e os seus poderes também. Bella tinha crescido muito fraca, pois recusara a alimentar-se de sangue e seu escudo agora era totalmente vulnerável. É por esse motivo que seu escudo falhou quando a híbrida atacou Alice e a Loira.

Eu podia ver o Dr. Cullen pedindo ao ermitão para que doasse seu sangue. Era provavelmente o tipo mais forte e mais nutritivo de sangue que um vampiro poderia encontrar. O sangue de um imortal, um sangue enriquecido pelo elixir da vida de um alquimista. Isso me fez sentir um pouco melhor. Saber o motivo que levou Carlisle a fazer isso antes que deixassem a casa. Ele sabia que poderia contar com o escudo de Bella para protegê-los, no caso da híbrida ir atrás deles.

O fato de que Nessie estava fora do alcance do escudo de Bella permanecia, porém em apenas alguns dias Bella necessitaria de mais sangue humano.

“Você não parece particularmente entusiasmado com isso”, salientou o ermitão.

Eu sabia exatamente o que ele estava querendo. Ele estava tentando fazer com que eu dissesse minhas preocupações em voz alta, embora eu já tivesse deixado bem claro que eu não queria falar. “É apenas um remédio temporário”, eu murmurei, esperando que esse fosse o fim do assunto e que ele me deixaria em paz.

“Então, você se preocupa que ela possa precisar beber mais sangue humano apenas para manter seu clã em segurança?”, ele tentou novamente.

Suspirei e bati forte no volante com o meu punho. “Eu prefiro não falar sobre isso, se está tudo bem pra você, Padre.”

“Você é meu aprendiz”, lembrou-me, como se eu pudesse esquecer uma coisa dessas. “Você deve aprender a confiar em mim para que eu possa instruí-lo da maneira mais eficaz possível.”

Eu tive que engolir em seco para evitar ficar com raiva dele. “E o que é que viagem em espírito tem a ver com meus problemas pessoais?” Eu perguntei em tom desafiador.

“Tem tudo a ver”, disparou de volta sem se intimidar com a minha atitude. “Qualquer sentimento de raiva ou medo, que você possa estar tentando varrer para debaixo do tapete, vai torná-lo vulnerável no mundo espiritual.”

Por mais que eu odiasse ter que admitir, essa última informação despertou minha curiosidade. “Vulnerável a quê?”

“Aos predadores, é claro”, ele respondeu com naturalidade.

“Que tipo de predadores?”, sondei.

Mas, ao invés de responder minha pergunta, ele a jogou de volta para mim. “Você nunca ouviu falar de poltergeists, demônios, ou sombras fantasmas?”

” Não há nenhuma comprovação científica para isso”, rebati, embora não muito confiante.

Ele riu. “Bom, se minha memória não falha, não há nenhuma prova científica de vampiros ou lobisomens também, não é?”

Eu sorri, aceitando minha derrota. “Ok, Padre, você me pegou. Feliz agora?”

Assim que eu disse isso, comecei a observar as árvores cobertas de musgos pendurados que assinalavam a entrada da Floresta Hoh. Eu peguei um desvio e propositalmente evitei o Corredor de Musgos, uma pista que sempre foi atravessada por caminhantes e turistas, especialmente durante os meses de verão. Neste momento, eu sabia que era hora de abandonarmos o nosso veículo e continuarmos a pé, assim que eu encontrasse um local onde a folhagem era alta o suficiente para esconder o meu orgulho e alegria.

Uma vez escondido bem o suficiente, tudo que eu podia fazer era esperar e rezar para que nenhum guarda-florestal intrometido o encontrasse e decidisse relatá-lo como abandonado ou, pior ainda, como roubado. Porém, eu sabia que tinha problemas muito mais graves para me preocupar, então eu fiz o meu melhor para esquecer isso por enquanto, secretamente esperando que em algum lugar, de alguma forma, o espírito de Sam pudesse estar vigiando-o.

Enquanto o ermitão levou-nos mais e mais fundo nas sombras da selva encoberta, o meu estômago agitou-se com um mau pressentimento. Esse barulho era ele. Eu estava a caminho de realizar a façanha mais arriscada da minha vida. E, como se isso não fosse suficiente, eu descobri que toda a raiva e o medo que eu tinha abrigado dentro de mim tornavam-me um alvo fácil para predadores espirituais, sobre os quais eu não sabia praticamente nada a respeito.

Pronto para ir, Jake, eu disse a mim mesmo. Como é que seria isso de flertar com a morte?

Eu sempre gostei de me gabar que eu era uma criatura da natureza quando eu não estava na minha forma de lobo. Mas, para ser sincero, a espessura dos bosques sombrios que estavam a nossa frente parecia impenetrável para mim.

Que molenga! Eu podia jurar que ouvi uma voz familiar na minha cabeça jogando meu próprio insulto para mim.

Espera, o quê? Por um breve segundo eu pensei que a falta de sono das últimas noites estava finalmente acabando com a minha sanidade. Ou realmente era a voz do amigo da antiga escola de Bella, Mike Newton, voltando para me assombrar, por causa daquele dia no cinema em que ele passou mal, assistindo a um filme de ação? Senti-me tão confuso que eu não sabia mais o que pensar.

Enquanto isso, o eremita havia feito uma bengala com um galho que ele tinha encontrado caído no chão, e agora estava mexendo-a a sua volta com muita facilidade e agilidade, cortando uma vinha que estava balançando e também os galhos da árvore espinhosa a sua frente. Ele se conduzia como se a floresta fosse seu próprio quintal. Ainda assim, mesmo ele conhecendo cada fenda de cada rocha e o lugar como a palma de sua mão, demorei algum tempo para deixá-lo tomar a liderança.

Como não havia uma trilha mostrando o caminho, eu não poderia reconhecer qualquer lugar perto de nós e, como o eremita, evitar todas as raízes deformadas e pedras irregulares que estavam em nosso caminho com tanta confiança e sutileza. Eu não sabia se devia sentir inveja ou medo dele.

Algo na linha “cegos guiando cegos” fez parecer completamente ridícula a idéia de eu seguindo ele – cômico, para ser franco. A Floresta Hoh não era exatamente a área que eu tinha maior conhecimento, especialmente a “terra de ninguém” onde o eremita estava me levando, então eu simplesmente não conseguia entender como um monge cego e velho ousaria se aventurar por essas terras isoladas, sem um mapa em Braile ou até mesmo um cão-guia.

Mas, como aprendi rapidamente, o ditado ver para crer logo não fez mais sentido no presente caso. Foi só porque eu estava lá e podia vê-lo com meus próprios olhos que eu poderia aceitar o que a minha lógica humana simplesmente não conseguia conciliar.

Não importava o quanto escuro ou com neblina ficava em determinadas áreas da floresta, o eremita não precisava de olhos físicos para ver à sua volta. Ele disse que, depois de perder sua visão, ele tinha sido forçado a confiar inteiramente na sua visão da mente, e tive que admitir que ele estava fazendo um ótimo trabalho.

Fiquei tão impressionado com o que eu tinha visto ele fazer que não tive mais dúvidas sobre eu me tornar seu aprendiz. Até agora, toda a minha curiosidade não agüentava mais, e eu mal podia esperar para o treinamento prático.

Aprender esse truque com certeza seria conveniente, ainda mais agora que eu havia, automaticamente, me tornado o novo alfa da matilha. Aposto que Sam ficaria muito orgulhoso se eu conseguisse isso.

“Quando você treinar sua mente para ver a energia,” o eremita explicou, “você será capaz de perceber tudo com os olhos fechados. É assim que vê o seu espírito quando se viaja para fora do corpo. Ele a energia que os olhos humanos não conseguem perceber.”

Sempre cético, eu não pude resistir ao impulso de desafiá-lo. “Certo,” eu disse, estreitando os olhos. “Mas você não precisa de luz para ver?”

“Energia é luz,” ele respondeu enfaticamente. “O olho da mente percebe a energia espiritual das coisas. Esta é a única maneira de ver sua verdadeira essência e aquilo que elas realmente parecem.”

Fechei os olhos e tentei acompanhar o som de seus passos sem olhar, mas o terreno em que estávamos era muito acidentado, então eu rapidamente tropecei e teria caído se não tivesse aberto os olhos imediatamente. “Quanto tempo leva para treinar sua mente?” Eu perguntei de uma vez, quando retomei meu equilíbrio.

“É diferente para todos,” ele respondeu sem parar “Quanto mais apegado às aparências que você chama de realidade você estiver, mais difícil será para você deixá-las ir embora.”

“Então você está falando que eu preciso perder a minha mente se eu quiser viajar de espírito?” Eu quis dizer isso como uma piada, e acabou soando como se estivesse zombando dele, então eu me preparei para uma repreensão.

Mas ele não me deu satisfação. Com a paciência de um verdadeiro mestre, ele se virou e sentou-se delicadamente sobre uma rocha grande para me dar tempo para me recuperar. Então, ele permaneceu lá, "observando" sem me dizer uma palavra.

Com toda a franqueza, eu me senti humilhado e derrotado. Agora eu tinha que encontrar uma maneira de romper esse silêncio constrangedor e eu não tinha a menor idéia do que dizer a ele.

“É exatamente isso... Bem, você sabe o que os médicos dizem,” eu disse depois de um tempo. "Você perde seu apego à realidade, então você está louco, né?”

Ele levantou uma sobrancelha e sacudiu a cabeça como um sorriso maroto nos lábios. “Enlouquecer deve ser a menor de suas preocupações, Jacob.”

“Tudo bem, tudo bem”, eu cuspi, decidindo ir apenas com o que ele disse. “Então, eu sair da realidade. E depois?”

Segurando em sua bengala, ele levantou-se da pedra e mais uma vez virou as costas para mim para continuar a caminhada. “Eu nunca disse sair da realidade. Você precisa prestar atenção se quer aprender alguma coisa, rapaz.”

“O que quer dizer que você nunca disse isso?”, Eu protestei. “Isso é exatamente o que você disse! Por que você está sempre tentando me confundir?”

Ele ignorou o meu desabafo e continuou indo para cima de uma colina, evitando cuidadosamente as partes cobertas com gelo duro. “Você me entendeu mal. O que eu disse é que você deve aprender a ver através das aparências que você veio a aceitar como realidade. Aparências, ok? Não é realidade. Há uma grande diferença.”

Eu fiquei atrás, esperando ao pé do morro, caso ele escorregasse e caísse, mas chegou ao topo com pouca dificuldade segurando a vinha, subindo até a lama gelada.

“Qual é a realidade real, então?” Perguntei, tendo que levantar a minha voz pois eu já o havia perdido de vista.

Juntei-me a ele no topo da colina, e ele deu uma pausa em uma clareira com vista para o vale rio abaixo. Não tenho certeza se ele tinha ouvido a minha última pergunta, então comecei a repeti-la, mas, antes que eu pudesse terminar de falar, ele fez um gesto com a mão para dar a ele um instante. Como ele estava ali, visivelmente extasiado pelo fascínio das cores do sol ardente refletido sobre a água, respirou fundo e, de repente, meus ouvidos foram invadidos pelo canto monástico mais estranho que eu já havia ouvido.

Em menos de um minuto, uma presença veio sobre mim, e eu percebi mais uma vez que não estávamos sozinhos. A sensação que senti era muito semelhante ao que eu tinha experimentado naquela manhã, logo após a morte de Sam na casa dos Clearwater. Só que, desta vez, a força poderosa que me ultrapassou era quase demais para suportar. Eu senti uma pressão pesando na minha cabeça e no peito como se estivesse prestes a me esmagar, então eu instintivamente gritei na tentativa de fazê-lo parar.

É só piorou. Antes que eu pudesse perceber, eu estava ouvindo vozes e vendo brilhantes faces transparentes ao meu redor. Era extremamente difícil entender o que elas estavam dizendo, pois pareciam estar tentando me dizer alguma coisa, tudo ao mesmo tempo. Era como se estivessem me alertando para não fazer algo, e quanto mais eu tentava lutar contra ela, mais alto e mais desesperado se tornava.

Eu não teria me importado muito com isso se tivessem sido seres desconhecidos, mas o que realmente aconteceu foi que eu os reconheci. Um deles foi a minha mãe, outro era Sam, e aquele que mais me chocou foi...

Bella.

Ela parecia triste e preocupada, e estava chorando lágrimas de sangue. Lágrimas de sangue! Mas por quê? O que significava tudo isso? Por que Bella estava entre essas aparições? Sam e minha mãe estavam mortos, mas Bella ainda estava um pouco viva, tanto quanto eu sabia. Quer dizer, os vampiros não estavam totalmente mortos, certo? Eles eram mortos-vivos. Então o que ela estava fazendo lá com eles?

Só então a voz do eremita rompeu a comoção e me disse, “Isso parece real o bastante para você? Você consegue -los?”

Claro que sim, eu poderia vê-los! Ele estava brincando? Mas eu estava tão impressionado com o que estava acontecendo, que eu não podia responder. Ele então perguntou-me mais uma vez e ainda outra, até que finalmente ocorreu-me que isso devia ser algum tipo de teste que eu tinha que passar.

Eu precisei de todo o meu auto-controle para ignorar as aparições. A dor que eu sentia por dentro era indescritível. A imagem de Bella chorando lágrimas de sangue ia me assombrar para o resto da minha vida. Mas a pior parte de tudo que eu não sabia o que isso significava, o que ela estava tentando me dizer. E a minha mãe? E Sam? Eles estavam tentando me impedir de fazer a viagem ao mundo dos espíritos?

Na verdade não importava. Não havia mais volta para mim. Nada perto disso. Esse foi o ponto de não retorno. Eu tinha que completar a minha formação e ir ver os antepassados lobos se eu queria salvar meus entes queridos. Eu tinha que ter em minhas mãos o talismã, era isso.

Nesse momento me concentrei no talismã, de alguma maneira eu consegui isso. As aparições desapareceram, e as vozes se acalmaram. Eu tinha passado pelo primeiro teste e o mais importante: eu tinha visto a energia espiritual sobre a qual o eremita havia tanto falado. Agora eu estava pronto para viajar em espírito.

Logo acabei me recuperando de meu primeiro vislumbre da chamada “realidade real”. A noite já havia chegado, e eu estava pronto a entrar em colapso por exaustão. Felizmente, o eremita confirmou o que eu tinha previsto. Havia chegado a hora para eu começar o meu treinamento prático.

Nós caminhamos descendo a colina em direção ao vale abaixo e, em seguida, atravessamos o rio. Quando chegamos ao outro lado, o eremita apontou para uma área plana, densamente povoada com grandes árvores de carvalho. “Lá estão eles!”, exclamou com entusiasmo.

Ele tinha encontrado as ardilosas plantas que ele me disse que precisávamos. Ele chamava as plantas de “plantas de poder” e assegurou-me que seria impossível para um “neófito”, ou um novato como eu, atravessar o mundo espiritual sem ingerí-las primeiro.

Segundo ele, apenas os feiticeiros antigos com centenas de anos de prática seriam capazes de viajar fora do corpo sem a ajuda dessas plantas. A minha geração, ele explicou, era muito ligada ao mundo das aparências para ver além do que nossos cinco sentidos percebiam.

Apenas essas plantas do poder continham os ingredientes necessários para abrir as portas da percepção e me permitir entrar do jeito certo no mundo dos espíritos.

Duas horas mais tarde, eu estava completamente despido e enterrado vivo na lama da cabeça aos pés. Meu rosto era a única parte do meu corpo fora do chão, e que era apenas para que eu pudesse respirar quando deixasse meu corpo para trás. Eu tinha uma grossa camada de lama endurecida em cada uma das minhas pálpebras para mantê-los abertos. Usar meus olhos físicos era estritamente proibido, o eremita tinha avisado, porque isso só iria me distrair ao ver com os olhos da minha mente.

Ao redor da área onde eu estava enterrado, o eremita havia feito um círculo de proteção, além de também consagrar o solo para manter o meu corpo a salvo de possíveis intrusos. As plantas de gosto amargo que eu tinha ingerido perturbaram o estômago um pouco, mas eu estava em um estado de mente tão alterado, que eu mal podia sentir meu corpo mais.

No momento em que o eremita começou a cantar suas estranhas invocações, minha jornada começou. Tudo começou com as árvores. De repente, eu podia ver a aura de luz branca brilhante formando um contorno ao longo de suas bordas. Então, minha consciência começou a se expandir além dos limites do meu corpo, e eu literalmente senti como se fosse um balão que alguém estava inflando.

Flutuei para cima lentamente e, pouco a pouco, descobri que podia ver em volta de mim como se eu fosse um olho gigantesco, que tudo vê. Como minha consciência continuou a se expandir ainda mais e em todas as direções, eu comecei a entender o que o eremita quis dizer quando falou sobre a energia espiritual das coisas.

Cada simples rocha, árvore e planta nessa floresta tinha uma aura brilhante em torno dela. Tudo a partir do solo para a água para o céu estava vivo e pulsando energia luminosa. Havia tanto brilho em todo lugar, que era difícil diferenciar uma forma de outra. Estávamos todos interligados uns com os outros como uma rede única de vida. Eu não poderia dizer onde começou uma coisa e onde terminou a outra.

O estado de felicidade que eu estava experimentando era incrível, seguro, e completamente acolhedor. A mesma floresta que havia parecido traiçoeira e mortal, agora parecia me abraçar e me acolher em seus braços amorosos. Agora fazia sentido para mim porque meu povo chamava o nosso planeta Mãe Terra.

Eu teria provavelmente permanecido nesse estado para sempre, se não fosse por uma mancha escura que de repente apareceu do nada. No início, eu decidi ignorá-la, pensando que poderia ir embora por conta própria, até que começou a crescer mais e se aproximar, vindo direto para mim.

Assim que eu senti a sua força magnética me puxando para ela, percebi que era uma espécie de buraco negro tentando me engolir. Eu lutei muito para descobrir como resistir à sua força escura, mas eu não tinha idéia de como fazê-lo. Tudo o que eu sabia é essa coisa era ruim, o que quer que fosse, e eu tive que me afastar dela antes que ela me puxasse ao seu vácuo.

Foi quando eu ouvi a voz dela novamente. Era apenas um sussurro fraco, distante, que eu mal podia ouvir, mas eu sabia, sem sombra de dúvida, que voz era. Era a voz de Bella.

8 comentários:

Wendy' disse...

Vai ter continuação ou a fic acaba ai?

Alice Volturi disse...

Tem continuação, mas sem previsão... ;)

Wendy' disse...

ataa .. obrigadoo =D

Caaah Cullen disse...

pooooooxaa!! como q a fic acaba asssim????
queria q a tal daaa LADY SYBILLA terminasse logo o livro!!! argh!

Tami disse...

russet noon tem que voltar


amo amo amo amo
JAKE E BELLA !!1111

daia disse...

jà faz um tempao que eu entro nessa fanfic e nada quando vai sair os proximos capitulos

tamis disse...

pelo amor que vc's tem a deus russete tem que voltar...
eu não li todo fiqu p da vida quando tiraram do foforks ... emtão estou a ponto de explodir de tanta curiosidade...
quero saber o pq de bella amar jacob...

nem sem quem fui disse...

puuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuxaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

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