O Anjo - Capítulo 01: Menina Sapeca

Eu estava feliz, apesar de meus 16 anos e meus pais Dirceu Platt e Anne Platt não tirarem da cabeça a idéia de que eu, assim como minhas irmãs Andy e Marie, deveria me casar logo. Eu não queria pretendentes, gostava de minha vida do jeito que ela estava, eu era feliz, adorava subir nas árvores e era lá que me refugiava toda vez que o assunto surgia. Minhas amigas, por sua vez, já estavam todas casadas, ou em seus preparativos para festas. Eu não queria me casar, não por enquanto, me considerava muito nova para assumir um compromisso de “para todo o sempre” com alguém. Estava em meu quarto quando minha mãe bateu a porta:

- Esme querida, posso entrar? - Para ela usar aquele tom de voz eu sabia que alguma coisa aconteceria. Ela só era doce quando se tratava de um assunto: Pretendentes para casamento.

- Entre mamãe! - Eu disse alegremente, sabendo que lá viria outra discussão. Mas como não queria, pelo menos tentaria ouvi-la, para não criar constrangimento.

- Meu amor, o que você está fazendo? Temos visita! Não acredito que você ainda está de pijama!Vamos, vista-se, os senhores Andrey se encontram em nossa sala. E com eles, seu filho mais novo, Nicolas, veio se apresentar e conhecer você para um futuro casamento. Rápido Esme! Apresse-se! - Ela virou-se em direção da porta e não deu tempo nem sequer de resmungar para ela que não queria conhecê-lo.

Vesti-me rapidamente e disparei em direção da sala, onde todos me aguardavam com olhares especulativos. Eu me sentei ao lado de minha mãe e de meu pai, depois que fiz referência as visitas. Imediatamente, me apresentei a eles.

- Boa tarde senhor e senhora Andrey! Sou Esme Anne Platt. É uma honra para mim conhecê-los!

- Boa tarde pequena Esme! Sou a senhora Gertrudes Andrey, e esses são meu marido Paschoal Andrey e meu filho Nicolas Andrey! - Percebi que a senhora de cabelos negros e pele branca me olhava de todos os ângulos, como se eu fosse algum tipo de jóia ou mercadoria que deveria ser avaliada minuciosamente.

- Minha filha, os senhores Andrey vieram nos visitar para apresentar-lhe seu filho Nicolas. Senhora Andrey, fale um pouco de seu filho para nossa Esme, tenho certeza que ela terá um enorme prazer em conhecê-lo melhor, não é querida? - Mamãe disse sorrindo, como era possível que ela queria fazer isso comigo, ela não tinha conhecimento de que casar-me aos 16 anos era a última coisa em que eu pensaria?

- Nosso filho está cursando Engenharia, e temos muitas posses na região de Columbus senhora. Tenho interesse no casamento por sua filha ser de uma beleza incrível. Gostaria de netos com a beleza dela, e ainda, pelos meus conhecimentos em conversa com a senhora e seu marido, sua filha é de uma inteligência esplendida, onde não poderia estar desperdiçando este atributo, que nos tempos de hoje está escasso. O que me diz Esme? Gostaria de ser a senhora Andrey? - Fiquei sem reação na hora, foi então que consegui olhar no rosto de meu pretendente! Meus Deus, como ele era FEIOOOOO!!!! Parecia não sei o que! descrevê-lo era impossível, o que eu deveria fazer?? Tentaria a cena que faço toda vez que surge um pretendente! Quando me levantei de onde estava sentada, minha mãe, automaticamente já se levantou e praticamente gritou comigo.

- Não Esme, nem pense nisso! Por favor! NÃO!!! - Era tarde demais, o teatro iria começar.

- Senhora Andrey, não tenho o menor interesse em me casar com seu filho, nem com nem outro rapaz da cidade de Columbus, ou de qualquer outro local que venha me cortejar! Agradeço a senhora pela gentileza de me elogiar, porém, sim eu sei que possuo muitos atributos além de beleza, e também tenho plena consciência de minha inteligência e ainda não tenho o menor interesse em lhe dar netos. Se assim estamos entendidas, peço-lhe licença, aliás, peço licença à todos que estão nessa sala que irei para meu quarto me recolher. Tenham uma boa tarde! - Antes de ir para meu quarto, o menino Nicolas, se levantou e dirigiu-se até a mim, me pegou pelo braço, virou-me para nossa pequena platéia e disse:

- Estão vendo, é também por isso que não quero me casar! Imaginem essa mulher dentro de casa? Eu estando casado com ela sem amor, o que seria de meus dias? Um inferno sem fim. E outra mamãe, não quero também me casar por vontade de vocês, eu amo a irmã de Esme, a linda Andy, e ela também me ama! - Estávamos todos espantados, ninguém conseguia falar, mas Nicolas continuou. - Ainda assim, vou me casar com ela e não quero mais permitir que aquele bobo do Matheus venha cortejar minha Andy.

Ninguém conseguia falar nada, a sala estava em silêncio total, quando Andy entrou pela sala.

- Esme, irmã, me perdoe, fazer você passar por isso! Eu amo Nicolas! - Ela se virou para mamãe e papai que seguravam um na mão do outro e ainda levaram a outra mão em espanto até a boca. - Mãe, pai, eu quero me casar com Nicolas. Matheus não me ama, ele já me disse isso, que prefere mil vezes a morte do que se casar comigo, então, por favor, abençoem este casamento e me deixem ir com Nicolas embora. Por favor... - Como ela tem coragem de se casar aos 17 anos? Andy era apenas um ano mais velha do que eu... Para minha surpresa, quem se manifestou foi meu pai.

- Bem filha, se Matheus não a faz feliz e este jovem rapaz a faz, vocês tem a minha benção e autorização para realizar este casamento. Acharemos um pretendente para Esme, nem que seja mais tarde! Se ela considera nova para casar, respeitaremos a decisão dela! O que a senhora Andrey me diz desse casamento? - Nem acredito que papai concordaria em me deixar livre, pelo menos por enquanto.

- Concordamos que isso é um segredo que estava guardado pelos dois e que Andy é tão bonita e inteligente como Esme. Assim sendo, abençoamos também este casamento. Nós iremos aos preparativos da festa, pois em breve, partiremos para uma viagem de negócios e demoraremos a retornar. Se nos derem licença, vamos nos retirar, mas antes, tenho que agradecer a pequena Esme, por ter feito essa cena e assim descobrimos a verdade, não gostaria de ver nem meu filho e nem outra criatura infeliz em um casamento. Obrigada pequena Esme! - A senhora Andrey me disse sorrindo, não teria como não agradecê-la pelo favor que me fez.

- Obrigada senhora Andrey! - Sorri largamente para a senhora.

- Se nos dão licença, temos um casamento para organizar! Senhora Platt, podemos ir até minha fazenda, para começarmos os preparativos? - Minha mãe fez que sim. Ela acenou para nós e saiu atrás da senhora Andrey. Eu por minha vez, troquei de roupas, e fui para meu refúgio, a minha árvore na fazenda de meu pai, onde eu, com toda a certeza do mundo, ficaria protegida. Queria pensar no futuro, era nesta árvore, que eu planejada dar aulas, realizar meu sonho que era ser professora.

A árvore não ficava muito longe de minha casa, apenas era tranqüilo onde ela ficava. Ela me trazia paz. Pendurei em um galho e comecei a escalar a árvore, eu gostava de ficar no topo. Estava escalando e minha cabeça estava imaginando uma sala cheia de crianças e eu lecionando para elas. Aquele realmente não era meu dia. O galho no qual eu estava pendurando, quebrou.

Imediatamente eu cai, a queda foi direta para o chão, onde os galhos batiam em mim, arranhando meus braços e rosto. A única coisa que senti foi minha perna partir. Na hora em que senti o chão embaixo de mim, comecei a gritar de dor:

- Ai, me ajude!!! Socorro !!! - Só conseguia gritar por ajuda! - Socorro! Socorro!

Imediatamente meu pai me pegou no colo e colocou na charrete para me levar ao hospital da cidade de Columbus.