O tempo passou. Eu estava lendo um de meus muitos livros em meu quarto. Meu sonho era ser professora. Queria lecionar de qualquer forma. Minha amiga Lucy havia ido para o Oeste para ser uma professora de escola para crianças pequenas. Lucy estava feliz com sua realização de professora. Quando Lucy veio me visitar, ela me contou sobre as aulas onde ela morava:
- Esme é perfeito! Minhas crianças são incríveis. Lindas eu diria. Lá eu sou eu, solteira ou casada, sempre serei eu e na hora que eu desejar, arrumarei um companheiro, e meus pais aceitaram minha decisão. Amiga, vamos embora comigo? Partirei amanhã à tarde! Converse com seus pais. Se você decidir ir, poderá partir comigo amanhã. Bem, está tarde! Vou para casa. Até amanhã Esme querida.
Lucy me abraçou e então eu me despedi dela.
- Tudo bem Lucy, vou falar com meus pais e te darei uma resposta amanhã.
Depois que Lucy foi embora, meus pais estavam sentados na sala, conversando. Minhas irmãs já haviam se casado, e só restava eu, com meus 22 anos em casa morando com meus pais.
- Mamãe, Papai... posso falar um minuto com os senhores?
- Claro querida. Sente-se aqui conosco e tome um chá.
- Não mamãe, obrigada. Na verdade queria conversar com vocês sobre... ahhh... não sei como começar... então... vou ser direta... eu quero ir com Lucy para o oeste... dar aulas lá para crianças que precisam de mim, que precisam de uma pessoas que as ensinem ler e escrever... quero contar histórias e ... - me assustei com o pulo que meu pai deu de onde estava sentado.
- Como se atreve Esme Anne Platt? Você acha que vai ser uma perdida com a Lucy Gordon? Lucy perdeu toda a sua decência e você não irá para o mesmo caminho. Quero todas as minhas filhas casadas. A única que esperei até agora foi você. Você já está com 22 anos Esme. Daqui a pouco nenhum homem desta cidade irá se interessar por você.
- Papai, Lucy não é uma perdida. Como pode julgar as pessoas dessa forma? Vocês que se julgam donos da verdade. Eu não quero me casar com ninguém. Meu sonho é ser professora e o senhor sabe que eu sempre tive esse sonho e como agora vem privá-lo de mim? Me explique? - Eu gritava nessa hora. - E ainda não vou dar aos senhores o luxo de me casar com alguém que vocês querem só para satisfazer o ego de vocês.
De repente senti uma mão em meu rosto. Meus pais nunca haviam sequer levantado as mãos para mim. Junto com a mão de meu pai, eu senti um baque em meu rosto, junto ao som de um estalo. Meu pai havia me batido. Como ele pode?
- Uma moça decente não vai para o oeste, morar no meio da floresta e dar a desculpa que vai lecionar para crianças. Lucy Gordon não é companhia para você Esme. Se quiser dar aula que seja por aqui, mas antes terá de se casar. Vou arrumar um pretendente para você hoje mesmo. Cansei de suas criancices e de suas cenas. Chega!
- O que queria que eu fizesse papai. Ela veio com a idéia, eu quero... meu sonho e o senhor sempre soube disso. Já que quer que eu case, tudo bem, me casarei, mas jamais vou deixar meu sonho de ser uma professora, jamais.
Eu me virei para ir em direção ao meu quarto, mas meu pai me pegou pelo braço.
- Não antes de eu terminar Esme. Hoje mesmo vou procurar um pretendente para você. Em breve, você se casará. Assim como Andy e Marie você também terá um lar feliz, como elas são hoje.
- Tudo bem papai, agora me solte por favor. Sua vontade será feita.
Eu fui para meu quarto, abri a janela e pulei para fora da casa, correndo em direção da minha árvore, o meu refúgio, onde eu sabia que poderia pensar calmamente no que fazer.
Escalei os galhos dela e fui para seu topo, que com o passar dos anos, a árvore se mantinha forte e firme, e apesar de eu ser pequena e magra, a árvore parecia frágil para me agüentar.
Pintei um futuro lindo em minha mente, o futuro que eu sempre teria desejado para minha vida: ser professora. Mas esse futuro foi despedaçado pelos meus pais. Eles que diziam que me amavam, e que eu era tudo para eles. Deveria ter adivinhado que jamais aceitariam a idéia de eu ir para o oeste realizar meu sonho. Logo mais, saberia que meu pai apareceria com um pretendente e para fugir de minha casa, eu não faria objeção ao desejo de meu pai. Casaria com quem ele determinasse.
Desci de minha árvore e fui me refugiar em meu quarto. Peguei um livro qualquer para ler. Ao mesmo tempo em que eu lia, as palavras fugiam do papel, como se elas flutuassem para fora... só então percebi que chorava novamente. Uma dor atingiu meu peito, onde algo me dizia que uma coisa ruim aconteceria comigo.
Adormeci em minha cama com o livro ao meu lado...
* * *
Na manhã seguinte, eu estava péssima, havia dormido mal a noite toda pensando naquele pressentimento que tive na noite anterior, e saberia que este dia que estava iniciando seria, sem dúvida, o dia que meu pai arrumaria um pretendente para mim.
Intuição? Sim era esse o nome da sensação que tive. Levantei de minha cama e fui olhar em meu espelho. Meu rosto estava péssimo. Imediatamente fui me lavar.
Ao sair de meu quarto e ir tomar o café da manhã, eu me sentia péssima. Mamãe estava com um sorriso desconfiante em seu rosto. Assim que me sentei na mesa, ela abriu o seu melhor sorriso para mim.
- Bom dia querida! Espero que esteja se sentindo bem, pois hoje seu pai trará seu pretendente para o casamento e você não fará objeção à ele meu bem. Cansamos de seus truques e você já está bem grandinha, daqui a pouco ninguém mais irá querer casar com você.
A única coisa que fiz foi baixar a cabeça e assentir. Meu destino estava traçado, com um homem que eu não amava e um futuro que eu não queria.
2 comentários:
coitada da Esme
Ela é muito forte! Admiro ela por sua determinação e bondade...
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