Semanas se passaram depois do casamento. A festa ocorreu normalmente, e eu estava feliz em minha casa. A lua de mel aconteceu, e Charles estava sendo o bom esposo que esperava que fosse. Foi então que ele, meu marido entrou bêbado em casa.
Eu não acreditava no que estava vendo em minha frente, aquele homem bom, o homem que me cortejou, e diz que me ama neste estado. Fui em direção dele, e imediatamente ele começou a gritar comigo:
- Esme, a última filha dos Platt a casar! Coitado do pai de Esme! Não tinha mais com quem fazer a filha solteirona se casar e ela foi empurrada para o idiota do Charles Everson aqui!! Eu não gosto de você Esme!!! Casei com você por obrigação!!! Você é até boa de cama, vai me dar filhos e é isso que importa!
Eu não acreditava no que ele havia me falado. Era mentira. Inúmeras vezes Charles disse que me amava e agora isso? O que estava acontecendo? Será que os pressentimentos ruins que tinha em relação a ele eram esses?
- E tem mais querida Esme Everson! Eu estava com Karine, à mulher mais adorável da cidade de Columbus! Aquela mulher... é adorável passar as horas com ela! – Traição, Charles havia me traído? Era isso mesmo?
Eu estava chocada, não conseguia falar uma palavra sequer, apenas lágrimas saiam de meus olhos. Como ele pode. Casar-se comigo por obrigação e agora isso? Traição é algo imperdoável, ele que jurou perante a igreja me amar e respeitar até os últimos dias de nossas vidas! Um aperto tomou conta de meu coração. Lágrimas e lágrimas escorriam por meu rosto.
- Como pode Charles? – Foi à única coisa que consegui dizer.
- Como eu pude fazer isso com a doce Esme? É muito fácil querida. Você quer que explique como eu faço com Karine? – Ele deu um passo em minha direção. – Karine é a mulher que eu realmente amo, mesmo ela sendo suja, eu a amo e não á você. Você é muito certinha minha doce esposa.
- Eu sabia que me casar com você era um erro Charles! – Ele que nesse momento ria, ficou sério com minha declaração e avançou em minha direção.
- Você acha que foi um erro querida. Eu também acho, mas tive que aceitar por minha família me impor isso. Eu queria me casar com Karine. Eu teria sido mais feliz do que sou com você. Mas ser casado com você tem lá suas vantagens, você faz tudo.
- Charles, eu quero me separar de você! – No momento em que pronunciei as palavras, uma mão veio em direção a meu rosto e senti o peso daquela mão se chocar contra meu rosto. Uma outra dor atingiu meu corpo além da dor física. A dor da traição, de planos abandonados, de uma vida cheia de mentiras.
- Você não vai se separar de mim. Vai continuar sendo submissa, por que você não tem para onde ir. Vem aqui meu amor, que estou cheio de amor para dar à você! – Eu não tive como me render, Charles me bateu e abusou de mim, naquela primeira noite de inferno que se tornara meu casamento.
* * *
Os dias se passaram e eu não agüentava mais aquela rotina de pancadaria e abusos, foi quando decidi procurar meus pais enquanto Charles estava no trabalho.
Coloquei um vestido azul de mangas compridas que escondiam o roxo em meus braços e peguei o cavalo, pois sabia montar perfeitamente e fui para casa de meus pais que há tempos não ia.
- Esme querida, quanto tempo! – Mamãe disse ao abrir a porta. Imediatamente a abracei e ela incrédula com a intensidade do abraço, me pegou coma mesma intensidade.
- O que está acontecendo? Cadê Charles? Já sei, veio nos contar que nos dará netos? – Eu fiz que não com a cabeça e ela imediatamente me direcionou ao sofá.
- Mamãe, preciso ter uma conversa séria com a senhora e o papai. Pode ser? – Ela fez que sim com a cabeça.
- Dirceu venha cá por favor? Nossa pequena Esme veio nos visitar! – Assim que ouviu minha mãe chamar, papai veio, beijou minha testa e sentou-se ao lado de minha mãe.
- Oi minha pequena! O que está acontecendo que você está desse jeito? – Eu ainda chorava. – Nos conte tudo!
- Eu queria pedir aos senhores para me acolher novamente. Charles anda bebendo e dizendo que foi um erro se casar comigo! Mas o pior de tudo é que houve traição! A maioria das noites ele fica com Karine, aquela senhorita que trabalha na casa de Madame Salêzi. O pior é que ele me bate quase todas as noites. - Arregacei a manga do vestido e mostrei a meus pais o quanto estava sendo humilhada por Charles Everson.
Meus pais suspiraram, e com lágrimas nos olhos voltaram a dirigir a palavra para mim.
- Adoraríamos te ajudar pequena, mas vendemos a fazenda e não temos dinheiro para nos sustentar. O que podemos pedir é para você continuar sendo uma boa esposa e que logo mais ele cansará dessa mulher. - Eu não acreditava no que ouvia de meus próprios pais.
- Sem problemas. - Eu conseguir dizer com lágrimas em meus olhos. - Eu darei um jeito de me livrar dele e conseguir minha vida de volta. Adeus papai e mamãe. Eu amo vocês.
Sai correndo antes que eles pudessem dizer qualquer coisa. O que não poderia mais era continuar daquele jeito. Montei em meu cavalo e segui caminho para minha casa.
Chegando em frente à minha residência, haviam dois oficiais do exército com um papel à mão, onde imediatamente me dirigiam a palavra.
- Bom dia Senhora! Estamos procurando por Charles Everson! - O oficial mais velho me disse.
- Bom dia, eu sou a senhora Everson! Por que procuram meu marido, o senhor poderia me falar? - Ele fez que sim com a cabeça.
- Bem senhora, sou o major Willow e vim convocar seu marido para a Guerra, estamos precisando de soldados e ele nos será útil nessa guerra. - Eu não acreditava no que acabara de ouvir, eu estava a salvo do inferno que era Charles Everson.
1 comentários:
Muito boa, estou adorando!
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