Olhos Vermelhos: Do Castanho Ao Vermelho

[Bree]

O que diabos estava acontecendo comigo?! Sentia meu corpo queimar, como se estivesse em brasas. Não, era muito pior. Como se eu estivesse no inferno. Talvez um pouco pior.

— Socorro! Apaguem o fogo! — Eu gritava, e podia ouvir risos ao fundo. Que tipo de monstro ri de alguém que está sendo queimada viva?

Parecia estar há uma eternidade à gritar e ninguém vinha me acudir. Por que não me matavam logo? Por que tinham que me fazer passar por isso?

O fogo, que antes se alastrava por todo meu corpo, passou a livrar minhas mãos e meus pés. Era para ser bom, se ele não estivesse concentrando em minha garganta. E depois, meus braços e pernas foram livrados também. E minha garganta ardia cada vez mais. Queimava ainda mais do que antes, quando imaginei que era impossível. Piada.

Sentia que já podia mover cada milímetro do meu corpo. Mas minha garganta ainda estava em chamas.

E então, eu abri os olhos, alarmada. Estava no que parecia ser um beco escuro — um tipo de caverna mal iluminada. Mas, mesmo com a falta de iluminação, podia ver o quão diferente as coisas estavam. As cores pareciam mais vivas, e o cenário, mais nítido. Aquilo era absolutamente estranho.

Ouvia o barulho de carros e de lentas respirações. Corações acelerados, asas batendo e passos suaves.

Podia sentir o cheiro de tudo ao meu redor. Havia cheiro de mofo, gasolina, fumaça, lixo e…

Eu não sabia qual era a última substância — só sabia que ela me dava água na boca e aumentou a queimação em minha garganta.

E isso me lembrou do fogo, que há pouco me consumia. Isso fez com que eu me encolhesse, temendo a volta daquele inferno.

— Bem-vinda. Agora você é uma vampira — Uma voz de sinos disse sarcástica, jogando em cima de mim um espelho, que mais rápido do que imaginei ser possível, eu peguei.

Vampira? Que palhaçada era essa?! Vampiros não existem e nunca vão existir!

Peguei o espelho e me olhei, e a imagem que ele refletiu era incrivelmente assustadora. Eu estava mais pálida, mais bonita e mais mulher. Mas não foi isso que me assustou.

Meus olhos, antes castanhos, estavam vermelhos, e havia um sorriso diabólico em meu rosto.

Autora: Mayara Costa