A notícia de que meu bebê não conseguiria superar aquela doença foi como uma estaca eu meu coração. Depois de tudo que já havia passado naqueles tempos de guerra achei que nada mais me abalaria, mas quando se é mãe todos os parâmetros se alteram e tudo o que importa é seu filho estar a salvo de todos os perigos. Passei a noite abraçada a meu bebê, ele não acordou.
Quando finalmente conseguiram me separar de meu filho para que pudesse ser enterrado, me senti completamente vazia. Eu que já não tinha muito, perdi a única razão de viver que me sobrara. O velório foi curto e o enterro também; só consegui me aproximar quando o pequeninho caixão já descia na terra. Das poucas lembranças que guardo dessa época, essa ainda está perfeita em minha memória.
Depois da cerimônia caminhei pela cidade sem destino certo; sentei num banco velho de madeira que alguém havia deixado perto de um penhasco e fiquei olhando as ondas se quebrarem no rochedo logo abaixo de meus pés. Por um instante, aquela parecia a decisão mais acertada: eu já não tinha nada, me juntaria a meu filho.
A queda foi rápida, senti o vento na minha face e nos meus cabelos e, logo em seguida, a dor. Creio que por um logo tempo eu fiquei ali naquela pedra, só voltei a me sentir viva quando percebi que alguém me carregava; colocaram-me numa superfície gelada; permaneci o mais quieta possível, quem sabe se eu não me movesse me deixariam morrer em paz.
Quando a noite chegou senti essas mãos frias me tocando; fui carregada novamente, mas dessa vez parecia que eu estava voando. Deitaram-me num lugar macio e aquecido. Quando parecia que finalmente eu havia chegado no céu, senti algo furando meu pescoço, seguido de uma dor quase insuportável. Para quem já havia perdido o filho e todas as razões de viver, a dor daquela queimação era quase imperceptível.
Quando finalmente abri os olhos, vi a criatura mais bela que já havia visto. Ele estava sentado ao lado da minha cama, olhos fixos em mim. Seu nome era Carlisle e me explicou o que havia acontecido; deu-me roupas novas e me deixou sozinha. Estava em frente ao espelho quando ele entrou no quarto novamente e parou a meu lado. Olhamo-nos nos olhos, os olhos dele eram claros, os meus escuros, ambos vermelhos.
Autora: Juliana Fernandes
3 comentários:
Lindo :,)
Muito linda a história de Esme, gostei muito !!!!
Legal mais seria melhor se tivesse continuaçao! bjs e estao fazendo um otimo trabalho!
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