Parti sozinho. Para decidir qual direção tomar, me alimentar de animais ou de humanos.
Agora longe, a sede me queimava a garganta. E eu precisava caçar para comer.
- Posso ajudar em alguma coisa, filho. – ela me perguntou assustada.
- Não obrigado, só estou olhando. – respondi, fingindo olhar o mostrador do balcão.
- Esta com fome? – Ela me perguntou baixinho.
Virei para olhá-la, e os meus olhos negros a assustou. - Muita. – Falei sarcasticamente.
Ela deu um passo para trás. Mais ficou a me observar como uma mãe a um filho.
- Venha te darei alguma coisa para matar sua fome. – fez sinal para eu segui-la.
- Não é uma boa idéia, -pensei numa desculpa – não posso pagar a refeição.
- Vamos não vou te cobrar nada, só quero te ajudar. – falou de uma maneira maternal.
- Sua ajuda seria sua morte. – falei num sussurro. – Algo na minha voz a fez tremer.
- Filho! Dia difícil? Não seja tão pessimista. – disse num tom confortante.
- Não sou uma boa pessoa, deveria ficar longe de mim. – avisei me retraindo.
Ela me olhou por alguns segundos, e retornou a falar.
- Sinto que tem algo bom em você, lutando com essa pessoa que você diz ser. – sorriu.
- Talvez fosse melhor não ficar por perto, para ver quem vai ganhar a luta. – retruquei.
- Esta bem! Vou te deixar só, na sua batalha. – me olhou ternamente.
Lembrei de Esme, sempre prestativa. Odiei-me em querer ela como primeira vitima.
Estava perdido nesse pensamento, quando ouvi o que duas pessoas estavam planejando.
- Vamos pela porta de trás, e a surpreendemos. -Disse o mais baixo, de cicatriz.
- E se ela reagir? – perguntou, o outro, cabeleira cheia, bigode e barba por fazer.
– A mataremos. – Disse secamente.
Num piscar, eu estava na porta dos fundos. Bebi o sangue dos dois, e saciei minha sede.
Depois voltei ao estabelecimento, só para me certificar que estava tudo bem.
- Então, aceita uma refeição agora. – ela me perguntou amorosamente.
- Não obrigado! Eu já me alimentei. – disse cabisbaixo.
- Sua mãe deve estar com saudades. – pensou ela — E ele parece tão desamparado.
Lembrei de meus pais, e me odiei quando vi no espelho aqueles olhos vermelhos.
Autora: Jugloxinia
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