Paradise Spring - Capítulo 01: Chicago

[Nessie]

A viagem de ida fora longa e pesarosa. Mas... bem, de certa forma, valera a pena; a cidade era linda, porém, muito maior do que Forks, fato com que eu precisaria me acostumar. Meus olhos observavam curiosos cada construção e cada ser humano que passava por eles.

Não tardou até chegarmos a nossa nova casa, como de costume, era bem afastada da cidade, estava situada mais precisamente em um bosque nos arredores. Não era tão difícil voltar.

A "nova" Casa Grande tinha um ar rústico e extremamente colonial; era enorme, muito maior do que a nossa antiga casa; o exterior era feito de madeira de carvalho, e tinha inúmeras janelas, e é claro, uma porta colossal de madeira como porta de entrada ao hall. Também não pude deixar de reparar que esta possuía quatro andares. Nossa!

Assim que entramos, vi seu interior cuidadosamente mobiliado e meticulosamente decorado.

Ao nos ouvirem entrar, mamãe, tia Alice, e tia Rose desceram as mais novas escadarias Cullen - minhas famosas EC -, e vieram nos dar boas vindas.

- Que tal um tour pela casa, esqudrão vampiresco? - Tia Alice sugeriu, enquanto a maioria de minha família se mostrou animada com isso.

- Seria ótimo, Alice.

Vimos rapidamente todos os cômodos, e eu me instalei em meu quarto logo, era lindo e muito aconchegante. As paredes eram num tom de lilás adorável, e o piso era de um tom de carvalho muito escuro. Combinação adorável.

Logo que entrei, reconheci todos os meus móveis, e alguns eu nunca virá antes; no teto havia um enorme lustre de cristais, nas paredes retratos meus e de minha família, e no chão um, também colossal, tapete peludo. Agora eu já podia ter certeza, quem arrumara aquele quarto havia sido tia Alice.

Lembrei-me então que eu ainda segurava a caixinha de música, e então a coloquei na pequena penteadeira ao meu lado, e como de costume, encaixei o medalhão nela, fazendo a música tocar. No mesmo instante, tia Alice apareceu e começou a murmurar a nossa canção.

Oui j'ai vu

Oui j'ai vé***

C'est aussitôt qu'est arrivé

Dans son passé tristesse

Dans présent incertitudes

À l'avenir joies

Ce a été ainsi. Ce a été ainsi

Ce a été aussitôt que moi ai vu

Son chemin entier

J'ai guidé

Je t'ai suivi

J'ai vu chaque souffle de vie sien

Ce a été ici

Ce a été ici que te j'ai trouvé

Ton je me marche ai suivi

Chaque roche

Chaque feuille

J'ai vu.

Aquilo sempre me deixava mais plena; serena. E para ajudar, Alice cantou a música até a caixinha parar de tocar.

- Obrigada, Alice. - Eu sorri. - Sabe que gosto muito desta canção, lembra-me nossa antiga casa.

Ela beijou a minha testa, e disse:

- Mas você não gosta da nova casa?

- Não - me apressei em dizer -, não é isso. É só que... ah, eu não sei... nasci e cresci naquela casa... Não é fácil dizer adeus a um lugar assim.

- Sei disso, querida, todos nós passamos por isso, e sabemos que está sendo difícil para você, mas não se preocupe, você irá se acostumar com Chicago. Além do mais, daqui há alguns anos nós poderemos voltar à Forks.

- No mínimo em 70 anos.

- Mas nós voltaremos, sabe que sim.

- É... - Eu disse totalmente desanimada. - Mas mesmo que eu me acostume com aqui, no máximo em 10 anos nos mudaremos novamente.

- E é essa a grande desvantagem de não envelhecer, querida. - Ela falou brincalhona. Eu ri. - Viu só, Ness? Consegui te fazer rir.

- Sim, obrigada, Alice. - Eu dei um sorrisinho. - Eu amo muito você.

- Eu sei disso - ela riu -, mas eu também a amo, meia-vampira bobona.

- Vampira adivinha e lunática.

Agora, ela me mostrou a língua a bagunçou meu cabelo; rimos juntas. Um segundo depois, o cheiro da mamãe invadiu o quarto todo, seguido por duas batidas ritmadas, bem diferentes das de Esme.

- Entre, mamãe.

- Ah, olá Renesmee! E então? Gostou da nossa nova casa?

- Acho que vou deixar vocês duas conversarem um pouco sozinhas... - Tia Alice disse, enquanto fechava a porta rapidamente, mal pude ver a silhueta dela desaparecer do quarto.

- Está infeliz, querida? - Mamãe perguntou enquanto afagava o meu cabelo.

- Não, infeliz, não. Mas estou com saudades.

- Da nossa antiga vida, suponho.

- Sim.

- Em breve poderemos voltar.

- Eu breve eu voltarei para a Europa. - Corrigi, destacando bem a palavra "Europa".

- Onde irá este ano?

- Na parte européia da Rússia, em Moscou.

- Você e Enya já tem onde morar? - Ela perguntou preocupada.

- Sim, vamos morar na Mansão Pompattur.

- Com Giselle?

- Exatamente.

- Você poderá levar um de nós novamente?

- Claro! Quer vir? - Pergunte, sabendo que era nesse ponto que ela gostaria de chegar.

- Adoraria, mas não posso. - Ela disfarçou um sorriso. - Eu tenho uma vida aqui.

- Tudo... Tudo bem então. - Falei; era óbvio que ela não aceitou por que nunca conseguiria ficar longe do papai. Nunca.

- Por que você não chama a Rosalie?- Ela perguntou repentinamente.

Eu abri um largo sorriso. A ideia não era ruim.

- Valeu, mãe! - Eu disse a abraçando. - É uma ótima ideia!

Ela assentiu, enquanto eu me dirigia aos aposentos de tia Rose.

Dei batidas leves na porta, assim que cheguei ao mais novo quarto de Rosalie e Emmett.

- Posso entrar?

- É claro, Nessie, entre. – Ela disse sem retirar os olhos do livro que lia, "Romeo and Juliet".

- Romeu e Julieta? - Perguntei. Não, Renesmee. Sansão e Dalila.

- Exato.

- Em que cena você está?

- Ato II, cena VI.

- "Estas alegrias têm fins violentos. Como fogo e pólvora. Que num beijo se consomem."- Citei. Eu já havia decorado aquele livro, devido a enorme quantidade de vezes que eu o lera.

- Isso mesmo. - Ela falou, fechou o livro, e o colocou ao seu lado na cama. - Agora me diga, que é que houve?

- Eu só queria saber se... se você não gostaria de me acompanhar este ano... você sabe, nas viagens do ballet. Ah, bem... O que você acha?

- Eu poderia? - Ela me fitou completamente surpresa.

- Estou te convidando.

- É claro que eu vou com você, mas... Bella... Quero dizer, sua mãe não iria querer ir desta vez?

- Na verdade... - Falei enrolada. - Eu já havia a convidado. Ela disse que não queria deixar o resto da família, que não tinha coragem para isso, e... ela me sugeriu você.

- Oh. - Foi o que saiu de sua boca.

- Então - tentei parecer natural -, posso mandar providenciar o seu passaporte?

- É... claro.

- Obrigada, tia Rose! - Eu disse lhe dando um abraço de urso, especialidade do titio Emmett. - Acho que agora vou deixá-la em paz com seu livro.

- Estou grata por isso, Ness.

Assim que saí dos aposentos de tia Rose, segui para o jardim. Era enorme! Uma estufa a noroeste, uma namoradeira ao sul, ao leste um campo de petúnias, ao nordeste um campo de rosas brancas, e em todos os lados, girassóis. Lindos e enormes girassóis.

Me joguei de costas no meio das flores, e deixei uma brisa fria chicotear meus cabelos contra meu rosto. Fechei os olhos, e, aos poucos, pude perceber o perfume das flores sendo substituído por um mais doce... amadeirado, até... Jacob!

- Sente-se aí, Jake. - Eu pedi, mantendo os olhos fechados. - Eu ainda estou surpresa por você ter vindo conosco...

- Você sabe porque eu vim, Nessie... – Ele disse se acomodando ao meu lado. Aquela fala me deixou confusa.

- Não, eu não sei. - Eu disse abrindo os meus olhos, que transbordavam confusão.

- Você nunca reparou mesmo? - Do que diabos ele estava falando?

- Jacob - Eu segurei o seu rosto. - Do que é que você está falando?

Sua reação foi totalmente inesperada. Ele segurou firmemente ambos os lados de meu rosto, e me beijou. Aquele não foi um beijo comum; era terno, mas eu podia sentir a urgência de sua língua em minha boca. Era o beijo mais apaixonado que eu já recebera, bem... esse era o meu primeiro.

A princípio, não me movi - estava chocada demais para isso -, mas depois, para a minha surpresa, o meu corpo retribuiu o beijo. Era como se eu precisasse daquele beijo, da mesma maneira que meu corpo precisava. Não pude perder mais tempo, segurei seu pescoço fortemente comigo, e trancei minhas pernas em sua cintura, de forma que estávamos totalmente interligados; nossas respirações iam se confundindo, enquanto eu me agarrava fortemente ao seu cabelo. Deitei sobre Jake no campo de flores, e senti suas mãos me puxando pela coxa para mais e mais perto. Meu coração tamborilava totalmente ansioso pelo que estaria por vir; até que meus pulmões, que gritavam por oxigênio, falaram mais alto. Contra a minha vontade, eu rompi o nosso beijo-quase-outra-coisa.

- O que... Foi... Isso...? - Consegui dizer, reestabilizando a minha respiração.

- Não gostou? - Ele me olhou com um sorriso malicioso.

- Eu...

- Você?

- ...Err...

- Ah, fale-me logo, Renesmee Carlie Cullen! Estou ficando nervoso aqui! - Ele falou, completamente impaciente, me encolhi sob a perspectiva de vê-lo zangado.

- Eu... gostei... - Admiti baixo demais para ele ouvir, espero.

Ele apenas sorria, de modo que não me aguentei e gritei:

- Por que você fez isso?! - A raiva sibilou dentro de mim. Dei-lhe um tapa com muita força no rosto, e corri para o meu quarto.

Quarto onde passei o restante da tarde.