Purgatório - Capítulo 03: Inimaginável

Já era tarde da noite quando abri a porta da nossa nova imensa casa, me deparando com minha família, silenciosos de todas as maneiras, olhando com severidade pra mim. - Olá para vocês também.

- Não faz ideia do sufoco que passei para descobrir onde você tinha ido - Alice disse, dando alguns passos na minha direção. - Pensamos que você viria para casa!

- Filho, ficamos alarmados... - disse Carlisle, mas em sua mente, a frase continuava. E pensei que você iria fugir novamente.

- Não se preocupem, não penso mais em ir embora deste jeito.

Rosalie se exaltou. - Ora, pare de tanto drama! - Esme e Carlisle chamaram-na, mas ela não deu atenção. Talvez aquilo estivesse entalado fazia tempo. - Mas é verdade! Ele está muito pior do que quando tivemos a notícia. Sei que também não é uma das melhores coisas que já aconteceu a todos nós, mas passou-se o tempo em que você poderia ficar se lamentando pelos cantos!

Os outros não disseram nada, concordaram com ela mentalmente. Balancei a cabeça com pesar. - Não consigo - falei, antes de subir para o meu quarto.

Carlisle me seguiu, contra a minha vontade. - Desculpe pelas palavras de Rose.

- Ela está completamente certa, mas é impossível pra mim.

Meu pai andou na minha direção devagar. Eu fitava a paisagem lá em baixo pela janela. - Edward, se você ao menos tentasse...

Virei-me para encará-lo. - Cada vez que respiro, sinto uma dor lascinante. Cada vez que penso nela, me vem a vontade de arrancar meu coração, e tudo mais dentro de mim que grita o nome dela.

- Filho...

Eu já não estava mais escutando, quase gritava. - Mas o pior é saber que a razão de o nome dela estar gravado em uma lápide sou eu! A morte não a merecia, Carlisle!

- Fez o que achou ser melhor para Bella. Queria que ela tivesse a vida que você não teve. Isso incluía que ela morresse.

- Mas não... Não tão cedo!

Carlisle me fitou. - Concordo com você nesse ponto, não deveria ter sido tão cedo.

Balançei a cabeça com pesar e culpa. - Essa dor nunca vai passar - grunhi, mais para mim mesmo.

- Não, não vai. Só não pense que sua família também ficaria melhor sem você. Nós não aguentaríamos outra perda - ele saiu sem dizer mais nada. Por toda a noite eu gritei e esmurrei coisas.

“Chega de saudade

A realidade é que sem ela

Não há paz

Não há beleza

É só tristeza

Não sai de mim, não sai”

Quase sendo carregado pelos meus irmãos, eles me fizeram comparecer à mais um dia torturante de escola. Por mais que quisessem que eu mudasse, sabiam que aquilo não aconteceria tão cedo. Consegui ao menos ficar nas aulas após o almoço. Quando voltamos para casa, não me lembrava de nada que por lá tivesse escutado. Talvez tivesse sido porque não prestei atenção.

- Edward, querido, pode me ajudar, por favor? - Esme me chamava do jardim, onde também havia seu ateliê. Assim que cheguei me deparei com uma enorme estante, ainda inacabada. Minha mãe me observava com duas lixas, e jogou uma para mim. - Depois do que aconteceu ontem, achei que precisava fazer móveis novos. Fazia tempo que eu não planejava um. Desde... - ela parou por alguns segundos, depois sorriu para mim melancolicamente.

Para Esme principalmente não era fácil perder pessoas tão próximas. Era seu carma. Mas se até mesmo Esme conseguia apenas pensar coisas boas de Bella, talvez eu... Não, para mim não dava certo.

Vendo que eu voltara a ficar absorto em pensamentos, eu o fazia sempre que queria isolar-me de mim mesmo, Esme chamou minha atenção. – Por que não me ajuda a deixar todas as bordas arredondadas?

Sorri torto e fiz exatamente o que ela pediu. Queria que a todo segundo houvesse algo para prender minha mente, e libertar-me daquela dor que acabava comigo. Porém, com uma ajudinha de nossa velocidade, em menos de uma hora a peça já estava completamente pronta, lixada e envernizada. Eu a coloquei no quarto, depois de ter retirado os destroços da antiga. Em menos de dois dias minha mãe provavemente mobiliaria toda a casa de novo, ajudava na autoestima dela.

O que será que eles iriam gostar?

- Esme, todo o trabalho que fez até agora foi de muito agrado para esta família, por que iria mudar agora?

Não sei. Como gostaria da decoração?

- Mãe, vou gostar de qualquer coisa que você faça - ela sorriu para mim novamente. Deixei ela sozinha arrumando os quadros nas paredes e eu voltei para dentro da casa, na direção da porta da frente.

Nesse percurso passei pelo meu piano. Observei-o com receio, não tinha mais vontade de tocar; mas ele estava presente exaustivamente em todas as mudanças, me chamando, mas sabendo que eu não iria atender. Desde que deixamos Forks eu havia parado de ao menos dedilhar. Minha última composição fora a canção de Bella.

“Então deixa que o tempo vai

Gravar a tua voz em mim

Pra que eu possa te ouvir

Toda a vez que eu precisar”

Chacoalhei a cabeça, tentando organizar as lembranças. Devia estar com os olhos negros, fazia tempos que não caçava; mas também não sentia falta alguma de sangue, a costumeira queimação na garganta há tempos não me incomodava.

Vai caçar? Rosalie surgiu sorrateiramente na sala. Assenti. Posso ir com você? Dei de ombros e sai porta afora, sabia que ela iria me seguir. Não mais me importava com o que pegava, contanto que mudasse a cor dos meus olhos. Me esquecera até da última vez que saboreei um leão da montanha.

- Me desculpe.

Não lhe dei atenção, continuei a correr. Rosalie me alcançou e me fez parar. - Edward, falei com você.

- Estava certa, Rose, não tem o que se desculpar.

- Claro que tenho. Por mais que eu não goste dos seus ataques de consciência, tenho que admitir que não fui muito educada - sua mente estava pura, falava a verdade. Assenti e Rosalie sorriu. Só não se acostume, pensou ela, divertindo-me.

Depois de achar que já estava satisfeito, voltamos para casa. Subia as escadas demasiadamente lento, quando fui atingido por uma das visões de Alice. Tentei não prestar atenção, bloquear a visão, fazia aquilo regularmente desde a minha volta. Porém não pude, aconteceu mais violentamente do que o usual.

Eu estava na clareira, mais precisamente no centro dela, perto da lápide de Bella, observando uma das extremidades. Podia ver uma garota, parada, me encarando. Ela me lembrava desnecessariamente minha amada. - Não acredito - eu falei, antes de um rapaz moreno a levar para longe.

- Alice, o que foi isso?

Minha irmã apareceu no final do corredor. - Foi o próximo aniversário de Bella. Não adianta perguntar, não sei quem aqueles dois eram. Vai se meter com os Quileutes novamente - aquilo não foi uma pergunta. Apenas tome cuidado, pensou ela, antes que me trancasse no quarto.

Encarei o sistema de som, e peguei o cd de Debussy sem pensar. A sinfonia invadiu meus ouvidos e eu me desliguei de tudo. A sensação de inutilidade de tomou novamente, transformando-me em nada. Seria bom ser nada, talvez eu não me culpasse tanto.

Passei a noite toda naquele ritmo, ouvindo cd’s que me lembrassem de Bella, e estaria bem só se me restassem memórias, se a dor não as acompanhasse. Desejei sonhar, pois assim eu faria parte das memórias, sentiria sua pele quente, seu perfune inebriante, poderia tocá-la, ter sua presença, ouvir sua voz. Todos aqueles desejos me circundavam e eu os recebia sem medo de surtar novamente. Daria tudo para ter Bella em meus braços de novo.

- Anda, vamos no Volt hoje - Emmett esmurrou a porta, me tirando dos delírios. Grunhi alto e ele parou de bater. Você pareceu não ter escutado, ele pensou, descendo as escadas.

Todos estávamos prontos; Alice foi dirigindo. Permiti que ela mostrasse o chato e entediante dia que teríamos a enfrentar. De todas as aulas que eu teria naquele primeiro período, nenhuma era interessante o suficiente para me chamar a atenção por mais de meio minuto.

Física, Inglês, Química e Literatura - minhas aulas antes do almoço. Ao costumeiramente me posicionar sentado nas últimas fileiras das janelas perto da porta, caso queisesse sair dali sem ninguém perceber, vasculhei os pensamentos dos professores, para me certificar que nada sairia do cronograma.

Eles vão ficar bastante bravos, por isso não se desespere, pensava a sra. Prentiss, professora substituta de Inglês. O professor Estevan havia sofrido uma queda e fraturado a bacia (atendido pelo dr. Cullen, obviamente). A sra. Prentiss teria de propor um longo trabalho de classe previamente delimitado: um texto que possuísse toda a gramática envolvendo períodos que já aprendemos na escola, sem tema específico.

Para mim? Moleza, já estava feito. E também não me importava com os outros alunos, eles não costumavam ficar me fitando; os “esquisitos” eram comuns por ali. Não que esses esquisitos fossem vampiros, mas existia uma grande variedade de personalidades.

Não realmente me dei ao trabalho de escutar tudo o que os professores pensaram ou disseram nas aulas seguintes.

Olhei para o relógio na parede acima da lousa digital. Faltavam quatro minutos para o almoço. Em duzentos e quarenta segundos eu estaria fora dali, felizmente.

“Quando você se foi

Como posso ao menos tentar seguir em frente?”

Como começara a fazer desde o meu último ataque, me trancava no carro durante o almoço. Porém, como estávamos com o Volt (meus cd’s eram proibidos de entrar nos carros de Alice), tive de me contentar com uma volta pelo Central Park. Não era um dia ensolarado, muito menos quente. Faziam cinco graus, então o parque estava vazio.

Não era para ter me afetado, mas a visão de minha irmã me veio à cabeça novamente. Quem eram queles dois? Eu não os conhecia, ou tinha ideia de quem fossem. Então o que aquela visão tinha a ver comigo? Quais seriam as possibilidades daquilo realmente acontecer? Mínimas.

21 comentários:

Nana disse...

Ah, eu ri com a musica do fresno !

feh disse...

hmmm n vou nem comentar sobre a visão da alice hiahiahia
AMEI....

Brenda disse...

PosteMMM com + frequecia!!!
vlw

Bia Pattinson disse...

Posta mais please !!!!
acho q todos estão amando essa fik-eu tbm claro.
Estou mto curiosa pra saber quem era visãoda Alice.
Parabéns Rainbow,
essa fik está ótima.

Jjjj disse...

AAAH To amando essa fic ! Por favoooooor postem com mais frequencia !

Apesar de achar que Edward sem Bella é sem graça... eu já to amando essa fic. Aposto que vai ter uma revira-volta daquelas... Parabéns Rainbow.

Bells disse...

Nossa fico muito anciosa pelo proximo capitulo

Alice Volturi disse...

Capítulo 4 será postado quarta! ;)

ANyta disse...

NoooSSa vão POTar só quarta!!!
UAU!!!!
Eu acho q eu vou desistir de lêr...
:(

Delcilenefogaca disse...

Tô curiosa!!! Quem é essa garota?????Deus que curiosidade!!!!!!!!

Alicegrazi disse...

muito bom

Taty disse...

oh eu nem vou chutar o que era a visao da alice rsrsrs...parece que essa fik vai surprender a cada capitulo....por favor postem com mais frequencia...bjos

inae-oliveira@ disse...

Continue assim mas por favor a bella tem que ta VIVA por favor

brenda disse...

MaravilhOsO....
mais eu queria q a Bella tivesse
viva mais msm assim é Otímo
Parabéns Rainbow

lily freitas disse...

Esta fic simplesmente está ótima ,linda mesmo ,estou morrendo de curiosidade prá saber quem será essa pessoa que ele viu na visão de Alice.

leda disse...

ola! essa fik e perfeita ! maravilhosa, porem... nao consigo ve edward sem bela espero que a historia de uma vira-volta ....mas enfim PARABENS!!!

Thai ☠ disse...

AIN MEU DEUS KKKKKK , EURI DOIS A MÚSICA DO FRESNO ahioaHIOahioHAIOahIAOHaioh

Thai ☠ disse...

PORQUE DEMORA MUITO PRA POSTAR OS CAPITULOS,????? EU FICO TODO O DIA LOUCA POR UM CAPITULO ;/

POR FAVOOR ? disse...

amoor eu to adorando essa finc , mas a bella tem que ta viva tipo ela podia ter se transformado em vanpira sem o edward saber isso seria uma reviravolta e tanto ém ! por favooooor coloca a bella na historia ninguém consegue imagina o edward sem a bella , por favor coloca a bella .
TO AMANDO ESSA FINC , E TO CURIOSA PRA SABER O RESTO POSTA MAIS ANTES DE QUARTA PLEASE !!!

Taty disse...

gente deixa do jeito que ta...ele viveu 108anos sem ela...vai ser legal ter uma versao diferente da historia ne..

Bia disse...

somoOSss duasSS
OH MY GOOD!!!! poste logo
PLEASE!!!!!

laa disse...

pleno 2014 e eu lendo fanfik de forks kkk

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