Coração Inquieto - Capítulo 76

As aulas estavam começando e eu estava me arrependendo de ter concordado em ir para a faculdade. Eu odiava acordar cedo. Além disso, eu iria sentir saudades de Jacob, ficando longe dele o dia todo.

“Toc-toc,” minha mãe cantou enquanto abria minha porta.

“Vá embora”, eu gemi.

“Hora de levantar. Seu pai fez ovos e torradas para você.”

“Sem fome”, murmurei no travesseiro.

“Levante-se ou você vai se atrasar.”

“Mais cinco minutinhos.” Eu implorei.

“Dois minutos ou eu vou arrastar você para fora da cama e fazer seu pai te levar para a aula e te colocar lá dentro.”

“Ok, ok,” eu gemi e me sentei. De jeito nenhum que eu ia iria deixar meu pai me levar para a minha primeira aula na faculdade. Provavelmente ele ia parecer que era meu irmão, mas ainda assim. Eu sabia quem ele era.

“Imaginei que isso fosse fazer você se mexer.”

“Você me conhece muito bem.” Revirei meus olhos e me arrastei para fora da cama.

Segui minha mãe escada abaixo e desmoronei em minha cadeira na mesa de café. Meu pai colocou um prato de comida na minha frente e beijou o topo da minha cabeça.

“Obrigada”, eu bocejei, esfregando os olhos.

“Disponha.” Ele riu e pegou a mão da minha mãe enquanto caminhavam para fora da cozinha, deixando-me sozinha para comer.

“Ei, Jake.” Eu ouvi minha mãe dizer da sala de estar.

Enfiei os ovos em minha boca e joguei o prato na pia antes de me dirigir para a sala, correndo direto para os braços de Jacob que estavam me esperando.

“Que recepção”. Ele riu em meu cabelo.

“Eu não achei que fosse te ver até que minha aula acabasse.” Murmurei em sua camisa.

“É claro que eu ia vir te ver antes de seu primeiro dia de faculdade. É um grande passo.”

“Sabe, você poderia ter se inscrito comigo. Você passaria por um estudante universitário.”

Jacob enrugou o nariz e sacudiu a cabeça. “Você é a inteligente, a faculdade é definitivamente para você fazer. Eu sou o protetor da família.”

“Que família?” Meu pai rosnou entre os dentes.

Jacob deu de ombros e beijou-me suavemente. Fiquei feliz que seus braços estavam em torno de mim, porque logo que seus lábios me tocaram, eu perdi a sensação em minhas pernas.

“Você sabe que eu provavelmente não posso ter filhos de qualquer forma.” Suspirei e fui até meu pai para lhe dar um beijo no rosto.

“Nós não sabemos isso.” Ele me olhou desconfiado e eu não pude evitar de corar. É claro que Jacob e eu sempre nos cuidamos, não importa o quê. Nós não estávamos certos se eu podia ter filhos ou não. Nós não queríamos arriscar.

“Fui.” Eu bufei e peguei a minha bolsa. Estendi a minha mão ao meu pai e ele balançou as chaves sobre a minha cabeça, fora do meu alcance.

“Tenha cuidado”.

“Eu sei”.

“Venha direto para casa depois da aula.”

“Eu virei”.

“Limite de velocidade.”

“Claro.”

“Cinto de segurança.”

“Papai!” Eu gritei e saltei para as chaves. Ele foi mais rápido do que eu.

“Cinto de segurança, prometo.” Eu lhe garanti.

“Eu te amo”. Ele sorriu e deixou cair as chaves em minha mão.

“Também te amo, papai”. Ele se abaixou para que eu pudesse beijar sua bochecha. “Tchau mãe, te amo!” Eu disse por cima do meu ombro e peguei na mão de Jacob, para que ele pudesse me acompanhar até o carro do meu pai.

“Uau, Edward lhe deu as chaves de seu carro. Um grande passo.” Jacob riu.

“Eu sei! Eu gostaria que eles pudessem ver que sou uma motorista responsável. Derek foi quem teve o acidente. Quero o meu próprio carro. Odeio ter que dirigir os carros de meus pais o tempo todo.”

“Ah, porque dirigir um Volvo ou um Volante não é bom o suficiente”. Jacob revirou os olhos.

“Não!” Eu reclamei. “Eles são os carros dos meus pais! Isso é tão ensino médio. Eu quero o meu próprio.”

“Você já passou tanto do ponto e até mesmo tentar salvar.” Jacob suspirou quando ele abriu a porta do motorista para mim.

“O que é que isso quer dizer?” Eu perguntei, estreitando os olhos para ele.

“Você é muito mimada até mesmo para tentar falar com você sobre isso.”

Eu mostrei minha língua para ele e fiquei na ponta dos pés para beijá-lo.

“Eu estarei aqui quando você chegar em casa.”

“Encontre-me no hospital. Tenho que ser medida hoje.” Eu disse à ele.

“Ok”, ele beijou a ponta do meu nariz. “Eu estarei lá.”

Eu fui embora, buzinando, enquanto ele acenava da estrada.

“Ei!” Corri até Alyssa no estacionamento. Ela estava caminhando com algunas velhas amigas da escola.

“Renesmee! Deixe-me ver! Alyssa acabou de nos contar!” Sarah e Melissa gritaram, ao mesmo tempo. Ambas pegaram minha mão esquerda, onde orgulhosamente estava meu anel.

“Eu não posso acreditar que você está se casando!” Melissa se emocionou.

“Eu sei”, Sarah concordou. “Meus pais disseram que eu não posso me casar até que tenha trinta anos.”

Não pude fazer nada além de rir. Eu nunca aparentaria trinta. Eu não queria aparentar trinta. “As pessoas casam-se jovens em minha família.” Dei de ombros. Era verdade. Mais ou menos. Embora meu pai tivesse mais de noventa quando se casou.

“Bem, você é muito sortuda. Você já escolheu seu vestido?” Sarah perguntou enquanto caminhávamos para o prédio da faculdade.

Eu fiz que sim com a cabeça e Alyssa e eu trocamos sorrisos enormes.

“Onde você conseguiu?” Melissa perguntou.

“Paris”. Suspirei feliz.

“Você foi pra Paris por um vestido de noiva?” Sarah engasgou.

“Foi um presente da minha irmã e cunhado.”

“Isso é… isso é incrível!”

“Sim, todas as meninas da família passaram uma semana lá. Foi muito divertido.” Alyssa se gabou.

“Vocês são tão sortudas.” Melissa abanou a cabeça. “Eu gostaria que minha família pudesse fazer algo assim para mim.”

Dei de ombros e caminhei na frente delas. Alyssa seguiu meu movimento. Eu não podia sentir qualquer coisa além de orgulho disso. Eu tinha uma família mais especial do que os meus amigos humanos jamais poderiam imaginar. Eu sei como sou sortuda e não tenho medo de me gabar sobre isso.

“É claro que vocês vão para o casamento, né?” Eu perguntei à elas quando elas se apressaram para alcançar Alyssa e eu.

“Nós vamos ter que usar vestidos caros?” Melissa bufou.

“Use o que você quiser.” Eu ri, esperando que ela saberia, ao menos, escolher algo bacana.

“Obrigado, Ness! Te vemos mais tarde!” Sarah e Melissa acenaram enquanto caminhavam para suas aulas. Alyssa e eu estávamos estudando psicologia, então nós tínhamos as mesmas aulas.

“Com licença”. Um cara loiro com olhos azuis cutucou meu braço. Parei a minha conversa com Alyssa e nos viramos para olhar para ele. Ele sorriu e eu percebi seus olhos me checando antes de ele corar e olhar novamente para meus olhos.

“Você tem uma caneta que poderia me emprestar? Prometo que vou devolvê-la.” Ele sorriu para mim.

“Primeiro dia de aula e você não tem uma caneta?”

“Devo ter deixado cair. Olha, eu te levo para tomar um café se isso faz você se sentir melhor.” Ele ofereceu.

Não pude deixar de sorrir de volta. Ele era um cara bonito, para um humano, mas eles não eram meu tipo. Eu era uma garota mais do tipo lobo.

“Você pode pegar emprestado uma caneta, mas eu não bebo café.” Eu fiz questão de entregar-lhe uma caneta com minha mão esquerda. É claro que ele não estava olhando para ela, entretanto.

“Almoço, então?”

“Não, obrigada”.

“Jantar? Café da manhã? Um drink?”

“Não tenho 21 anos”. Afirmei.

“Oh”, ele se inclinou para longe de mim e eu suspirei. Ele aparentava um pouco mais de dezoito ou dezenove. Ele deve estar nos seus vinte anos.

“Quantos anos você tem?”

“Dezessete”. Eu respondi. “E noiva.”

“Bem, então… desculpe.” Ele resmungou e balançou no ar a caneta que eu tinha lhe dado. “Obrigado.”

“Sem problemas.” Eu me virei para olhar Alyssa e nós rimos baixinho.

As aulas eram muito parecidas com as do ensino médio, exceto que eram mais longas e os professores falavam mais rápido. Eu poderia acompanhar facilmente, mas ao final de cada aula eu tinha que emprestar minhas anotações para Alyssa para que ela pudesse copiá-las.

Depois da escola eu dirigi direto para o hospital e fui ao escritório de meu pai. Bati uma vez antes de entrar.

Meu pai estava bem no meio de afastar a mão de Stephenie para longe de seu cabelo. Revirei os olhos, irritada com ela. Após todos estes anos e ela ainda não desistiu de flertar com ele. Que triste.

“Ness, oi querida. Steph, você poderia levar as fichas e liberações dos pacientes?”

“Você se esqueceu de uma, bobinho.” Ela se inclinou sobre a mesa, tentando dar ao meu pai alguma coisa para olhar. Ele encarou seus olhos.

“Que ficha?” Ele perguntou através dos dentes cerrados.

Jacob entrou pela porta e, em seguida, permaneceu em silêncio atrás de mim.

“Esta?” Perguntei agarrando a ficha que ela estava escondendo debaixo das costas de sua camisa. Eu notei quando ela se inclinou.

“Sim, garota.” Ela sibilou e o tomou de minhas mãos.

“Talvez você não devesse colocá-la debaixo da sua camisa na próxima vez. Daí você não vai esquecer de pedir que ele o assine.” Eu lhe informei.

Ela estreitou seus olhos em mim e meu pai limpou a garganta, impaciente com ela.

“Ei, você não me ligou.” Minha mãe meio que rosnou quando ela percebeu a hora.

“Desculpe, Stephenie aqui precisava de alguns papéis assinados por Edward.” Eu informei minha mãe.

“Há outros médicos que trabalham aqui.” Ela cuspiu.

Jacob sorriu e minha mãe socou ele. Ele grunhiu e esfregou o braço em que ela bateu.

“Eu precisava que Dr. Cullen os assinasse.” Stephenie engoliu alto, evidentemente intimidada por minha mãe.

Eu ri.

“Oh, bem, entregue eles aqui. Dra. Cullen ao seu serviço.” Minha mãe cuspiu e arrancou a pasta de sua mão.

Jacob usou meus ombros como um apoio enquanto ele ria.

“Eu quis dizer Edward,” ela resmungou.

“Marido, esposa… perto o suficiente.” Minha mãe piscou e empurrou a pasta de volta para as mãos de Stephenie.

Eu andei ao redor da mesa e me sentei no colo do meu pai enquanto eu olhava seu computador. Eu estava entediada com a conversa.

“Tenha um bom dia.” Meu pai acenou.

“Eu já posso matá-la?” Minha mãe sibilou quando ela estava fora da sala.

“De jeito nenhum, Bells, aquilo foi divertido.” Jacob discordou.

“Não, amor, você não pode.”

“Um pouquinho?”

“Senhora Cullen, você está com ciúmes?” Meu pai ergueu a sobrancelha para ela.

“Não!” Minha mãe rebateu. “Somente é chato quando ela basicamente se atira em você o tempo todo.”

“Como se os médicos do sexo masculino não se atirassem em você.” Meu pai retrucou.

Minha mãe abriu a boca para argumentar, mas a fechou novamente e se sentou em sua mesa. “Você ganhou.”

“Eu te amo”. Ele riu e se inclinou para beijá-la.

“Vamos começar”. Meu avô disse enquanto ele entrava no escritório.

Eu sentei e fiquei parada no colo do meu pai enquanto meu avô mediu meus braços, pernas, cabeça, cintura e tórax.

“Está diminuindo cada vez mais, mas você está longe poucos centímetros de sua última medição.” Vovô nos informou.

“Isso é quase nada.” Jacob sussurrou, inclinando-se sobre o colo da minha mãe para obter uma melhor olhada.

“Mas ela ainda está em desenvolvimento.” Meu avô apontou.

“Quando você acha que ela vai parar?” Meu pai perguntou, massageando minhas costas.

“Difícil dizer. Ela está parando bastante seu crescimento, eu gostaria de tê-la de volta aqui logo depois da lua de mel.”

“Agosto?” Minha mãe perguntou.

“Agosto?” Jacob e eu repetimos, ao mesmo tempo. Eu me casaria em junho.

“Apenas te dando um de tempo para você se estabelecer.” Minha mãe me informou.

Eu assenti. Isso fazia sentido.

Meu pai passou os braços em volta da minha cintura e me deu um abraço apertado. Eu me encostei em seu peito enquanto escutava eles falando sobre o quanto meu crescimento tinha diminuído.

3 comentários:

kah kah disse...

um mês de lua de mel... uhu

miriam vilela disse...

eu pensei q Edward iria surtar cada vez q ouvice palavra "lua de mel"(a da Ness é claro rsrs)...........Mas ñ! ele realmente tem um auto- controle incrivel kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!!!!!!

Millypoppy disse...

estou amando;não vejo a hora de ler sobre a lua de mel.
será que eles nao vão mais falar de leah a jayden(filho de sem e emely)?

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