As Quatro Estações - Capítulo 04: Tentação

[Jacob]

Faziam exatamente nove minutos que eu estava sem Nessie. Esperando. Esperando aquela porcaria de Porsche estacionar na garagem.

Respirei fundo. Saí da enorme casa, indo em direção à rodovia, para procurar o Porsche. Batendo os pés, ansioso.

Fiquei ali mais três minutos. O Porsche nada chamativo de Alice apareceu na ponta da rodovia, vindo em alta velocidade em minha direção. Sorri.

Lá estava ela.

Nessie.

Ela saiu do carro com desenvoltura, meu anjo milagroso de quinze anos. Seus cabelos cor de bronze balançavam, suaves, em suas costas. Refletindo a luz do sol. Seus olhos cor de chocolate pararam em mim e seus lábios rosados e convidativos se curvaram num sorriso arrasador, de tirar o fôlego. Suspirei e ela correu para mim.

- Eu disse que iria voltar logo, não disse, Jacob? – ela murmurou.

- Doze minutos de longa tortura – eu disse teatralmente.

Alice vinha em nossa direção lenta e tranquilamente. Cantarolava uma música qualquer, alegre.

- Nessie! – entoou. – Vamos às compras. Logo, porque ainda temos uma final de campeonato de xadrez para disputar hoje.

Ela olhou, em dúvida, para a tia.

- Mas, tia Alice... Se formos às compras hoje, vamos ficar os próximos dias sem ir. Não acha que devíamos esperar para ir, sei lá... amanhã?

Alice deu um sorriso brilhante.

- Nada disso. Nós vamos hoje, amanhã e depois de amanhã... e aí domingo vamos caçar na Ásia, como eu prometi. E estaremos de volta antes de seus pais.

Nessie sorriu. Animada. Talvez mais do que animada.

- Então, o que estamos esperando? – disse ela, alegre, o que devia ser uma pergunta retórica.

- Sua tia Rosalie – disse Alice, fechando a cara. – Ela insiste em ir junto.

Era clara a preferência de Nessie por Alice. Ela, assim como todos nós, achava Rosalie um tanto... Arrogante. Mas gostava, ainda sim, da tia loura.

Doce e inocente. Eu poderia usar estas palavras para descrever Nessie – sua personalidade.

Ou talvez eu não pudesse – talvez Nessie fosse tão tentadora, tão provocante, que eu não pudesse chamá-la de inocente. Droga. Por que diabos o mundo tinha que ser tão injusto comigo? Perdi Bella quando a amava, e agora Nessie escapava por entre meus dedos. Por quê?

Se Nessie me amasse do mesmo modo que eu a amava, ela já teria dado o primeiro passo. Conhecendo-a, atrevida, petulante, não teria medo de expressar seus sentimentos. Mas... Ah, cara, esquece. Jacob Black, você é um lobisomem amaldiçoado – para sempre, pensei.

Suspirei, e Nessie e Alice olharam para mim.

- Algum problema, Jacob? – perguntou Alice enquanto Nessie me olhava, desconfiada, como se conseguisse ler meus sentimentos por trás da fachada despreocupada. Maldito Jasper.

- Nenhum – murmurei.

Alice Cullen sempre foi a vampira mais simpática que conheci – depois de Carlisle. Ela sempre me tratou com mais sensatez, e com mais respeito. Igualdade. E era impossível não gostar de Alice, ela estava sempre sorrindo, alegre, e em geralme fazia rir – com suas manias e seu jeito inescrupuloso que usava quando queria algo. Sempre simpatizei com Alice.

Ela ainda me olhava, preocupada. Sorri, e ela relaxou um pouco.

Rosalie se juntou a nós, imperiosa e linda como sempre. Era difícil admitir, mas a loura idiota era mesmo linda. Só havia uma pessoa em meu mundo que era mais bela do que ela – Nessie.

Seu nariz torceu de nojo quando ela me olhou. Algumas diferenças nunca seriam resolvidas.

- Estou pronta – disse ela, em sua voz baixa de sinos.

Alice bufou.

- Você demora – ela acusou. Rosalie revirou os olhos, e Alice olhou para mim. Alegre. – Vamos com a gente! – Rosalie escancarou a boca maravilhosa em protesto, mas Alice chegou mais perto de mim e falou baixinho, para que só eu ouvisse. – Eu sei que doi em você ficar longe de Nessie.

E como doía.

Ela não fazia ideia do quando doía.

Assenti para ela e nós quatro entramos no Porsche, em direção a Portland.

Não foi uma longa viagem. Logo estávamos olhando vitrines de lojas, e eu reparando muito bem em tudo que Nessie gostava – eu aprendia muito sobre ela nessas aventuras de Alice. Ela preferia tons escuros – como o preto, o violeta e o azul-marinho. Gostava muito de jeans também – e nisso ela me lembrava Bella.

Alice revirava os olhos quando Nessie parava nas vitrines de lojas menos caras para olhar roupas que tivessem sua cara – exóticas, ousadas. Alice só comprava marcas caras, como Chanel, Versace, e outras assim. Eu não era o melhor observador para dizer que lojas eram essas.

- O problema – dizia Nessie, irritada, para a tia – É que essas lojas caras não tem roupas que eu gosto, tia Alice!

Sorri. Realmente Nessie me lembrava muito Bella.

As três terminaram as compras antes que escurecesse. Contra a vontade de Nessie, Alice comprara dezenas de peças da loja Marchesa para ela e, contra a vontade de Alice, Nessie comprara dezenas de peças Gap e... Lucky, eu acho – que ainda simeram caras, mas não como Marchesa – para si mesma. Resultado: Nessie tinha centenas de roupas novas.

Quando chegamos em casa, Emmett, Jasper, Carlisle e Esme, que tinham ido caçar, chegaram também. Após Alice mostrar as roupas novas, toda alegre, todos se sentaram em volta da mesa de jantar, para assistir o jogo de xadrez de Nessie e Alice.

Eu tinha de admitir, Nessie era quase tão apegada à Alice quanto era apegada à Bella.

- Prepare-se, vice-campeã – disse Alice para Nessie, com um sorriso maldoso.

Nessie nem piscou. Já tinha uma de suas respostas ferinas na ponta da língua.

- Se eu fosse você, tia Alice, não confiaria em suas próprias visões. Você está ficando velha, e acho que essas visõesfalham quando a velhice se aproxima.

Alice estreitou os olhos e fechou a cara.

- Vamos começar logo esse jogo! – rugiu Emmett, rindo da resposta de Nessie.

Nessie não tirava os olhos do tabuleiro e sua expressão indicava que ela estava muito concentrada. Aparentemente, estava tentando tomar decisões repentinas, de modo que Alice não conseguisse ver suas jogadas. Em algumas vezes funcionou, e Alice estava perdendo a calma. Era impressionante como os vampiros perdiam a calma rapidamente.

- Xeque – murmurou Nessie. Alice xingou baixinho, e estava dando tudo de si para tentar ver o que Nessie faria. Seu olhar ficou vago por alguns segundos e após isto ela sorriu. Nessie xingou também, só que mais alto.

Alice e Nessie movimentaram mais algumas peças até que Alice sorriu abertamente, alegre, batendo palmas.

- Xeque-mate, minha querida sobrinha. Perdeu!

Nessie xingou novamente, e balançou a cabeça. Alice comemorava, contente, e Nessie olhou para mim. Eu sorri, ainda achando tudo aquilo uma esquisitice. Olhei no relógio, por hábito.

Cara. Já eram onze horas da noite, e ninguém tinha percebido o tempo passar.

- Muito bem, hora da Nessie dormir – disse Esme, empurrando Nessie delicadamente escada acima.

- Não, não, vovó Esme – disse ela. – Não estou com sono.

Esme sorriu e desistiu: ela sabia que não tinha sentido discutir com Nessie. O anjo olhou para mim novamente, me convidando para sair da casa, provavelmente ir dar uma volta pela floresta.

Nós dois saímos, e ela sentou no gramado.

- Não conversei muito com você hoje, não é, Jacob? – disse ela sorrindo. Eu me senti tonto, como todas as vezes que ela sorria.

- De fato – concordei. Meus olhos encontraram a imensidão chocolate que era seu olhar. Ela sorriu de novo, e eu desviei o olhar antes que enlouquecesse. Ela colocou delicadamente a mão em meu queixo e levantou-o, me obrigando a olhá-la.

- Você está estranho comigo ultimamente – acusou.

Como explicar?

Como dizer que eu precisava beijar seus lábios, sentir o seu calor, ouvir os seus sussurros... A cada instante da minha vida?

Ela sempre soube que seria minha alma gêmea. Que era minha alma gêmea. E, segundo as regras idiotas de imprinting, ela era minha. Mas ela sempre foi uma exceção de regras. E então, o medo me invadia: e se ela quisesse outro?

Se ela estivesse feliz, ótimo. Mas eu precisava dela. Meu corpo precisava, minhas células precisavam, minha mente precisava. Como explicar?

Ao invés de explicar, fiquei calado.

Ela me olhou, a reprovação estampada em seu rosto magnificente.

- Eu vou dormir – anunciou ela. – Mas eu sei que tem algo acontecendo com você. E eu vou descobrir o que é.

E entrou pela porta, sem nem olhar para trás.

Eu sabia que não a tinha magoado. Mas ela não iria descansar, enquanto não descobrisse o que eu estava sentindo. Droga de mundo.

Eu, então, ao vê-la segura em sua cama, me transformei em lobisomem e corri pela floresta. Até La Push. Sete vozes me acompanhavam, já ouvindo meus pensamentos há alguns quilômetros.

Ela sabe, pensou Quil. Diante do meu silêncio, ele hesitou. Sabe, não sabe?

Ela te ama também, tentou me tranqüilizar Sam. Mas não me convenci.

Grande piada, Sam. E revirei os olhos.

Leah veio ao meu lado direito. Era força de hábito. Dê um tempo para a garota. Ela é adolescente, e precisa pensar muito antes de se jogar num relacionamento, para não sofrer depois. Ela olhou para Sam, com raiva.

Eu não sei o que fazer, eu disse simplesmente. Acho que vou para casa, ok?

Não esperei resposta. Corri para casa e simplesmente me forcei a dormir, pois a dor que eu sentia era enorme.

Os dois dias seguintes se passaram com uma tensão enorme dentro de mim. Fiquei com Nessie, claro. Ela dizia que me queria perto dela. Então fiquei.

Mas parecia com cenas que eu já tinha vivido antes. Dèja vu. Bella dizendo sempre que me queria por perto, mas não do mesmo jeito que eu a queria.

Droga de mundo! Ah, cara, por que tudo acontecia comigo?

A cada sorriso de Nessie, eu pirava mais. Era só uma questão de tempo para que eu me matasse.

Estávamos eu, Nessie, Alice e Emmett sentados na sala. Nessie estava ao lado de Emmett, rindo alto, um som melodioso. A conversa se encerrou e Nessie sentou-se ao meu lado.

Como instinto, eu a aninhei em meus braços. Ela sorriu discretamente, e Alice também. Emmett olhava, como se achasse graça.

Ela chegou mais perto. Seu aroma cítrico me deixava tonto. Quase pude sentir seus lábios em meu ouvido.

- Não vai mesmo me contar o que está acontecendo? – sussurrou.

E quando eu encarei aqueles olhos castanhos maravilhosos, ela deu um sorriso esplêndido, lindo, irresistível. E o seu rosto magnífico de anjo me convidava para mais perto. Para beijá-la.

Era a gota d’água!

- Acho que eu é que vou me internar num sanatório – murmurei raivoso, antes de sair correndo porta afora.

Eu queria mais do que tudo estar perto de Nessie, mas para o bem dela, era melhor eu ficar longe. Ela provavelmente não iria querer a companhia de um louco... Corri pela floresta, pela imensidão verde até longe. Longe o suficiente para que eu pudesse pensar.

Mas alguns segundos depois, Emmett apareceu, com Nessie – que não corria tão rápido – empoleirada em suas costas. Ela desceu e ele desapareceu pela mata, sem dizer uma palavra.

- Acho que precisamos conversar – murmurou ela. – Minha casa não é tão longe daqui. Vamos?

Eu assenti, levando-a em meus braços. Ela abriu a porta do chalé, e nós dois sentamos no sofá antigo da bonita e bem-decorada sala de estar.

- O que te aflige, Jacob? – perguntou ela. – Eu preciso saber. Você está me deixando aflita!

Eu parei. Eu não podia e não queria inserir qualquer sentimento ruim dentro daquela criatura celestial.

Suspirei, procurando palavras para começar. Mas cheguei a conclusão de que rodeios idiotas iriam confundi-la. Era melhor ser direto.

- Nessie – comecei, diante de seu olhar preocupado e intenso. – Eu... preciso de você a cada instante. Porque eu não sou mais capaz de viver sem seus lábios, sem seu corpo, sem você. Não posso mais fingir que sou só um amigo, Nessie, porque você sabe que eu não quero ser só isso. Eu te amo e te quero mais do que minha própria vida. Entende isso? Eu...

Ela me interrompeu.

- Sabe, Jacob? – começou ela, aproximando o rosto do meu. Eu podia sentir seu hálito doce e quente soprando em meu rosto. – Para alguém que está tão apaixonado, você está demorando muito para me beijar.

Eu não acreditei no que ouvi. Pisquei, repetidas vezes.

E, por instinto, eu aproximei mais ainda meu rosto. Nossos lábios estavam a milímetros de se tocarem.

E então eu pressionei meus lábios contra os dela, com delicadeza. Aparentemente, ela não queria delicadeza, pois entrelaçou as mãos em meu cabelo, me obrigando a deitar no sofá e ficando mais ou menos em cima de mim. Eu não tenho como explicar a proximidade.

Minha língua invadiu sua boca entreaberta. O beijo se intensificou, e minhas mãos deslizavam ávidas por sua cintura. Ela se afastou alguns centímetros, para respirar, e sussurrou meu nome. Eu suspirei e desci meus lábios para seu pescoço. Sua respiração estava tão rápida e irregular que era difícil de achar um ritmo para ela.

Mas não me preocupei muito com isso. A única coisa que se passava pela minha cabeça era a sensação de beijar os melhores lábios do mundo. Renesmee Carlie Cullen, seu nome ribombava em minha cabeça.

Ela beijou o lóbulo de minha orelha lentamente e sussurrou em meu ouvido, baixo demais, com a voz rouca.

- Eu amo você – e, entre as palavras, beijou meus lábios com satisfação. – Da mesma maneira que você me ama. Eu te amo, Jacob Black. Demais.

Aquilo foi o suficiente para que eu afundasse meus lábios nos dela com mais intensidade ainda.

Eu poderia dizer que ficamos ali horas, enroscados no sofá, se beijando até perder o fôlego. E por mim, podíamos ficar até a eternidade, que não me faria diferença o que acontecesse lá fora.

Mas precisávamos voltar.

Ela olhou para mim com o sorriso mais lindo de todos, quando estávamos saindo do chalé. Eu não resisti e a beijei novamente.

- Não vamos precisar das formalidades de namoro, certo? – ela perguntou rindo, sem fôlego.

- Não. Você me tem – eu disse.

- E você me tem também.

Eu ri.

- Então podemos dizer que estamos namorando – e ri mais ainda. Ela riu também.

- Podemos. E podemos voltar também, o que acha? Vovó Esme vai se preocupar.

Assenti e comecei a correr, levando-a nas costas. Quando chegamos, seis pares de olhos dourados nos olharam, curiosos, especulando.

Eu simplesmente ignorei os olhares. Estava feliz demais para dizer algo.

Eu disse feliz? Cara, como era um alívio dizer isto. E o que mais poderia dizer? Nessie era minha – agora, mais do que nunca.

E só isso importava.

11 comentários:

Laura Castro' disse...

Pela primeira vez, eu gostei do Jacob narrando ^^

nanda♥ disse...

aaaaai
adooreeeeeeei!!!

Brenda disse...

tà muito bom continuem!!!!

Bia Pattinson disse...

Adorei !!!!

Camila disse...

ai ai que lindooooo, tbm quero um amor assim...

Marcella Oliveira disse...

ta simplesmente O-T-I-M-O! =D

Andy disse...

Aaaai.. Ameei de maais.. Nessie e Jacob!  Lindoos dee maais....

Barbara disse...

adorei esse capitulo!!!!Nessie e Jake, é o casal mais lindo que eu já vi!!!

sarinha86 disse...

melhor fik de ja lí

NessCullen disse...

Houveram poucas fics que me marcaram, entre elas, Eternamente Jovem, Coração Inquieto, Jovens Corações, Fogo Solar, Ressurreição e esta... Ainda não a li toda, e já está na minha lista.

Beijocas,
NessCullen

Anônimo disse...

Geeeeeeeeeenteee!!! A Nessie quer morrer, só pode! Onde já se viu chamar ALICE de 'velha?!?!?!
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Morri de rir, é melhor juntar meus pedaços aqui para continuar, estou gostando muito!!

bjs.
- Mary Alice.

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