Raios de Luz - Capítulo 02: Orfanato

Descemos do avião e já havia um carro nos aguardando no aeroporto. O celular de Carlisle tocou.

“Carlisle Cullen, pois não?” - Ele atendeu. Carlisle só era formal quando se tratava de algum compromisso sério. Apurei meus ouvidos para ouvir a conversa de meu pai, uma coisa muito feia de se fazer, mas eu estava curioso. - “Sim, acabei de chegar e estou entrando no carro em direção ao instituto... Claro, sem problemas, até breve!” - Ele desligou, estava falando com a assistente social.

“ A senhorita Annabelle está nos aguardando. Aqui, a documentação aprovada para adoção. O senhor J., aquele mesmo que fez para Bella na batalha com os Volturi providenciou. Lá no orfanato, ela ficará sobre minha responsabilidade, depois alteraremos o nome dela, como sempre fazemos. Eu assenti. Entramos no carro e o caminho todo foi silencioso. Olhei pela janela e só o que se via era o branco da Neve. Consegui pensar em Rosalie e na alegria que ela terá na hora que chegarmos em casa.

Chegamos no orfanato, era todo branco assim como a neve, e havia uma placa chamada “Recanto Feliz”. Me perguntei como uma criança poderia ser feliz em um orfanato, sem o amor de um pai e uma mãe.

“Vamos... Você está pronto?” - Carlisle me perguntou. Eu fiz que sim com a cabeça. Entramos no recinto e fomos recebidos, suponho eu, pela senhorita Annabelle.

“Bom dia Senhor Carlisle. É uma alegria recebê-lo em nossa instituição. Fiquei honrada com sua gratidão pelos meus serviços senhor. Venha, por aqui que mostrarei as crianças ao senhor...” - Meu pai sorriu para a pequena jovem que estava diante de nós.

“Bom dia senhorita. Esse é meu irmão Emmett. Ele ajudará a escolher minha filha. Minha esposa não pode conceber filhos, então temos que improvisar, certo? Quanto a gorjeta não se preocupe, não foi nada pela sua descrição.” - Meu pai a seguiu. Entramos no local, repleto de crianças. Todas voltadas suas atenções para as atividades, umas corriam, outras nos observavam.

“Gostaríamos de uma criança que tivesse dois meses...” - Carlisle disse para Annabelle. Ela assentiu e nos guiou para fora da sala que as crianças realizavam suas atividades. Fomos encaminhados para uma porta branca, nela continha uma placa escrita “berçário”.

Entramos no local, vários berços brancos e neles haviam muitos bebes. Eu observei a sala toda, nela haviam aproximadamente 20 crianças. Carlisle me olhou e voltou para ficar conversando com Annabelle. Foi quando me virei e a avistei. Ali, deitada em um berço, vestindo poucas peças de roupa estava ela. Linda, seus olhos azuis, cabelos loiros, covinhas em suas bochechas. Tão parecida com Rosalie, mas ao mesmo tempo comigo. Era ela, eu tinha certeza. Paralisei diante de seu berço, fui a passos lentos ao seu encontro. Ao olhá-la nos olhos, ela me dominou, como se minha alma, se eu ainda a possuísse, me entregasse aquele pequeno ser diante de mim. Eu coloquei meu dedo frio, em sua pequena mãozinha, e ela o apertou. Era incrível, como tinha o rosto igual ao de Rosalie, igual ao dia em que acordei. Era o mesmo sorriso. Meus olhos ardiam... Nunca havia sentido isso antes, era como se estivesse chorando, derramando lágrimas que esse corpo não produzia mais. Desde que fora salvo por Rosalie, não tinha motivos para isso, apenas me entristecia vê-la infeliz, mas isso estava acabando. Senti Carlisle se aproximando de mim.

“Nossa...” - Foi o que ele conseguiu responder. - “Ela é muito parecida com Rosalie... como isso é possível?” - Ele mesmo se questionou.

“Essa é Maryelle. Ela tem aproximadamente dois meses de vida. Foi encontrada dentro de uma lata de lixo aqui perto do orfanato...” - Ela nos observou e acrescentou. - “Mas não acho que seja ideal para vocês... ela tem uma doença rara, que em alguns anos à levara a morte. Uma pena... uma menina tão linda desse jeito. Agora se vierem por aqui, poderei mostrar as outras crianças á vocês...” - Ela falava como se a vida da pequena não valesse nada. Como um humano poderia ser tão frio como esse garota? Eu olhei para meu pai, ele sabia que era ela. Eu a queria para ser parte de nossa família.

“Querida Annabelle, creio que seja ela. Alias, eu sou médico e tenho certeza que poderei cuidar muito bem da criança. Bem, vamos ao seu escritório que eu quero regularizar a documentação, que aliás já está pronta não é?” - Ela assentiu e Carlisle saiu com ela para que o raio a partisse. Nunca imaginei que pudesse existir sentimentos assim. Eu queria matar aquela mulher, por só assim pensar de minha Maryelle.

Eu me virei para a pequena que continuava a sorrir. Eu a peguei no colo, meio desajeitado como Rosalie costumava dizer. Caminhei com ela para o pequeno escritório que Carlisle estava com a Annabelle. Desejei nunca mais ver essa mulher em minha frente.

“Aqui estão as coisas do bebê... Desejo sorte á vocês... Adeus...” - Ela se despediu de nós. Eu nem ao menos me dei o trabalho de olhar para aquele rosto novamente, não queria decepcionar Carlisle agora.

“Filho, estou tão orgulhoso de você... Ela é linda. Pronto para ir embora?”

“Nunca estive tão pronto para algo como estou agora. Obrigado por acreditar em mim!” - Então, com Maryelle no colo, entramos no carro e partimos rumo à Forks, rumo a felicidade de Rosalie Hale, minha amada ursinha.