O Inesperável - Capítulo 04: Aceitação

Esses três dias que João Pedro ficou queimando, Carlisle e eu não saímos de perto dele. A sua aparência já havia mudado, adquirido o tom pálido e duro de nossa pele e seu coração começou a bater freneticamente, sinal que a tortura do pequeno estava acabando. Nesse momento, Alice entrou bailando no quarto.

“Eu já o vejo perfeitamente. Mais cinco minutos. Rose, Nessie e Jake foram para a cabana. Jazz, Emmett e Edward estão vindo em dois minutos.” - Ela se juntou á nós. - “E diga-se de passagem, ele é muito mais parecido com você agora. Incrível Esme.”

“Às vezes me pergunto se isso é possível. Vamos ver se ele aceitará.” - Nesse momento, meus três meninos entraram no quarto.

“Agora...” - Alice disse e nos colocamos em pé. Carlisle, Emmett, Jasper e Edward, em minha frente e de Alice. O coração de João Pedro bateu freneticamente como se fosse explodir e de repente parou. Ele começou a mexer seus dedos lentamente. Abriu os olhos aos poucos. Suspirou e olhou para o teto.

“Onde...” - Ele disse, e levou à mão a sua garganta como se o veneno já o estivesse incomodando.

“João Pedro” - Carlisle começou a conversar com ele. - “Você está em minha casa, preciso que tenha calma.” - Nesse momento João Pedro sentou-se numa velocidade inumana e olhou nos olhos de Carlisle. - “Esta é a minha casa. Você quase morreu, recorda-se? Seu pai atirou em você, mas sua mãe tentou te defender, se me der à oportunidade de te explicar, mas preciso que se acalme, tudo bem?”

“Sim...” - Ele disse, tentando ser controlado.- “Por favor, porque minha garganta parece que vai acabar comigo? Explique-me?” - Ele virou-se para olhar os outros, ao olhá-los, seu olhar parou em mim. Era como se nossas almas, se ainda as tivéssemos, se encontrassem e soubessem que há quase nove décadas, ele havia sido meu, meu filho amado, que me deixou.

“Você estava morrendo, entenda não havia outra saída para você a não ser a morte, mas eu resolvi salvá-lo, quero que se torne um Cullen. Você tornou-se um vampiro João Pedro.” - Ele levou a mão na garganta, mas antes que se descontrolasse ele soltou um riso.

“Isso não pode ser possível.Vampiros não existem.” – Ele me olhou nos olhos novamente. - “Eu te conheço de algum lugar...”

“Também tenho essa sensação.” – Eu disse me aproximando dele. – “Tente correr João, vai ver que não é tão lento como um humano. Ou melhor, coloque a mão sobre seu coração e veja que ele jamais bate... sua pele é fria, não pode sair à luz do sol, não porque vá queimar, mas sim porque brilhamos no sol e não podemos nos expor aos humanos dessa forma.” - Ao levar a mão ao peito, sua boca se abriu em um grande Ó.

“Não é possível que tudo isso seja verdade.” – Ele começou a rosnar.

“Por favor, acalme-se.” – Eu pedi para ele. Imediatamente ele abriu seus olhos e me encarou, como se a ponte que nos separasse já não existisse mais. Jasper olhou para ele, como que seu poder não estivesse funcionando, ele se acalmava sozinho, era como o despertar de Bella.

“Eu vou ter que matar pessoas, e você quer que eu me acalme? Como podem conviver com isso? – Ele sentou-se na cama, enquanto levava a mão na garganta como se aquilo fosse abafar a dor que estava sentindo, o veneno queimando em sua garganta.

“É ai que você se engana João. Nós, os Cullens somos um tipo diferente de vampiros, nos alimentamos apenas de sangue animal. É uma dieta diferente do restante dos vampiros e por isso conseguimos ser uma família como todas as outras, apenas temos que ser discretos e não chamar atenção para nós mesmos.” – Eu disse à ele. Ele continuava a me encarar. – “Antes dessa confusão toda, eu gostaria de me apresentar... sou Esme Cullen, a matriarca da família, esse é Carlisle, o patriarca e meu marido. Essa é Alice, ela é minha filha e casada com Jasper. E esses são Edward e Emmett. Os dois são casados com Bella e Rosalie respectivamente. Edward é pai de uma hibrida, meia-humana, meia-vampira. Bella concedeu Renesmee quando ainda era humana. E temos também em nossa família, um lobisomem, na verdade um transformo, chamado Jacob.” – Cada vez que pronunciava as histórias, sua boca formava um Ó maior. – “ Cada um de nós iria morrer, mas Carlisle decidiu nos salvar, ou condenar como você preferir. Ele decidiu salvá-lo porque viu bondade em você João. Agora caberá à você decidir se ficará conosco ou não, mas gostaria que soubesse que adoraria que você se unisse à nós, pois aqui, existe amor de verdade.”

João abaixou a cabeça e começou a refletir. Imediatamente olhei para Edward, que olhava para baixo com um sorriso nos lábios. Concerteza ele estava lendo a mente de meu João.

“Bem, já que essa era a condição, estar quase morto, não me resta alternativa a não ser aceitá-la. Esme, já que é a mãe, pode por favor me ensinar a acabar com essa queimação que insiste em arruinar a minha garganta que parece em brasas?”

“ É claro. Carlisle poderia ir conosco por favor?” – Eu estava radiante, ele queria ficar conosco e essa era a maior realização de minha existência.

“Sim querida. Vamos para a floresta longe de La Push, por mais que o tratado esteja intacto temos que mantê-lo. E teremos que ir embora de Forks agora! Planos para depois, por enquanto.” – Ele pediu a minha mão.

“Vamos João?” – Eu disse a meu filho.

Saímos em uma velocidade humana para que João não se assustasse.

“Bem filho...” – Começou Carlisle. – “Há regras que você deve saber para ser um vampiro e não arrumar problemas com os Volturis, como por exemplo não sair no sol, não contar seu segredo a nenhum humano e não morder nehuma criança humana para se transformar em um de nós...” - Ele ouvia a cada item com muita atenção.- “Veja bem, eles são a nossa realeza e acabamos de sair de um conflito com eles porque eles acharam que a sua irmã Bella tinha transformado Nessie, mas não... Nessie é mesmo filha de Edward e Bella. Por isso temos que nos manter em segredo absoluto e não chamar atenção.”

Ele assentiu com a cabeça.

“Já que vocês me criaram, e tenho que aceitar todas essas regras, que vou obedecer com certeza, posso chamá-los de pai e mãe? Sinto como se os conhecessem à tempos, principalmente você Esme.” – Ele pediu e eu olhei para Carlisle. Nesse momento eu não tinha notado Leah saindo de sua forma de lobo e vindo em direção à nossa casa. João não a tinha notado ainda, por mais que fosse um recém criando, ele era controlado e nos olhava com atenção, foi quando virou seu rosto em direção à Leah, ambos ficaram paralisados, como se suas almas se beijassem em silêncio.