O Inesperável - Capítulo 05: A Impressão

[João Cullen]

No caminho para minha primeira caçada, Carlisle, agora meu pai, um vampiro com olhos dourados que me encarava maravilhado me explicou todas as regras para não se pego pela realeza, como assim ele mencionou em minha primeira lição.

Esme, aquela jovem mulher, ela me lembrava minha mãe, aquela que se atirou na frente de uma bala por mim, mesmo assim, não a conseguia ver como uma verdadeira mãe, mas com essa desconhecida é diferente, parece que a conheço há muito tempo, como se tivéssemos sidos separados em um passado muito distante. Sem contar na semelhança da cor do cabelo, das covinhas em meu rosto, isso era incrível. Fui andar próximo à ela, que agora era minha mãe e ao lado de meu pai. Eu tinha um pedido a fazer á eles.

“Já que vocês me criaram, e tenho que aceitar todas essas regras, que vou obedecer com certeza, posso chamá-los de pai e mãe? Sinto como se os conhecessem à tempos, principalmente você Esme.” – Ela virou-se para olhar para seu marido, meu pai. Eu estava com medo que eles não me aceitassem? Virei a minha cabeça em direção à casa, e lá avistei uma menina, pele morena, cabelos curtos, roupa esfarrapada, parecia que estava sofrendo, foi quando meus olhos se prenderam no dela.

Minha vida, ou agora simples existência, se entrelaçou com o destino daquela garota, eu não via mais nada a não ser aquela bela garota. Os olhos dela se prenderam no meu, o tom da sua pele diferente da minha, faziam um contraste perfeito. Meu destino era ela, e por ela que eu viveria. Não acreditava que poderia existir ser mais belo do que essa pessoa que se encontrava novamente. Senti um impulso de correr e abraçá-la, mas tive que me lembrar de que era mais forte que qualquer pessoa, e seu cheiro, não que fosse tão bom, mas mesmo assim, não me causava dor alguma. Olhei para Esme e Carlisle, que me olhavam incrédulos. Desviei meu olhar da linda menina e perguntei para eles o que estava acontecendo para me olharem desse jeito. Será que foi a pergunta que eu fiz?

“Ei... porque estão me olhando desse jeito?” – Eu perguntei. – “O que eu fiz de errado?”

“Vamos correr e caçar, depois explicamos.” – Disse meu pai. Eu obedeci, olhei novamente para a linda morena e sai correndo em direção à eles. Mais tarde eu procuraria saber quem era aquela linda estranha que mudou meu rumo.

Corremos em direção à florestas, conseguia ouvir vários corações batendo e a sede em minha garganta começou à queimar.

“Leões da montanha.” – Ouvi Carlisle dizer. Apurei mais meus sentidos e corri em direção ao animal. A luta foi muito fácil e sugar seu sangue foi mais fácil do que eu imaginava. Sequei o animal em segundos. Levantei-me e olhei para meus pais que aplaudiram a cena que acabaram de presenciar.

“Um Alce?” – Ouvi Esme dizer e novamente parti para cima do animal, drenando ele, e assim fazendo a queimação em minha garganta ceder um pouco.

“Saciado?” – Carlisle perguntou e fiz que sim com a cabeça. – “Muito bem, hora de irmos para casa. Você tem que conhecer suas irmãs Rosalie e Bella. Será que você com segue se controlar assim na frente de Nessie?”

“Eu acho quem sim.” – Eu disse com sinceridade. – “Mas vocês não responderam a minha pergunta antes da caçada. Posso chamá-los de Pai e Mãe?”

“João Pedro, antes de qualquer coisa, há um segredo que tenho que te contar, antes de me transformar, eu havia sido casada com outro homem, porém nunca deixei de pensar em Carlisle, ele que cuidou de minha perna quando tinha 16 anos. Quando me casei por obrigação, Charles, meu ex-marido me agredia, até que foi convocado para a Guerra. Quando ele voltou, minha vida virou um inferno novamente, eu engravidei e fugi, tive meu pequeno Daniel e ele não resistiu, faleceu e eu tentei me matar, foi quando Carlisle me salvou.” – Eu olhava para eles e ainda estava sem entender a história. Esme havia sofrido muito, meu impulso de abraçá-la foi forte, mas percebi que havia mais historia. – “Quero que entenda, que para mim você é meu pequeno, muito parecido com Daniel, mas não quero substituí-lo entenda, a necessidade de te ter perto de mim fala mais alto. Quando chegarmos em casa vou te mostrar a foto dele e entenderá.”

Eu era parecido com o filho que ela perdeu? Será que era isso o que estava acontecendo? Eu poderia ser uma encarnação do filho dela? Creio que sim, pois eu sinto que a conheço.

“Eu entendo Esme, percebo sua intenção e saiba que sinto como se a conhecesse à tempos. Obrigada por me salvar mamãe.” – Na hora em que a chamei de mamãe ela não se conteve, veio em minha direção e nossos corpos de chocaram em um abraço, o verdadeiro abraço de mãe que eu nunca tive, era como se agora tivesse encontrado minha verdadeira ligação, minha verdadeira mãe. Carlisle veio ao nosso encontro e nos abraçou.

“Obrigado por nos aceitar, filho!”. – Eu estava mais do que feliz, nunca fui tão feliz em minha vida humana, mesmo estando condenado, eu havia encontrado meu lugar no mundo, lugar ao lado de minha verdadeira mãe Esme e meu verdadeiro pai Carlisle.Nosso abraço demorou muito tempo. Assim que nos soltamos, seguramos um a mão do outro e voltamos para a casa de Carlisle, agora minha casa.

Ao entrar na sala, percebi que a morena estava sentada no sofá branco, ao lado de uma vampira linda também, de cabelos cor de mogno, ela provavelmente era uma das irmãs que não conheço.

Não conseguia tirar os olhos da morena, até que essa irmã pigarreou e se apresentou.

“Oi João. Sou Bella Cullen, sua irmã. Tudo bem? Parece ser uma pessoa controlada.” – Ela disse, enquanto eu ainda olhava a morena, que também não tirava seus olhos de mim. A voz dela me era familiar, enquanto estava queimando, ela disse que tudo iria dar certo e foi ai que tirei forças para enfrentar aquela dor. Uma irmã bacana, eu estava numa família de verdade. – “Bem, acho que o silêncio responde a minha pergunta. Bem João, essa é Leah, minha meia-irmã se assim pode dizer, Leah é uma loba, segunda no comando da alcatéia de Jacob. Bem vou deixá-los à sós, mas estaremos vigiando caso perca o controle, você pode estar calmo, mas é um recém-criando, vamos ajudá-lo. Ela passou por mim e tocou minha cabeça, eu sorri para ela e fui ocupar o lugar vago que ela deixou na sala, sem tirar os olhos da agora então conhecida Leah.

“Oi” – Eu finalmente consegui dizer. – “Me chamo João Pedro... agora João Pedro Cullen” – Tive orgulho em dizer meu próprio nome.

“Olá, sou Leah, Clearwater, como sua irmã disse sou uma loba, muito prazer.” – Ela sorriu para mim e eu fiz o mesmo.

“Se me permite dizer, você é muito linda.” – Ela arregalou os olhos e sorriu para mim, será que tinha feito algo errado?

“Obrigada João... “ – Eu fiquei observando ela, e automaticamente nossos corpos foram se aproximando, nossos cheiros, um pouco desagradável para mim, não impossibilitou que eu juntasse meus lábios no dela, o que fez com que o coração dela batesse freneticamente à ponto de explodir. O que era esse sentimento? O que estava acontecendo comigo? Nesse beijou eu esqueci meu nome, esqueci quem eu era. Esqueci o que eu havia me tornado, ela completou a felicidade imensa que eu estava sentindo. Assim que o beijo acabou, ela me olhou nos olhos, agora vermelho e eu olhei em seus olhos castanhos, uma lágrima caiu de seu rosto e percebi que não fazia o mesmo, eles ardiam, mas não conseguiam soltar as lágrimas, um choro de felicidade.

“Eu esperei tanto por você...” – Ela me disse e o que quer que fosse acontecer, eu estaria eternamente ao lado dela, aconteça o que acontecesse.

“O que aconteceu conosco Leah? Eu sinto que meu destino está laçado ao seu...”

“Sofremos impressão João. Quando duas pessoas, mais do que almas gêmeas se conhecem e passam a se amar, como se fossem predestinados uns aos outros. Eu sempre soube que um dia eu te conheceria...” – Ela me disse e voltou a beijar meus lábios. Seus lábios quentes no meu frio, o equilíbrio perfeito, que eu jamais abrirei mão de sentir... independente de ter sofrido impressão ou não, eu estava no lugar certo e na hora certa, jamais imaginando o quanto uma condenação, poderia trazer felicidade eterna.