E meu coração falhou várias batidas ao vê-lo depois de tanto tempo.
Ele estava lindo, como nunca antes. Minhas lembranças não faziam jus á sua imagem real ali em minha frente.
Os seus cabelos estavam um pouco mais curtos, porém igualmente compridos organizados em uma espécie de topete com os fios espetados naturalmente para cima, ou mesmo isso fosse só o efeito da mania que tinha de passar a mão insistentemente no cabelo.
Ele estava mais bronzeado, criando uma espécie de contraste californiano com o tom de seus cabelos e de seus olhos verdes. O seu rosto parecia mais maduro, mais firme... E a linha da mandíbula estava reta, junto com o pomo de adão que parecia saltar impetuosamente.
Edward parecia de todos os modos um cara de vinte e seis anos. Mais maduro, e experiente.
O que podemos dizer da expressão 'vivida' que temos, porém ele parecia que a sofrera de uma maneira extraordinariamente favorável.
Seu corpo parecia um pouco mais magro, porém os seus músculos continuavam ali presente atrás da fina camiseta pólo branco que usava que contrastava com a calça jeans preta que caía bem acentuada em seu corpo.
No pé, ele trazia um tênis no estilo "All Star" preto e com um grande símbolo Nike nas laterais.
Embaixo dos olhos tinham algumas olheiras acentuadas que demonstravam que não dormira bem ultimamente, ou talvez no último um ano.
"Como você está lindo..." Esme elogiou enquanto o abraçava firmemente. Ele sorriu para a mãe e a abraçou com força, e percebi que fechara os olhos e respirava fundo, sentindo o calor maternal que a tanto não sentia.
Esme estava boba com o filho ali. Não conseguia tirar as mãos dele nem um minuto sequer e o apalpava dizendo que estava muito magro, que não comera direito, e que diabos ele tinha feito pelo país afora.
"Esme, larga Edward! Deixa-me ver o meu filho também!"
"Pai!" Edward saudou e foi para os braços de sua versão mais velha. Carlisle estava igualmente emocionado pela presença do filho, e deram palmadas fortes em suas costas daquela maneira estranha que homens tinham de se cumprimentar.
Então Alice com um enorme sorriso pulou de um salto da mesa e cumprimentou o irmão. Eles trocaram algumas palavras e senti Edward ficar tenso com o que quer que a baixinha tenha dito.
"Oh, se não é o padre perdido!" Edward riu enquanto abraçava o melhor amigo, Emmet e logo depois Rose que estava bem ao seu lado.
Acabou que só sobrara eu e Jake, e lentamente nos levantamos e ficamos ali parados meio deslocados.
Jake circundava minha cintura com seu braço e parecia muito possessivo. Ele estava tenso, e queria dizer algo confortável para ele, porém meus olhos não conseguiam se despregar de Edward.
Então como que sentindo minha presença, ele levantou os olhos e nossos olhares se encontraram.
Foi somente um breve segundo, mas parecia que milhares de sentimentos rolaram entre a gente.
Eu tinha plena consciência dos vários pares de olhares sobre nós, afinal, todos ali sabiam o que ocorrera entre nós no passado.
Pensei ver um misto de fúria e emoção nos olhos de Edward, porém logo se apagou quando ele sorriu e veio em minha direção.
"Bella!" Então ele me abraçou e eu senti todo o seu calor irradiar para o meu corpo.
Foi meio estranho, afinal Jake não tirara o braço de minha cintura, e Edward me abraçava, e claro eu estava desfalecendo e perdendo o ar com a presença dele ali.
Diabos! Fazia um ano que eu não o via, os efeitos dele continuavam rigorosamente perigosos. O que se esperava afinal?
Eu sou uma humana!
I'm human!
Yo soy humana!
Inferno! Tenho que falar em chinês também?
"Bella... Bella?" Então só aí percebi que minhas pernas ficaram bambas e eu desfalecia em seus braços.
Tanto Jake quanto Edward me olhavam preocupados e tentavam me segurar para que eu não caísse, e eu dei um sorriso amarelo.
"Estou bem, estou bem..." Eu tinha plena consciência das minhas bochechas vermelhas como um pimentão, e do olhar de todos em mim. "Ei, bem-vindo de volta Edward."
Ele sorriu, contudo parecia preocupado que eu desmaiasse a qualquer momento.
Um clima desconfortável surgiu e logo Alice puxou Edward e colocou-o para se sentar-se à mesa. Bem ao meu lado.
De novo me senti no meio de uma guerra. Jake de um e Edward de outro, sendo que este primeiro estava tenso e se recusava a tirar a mão de mim como forma de demonstrar sua posse.
Edward cumprimentou educadamente Jake, que somente acenou com a cabeça. Olhei feio para ele, e ele retribui dizendo algo como "não me obrigue a ser falso."
Revirei meus olhos e tentei terminar de comer a sobremesa, porém estava bem consciente da presença máscula de Edward ao meu lado.
Então eu entendera o que Jake dissera no carro e sua preocupação.
Era como se ele fosse uma formiga perto de um universo inteiro.
Pois naquele momento toda minha mente e meu corpo se voltavam para a presença e cada fala e movimento de Edward.
Eu sabia que estava errada e que deveria me controlar, mas simplesmente era maior que eu mesma.
E o que diabos Emmet queria dizer com aquele coraçãozinho ridículo que fazia juntando as duas mãos e apontava para Edward e eu?
Estreitei meu olhar em sua direção. Será que ele não entendia que Edward e eu era passado?
Será que ele não se lembrava que eu e ele havíamos feito um acordo de 'amizade'?
Nós éramos amigos... Mas céus! Amigo como Edward – até eu admitia – era judiação.
Ele relatava de suas viagens, dos fãs, dos programas e entrevistas, até que uma coisa fez minhas antenas se estenderem totalmente.
"E como está Amber?" Esme perguntou interessada. "Ela não veio com você?"
Edward deu uma última garfada no patê e pediu por mais, fazendo todos rirem de seu extremo vício por doces que ainda continuava intenso.
"Ela achou melhor ir até um hotel e descansar. E também disse que era melhor eu curtir esse momento família sozinho."
"Ela vai ficar em um hotel?" Esme perguntou chocada. "Edward, até parece que não é meu filho! Onde estão os modos? Chame-a para se hospedar aqui em casa!"
Epa... Epa... Epa... Quem era essa Amber?
Edward riu. "Eu chamei... Porém ela achou melhor o hotel. E quando ela põe uma coisa na cabeça..."
"Quem é Amber?" Perguntei de supetão não me importando nem um pouco que todos os olhares estavam em mim, e se eu parecia impetuosa demais perguntando isso.
Amber... Amber... Que vadia era essa que ficava viajando com Edward? E que ainda por cima vinha com ele para NY e a mãe dele pedia para que ficasse hospedada ali na casa dos Cullens?
Edward se virou para mim e vi um brilho diferente em seus olhos. "Amber é minha assistente e empresária, vamos dizer assim..."
"Por que 'vamos dizer assim'?" Pressionei.
Assistente? Que tipo de assistente? Pessoal? Há! Eu bem conhecia essas assistentes pessoais...
Se Edward estava se envolvendo com ela... Epa! O que eu faria mesmo?
Nada!
UGH! Senti-me em pleno desenhinho animado, porém com algumas falas modificadas.
"O que nós iremos fazer essa noite, Bella?"
"O mesmo que fazemos todas as noites, infeliz, nada."
Edward riu, mexendo nos cabelos.
"É que outras pessoas cuidam mais desse lado de show e tudo, ela é como se fosse a minha agenda... E que vê onde é melhor ou não para eu ir..."
"E por que VOCÊ não pode decidir isso?" Por que aquela vaca da Amber tinha que resolver isso por ele?
E se ela resolvesse que ele tinha que IR para a cama dela?
Diabos! E por que Jake estava pressionando meu braço com tanta força?
Então olhando Emmet vi um a imitação bizarra de um chifre se formando em sua cabeça, e ele começou a cantar. "Ela é uma vaca e eu sou um touro..."
"CALA A BOCA, EMMET!" Gritei, e o silêncio propagou na mesa enquanto todos me olhavam assustados.
"É... Oi?" Corei. "Do que vocês falavam mesmo?"
Emmet começou a gargalhar e ouvi um tabefe seguido de um "AI!" que com certeza fora de Rose.
O sorriso de Edward caiu, e ele procurou por algo em meu rosto, mas acho que não achou nada de interessante.
"Bem..."
"ORA, ORA! Edward deve estar muito cansado, acho melhor descansar..." Esme falou, espera não fora Esme.
Então por que Alice dissera algo tão 'mãe' para Edward?
Edward suspirou. "Eu dormi no vôo."
Mas dessa vez a verdadeira mãe interferiu aproveitando a brecha e me dando um olhar nervoso de esguelha.
Ela pensava que eu voltaria com seu filho? HÁ!
"Edward, você aparenta estar muito cansado... Vá dormir! Eu peço para alguma empregada arrumar seu antigo quarto..."
"Ele está arrumado." Diabos! Alguém põe um esparadrapo em minha boca.
"C-como?" Esme perguntou.
Sorri amarelo. "Então né... Eu estava passando, e vi a empregada arrumando o quarto..."
"Mas eu não pedi qu..."
"Parece que Alice já sabia que Edward viria, Esme." Acusei a baixinha que somente encolheu os ombros.
"É, pedi para que arrumassem." Agradeci aos céus por Alice ter encoberto minha mentira. Como eu iria dizer que eu fora ao quarto de Edward para buscar inspiração para escrever sobre ele? Ou mesmo recordar dele?
Diabos!
"Ok..." Esme falou incerta. "Então vá querido. E boa noite."
Ele então sorriu e se levantou pedindo licença e levou as malas que deixara perto da porta de entrada para cima.
Suspirei ao vê-lo saindo de vista, e Jake chamou minha atenção.
"Que foi...?" Questionei ao ver a expressão vazia dele. Parecia cansado.
"Bella..." Ele murmurou, porém Alice logo puxou meu braço e me levou para a sala de estar e lá ela me ocupou conversando sobre coisas frívolas, e Jake somente olhava para mim com uma expressão vazia, como se fosse à última vez que ele o fizesse.
Pe. Edward
Condenado, condenado, condenado, condenado!
Ah... Esqueci! CONDENADO!
Encarei o envelope que estava em minhas mãos e o balanceei. Parecia que eu estava segurando uma pedra ao invés de somente um pedaço de papel.
Céus! Era meu futuro ali.
Ela vai casar... Ela vai casar... E você não tem nada a ver com isso... Você foi embora... Vocês são amigos...
Então guardei a carta na cômoda e continuei tirando as minhas roupas da mala, tentando não pensar em quão linda Bella se encontrava naquela noite.
Na verdade, ela estava mais linda do que nunca. Seus olhos castanhos mais intensos e perfuradores do que nunca... Seu cheiro...
UGH! Alice era realmente uma torturadora.
Porém nada de Bella era meu. Era de Jacob. Ele havia ganhado a guerra. Ele havia conseguido conquistá-la, e ELE seria o marido dela, o cara normal da vida normal que ela tanto ansiava.
"Edward...?" Emmet bateu na porta e entrou caindo logo em minha cama.
"Pode entrar... Mesmo que já tenha entrado..." Brinquei.
"Então...?" Vi os olhos dele brilharem com o que me parecia uma excitação. "Como vai ser o processo?"
"Como assim 'como vai ser o processo'?" Perguntei confuso. Ele revirou os olhos como se fosse óbvio.
"Oras... A reconquista da dama perdida!"
Olhei cético para ele.
"Edward, como você é burro! O que você vai fazer para reconquistar Bella?"
"Quem é burro aqui é você, Emmet." Retruquei. "Eu não bolei nenhum plano..."
"AH! Malandrão! Acha que a parada já tá ganha né?"
Foi a minha vez de revirar os olhos. "Emmet, eu não tenho plano, porque não criei nenhum e nem vou criar."
Ele pensou por um longo tempo. "Mas isso não quer dizer que você não QUER ter um..."
"Cala a boca!" Resmunguei.
"Ei... Tá na cara que vocês ainda tão... Conectados... Sei lá..." Ele simulou um calafrio. "Parece que vocês se atraem sabe? É estranho..."
"Você não sabe o que fala..."
"Sei sim. E saiba que não fui só eu que percebi. Inclusive o tal Jacob mente veterinária percebeu. Ele estava quase colocando o capacete para começar a esconder os chifres."
"Não fale besteiras..." Porém eu estava bem ciente do magnetismo que ainda existia entre a gente e a vontade quase incontrolável que eu tive de tocá-la, de abraçá-la, de conversar com ela e saber como estava sua vida.
Emmet continuou me enchendo por um longo tempo, até que foi expulso por Alice, que entrou furiosa no quarto.
"Que tipo de pai você é?" Ela argumentou com a cara fechada.
"Oi?"
"Edward! SKY! Esqueceu? Ela está lá embaixo no canil se eu fosse você, ia vê-la."
Arqueei uma sobrancelha para Alice. "O que você está aprontando mestra dos magos? E por que você não me disse que Bella estaria aqui?" Gritei em "sussurros".
"Qual é a diferença se ela está aqui ou não? Vocês não são amigos? O que eu te disse sobre o jantar? Estariam seus amigos!" Disse petulante.
Eu sabia que quaisquer argumentações com ela seria uma furada, portando somente tomei um banho, coloquei uma roupa mais leve e fui pela porta dos fundos em direção ao canil.
Lá Sky já se encontrava na portinha com o rabinho balançando e pulando insistentemente na pequena fechadura a fim de poder sair dali.
"Oh minha cachorrinha..." Saudei, enquanto a pegava e colocava-a no colo.
Ela começou a lamber meu rosto inteiro, enquanto eu ria, tentando a afastar de mim.
"Ei, como você está? Mamãe tem cuidado bem de você? Huh?"
"Até parece que você está me estranhando, Edward." Ouvi a voz cristalina de Bella atrás de mim. Virei-me ainda com Sky no colo, e ela sorriu. "Eu sou uma ótima, mãe."
"Não duvido que seja." Retribui o sorriso. Ela lentamente se aproximou de mim, e permaneceu ao meu lado vendo os outros cachorrinhos do canil.
Ficamos em silêncio por algum tempo, até que ela disse:
"Fiquei feliz por você estar de volta."
Eu então acariciei atrás das orelhas de Sky, e disse sem me voltar para ela.
"Estou feliz por estar em casa."
Ela assentiu e vi pelo canto do olho, ela mordendo os lábios.
"Então..." limpei a garganta. "Fiquei sabendo... Que... Vai se casar..."
Não pude evitar o sentimento negro que se expandiu por mim ao pronunciar aquelas palavras. Era como se uma marreta tivesse acertado em meu coração, o revirado e torcido.
Ela hesitou, e vi seus pés brincando na grama em movimentos circulares. Ela suspirou e então ergueu a cabeça encarando as estrelas presentes no céu.
"Vou." Foi sua simples resposta. Porém seu tom não estava feliz, ou realizado como eu imaginara. E se ela ainda me amasse? E se... Céus! Eu era um condenado!
Eu não poderia ser motivo para ela estar triste, se eu fosse motivo de alguma coisa, bem, ela não se casaria.
Além do que aceitamos serem amigos... Porque se não fossemos isso, não seríamos nada um do outro, e isso eu não suportaria.
Então por que eu não conseguia agir como um amigo com ela? Por que tinha toda essa tensão ao nosso redor? E por quê? Diabos! Não poderia ser o que eu estava pensando.
Então me vi analisando suas expressões atentamente enquanto seu olhar continuava virado para o céu.
Ela não havia mudado muita coisa no último ano, porém algo estava novo nela...
Eu não conseguia identificar o quê.
"Você está muito bonita." Me vi dizendo.
Seu olhar então se voltou para mim e ela sorriu de lado. "Você também, mas isso você deve ouvir todos os dias."
Eu ri também colocando Sky de volta no canil.
Segundo minhas contas ela estava com vinte e três anos e... OPA! Que dia era hoje?
"Que dia é hoje?" Perguntei.
Ela me encarou confusa.
"Dia 12. Por quê?"
Então eu sorri, e me virei de frente para ela. Peguei uma pequena rosa do jardim e estendi em sua direção.
"FELIZ ANIVERSÁRIO, BELLA."
Vi os olhos dela marejaram enquanto ela estendia a mão para a rosa. Nossas mãos se encontraram nesse ato, e uma forte corrente elétrica passou por nós. Era provável que nos separássemos, porém continuamos ali com aquela ligação, enquanto nossos olhos se debatiam em uma luta mortal contra os próprios sentimentos.
"Ainda não é amanhã." Ela murmurou.
Eu sorri torto. "Na verdade... É..." Então apontei para o relógio de jardim de minha mãe que marcava exatamente meia noite. "Parece que você está ficando velhinha, então."
Ela riu, e separamos nossas mãos lentamente. "E quem vai negar agora que eu fiquei mais velha ao seu lado?"
Nós rimos, e encaramos a paisagem ao nosso redor.
"Edward... Quem é Amber?" Ela me perguntou.
O modo como ela havia se comportado no jantar fizera várias caraminholas em minha cabeça. Seria possível que ela estivesse com ciúmes?
Não... Não! Não era possível, era? Para isso ela ainda teria que gostar de mim... Nem que fosse somente um pouco.
"Ela é quase minha segunda mãe."
Vi um suspiro de alívio sair de Bella, e ri.
"Você esperava o quê? Uma namorada?" Brinquei.
Ela encolheu os ombros. "Sei lá... Eu também não tenho nada a ver com isso... E..."
"Quem disse que não tem?" Apressei em dizer, enquanto pegava em seu queixo e a fazia olhar para mim.
Nossos olhares se conectaram novamente.
"Edward..." Sussurrou.
"Afinal..." Completei. "Nós somos amigos."
O sorriso que se formou no rosto dela demorou um pouco para surgir.
"Sim... Amigos."
Então eu lentamente tirei minha mão de seu queixo, e fiquei incerto sobre o que fazer a seguir.
Minha vontade era de tomá-la em meus braços, beijá-la e até dizer que eu não havia esquecido. Que ela estava assombrando meus sonhos e memórias durante todo aquele tempo... E que... Eu...
Céus! Ela iria se casar!
E claro, eu era padre!
Então eu me lembrei do envelope que trazia o selo da capela Sistina e que estava guardado na cômoda do meu quarto.
Abanei logo aquele pensamento da cabeça... Era tarde demais. Simplesmente isso.
"Até quando você vai ficar em NY?" Ela perguntou.
"Vou fazer alguns shows pelas vizinhanças, depois ficarei cerca de um mês com minha família." Respondi, porém de repente eu não tinha mais vontade de continuar com minha vida nômade.
Eu queria permanecer ali com minhas raízes, contudo eu não sabia o que eu faria quando Bella se casasse, ou como eu me sentiria.
E na via das dúvidas era melhor eu estar longe.
Ela assentiu tristemente, e depois seu olhar se voltou para mim. "Eu..."
"Você...?"
"Eu..." Ela fechou os olhos, então... Nós nos aproximamos e ficamos pertos o bastante.
Meu coração pareceu dar saltos de alegria ao reconhecer Bella ali. Jesus! Jesus! Ela iria se casar!
"Eu..." Ela engoliu em seco.
"BELLA!" Petrificamos assim que distinguimos a voz de Jacob.
Ela logo se afastou de mim, e eu frustrado remexi nos meus cabelos, vendo logo em seguida a figura de Jacob vindo em nossa direção.
Ao chegar, ele passou os braços possessivamente ao redor de Bella, e não consegui despregar o olhar dos dois.
Não pude evitar o sentimento negro que voltava a se expandir pelo meu ser, e tentei sorrir para Jacob.
"Fiquei sabendo que vão se casar."
"Sim." Ele respondeu prontamente com a expressão rígida. "Mês que vem."
"Parabéns." Respondi amargo.
Eu sabia que estava infinitamente perto, então meu olhar recaiu sobre Bella novamente, que somente me estudava e parecia querer me dizer algo.
"Ela é uma ótima mulher... Espero que você a mereça." Ponderei.
Jacob assentiu com a cabeça rapidamente. "Talvez ninguém seja bom o bastante para ela, porém existem aqueles que chegam mais perto que outros."
Senti a fisgada, porém tratei de manter minha expressão calma.
"Talvez mais perto do que imagina..." O meu sangue já começava a ferver a encarar o... O... UGH! O infeliz que iria desposá-la.
Jacob então tirou os braços de Bella e deu um passo em minha direção.
"Não ouse... Realmente não ouse dizer palavras espertinhas, seu sacerdote, depois de TUDO o que você fez para ela..."
"E que TUDO eu fiz a ela?" Dei outro passo em sua direção, com os olhos chamuscando.
"Você a abandonou!"
"Eu não a abandonei!" Gritei. "Eu fiz o que era melhor para nós dois! E foi um acordo!"
"Que espécie de cara você é para negociar com o amor? Você não sabe o que fez á ela?"
"E você acha que nada ocorreu á mim? O que você é então, seu pequeno jovem herdeiro? Se ela me amava, é por que tinha uma razão. Não venha me criticar nessa altura do campeonato por uma batalha que eu ganhei a tanto tempo de você!"
"Cheguem! Pára Jake!" Bella interferiu, ficando entre nós que nos olhávamos com extrema fúria por cima da cabeça dela.
"Você ainda vai defendê-lo, Bella?" Jake fumegou as palavras para a noiva.
"Vou!" Ela gritou ficando em minha frente. "Por que ele não tem culpa de nada! Jake! Eu vou me casar com você! Não é o suficiente?"
Eu sabia do que Jacob tinha medo. Que com minha volta eu tirasse Bella dos seus braços como eu uma vez tirara há dois anos, na verdade eu a impedira de sequer entrar-nos dele. E agora que finalmente ele tinha muito mais do que eu um dia tive, ele tinha medo de perder.
Então Jake se voltou para ela, e trouxe-a para seu lado. "Vamos embora."
E foi a rebocando em direção á casa, olhou por cima do ombro, e gritou para mim.
"Você pode estar tentando esconder, padre. Porém você não vai tirá-la de mim novamente."
Bella me lançou um olhar de desculpas e eu fiquei ali, parado, pensando no que eu acabara de fazer.
"UGH!" Berrei chutando uma pedra no caminho.
Então ouvi um farfalhar de folhas e uma Alice corria na direção do canil. Ela me lançou um olhar radiante – como se não soubesse da briga que houvesse acontecido- e pegou Sky a levando de volta para a dona.
Naquela noite, no meu quarto, novamente eu peguei a carta, e novamente eu pensei.
Porém daquela vez eu tinha algo novo em mente.
Não importava o que eu fizesse, ou que ela fosse se casar com outro homem dali um mês.
Não importava o tempo em que ficamos sem nos ver... Não importava nada.
Pois eu ainda a amava, e isso fora mais do que comprovado ao olhar em seus olhos cor de chocolate, e ver que ela realmente ficara feliz por eu estar de volta... Aonde eu verdadeiramente pertencia.
Bella
"JAKE!" Berrei enquanto fechava a porta do carro e saíamos da casa dos Cullens. "Por que você fez aquilo?"
"Eu sabia... Eu sabia..." Murmurava com o rosto travado e os olhos faiscando com uma chama maquiavélica. "Tinha um mau pressentimento sobre esse jantar... Eu tinha... E agora! É ele! Está de volta!"
"Jake..." Peguei em seu braço tentando acalmá-lo, porém seu olhar continuava pegando fogo. "Ouça-me."
Permaneceu quieto, e suspirando, acrescentei.
"Ele voltou, sim. Mas não há nada demais..."
"Como assim 'não há nada demais'? Bella sinto a conexão de vocês! Eu vi na hora que ele chegou, eu vi no jantar inteiro, vi na porra do jardim! A formiga perto do universo lembra?"
"Jake... Vou me casar com você! Isso não é o suficiente?"
Ele ficou quieto.
"Eu continuo com você; e absolutamente nada ocorreu entre Edward e eu."
"Mas ocorrerá... Não com ele olhando-a daquele jeito... Bella! Todos perceberam! E eu vi os gestos de Emmet atrás de mim!"
"MAS QUE SACO, JAKE!" Perdi a paciência e o fiz parar no acostamento. "Se você ficar dizendo que vai acontecer uma coisa que você NÃO sabe se vai ou não, vai acabar acontecendo, e é capaz de casar com um daqueles convidados chiques que tem na merda da lista de casamento!"
"Estou aqui com você... Não estou com Edward, inferno! Não é o suficiente? Se for para ter um marido que fica achando que a mulher vai pular a cerca a cada cinco minutos, nem vou me dar ao trabalho de me casar!"
As palavras pareceram causar algum efeito nele, portanto logo relaxou, fechando os olhos, respirando e expirando diversas vezes.
Quando voltou a abri-los vi que continuavam preocupados, todavia não tinha aquele brilho maquiavélico e vingador de antes.
Pegou em minhas mãos e as beijou, com algumas lágrimas saindo por seus olhos.
"Desculpe Bella... Desculpe... Eu só... Tenho medo de te... Perder..."
Acariciei a bochecha dele. "Estou aqui, Jake."
"A minha dúvida é se estará aqui daqui alguns dias, ou mesmo no dia do casamento."
"Jake..." reprovei.
"Oh, desculpe. Eu, UGH! Não consigo me controlar! É que... Bem, não posso negar o passado de vocês dois... Estive lá Bella... Soube de tudo..."
"Você não presta atenção no que você diz, não?" retruquei. "Passado... Passado... Passou... Não é simples?"
Assentiu e logo voltou a dirigir, porém até começava a duvidar de minhas palavras.
"Bella?" Chamou quando já estávamos na porta de meu prédio.
Voltei-me para ele.
"O que?"
"Promete-me uma coisa?"
Mordi meus lábios.
"Por favor...?"
"Ok." Suspirei, vencida.
Um pequeno sorriso se formou nos lábios dele.
"Promete que não irá procurar por Edward?"
Hesitei.
"Promete?" Pressionou.
"Prometo." Suspirei, e com um beijo de despedida, desci do carro e subi até meu apartamento.
Porém Jake em sua tentativa infundada de me fazer NÃO encontrar com Edward ignorara alguns detalhes importantes.
Como... Se Edward me procurasse, não havia problema algum...
Se nós nos encontrássemos por acaso... Também não.
E nada na promessa dizia que não poderia conversar com ele.
HAHA! Se bem que... Se Jake viesse com algo insano de me proibir de falar com alguém, eu o mandaria pastar.
Não que fizesse questão de conversar com Edward...
Somente por que não sou uma mulher que cede a todos os caprichos possessivos de um homem.
Ok... A tentativa de Jake se mostrara inóspita quando...
UMA SEMANA DEPOIS NO ORFANATO ENCONTREI QUEM?
EDWARD!
As crianças fizeram uma verdadeira festa para ele, e Tony principalmente – o líder da gangue infantil.
Meu coração se desdobrou de felicidade ao ver o carinho das crianças e o carinho que ELE demonstrasse do mesmo tamanho.
Logo me lembrei do filho que perdera, e tentei controlar as lágrimas o máximo que conseguia, afinal, não era hora para lembrar algo que me ocorrera há meses.
"Ei Bella!" Acenou, e fui a sua direção um pouco encabulada.
"Edward..." Mordi meus lábios. "Queria pedir desculpas."
Pareceu confuso.
"Desculpas... Por quê?"
"Bem," suspirei. "Por Jake... Ontem. Acho que foi meio longe demais. Porém ele está preocupado."
"Que você o largue?"
Assenti ligeiramente.
Edward passou a mão pelos cabelos em sinal de frustração.
Parecia que queria falar algo, mas o que quer que fosse se controlou.
"Somente avise para que eu quero a sua felicidade. E se sua felicidade é com ele, bem... Que assim seja." Tentou sorrir, porém não vi o sorriso chegar aos seus olhos.
Desde que Edward voltara há uma semana estava sendo consumida por uma espécie de pânico. Todo dia de manhã que acordava e olhava para o calendário, percebia que era um dia a menos de liberdade e começava a suar frio.
Começava a andar na rua olhando para os lados como se algo ou alguém viesse me pegar a qualquer momento. Me via encarando a tela do celular esperando que talvez Edward me ligasse, ou esperando que tocasse a minha campainha.
Era totalmente insano, porém começara a perceber que não estava mais tão certa quanto a me casar com Jake.
Não por causa de Edward... Claro que não! Eu não o amava mais...
Ele era só um modo de referência que o meu verdadeiro homem poderia estar solto por aí, ou mesmo fosse Jake, mas estávamos nos precipitando quanto ao casamento.
Diabos! Tinha apenas vinte e quatro anos sendo que minha vida inteira eu pretendera não casar ou no mínimo casar depois dos quarenta.
Então realizei que Edward ainda continuava em minha frente e respondi:
"Assim como você esta sendo."
Ele abanou a cabeça tristemente e não consegui entender o porquê.
Sempre nos encontrávamos no orfanato, e Jake parecia não saber que isso estava acontecendo, embora não esteja quebrando nenhum acordo, afinal... Eu não o procurara, e nem ele a mim, simplesmente temos lugares em comum.
A maior parte do tempo ficávamos ocupados, todavia sempre encontrávamos um tempo para falar sobre nossas vidas, e soube de várias histórias engraçadas de Edward pelo país.
De vez em quando o via preso em pensamentos e também assim o ficava, contudo sabia que meu casamento se aproximava.
Os últimos preparativos já estavam sendo feitos, e Sue a mãe de Jacob além de ficar louca estava ME deixando louca.
Simplesmente por que raios tenho que escolher entre creme e marfim? Entre rosa ou violeta?
E por que tinha que decorar os nomes dos convidados do meu próprio casamento?
"Querida," Sue disse se lembrando repentinamente de algo. "Arranjamos um padre."
"Sério?" Arqueei minha sobrancelha e não pude pensar na idéia que tivera há alguns dias.
"Sim." Ela sorriu brilhantemente. "Ele é um velho amigo da família... Está meio surdo... Ok tem alguns problemas de coluna também, porém, é ótimo."
"O que ele tem também? O pé na cova?"
Ela riu. "Ah querida, você tem um ótimo senso de humor."
Encarei-a incrédula.
Então percebi uma coisa que me fez concluir algumas idéias que tivera há uma semana.
Amadureci aquilo em minha cabeça, e procurei incerta em minha mente se era certo ou não propor aquilo.
Seria algo legal? Seria chato? Seria hipócrita? Seria dissimulador?
Inferno! Seria tão legal se tivéssemos opiniões e certezas a cerca de tudo em nossa vida.
"Qual é o plano?" Pulei alguns quilômetros ao ouvir a voz de Emmet surgindo do nada enquanto estava presa em mil divagações.
"Emmet, pelo amor de Deus!"
"Ei, aqui sou seu chefe." Estufou o peito e se sentou ao meu lado. "Ok, vou fazer uma pequena exceção agora."
"Para?" Arqueei uma sobrancelha.
Revirou os olhos. "Bella! Hello! Eu estou aqui para te ajudar com seu plano!"
"Que plano?"
"Uai... Você pretende então fazer tudo no 'calor da emoção'?"
"Isso é nome de filme?"
"Sei lá." Encolheu os ombros. "Então...?"
"Então, o quê?"
"Poxa Bella! Depois fala que EU sou lerdo! O que você pretende fazer para sair desse casamento?"
Encarei-o cética, e simplesmente o ignorei.
Afinal agora poderia ser meu chefe e tudo, porém continuava o mesmo Emmet idiota com perguntas idiotas.
Fiquei sabendo – um passarinho verde me contou- que Emmet também oferecera ajuda para Edward pelo tal "plano" estúpido que tinha em mente.
Inferno! Será que ninguém percebia que iria me casar? E que Edward era padre?
Edward e eu poderíamos dizer que viramos amigos... De verdade. Nós conversávamos longas horas sobre nós, sobre nossas vidas... E percebia que o assunto "Jake", "casamento" e "padre" não entravam em nenhuma delas.
Poderia parecer idiota, mas acho que tentávamos esquecer tudo isso. Ou pelo menos, eu tentava.
Com Edward... Eu via o cara que acima de um grande amor, fora um grande amigo.
O primeiro cara que me chamara de linda, que colocara minha auto-estima para cima, que cuidara de mim e se importara sem pedir nada em troca, porém eu dei.
O meu amor.
PE. Edward
"Você está bem filho?" Minha mãe enfiou a cabeça na porta de meu quarto, e eu fechei o notebook e lancei um sorriso para ela.
"Estou." Porém não convenceu nem a mim mesmo.
Ela fez uma careta preocupada e entrou totalmente no quarto revelando o copo de leite que trazia.
Sorri agradecido e o tomei a longos goles.
Minha mãe me observara durante todo o tempo, e logo levantei meus olhos para ela, devolvendo o copo.
"Obrigado."
"Não há de quê." Respondeu com um sorrisinho. "Ed..." Então o que quer que ela esteja controlando, desistiu, pois se sentou na minha cama com o copo apoiado entre as pernas. "Eu... Bem, estava limpando seu quarto outro dia... E encontrei..."
Eu logo paralisei.
Abaixou os olhos e suspirou. "Você deve saber do que estou falando. E tenho estado tão aflita ultimamente pensando no que VOCÊ irá fazer... Sou sua mãe, Edward. Apesar de você ser um homem formado e dono de si... Eu fico preocupada e..."
"Ei, calma mãe." Sorri. "Uma coisa por vez."
Ela deu um estranho riso, e depois me olhou com ansiedade. Suspirei.
"Eu não sei o que fazer com a carta ainda."
E estranhamente ela ficou quieta. Nem sequer dando palpite sobre o que deveria fazer.
"Mãe...?"
"Estou ouvindo."
"Não vai dizer nada?"
"Não." Ela sorriu. "Eu quero saber SUA escolha."
"Eu... Sei lá..." Então decidi desabafar e ser sincero com ela. "Eu não me sinto mais bem como padre... Perdeu o sentimento bonito que havia para mim antes, ultimamente tem sido mais como uma prisão, como se tivesse dentro de um monastério, mesmo estando viajando para o país inteiro. Porém não gosto dessa vida mais... Viajando, longe de casa... Com pessoas estranhas, com shows todos os dias..." Suspirei.
"Eu não me sinto mais padre, e acho que isso é pior do que não QUERER mais ser."
"É por causa dela não é?" Ela perguntou calmamente.
Abanei minha cabeça. "É mais por mim." Suspirei. "Talvez essa não seja minha verdadeira vocação! Céus! Eu só tenho vinte e seis anos, e acho que posso encontrar o melhor para mim. De alguma forma."
Suspirei novamente. "Eu preciso seguir minha vida..."
"Assim como ela está seguindo a dela daqui duas semanas."
Assenti.
"Você ainda a ama, Edward?" Perguntou calmamente.
Não respondi.
Ela riu. "E nem sei por que perguntei. Está na cara."
"Eu não escolhi isso." Respondi amargurado.
"Também não escolhi amar seu pai. Sabia que seu pai estava noivo de outra? E eu também? E que no último minuto eu e ele percebemos que nos amávamos e nos casamos?"
Neguei com a cabeça.
"Pois é. E de alguma forma é o mesmo com vocês dois. A diferença é que VOCÊS ainda têm a faca e o queijo na mão. Por duas semanas, Edward. Não importa você ter só o queijo... Você precisa da faca. E os dois juntos vocês só terão por duas semanas."
Então com um beijo casto na testa e um "seja feliz, meu filho" ela saiu do quarto, me deixando com vários pensamentos.
Bella
Apesar de tudo que nos ocorreu, seria hipócrita não dizer que éramos especiais e que fora algo bom. Fora algo intenso, pelo menos.
Tinha momentos que me lembrava tão intensamente de dois anos atrás, que parecia que o presente se afastava, e que eu e ele estávamos juntos novamente... Fazendo amor... Beijando-nos, e esperando a carta vir do Vaticano dizendo que finalmente poderíamos ficar juntos.
Contudo a carta não chegou... E os empecilhos para um amor sacerdotal haviam sido intensos, e nos separamos.
Todavia conversando e rindo um do outro, esquecendo das datas, e das outras pessoas, percebíamos a quão boa era nossa ligação, o 'timing' perfeito entre as palavras, o assunto que nunca morria... O riso que provocávamos mutuamente.
Durante as duas semanas que Edward permanecia ali, e faltando duas semanas para meu casamento, eu percebi que Edward era o cara para mim.
O cara que se não fosse padre, seria o marido ideal, o pai dos meus filhos ideal, o amante ideal...
Porém ele era padre, e eu procurava uma vida normal.
E Jake me oferecia isso, então tinha simplesmente que me contentar, e sentir os laços se firmando ao redor do meu pescoço cada dia, cada hora, e cada segundo que me via mais perto do dia do meu casamento.
Então um dia tomei a coragem necessária.
"Edward," Cheguei calmamente por trás dele e ele se virou com um sorriso. "Preciso falar com você."
"Claro." Assentiu, então fomos até o jardim do orfanato onde havia uma macieira que anos atrás causara extremo desconforto em Edward e que descobrira meses mais tarde que era por causa do fruto proibido e das alucinações que também tinha.
Sentamos-nos na grama lado a lado e o crepúsculo se formava no horizonte. Comecei a brincar com as gramas, incerta ainda se o que iria fazer seria bom ou não.
Mas era como uma necessidade. Não sabia como explicar, mas eu o queria lá.
Era tão estranha que nem mesmo me entendia. Era melhor eu simplesmente seguir meu coração.
"Algum problema...?" Ele buscou alguma coisa em minha expressão.
Virei meu rosto e pisquei meus olhos diversas vezes para me impedir de chorar.
Há algum tempo que evitava aquilo, contudo tinha que fazer.
Quando estava com ele na nossa bolha, éramos tão somente "nós" que nunca me ocorreu à idéia de fazer aquilo.
Então sem dizer mais nada entreguei o envelope cor de marfim e com escritos em dourado á ele.
Nunca pensei que me doeria tanto o coração fazer aquilo, e nem a vontade enorme que tinha de fugir para qualquer lugar onde não tivessem tantos problemas e confusões.
Na verdade queria fugir para dois anos atrás... O começo de tudo e me permitir viver um pouco do muito que recebera, contudo agora não tinha mais.
Demorou alguns segundos para Edward pegar o envelope, e quando o fez percebi que suas mãos tremiam ligeiramente.
Não pude deixar de observá-lo, então vi o franzir de testa ao ler os descritos do envelope que já decorara, por tantas e tantas vezes em que o remexi e me perguntei se era o certo.
"De Jacob Black e Isabella Swan." Murmurou.
Ele abriu calmamente e retirou o conteúdo em papel nobre de dentro.
Dizendo a data, o horário, e tudo o que era clichê ter em um convite.
Chocada, vi uma lágrima cair de seu olho esquerdo, e me perguntei se era ilusão já que segundos depois ela não se encontrava mais lá.
Ele ficou minutos em silêncio, e o céu já assumia tons mais escuros do que dantes. O clima de tensão entre nós chegava a ser palpável, e me vi perguntando novamente se fizera o certo.
Porém, eu o queria lá! Era uma necessidade quase física de tê-lo por perto.
Como se ao ter sua presença pudesse ao menos, me deixar alucinar que era ELE no altar e não meu melhor amigo.
"Você..." A voz estava embargada quando retornou a falar sem me encarar. "Quer que eu vá?"
Então vi que não controlara os meus olhos marejados, e torcia para que as pequenas lágrimas não se tornassem verdadeiros soluços.
Assenti, mordendo os lábios.
Ele não me encarava, entretanto sabia que percebera meu gesto.
"Desculpa, mas..." Iniciou e se levantou rapidamente e vi suas mãos apertando com extrema força o envelope. "Não poderei ir."
Meu queixo caiu e minhas esperanças baixaram rapidamente, enquanto também me levantava.
"Por quê?" Sussurrei.
"Eu..." Ele passou a mão pelos cabelos, nervoso. "Vou... Viajar... É, turnês..."
"Você é um péssimo mentiroso, Edward. Você não terá turnês. Irá viajar somente em três semanas. Uma semana depois do casamento."
Ele fechou os olhos com força e suas mãos freneticamente remexiam nos seus cabelos cor de bronze.
"Bella, eu..."
"Edward." Tomei toda a coragem que me era necessária. "Não estou te chamando para participar de meu casamento..."
"Não?" Parecia confuso e um tanto aliviado.
"Não." Abanei a cabeça dizendo a mim mesma que precisava ser forte. Precisava fazer aquilo!
Naquele casamento de quatrocentas pessoas se vinte eu conhecesse seria muito. Era como se fosse uma estranha. A noiva 'anti-social'.
Sentia-me estranhamente desconfortável com aquilo. Seria horrível entrar naquela igreja, enfrentar a festa toda, sem ter um olhar acolhedor... Alguém me lembrasse do que era, ou quem eu fui.
"E o que você quer de mim então Bella?" Ele parecia frustrado e então com o canto do olho vi o convite se tornar um verdadeiro bolo de papel amassado.
"Eu quero que você celebre meu casamento, Edward."
PE. Edward
Parecia que os últimos dias se resumiam á pesar escolhas em balanças.
Em uma mão o convite recém 'desamassado' do casamento da mulher que amava.
De outro, o envelope que era minha libertação, meu alvará, meu bálsamo ou de que raios você queira chamar.
Já estava determinado a largar a batina, logo após a conversa com minha mãe vira que há muito tempo tomara a decisão.
Não teria Bella nesse processo, porém pelo menos não estaria enganando eu próprio.
Porém... Com seu pedido... O que queria afinal?
Uma coisa ruim era saber que iria se casar, uma pior ainda era ter que comparecer ao casamento.
E outra coisa extremamente horripilante – que só era reservado a padres – era celebrar o casamento da mulher amada.
Céus! Seria isso uma penitência por ter me apaixonado?
Relutantemente aceitei. Seria a última missa que faria... Porém a que mais me doeria.
Duas Semanas Depois
Alice
"Emmet caramba presta atenção!" Reclamei já sentindo saudades do meu remedinho.
"Ei, eu estou..." Claro que estava. NA BUNDA DE ROSALIE!
"ROSE, você está expulsa."
"Ei, por quê?" Ela respondeu indignada e logo cruzou os braços se sentando longe de Emmet.
"Ok, agora pode continuar. E você fica ai Emmet!" Ameacei o infeliz que já tentava se esbaldar para os lados de Rose.
"Ok, Alice... Mas será que vai dar certo?" Tanya perguntou roendo as unhas.
"Claro que sim."
"E se realmente não quiser MESMO ele de volta? E se, sei lá, ela for se casar com Jake?"
Revirei meus olhos. "Claro que não! Isso está bem óbvio! É que eles dois são babacas de mais para perceberem que nasceram para ficar juntos! E nem o idiota do meu irmão consegue perceber a chance que tem nas mãos..."
"Do que você está falando?" Jasper perguntou levemente interessado.
"Bem... Se hoje não der certo nosso plano, minha mãe me contou alguns dias atrás..."
Bella
"OHHHHH!" O suspiro coletivo me fez querer vomitar.
"Bella, você está... Tão... Tão... Linda." Minha supermãe disse batendo palminhas de empolgação enquanto passava os braços ao redor dos ombros de Sue.
Quando que elas viraram tão amigas que nem percebi?
"Oh... E esses fios de ouro?" Disse minha melhor amiga, Rose analisando freneticamente os detalhes do vestido.
A madame não-sei-o-quê-alguma-coisa-em-francês bateu na mão dela com um leque, e com um som que mistura "Ai, Ui, Chirriei" afastou-a dali.
"Mai oi! Está estupenda! Magnífica!"
"Até eu tenho que confessar que tá ajeitadinho..." Uma Alice amarga comentou com os braços cruzados no peito e os pés encostados na parede.
Ela ficara assim de repente, e não entendia o porquê do tão "de repente."
Se for algo sobre o casamento, inferno poderia ter ficado emburrada desde o início certo?
"Certo, aqui está!" Apareceu um Emmet na sala agarrando Jake pelo colarinho que ao ver minha imagem abriu a boca em um perfeito "O".
Um grande silêncio se rompeu, acabando com os pequenos sussurros e comentários das senhoras que ali se encontravam.
A madame de nome francês com um grito horripilante, me fazendo crer que "os Power ranger do mal haviam dominado a cidade e destruído seu ateliê" como um raio caindo na terra ela se moveu na minha frente tentando cobrir meu vestido.
Minha mãe e futura sogra gritaram em uníssono e Emmet tratou de pegar alguma maldita câmera que tinha no bolso.
Jake... Bem, Jake me olhava embasbacado e me perguntei o motivo por estar tão entendida que nem ligava para as supostas idiotices de lendas sobre o noivo ver o vestido antes do casamento.
"OLHAAAAA! MÁ SORTE! MÁ SORTE! MÁ SORTE!" A Alice que controlara seu gênio até então começou a dizer e parecia feliz com isso?
"Emmet, seu idiota! Por que você o trouxe aqui?" Então o salvador da pátria – que estava ali no clube das luluzinhas- Jasper rebocou o futuro marido para fora e impediu que Emmet tirasse fotos de mim naquele momento.
"Ei! As pessoas da alta sociedade estão pagando para verem o vestido da noiva antes do casamento!"
Mas ele foi despachado por mulheres extremamente furiosas, e minha mãe, suspirou ao fechar a porta e se encostar-se a ela.
Sue que parecia ser sua irmã gêmea separada na maternidade- fez o mesmo, e eu simplesmente ficava ali observando tudo com minha maior cara de tédio.
Olhei pelo canto do olho para Sky que dormia tranquilamente abraçada á uma foto do pai e vi que se encontrava terrivelmente entediada
Suspirei e desci do pequeno "palanque" que me encontrava.
"Ei, ei. Oui! Aonde pensa que vai?"
Encarei o projeto de estilista aposentada em minha frente.
"Indo embora...?"
"Filha não pode ir! Não depois do ritual!"
"Sim, o ritual." Sue repetiu como um verdadeiro papagaio da outra.
"O único ritual que sei que irá acontecer é amanhã." Resmunguei.
"Não! O noivo viu você de noiva, como pode?"
"Ei... Eu queria dizer que nunca soube desse trem louco aí." Emmet enfiou a cabeça na porta e logo foi despachado com uma almofada cheio de agulhas.
"Ei! Ele é burro, mas também é meu chefe." Resmunguei para a estilista que quase matara o meu cofrinho.
Ela revirou os olhos e abanou aquele leque horripilante.
"Olha... Eu queria ir embora..."
"Lógico que não!" Sue interferiu roubando uma prancheta das mãos de Jasper, que abraçava uma Alice resmungona, e parecia igualmente entediado.
Ela mordeu a ponta do lápis e depois calmamente fora citando os itens.
"Manicure... SPA... Cabelo... Depilação..."
"Jesus. Por que não distribuiu tudo em um mês?"
Sue riu e então perguntou se alguém já havia pegado as velas.
A estilista sou-francesa-tenho-nome-francês logo fuçou em uma larga gaveta e retirou um enorme pacote de velas de várias coisas.
"Jesus! Vão fazer vodu na véspera da minha conde... Quer dizer, casamento?"
Sue riu dizendo mais uma vez "como seu humor é incrível" e procurou algum isqueiro entre os bolsos, até que por debaixo da porta apareceu um isqueiro colado em um bilhete.
A madame estilista foi até lá e leu-o.
"Aqui o isqueiro. Mas, oui, por favor... Desculpe... Não saber... Que veterinário não podia... Ver..."
Revirei os olhos e abri a porta deixando um Emmet grandalhão e chefe tropeçar e quase me derrubar com o vestido para o chão.
"NÃÃÃÃÃO!" Várias vozes de uniram, junto com pares de mãos me segurando por todos os lados.
Socorro! É ARRASTÃO!
De repente me vi á dez metros de distância do pobre cofrinho e três mulheres furiosas faziam minha frente de batalha.
"Fique longe dela seu destruidor de casamentos!" Sue bradou.
"Epa, epa, epa..." Interferi passando pelo meio das mulheres psicologicamente necessitadas. "O menino não fez nada..." Fui até ele e o abracei enquanto senti-o fazer alguma cara de bebê chorão.
"É... Snif, snif... Se Edward tivesse pedido alguma coisa, faria, porém AI BELLA!"
Como que o infeliz ainda tinha coragem de citar o nome do sacerdote?
"Edward?" Vi minha mãe ficar branca como cera e a estilista movimentar seu leque em sua cara. Sue franziu a testa. "O padre? Por que o padre impediria o casamento?"
"Mas você não Sab..."
"Emmet, querido. Você está misturando as coisas." Estreitei meu olhar para ele e logo voltei carinhosamente para Sue enquanto passava meu braço por seus ombros. "Emmet tem sabe... Necessidades... Ele é..." Abaixei a voz somente para a mulher-alma gêmea de minha mãe, ouvir. "Excepcional."
Sue abriu a boca em espanto e assentindo, sussurrou: "Bem que desconfiei. Mas EPA!" Eu me assustei da mulher, afinal, parecia que estava dando à louca.
"ESTOU SENTINDO UMA LIGAÇÃO... ESTOU SENTINDO UMA LIGAÇÃO..." Ela fechou os olhos e começou a se abanar como se estivesse com epilepsia, e as mãos apertando as extremidades da cabeça.
"Jesus, salva essa alma!"
"VOCÊ!" Ela apontou para RENNE que arregalou os olhos ao ver a mulher-gêmea indo a sua direção com um olhar mortal. "Nossa ligação psíquica está me dizendo que você está nervosa..."
Credo... Será que elas realmente eram gêmeas? Jesus! Era o cérebro Einstein funcionando! Era o cérebro Einstein funcionando! Era o cérebro Einstein funcionando! Era o cérebro Einstein funcionando!
Eu sou demais!
"Nervosa, eu?" Minha supermãe tremeu os lábios e corou violentamente. "V-v-o-c-cê está e-e-n-ga-na-ada..."
"Epa! Já estão roubando minhas falas!"
Então, chocada avistei um Mike não mais NERD entrando no ateliê.
"Mas o que é isso? A casa da sogra?"
"Epa, a minha casa não!" A tia protestou.
Alice então ria descontraidamente segurando um aparelho de celular nas mãos. Jasper ria com ela, e estreitei os olhos para eles.
Marchei em sua direção e roubei o celular seguido de vários protestos de "Menor infrator" de Alice.
Mas que diabos é...
"REUNIÃO QUENTE ACONTECENDO! VOCÊ CONHECE BELLA SWAN? SABE PODRES SOBRE ELA? VENHA ATÉ O ATELIÊ NO ROCKFELLER CENTER E ABRA SEU CORAÇÃO E SE SINTA LIVREEEEEEEEE!"
"Você o quê?" Chocada encarei-a.
"É isso mesmo do que se trata." Um Mike parrudo chamou a atenção de todos subindo no "palanque" que estava minutos antes.
A estilista já estava desmaiada em cima da caminha de Sky que rosnava para ela querendo seu território.
"Vou falar de VOCÊ, Bella Swan." Ele lançou um olhar mortal, ou pelo menos que era para parecer mortal.
"É AQUI A ORGIA?" Vi um grandalhão com as típicas regatas e bermudas "cata negão" adentrando o recinto.
Sue e minhas mães soltaram um berro no mesmo momento, e quanto à mão de uma se dirigia ao coração, a outra desmaiava sendo amparava por minha supermãe.
"Derek! Cadê os outros?" Mike saudou, chamando-o para sua direção.
"Cara isso não tem cara de suruba." Reclamou olhando para os lados e me avistando ali em um canto com Alice. "Ei, ADOOOOREI SEU VESTIDO!"
"É..."
"FUI EU QUEM FEZ!" A estilista ressuscitou de repente do desmaio e começou a fazer propaganda dos tecidos e peças usadas para o vestido.
Não demorou mais alguns segundos, para uma risada maquiavélica sair de Alice e uma legião de homens seminus entrarem no recinto puxando uma Tanya em cima de suas cabeças.
"SOCORRO!" Ela gritava transtornada.
"Mas o que está acontecendo aqui?" Jake adentrou o recinto novamente, e logo as três mulheres psicologicamente necessitadas vieram fazer a fronteira novamente.
Revirei meus olhos.
Emmet dessa vez querendo ganhar pontinhos com Sue e a madame sei lá o quê, foi o próprio que expulsou Jake do local, e depois voltando com um sorriso vitorioso.
"Seu idiota!" A madame gritou. "Precisamos de homens para tirar esse bando de... Oui... Bando de..."
"Ei, decidam o que querem, poxa." Reclamou o jogador. "Eu não sou adivinha!"
"Vamos lá minha gente. É UM... É DOIS... É TRÊS... É... Garanhões da cidade ossos duros de roer, cata um, cata GERALLL, também vai catar você!"
Mike puxava o coro e logo vários homens semi desnudos com seus violinos e sanfonas e organizados em fileiras por tamanho orquestravam a situação.
"Mas isso aqui tá um hospício!" Renne e sua irmã gêmea reclamaram juntas depois começaram um ataque de risos pela coincidência.
A bagunça estava infernal... Era uma orquestra de homens semi despidos em um canto, uma estilista tocando no peitoral de um barbudo murmurando alguma coisa de "poderia ter mais assim na França", um Emmet fazendo amizade com o grupo, Rose batendo nele por ser tão burro, e Sky sendo quase molestada por um cachorro pulguento em sua caminha.
"AVANTE! SAI DAÍ INFELIZ!" O cheio de pulgas rosnou e logo percebi a coleira que o identificava como "mascote dos GC". Com raiva taquei um grande pedaço de tecido em seu corpo, e o infeliz ficou desorientado rodando atrás do rabo enquanto acolhia Sky em meus braços.
"Vamos Bella." Alice veio em minha direção e me puxou pelo braço para uma porta anexa ao ateliê.
Assim que adentramos ouvimos o que parecia cotoveladas e punhaladas na porta e um pedido de "Socorro" sendo proferido.
"TANYA!" Exclamei assim que abri a porta e encontrei-a ali descabelada e suando descompassada.
"Bella!" Ela veio para cima de mim e quase quebrou minhas costelas com um abraço. "Eu te devo eternamente e..."
"Uh-rum." Alice limpou a garganta e logo percebi o meu vestido sendo desfeito. "Temos algumas coisas para fazer."
"Verdade!" Tanya logo se recuperou e gritou a se ver no espelho.
"Espera... O que está acontecendo?"
A cantoria lá de fora ainda estava audível e distinguia o dueto que se formava de minha supermãe e sua alma gêmea.
Então já me encontrava de peças íntimas e me perguntei, abobada como Alice conseguira tirá-lo tão rápido sendo que a madame francesa ficava uma hora só para fechar o zíper.
"Minha vontade era de cortar na base na faca! Mas é tão desperdício..." Ela bufou.
Então depois que Tanya prendeu o longo e sedoso cabelo em um rabo de cavalo, começou a trabalhar em conjunto com Alice.
"Cadê a caixa Alice?"
Alice jogou quase abruptamente uma de papelão para Tanya que fez certo malabarismo para pegar e logo colocou o vestido lá dentro.
"A mulher vai ter um ataque." Tanya disse séria, porém olhei para Alice e as duas desataram a rir.
Jesus! Eu estava no meio de loucas.
Ouvi batidas fortes na porta, e as duas mulheres paralisaram.
"Bella! Bella! Você está aí?" reconheci a voz de Jake.
"Merda." Reclamou Alice me passando uma muda de roupas. "Vá logo."
"Espera!" Pausei, não deixando que nenhuma das duas forçasse a roupa para baixo. "O que vocês estão fazendo? Armaram todo esse cerco para quê?"
Alice revirou os olhos.
"Você irá nos agradecer Bella."
"Ah não... não..."
"BELLA? BELLA?"
"Gente, vocês não estão pensando em me raptar estão?"
Alice riu junto com Tanya enquanto as duas concordavam que seria uma boa idéia.
"Mas relaxa chimpanzé." Alice enfiou um boné em minha cabeça. "Nós só vamos garantir uma boa dose de última solteira para sempre para você!"
"O que é 'última solteira para sempre'?" Perguntei incrédula.
"Sabe que essa não sabia até ultimamente?" Tanya observou sorrindo, enquanto colocava vários tecidos dentro de uma sacola folgada.
"Deve ser por que eu que inventei baby." Alice retrucou, rindo.
Quando as duas viraram tão amigas?
"Ei, vocês estão roubando tecidos da madame sei lá das quantas!"
"Bella," Alice colocou a mão no meu ombro me olhando pacientemente. "Eu sei, tu sabes, ele sabe, nós sabemos," Gesticulou. "Que você quer isso. Sempre esperou por isso. Há cinco..." Sinalizou. "Longos..." Fez uma voz teatral dramática. "Meses."
"Além do que a mulher limpa a casa com seda, nem vai sentir falta! Além do que os tecidos vão ser essenciais!"
"BELLA?"
"Cara ele nunca vai sair dessa porta?"
"Eu vou falar com ele!"
"NÃO!" Impediram-me, então Alice sinalizou para Tanya que colocou a mão sobre minha boca e me escondeu atrás da porta, enquanto Alice a abria.
"Oi, Jake."
"Ei, Alice. A Bella tá por aí?"
Mas que diabos Mike e os garanhões da cidade estavam cantando?
"GARANHÕES DA CIDADE É A MELHOR ORGANIZAÇÃO DO MUNDO... AS OUTRAS SÃO GOVERNADAS POR MULHERZINHAS!"
"Ei Jake... Estou com uma dor de cabeça horrível com essa gritaria. Bella deve ter fugido."
"Mas pensei ter a visto entrando aqui..."
"Querido, quer procurar um oftalmo?"
"PRA DANÇAR CREDO A GENTE DANÇA COM OS CANHÕES... VAI LÁ DONA FRANCESA, REBOLA ESSE POPOZÃO CAÍDO!"
Tanya riu atrás de mim enquanto impaciente tentava descobrir o que as duas loucas estavam aprontando.
"CHEEEEGA!" Percebi a voz das almas gêmeas ressoando no local. "CADÊ A NOIVA?"
"Jesus mio! Oui... Oui... Não pares... Não pares... Ou yo no me llamo..."
"AAAAAAAAAAAH!" Com essa eu tive que sair do aperto de Tanya e passei por Jake e encarei a mulher fraude. "Eu sabia! Eu sabia!"
"Bella! O que você está fazendo?" Alice perguntou inquieta e talvez querendo me matar por ter saído de meu esconderijo.
"Não sei do que está falando... Paris é linda, elegante... Cidade das LUZES!"
"VOCÊ É UMA FRAUDE!"
"FRAUDE!" Ouvi o coro dos Garanhões da cidade me repetir.
"Não é francesa coisa nenhuma!" Ri. "Provavelmente é Paraguai!"
"Ora, ora, ora, ora..." Ela abanou o leque e o deixou violentamente cair no chão. "Quem você pensa que é Muchacha? Queres mucha luta?"
"MUCHA LUTA!"
Revirei meus olhos para os panacas das sanfonas e violinos.
"Não acredito!" Sue e suas almas gêmeas proferiram.
"Eu posso explicar mi ninas..."
Alice então me pegou pelo braço enquanto a confusão se formava e me rebocou quase que violentamente para a porta do ateliê.
"BELLA!" Ouvi a voz de Jake, porém Emmet, que parecia finalmente entender alguma coisa, o impediu.
Será que tudo era um plano?
Jesus!
"JAKE... ESTOU SENDO SEQUESTRADA!"
"Cala a boca!" Alice berrou e logo me vi sendo jogada em uma limusine preta. O crepúsculo se formava no céu e me perguntei como não vira o tempo passar. Com toda aquela confusão havia ignorado que dali a menos de um dia eu estaria casada com JAKE!
"Vou desmaiar..." ameacei jogando a cabeça para trás. Tanya que se encontrava ao meu lado de óculos escuros – que não sei de onde raios conseguiu- começou a me abanar e a dizer como se eu fosse um bebê que tudo iria ficar bem.
"Estamos chegando!" A irmã de padres respondeu do banco da frente em que dirigia.
Perguntei-me desde quando ela dirigia limusines.
"Ei, conte piadas para ela. Talvez melhore!" Ouvi a voz de Jasper e percebi que era ele quem estava dirigindo.
"Ohmeudeus! É um grupo de seqüestro!"
"Conta alguma piada ae!" Alice protestou. "Eu não sei, quem é boa é a Bella."
"EU SEI! EU SEI!" Tanya disse feliz quase quicando no assento. Jesus! A convivência com Alice influenciava. "Um cara tomava conta de horta, mas depois morreu. Qual o nome do filme?"
"O ex-hortista!" Respondi ganhando uma careta da bela ninfa.
"UGH! Você conhece todas?"
"É que eu já contei." Sorri.
"Ok, já melhorou?" Alice perguntou impaciente do banco da frente.
"Sim." Me levantei e tentei olhar através do vidro fumê. "Para onde estamos indo?"
Então Jasper, Alice e Tanya começaram a cantarolar alguma maldita música sobre 'ser solteira uma vez na vida' e não pude evitar o calafrio que se instalou em minha espinha.
"Bella! Você acha mesmo que iríamos te deixar sem uma festa de despedida de solteira?"
PE. EDWARD
Se houver coisa pior que depressão me avise! Eu irei ficar satisfeito ao saber que existiam coisas piores do que sentia no momento.
Céus! Eu estava um caco.
Estava lá esparramado na cama, pensando no que diria no casamento amanhã.
"E o que Deus uniu o homem não separará?"
"O amor é como fogo..."
UGH! Rolei na cama e enfiei minha cabeça entre os travesseiros.
Estava há horas deitado ali exercendo minha bipolaridade e condenação, e já estava exausto de tanto acrescentar itens em minha lista.
O telefone tocou me tirando rapidamente de pensamentos incoerentes.
"Alô..." Pensei que era Amber dizendo que teríamos que partir para qualquer raio de lugar ainda naquela noite, e assim eu simplesmente dissesse á Bella "desculpe. Mas eu tenho que ir", contudo era minha irmã caçula com uma voz ofegante.
"Edward? O que está fazendo NESSE exato momento?"
Bufei. "Tentando criar uma máquina do tempo e você?"
"Ótimo. Então levante essa bunda de padre da cama e venha para onde estou te mandando."
Eu não conseguia acreditar no que estava ouvindo.
"Primeiro..." Falei calmamente. "Onde você aprendeu esse palavreado? 'Bunda de padre', pelo amor de Deus! E outra você acha mesmo que quero sair dessa minha cama com o ventilador fazendo um movimento tão redondo em cima de mim?"
Ouvi Alice bufar.
"Edward," Quase choramingou. "Você não me ama?"
"Me deixa pensar..."
Então ouvi vozes perto de Alice e ela tampou o bocal para falar com alguém. Só ouvia os murmúrios e estava pronto para ignorá-la e desligar em sua cara, quando ela volta gritando um sonoro "VENHA PARA CÁ AGORA!"
Então ouvi a batida de música do outro lado.
"Anda festando muito em Alice?"
"Eu?" Ela riu com sarcasmo. "Quem 'festa' bastante aqui é Bella!"
"Bella?" confuso, perguntei.
"COMI MEXERICA E ENGASGUEI!" Ouvi o berro/uivo de Bella no telefone.
"Jesus! O que está acontecendo ai?"
"POR ISSO QUE EU ESTOU FALANDO PARA VOCÊ VIR AQUI! ELA ESTÁ DOIDA! Acho que..." Ela anuviou a voz. "Que ela precisa de um exorcismo."
Sentei-me rapidamente na cama.
"Diga-me onde está."
Percebi pelo tom de Alice no telefone enquanto me passava o endereço que ela armava alguma coisa, porém nem liguei.
Até que a luz se fez.
"E por que não chama Jacob?"
"JESUS BELLA! ESSA SUA CALCINHA COR DE ROSA É O TERROR!" reconheci a voz de Emmet.
Meu Deus! O que Bella estava aprontando?
"Você quer mesmo que o chame quando está na festa de solteiro DELE? Além do que é capaz de não casar com a menina."
"Então o chame." Me vi dizendo, mas logo me chutei mentalmente.
"Edward! Você é único que pode salvá-la! VENHA LOGO! AAAAAH!"
"Que foi?" Já estava colocando o calçado e pegando as chaves do carro.
"Bella está beijando um homem."
Então sem pensar desci correndo as escadas de casa e minha mãe sorriu no espaldar da escada para mim. Passei por ela rapidamente e liguei o carro, rufando pneus em direção ao endereço que Alice havia me indicado.
Bella
"Serve-me outra, garçom!"
"Epa, epa, epa..." Rose interferiu tirando o copo de bebida de minhas mãos. "Já bebeu demais."
"Ei!" Protestei. "Essa é MINHA festa, não?"
"Sim." Ela me rebocou de perto do bar, ignorando meus protestos. "Porém não é para ter um coma alcoólico!"
"Foram vocês que me incentivaram a beber!" Protestei.
"Só um pouco para se soltar."
"E para que preciso me soltar?"
Quando ela ia me responder Emmet me abraçou por trás me tirando do chão e eu resmunguei violentamente.
"Me solta, EMMET!"
Ele fez algumas cenas bizarras do Tarzan e depois me soltou, enquanto arrumava o cabelo.
"Ei, quem são essas pessoas todas que não conheço?" Perguntei
Rose encolheu os ombros, pegando uma bebida que passava em uma bandeja.
Quando fui estender o braço...
"NÃO!" ela bateu na minha mão! Como que ela pode bater em minha mão?
"Cadê meu celular, então inferno? Vou mandar o disk bebum trazer aqui as coisas!"
"Seu celular?" Rose ficou nervosa, e logo tomou o drinque inteiro quase engasgando no final.
"AH NÃO! NÃO ME DIGAM QUE SUMIRAM COM ELE?"
Emmet então interferiu.
"Ah sua mãe e Sue não paravam de ligar, cara, aquela ligação delas está bizarra!"
"Mas é lógico que ela deve estar me ligando, vocês me seques..."
"Vai logo, Bella! TOMA! Acho que precisa de mais!" Rose enfiou a bebida goela abaixo e prontamente calei a boca.
"Por que Alice não sai daquele telefone?"
Emmet e Rose trocaram olhares nervosos.
"EPA, EPA... Podem me explicando..."
"Devo dar mais um copo para ela?" Emmet perguntou.
"Não, chega! DJ! COLOCA Single Ladies."
"Ah não!" Argumentei. "Eu dancei isso na boate, nunca mais."
Porém a música continuou e me vi contagiada pela dança e me esbaldei com Rose ao meu lado.
Alice
Cadê o bipolar do meu irmão? Cadê?
Bella já estava quase se estripando e ele não chegava.
Então a música conhecida assolou meus ouvidos.
"Alice é o Jake."
Logo desliguei na cara do garoto. Nem para curtir a festa de solteiro sozinho ele era capaz? UGH!
Então o celular tocou de novo e dessa vez era o condenado do meu irmão futuro ex-sacerdote.
"ONDE VOCÊ ESTÁ?" Berrei.
"Ei calma!" Porém a voz dele parecia irada, o que me fez rir internamente. "Eles estão barrando minha entrada! Vem aqui me buscar!"
Quase saí saltitando de dentro da boate, não sem antes lançar um positivo para Rose, Emmet e Jasper que controlava os efeitos de luz.
Logo então Emmet pegou um homem qualquer na multidão e colocou perto de Bella.
Nos portões dois enormes seguranças barravam um Edward mais descabelado do que nunca.
"Ei, ele é meu irmão."
"Irmão?" O segurança mal encarado olhou para nós, repetidas vezes.
"É... Irmão dela." Edward bufou.
"Ei..." Um cara que vinha com um panfleto na mão e com a mulher no encalço, se aproximou. "Eu conheço você."
"Deve estar enganado meu amigo." Então suspirando de alívio entrou pelo portão e quando estávamos entrando na boate me virei para ele e adverti:
"Edward, você precisa tirá-la daqui. Salvar o casamento dela, ou sei lá o quê. Entende? Só você pode salvá-la."
Fiz minha maior cara de dramática.
Edward então para meu total divertimento fechou as mãos em punhos e sua expressão se tornou terrivelmente obstinada.
"Eu irei salvá-la Alice."
Então rindo internamente observei o futuro ex-sacerdote entrando na boate.
Bella
"PÁRA O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!" Berrei e observei o infeliz que vinha me grudando sua coxa nojenta na minha. "EPA, sai para lá!"
Então olhei ao meu redor procurando por algum sinal de Emmet, o jogador, Rose, a barraqueira e Alice, a encrenqueira, porém os achei espalmados em uma parede como se fossem presidiários, observando tudo com atenção.
E por que Emmet segurava uma maldita câmera?
"Ei gatinha, tá afim de TC?"
Olhei para o NERD que se projetara em minha frente.
"Tenho cara de teclado por acaso, desconjuro?" Resmunguei e o tentei afastar, porém começou a tocar um forró maldito e ele me agarrou feito uma boneca inflamável.
Nunca havia entendido a essência louca daquela dança. Qual era o propósito de ficar trombando coxas, praticamente quicando no ritmo da música e embaraçando o cabelo?
UGH!
"VAI LÁ, SACERDOTE!" Ouvi alguém gritar.
Então a música mudou para algo bem dramático.
Jesus. Era Jasper mesmo que estava como DJ?
"Não é I Will survive idiota!" Observei por cima do ombro do infeliz que ainda se agarrava a mim, Rose começar a mexer no aparelho de som.
Então a música se transformou em um misto de balada com romantismo e provocação.
Jesus!
"EPA! Tira essa mãe boba daí." Dei um tapa no infeliz que somente pareceu mais animado. Jesus! Ele era do estilo "bate que eu gamo?"
"Você é linda, tentação... Quero te ter todinha..." Ele babava em mim. Aquele barro de cachaça misturado com mil bebidas diferentes encharcou minha cara.
Eu mereço? Diz que não, né?
De repente ele puxou minha mão e começou a me arrastar.
"EPA! Onde você pensa que está me levando?" Tentei me tirar de seu aperto, mas foi em vão.
"Á noite nas estrelas, amorzinho..." Piscou.
"Amorzinho é sua..."
"Tire as mãos dela!"
Ai... Ai... Minha cabeça dói... Minha cabeça dói...
Estou tendo alucinações... Jesus! Sacode-me!
O infeliz que ainda me agarrava olhou por cima do meu ombro.
"Quem você pensa que é para..."
Então me virei e vi um Edward irado nos olhando.
Minha boca se abriu em um "O" de surpresa.
Eu já comentei que estava bêbada. Pois se não... Agora comentei.
"É quem você pensa que é... Espera quem é você?"
Vi o homem revirar os olhos e me arrancar do agarra do infeliz, que bufou e cerrou os punhos.
"Vamos ver se é homem, sua bichinha. Quero ver você tomar o que é meu." Disse idiotamente.
"UHUL!" Quem foi o idiota que gritou isso? Ah... Acho que foi o Emmet.
"Espera... Eu conheço você..." Observei os traços da pessoa que protetoramente me segurava.
Cabelos desgrenhados... Olhos verdes... Ah! Lembrei!
"Edward o que você está fazendo na minha despedida de solteiro?"
Então me encarou, ignorando o infeliz que fazia várias poses de luta.
Na verdade o cara estava tão pinguço que socava o ar e gritava "toma isso, toma aquilo".
"Fiquei sabendo que estava beijando um homem."
Eu ri escandalosamente.
"Pelo menos não é uma mulher." Retruquei. "Mas, ei, brigada aí pela ajudinha com o futuro estuprador... Mas tchau."
Esquivei-me de seu aperto e nem cheguei a dar dois passos em direção ao bar, quando ele me pegou.
"Bella, você está mal..."
"Mal? Eu?" Ri escandalosamente. "EU ESTOU... Ó-TI-MA!"
Ele revirou os olhos. "Amanhã é seu casamento... Você precisa estar bem, não com uma ressaca..."
"Mas que saco." Dei um safanão, com um bico terrível se formando em minha boca. Olhei para ele com raiva. "Você não está entendendo que ESTOU TENTANDO ESQUECER QUE VOU ME CASAR AMANHÃ?"
Ele me segurou, me impedindo de fugir.
"MAS VOCÊ VAI CASAR AMANHÃ!"
"Que saco!" Vi uma bandeja passando e logo tratei de pegar um copo de bebida. "Nem vem tentar me controlar! Amanhã vou cometer a MAIOR burrada de minha vida, e tenho que esquecer essa porcaria de vida pelo menos por agora!"
Ele tomou o copo de minhas mãos e jogou longe, espatifando o infeliz no chão.
"O que você fez...?"
"Vamos embora." Gritou, tentando me arrastar dali.
"NÃO!" Livrei-me dele mais uma vez e fui até a pista de dança apinhada de gente.
Uma música no estilo espanhol tocava e me esbaldei, afinal, era meu último dia de liberdade!
Mas quando me virei vi um Edward babaca atrás de mim.
"Você está mal..."
"Mal? HAHA! Mal estarei amanhã!"
"Vamos embora..."
"VOCÊ NÃO ENTENDE NÃO É MESMO?" As lágrimas já começavam a brotar de meus olhos, e com surpresa vi Edward levar minha cabeça de encontro ao seu peito e me aconchegar em um abraço. Solucei. "Amanhã vou me casar com meu melhor amigo..."
"Shi... Está tudo bem..." Ele acariciou meus cabelos.
Soltei-me de seu abraço.
"BEM?" Encarei-o com altivez. "Você diz que entrar em uma prisão é 'bom'?"
"Bella..."
"Isso é porque não é VOCÊ que vai se casar! Não é VOCÊ que toma decisões que mudam totalmente o rumo de sua vida! Não é VOCÊ que se apaixona por um maldito padre e descobre que é impossível..." Bufei jogando minhas mãos para o ar.
"Agora no último dia, minha última noite, você quer me impedir de esquecer meus problemas. Por quê? SACO! DEIXA-ME CURTIR!"
PE. Edward
Doía-me ver Bella naquele estado.
Ainda mais ela dizendo que era a única a tomar decisões que mudavam uma vida inteira. Eu as tomava, contudo não poderia perder tempo argumentando com ela. Seria inútil no estado em que se encontrava.
Eu precisava tirá-la dali.
Não por ela amanhã ter que "estar bem" para seu casamento com a mente veterinária, mas para evitar que fizesse algo que se arrependesse depois.
O infeliz tratante de cães deveria estar curtindo sua festa de solteiro, e talvez, como Alice havia dito, fosse o único que pudesse dar um jeito em Bella aquela noite.
"E você acha que resolverá seus problemas bebendo?" Reprovei como um pai faria com sua filha. Ela revirou os olhos, enxugando as lágrimas que se acumularam.
"ESTÁ VENDO? Você me faz chorar em uma noite que deveria estar feliz..."
"Beber não resolverá nada, Bella. O dia de amanhã chegará."
"Eu não quero que chegue!"
Ela precipitou a mão para pegar outro drinque, contudo a impedi a rebocando para fora da pista.
"Edward!" Alice chegou a nós.
"Foi você que avisou ele não foi?" Bella cambaleando apontou o dedo para a baixinha que a ignorou.
"Jake está vindo."
"JAKE?" Bella gritou e enfiou as mãos nos cabelos. "NÃO, NÃO... NÃÃÃÃO!"
Peguei-a pela barra da blusa antes que rodasse em círculos a boate inteira.
"O que ele está vindo fazer?"
"Não sei! Acho que alguém o avisou. Ele está vindo buscar Bella. Edward, ele não pode vê-la assim! Nesse estado é capaz dela acabar com o casamento!"
"Alguém ai falou em acabar com casamento?" Uma Bella de repente interessada se instalou na conversa.
Um impasse se formou em minha mente. Deixar ou não Bella terminar seu próprio casamento?
Jesus! Pensa... Pensa...
"Você é o único que pode levá-la. Mas vá rápido."
"NÃO!" Berrou a pequena. "Eu não vou sair daqui, saco! Não tenho mais cinco anos! Já tenho até pelo no..."
"Chega! Nós vamos embora dona Isabella." Retruquei a pegando pelo braço.
"Você parece minha mãe!" Argumentou.
"Se precisar ser sua mãe, vou ser. Mas tem que sair daqui. Você não está pensando direito."
"Há? QUEM VOCÊ PENSA QUE É?" Estava meio bizarra a cena. Eu tentando puxá-la pelos braços, enquanto esta tentava permanecer no mesmo lugar. "Eu tenho um cérebro Einstein a preservar..."
"Do que ela está falando?"
Alice encolheu os ombros e murmurou alguma coisa como "se apresse".
"Você não vai me levar daqui Edward! Você não vai! AAAAAAAAAAAAAAAAAH! ME SOLTA!"
Impulsionei minhas mãos em sua cintura e a coloquei por cima dos meus ombros. Ela começou a bater suas mãos em minhas costas e as pernas se moviam rapidamente, até que eu as imobilizei com o braço.
"Fique quieta, Bella!"
"SEQUESTRO! SEQUESTRO!" Pelo canto do olho observei o homem NERD alertar as outras pessoas da boate. A maioria ignorou, porém outras nos encaravam confusas e alarmadas.
Então vi um Emmet correndo com os punhos fechados atrás do homem, enquanto Rose colocava uma música de luta livre nas caixas de som.
No portão os seguranças observaram a cena assustados. Um chegou até a pegar o radiofone, contudo eu o impeli.
"Esta moça passou dos limites essa noite, precisa ir para casa..."
Eles pareceram incertos.
"Não... É mentira..." Bella grogue resmungou de meu ombro. Parecia que a posição a estava enjoando.
Não vomite na minha camisa... Não vomite na minha camisa...
"Ela bebeu demais." Sorri angelicalmente.
Enfim, os seguranças permitiram a passagem e instalei Bella no banco de trás do meu Volvo.
Com o fim da posição grotesca, ela logo começou a melhorar, contudo estava tão fraca que não conseguia nem se sentar.
Assim que tomei o lugar do motorista, começou a murmurar coisas incoerentes.
"Padre bipolar... E... Idiota... Bipolar, bipolar... Idiota..."
Revirei meus olhos enquanto seguia a estrada.
Olhei Bella pelo retrovisor diversas vezes como forma de saber se ainda estava viva, nos momentos em que se calava.
Até que voltava a murmurar como eu era lindo e idiota, bipolar e idiota, gostoso e idiota, enfim, sempre algo acompanhado com "idiota."
Não sabia para onde levá-la.
No seu apartamento não saberia como entrar, e ela em seu estado poderia nem saber mais o nome.
Não sabia onde morava sua mãe na cidade, e ela também não ficaria muito contente comigo entregando sua filha bêbada dizendo que sua vida iria acabar com o casamento.
"Não amo Jake... Jake... Não amo..."
Observei de novo pelo retrovisor, então girei o volante indo em direção á casa paroquial.
Ao lá chegar vi que Bella adormecera. Parecia um anjo apesar dos cabelos desgrenhados, o vestido amassado, e a posição torta no banco.
Abri a porta de trás, e acariciei seus cabelos gentilmente. Ela gemeu e se encolheu com meu toque. Suspirei.
"Oh Bella... As coisas que você me faz sentir..."
Ela mudou de posição novamente, então seus olhos vagarosamente se abriram.
Ela ficou confusa, mas logo ficou assustada.
"OHMEUDEUS, não me diga que tive coragem de fugir do casamento?"
Ri com desgosto enquanto tentava levantá-la.
"Vamos Bella..."
"Aonde?" Perguntou grogue.
"Simplesmente vamos." Limitei-me a responder.
Ela não conseguia erguer um dedo, então a peguei nos braços e logo se alinhou ao meu peito.
Fechei a porta do veículo com o pé, e adentrei a casa paroquial. Com a mulher da minha vida em meus braços, na véspera de seu casamento com outro homem.
As primeiras gotas de chuva começaram a cair em minha cabeça, e eu apressei o passo.
Assim que abri a porta um pouco desajeitado, tateei pela parede em busca do interruptor.
Logo as luzes se acenderam, e fechei a porta com os pés.
Bella resmungou nos meus braços, e eu calmamente a coloquei sobre o sofá na sala.
Suspirei e coloquei o cabelo atrás de suas orelhas.
Fui até a cozinha. Peguei um bom copo de água e procurei por entre meu arsenal de guloseimas algo que fizesse Bella se recuperar.
Pelo menos eu me recuperaria bem com um doce qualquer.
Quando voltei á sala quase deixei o copo cair ao não ver Bella em lugar nenhum.
Mas antes que eu pudesse desperdiçar vidro e água, a vi cambaleando em direção á porta.
"Bella!" Larguei o copo – na mesinha- e fui a sua direção. Ela como uma rapidez e força desconhecidas, conseguiu abrir a porta e sair
Lá fora ela resmungava coisas incoerentes e brigava com a chuva.
"Bella!"
Ela olhou por cima do ombro e fingiu levar um susto.
"Saí Edward..."
"Bella, você está mal..."
"Eu preciso fugir, sabe?" Resmungou cambaleando até o portão.
Peguei-a pela cintura e a puxei ao meu encontro.
"Você não tem condições de ir nem até o portão Bella..."
"Claro que tenho!" Ela desviou de meu abraço e foi até o portão tentando o abrir com as mãos trêmulas.
Revirei meus olhos. "Ouça... Não vou fazer nada com você... Só vou assegurar que você fique bem para seu casamento..."
Aquelas palavras tencionaram os músculos de suas costas e eu me chutei mentalmente por ser tão escroto.
"Você vai ter coragem de me entregar para Jacob?" Gritou se virando para mim. As gostas de chuva estavam cada vez mais fortes, e minha visão começara a embaçar.
"Você escolheu assim certo?" Não podia discutir com ela, quando esta provavelmente não estava em seu melhor clima.
"Sim. UGH! Inferno! Só faço coisas erradas..." Então não sei como ela conseguiu tropeçar-nos próprios pés e cair de bunda no jardim na entrada da casa.
Ainda bem que havia o jardim ali.
"Bella..." Suspirei e fui até ela. Quando cheguei, vi o barulho de choro vindo dela. "Bella," Falei mais carinhosamente dessa vez, acariciando seus cabelos. "Está chovendo. É melhor entrarmos."
"N-não..."
"Bella, amor, vamos..."
Ela ergueu os olhos para mim com aflição.
"Edward... Nós precisamos fugir!"
"Oi?"
"Sim..." Ela pareceu ficar tonta, mas logo já continuava com suas teorias absurdas. "Fugir sei lá... Para o Caribe! Não! Não! Antártica! É melhor!"
Fiquei calado.
"Sabe? Lá ninguém sabe que você é padre... E nem ninguém conhece nós dois..."
De repente ela se agarrou em mim com extrema força e os olhos dela estavam arregalados.
"Eu preciso ir, Edward. E você tem que ir junto."
"Bella," tentei afastá-la, porém de alguma forma Bella estava extremamente forte.
"VOCÊ NÃO ME QUER NÃO É?" Ela berrou se separando e cambaleando inclinada para um lugar longe de mim. "VOCÊ ME USOU, DEPOIS NÃO QUER! VOCÊ ME ABANDONOU!"
"Bella... Você sabe que..."
"EU SEI BOSTA NENHUMA! VOCÊ NÃO FICOU AQUI..." Ela caiu entre as pedras e ouvi um gemido sair de sua boca. Fui correndo em sua direção.
"SAÍ DAQUI!" Ela berrou então.
"Vamos entrar..."
"Eu estou bem, SACO! Deixa-me ir embora... Eu tenho uma festa esperando!"
"Você não tem condições de ir á lugar nenhum." Resolvi bancar o durão com ela agora. Além de bêbada, ferida, molhada, estava rabugenta.
"E QUEM VOCÊ... AH NÃO!"
Então a peguei pela cintura novamente, e a coloquei por sobre o ombro arrastando-a para dentro da casa.
Ambos estávamos molhados, e os pingos de chuva caiam no assoalho e nos tapetes.
"Edward..." Ela esperneou.
"Algumas vezes você é uma tremenda de uma criança, Bella!"
"MAS EU VOU ME CASAR AMANHÃ!"
"Eu sei droga." Resmunguei.
Agora eu sabia que Bella havia pegado minha bipolaridade, pois em cada momento agia de um modo.
"EU TENHO QUE VOLTAR PARA JAKE!"
"Você não estava querendo fugir dele agora mesmo?" Perguntei com aspereza.
Não estava com ciúmes... Não estava...
"EDWARD... VOCÊ... OHMEUDEUS... EU QUERO FUGIR."
Abri a porta do banheiro com um baque enquanto ela gritava.
"Calma, Bella..." Suspirei, colocando-a sentada no vaso fechado. Passei a mão pelos cabelos enquanto fechava os olhos. "Não vamos fazer isso mais difícil do que está sendo, certo?"
"Eu ainda não sei por..."
"Eu estou cuidando de você... Estou responsabilizado por você, então, coopere ok?"
Ela ficou em silêncio me encarando com altivez por um longo tempo. Até dar de ombros, e analisar as unhas.
"Certo..." Mordi meus lábios. Peguei a barra de chocolate dentro do meu bolso e estendi para ela.
Ela encarou confusa.
"Vai ajudar." Limitei-me a responder.
Ela hesitou, porém pegou a barra e a comeu lentamente.
"Certo..." Suspirei novamente, incerto do que fazer.
SENHOR! Minha vontade era de trancar Bella naquele banheiro até o fim do casamento. Ou mesmo dizer á ela tudo o que eu ainda sentia... Agachar ao seu lado e perguntar se ela queria fugir comigo, desistir de tudo... Ofereceria o mundo para ela, o meu amor... Tudo...
Eram tantas as minhas vontades que precisei de um intenso esforço psicológico para sair do banheiro.
"Aonde vai?" Perguntou com a voz doce repentinamente.
Ao olhar para ela percebi que ela não queria que eu fosse embora. Que tinha medo que eu a abandonasse.
Sorri amarelo. "Toma um banho... Vou esperar aqui fora."
Estava fechando a porta quando ouvi:
"Já viu bem mais coisa do que isso..."
Suspirei. "Mas não sou seu noivo Bella."
Fechei a porta cautelosamente, com todo o cuidado para não tacar a maçaneta longe.
Permaneci no meio do corredor, pois se eu fosse para qualquer outro lugar não conseguiria resistir à vontade de pegar a chave do banheiro e trancá-lo. E se chegasse perto demais do banheiro não resistira á vontade de entrar.
O corredor era neutro, então era lá mesmo que eu permaneceria.
Batuquei os pés com impaciência do chão.
Um silêncio esquisito vinha do banheiro. Estaria ela bem?
JESUS! Eu sou um idiota! Ela estava bêbada, poderia ter sofrido alguma espécie de traumatismo craniano.
Estava pronto para invadir aquele recinto quando vejo a própria Bella com todas suas roupas saindo do banheiro e partindo para o lugar oposto onde estava.
"Posso saber aonde vai?" Perguntei assustando-a, já que não havia notado minha presença.
"É... Hm... Estava me perguntando..." Coçou a cabeça. "Se... Se... Padres consomem bebida alcoólatra?"
Revirei meus olhos. "Bella, entre lá já."
Eu tinha algumas cervejas no congelador. Emmet trazia dezenas todos os finais de semanas para assistir aos jogos dos Yankees. Mas eu que não iria contar isso á recém-alcoolatra em minha frente.
"Ok." Ela sorriu malandramente. "Edward, você huh... Pode pegar uma toalha para mim?"
"Por quê?" Franzi a testa.
"Oras, está a sua toalha lá... Não é nada higiênico..."
Tentei ver o que estava aprontando, contudo virei os pés e fui até o meu quarto pegar algumas toalhas limpas.
Eu estava desconfiado que Bella estivesse aprontando alguma coisa, e quando bati algumas vezes na porta do banheiro e ela não atendeu, vi que havia aprontado realmente.
"Bella, abra essa porta." Falei raivoso. Eu estava sendo paciente, mas Bella estava arrancando todos os meus nervos restantes.
Comecei a esmurrar a porta, e logo fui aclamado com um barulho de copos quebrando.
Fui até lá com as toalhas na mão e avistei Bella na cozinha entornando as latinhas de cerveja.
Como ela havia achado?
"BELLA, QUE SACO! NÃO DÁ PARA COOPERAR PELO MENOS UM POUCO? A situação já está um tanto difícil, não precisa de você entrando em coma alcoólico."
Ela então estressou e jogou a latinha no chão com força. "E você acha que tá fácil para mim, senhor padre melhor do ano? Se eu não beber nessa joça vou continuar com esses mil pensamentos chatos na mente... É VOCÊ, É JACOB... É VOCÊ, É JACOB. Saco! Não agüento!"
JESUS! Se era possível ela estava mais bêbada ainda.
"Certo, então você vai embora! CHEGA! NÃO AGUENTO..." Esbravejei.
"Ótimo."
"ÓTIMO!" retruquei. Mas fomos interrompidos pelo barulho do meu celular.
"Que é?"
"Nossa... Boa noite para você também..."
"Alice, não me enche agora..."
"Ei, espera, moçinho! Você ainda está com Bella não está?"
"Sim, e nesse momento estou indo ao apartamento dela devolvê-la!"
"Como se eu fosse um objeto..." Ignorei a bêbada.
"Edward, você não pode fazer isso."
"E por que não?" Praticamente esmurrei a menina por telefone.
Aquele não era eu... Não era um estado que eu ficaria... Contudo Bella, e o casamento amanhã estavam me deixando louco!
"A mãe dela está no apartamento dela! Ela não pode chegar lá daquele estado, você sabe né? Edward, não tem mais lugar para ela ficar... Pelo menos enquanto ela estiver bêbada."
Bufei. "Ela não coopera comigo... Parece uma criança..."
E nesse momento para comprovar a menor infratora mostrou a língua para mim. Retirei de sua mão a nova latinha de cerveja e ela bufou descontente, cruzando os braços no peito.
"Edward... Você tem que ajudá-la. Eu sei que você pode. Dá um jeito. Tchau."
"Alice..." Mas ela já tinha desligado.
UGH!
Voltei-me para Bella.
"Pelo jeito você vai ter que ficar aqui..."
"Não vou, mesmo!" Soluçou. "EU QUERO IR EMBORA!"
"Vamos chega. Larga isso." Joguei longe as latinhas e tranquei todas em um armário. A chave coloquei no bolso interno de minha calça. "Agora você não irá mais beber..."
Ela começou a rir escandalosamente. "E você acha que sua calça é empecilho? HAHA!"
Rolei meus olhos enquanto a rebocava de volta ao banheiro.
"Agora você entra aí, toma um banho em água gelada, fique sóbria, e só assim você poderá voltar para casa."
Ela cruzou os braços no batente da porta. "Edward... Voc..." Parou a frase, desistindo de continuar. Deu de ombros e fechou a porta na minha cara.
Eu precisava de Bella sóbria. Essa Bella bêbada, perturbada e bipolar estava mexendo com minha paciência.
JESUS!
Então eu percebi o quanto era burro!
Senhor! Qual bêbado que aceita tomar banho em água gelada?
"Burro." Exclamei. "BELLA! ABRA A PORTA!"
Como eu suspeitei nem o chuveiro estava ligado.
"O QUE É?" Gritou lá de dentro.
"Você tem que tomar banho!"
"Mas eu estou." E começou a cantarolar alguma música dos Backstreet boys.
"Sem o chuveiro ligado?"
"Que raiva Edward! Deixa o meu cérebro gênio inventar alguma coisa nova..."
Esmurrei a porta. "Abra a porta, Bella."
"Por quê?"
"Por que eu quero entrar!"
"Não!"
Respirei fundo. "Certo, então... Você quem pediu..."
Preparei-me para arrombar quando Bella abra a porta, e eu quase me choquei com ela.
"Credo, Edward. Que violência. Você está perturbado... HAHA, além de tudo é perturbado."
Eu sabia muito bem o que explicava a minha irritação.
E isso aplicava a dois nomes: Bella e casamento.
Expliquei bem?
"Vamos..." indiquei até o Box.
Ela olhou, e depois se voltou para mim. "Sim...?"
"Vai." A empurrei até o box.
Ela me encarou como se eu fosse de outro planeta.
"Vai ficar aí?"
"Vou." Respondi encrespando os lábios.
Ela bufou. "Como você espera que eu tome banho assim? Hello, você não é... AAAAAAH!"
Minha paciência já havia se esgotado então. Não importa o que eu fizesse.
Peguei Bella pela cintura com força, e liguei o chuveiro na água mais fria que havia.
"O que você...?"
"As paredes são prova que eu tentei por bem, Bella." Então a coloquei dentro do chuveiro na água fria.
"AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH..." Ela esperneou e tentou sair.
Doeu-me um pouco. Bella com certeza estava fazendo a situação ficar bem pior, porém continuei.
"É para seu bem!"
"Tá fria, tá fria, tá fria..."
Ela tentou se esquivar, e ficou difícil mantê-la lá dentro, e eu fora.
Entrei no Box e realmente percebi que estava fria. Mas aquilo seria bom para ela.
"Vamos... Quanto menos reclamar, mais rápido."
Bella parecia um gatinho escaldado, mas podia ver muito bem seus olhos raivosos por trás das gotas de água.
Logo já estava todo encharcado assim como ela.
Peguei o xampu preparado para dar um banho completo. Não poderia chegar de qualquer jeito em seu apartamento com a mãe ali.
"Vamos Bella..." Passei o xampu e esfreguei em seus cabelos. Os olhos dela estavam fechados e ela estava tremendo, com direito a lábios roxos e tudo.
Ao terminar enxagüei sua cabeça, e ela continuou tremendo.
"Eu... Eu..." Tentou falar. "Frio... Frio..."
Mordi os lábios.
"Ouça Bella... Com essas roupas é mais difícil... Eu prometo nem olhar ok? Só vamos tirar."
Ela abriu os olhos rapidamente, porém não demonstrou nenhuma reação.
Peguei a barra de sua blusa molhada e puxei para cima. Como estava grudada em seu corpo foi difícil.
"Levante os braços, Bella."
Ela levantou sem desviar os olhos de mim, e suspirando retirei a blusa por sua cabeça e joguei por cima do Box.
Mordi meus lábios para não me trair e olhar para partes onde não devia.
Ela tremeu e eu lembrei que ela não podia ficar mais tempo ali dentro.
"Bella..." Chamei, envergonhado.
"Que é?"
"Dá para... Huh, você sabe..." Apontei para o fecho de sua calça. Ela arqueou uma sobrancelha.
"Tem alguma chance de eu sair daqui antes disso?"
Neguei. Ela suspirou e tirou o fecho. Como a calça estava muito colada foi difícil, e tive que ajudá-la. Cerrei os lábios e prendi a respiração enquanto deslizava a peça pelas suas coxas torneadas e o restante de suas pernas.
O contato de minha mão com sua pele levou uma intensa corrente elétrica no meu corpo. Senti Bella tremer novamente, mas isso só me lembrou que a água estava bem fria.
Voltei a encará-la, tentando impedir que meus olhos fossem para outros lugares.
Tortura... Tortura...
Além de celebrar o casamento dela no dia seguinte, tinha que me sujeitar aquilo... PERFEITO!
Isso era penitência, certo? Pagando pelos pecados da vida inteira!
"Você se sente melhor...?" Perguntei carinhosamente, esquecendo a repentina raiva que eu estava sentindo.
Ela assentiu. "Se for a parte da sóbria sim..." Tremeu de novo. Os lábios dela estavam roxos, e eu sentia a necessidade de tirá-la dali. Afinal, fora suficiente até então, contudo meus olhos não conseguiam desviar dos seus... Meu corpo não conseguia se afastar do dela naquele espaço mínimo do Box.
Ela me encarava da mesma forma e senti os batimentos do seu coração batendo no meu próprio peito.
"Seus lábios... Estão roxos..." Murmurei com a voz rouca.
"Eu sei."
"Sua pele..." Passei as pontas dos dedos pelo seu braço eriçado. "Está arrepiada..."
Ela assentiu mordendo os lábios.
"Edward..."
Então minhas mãos não conseguiam parar de acariciá-la, e logo se moveram para sua nuca, e seu cabelo molhado.
Ela tremeu e eu circundei sua cintura com um braço, a impedindo de cair.
Nossas respirações estavam descompassadas e unidas. As gotas da água caiam sobre nós, contudo o frio não incomodava mais sendo que tínhamos outras coisas mais importantes em mente.
EU ERA UM CONDENADO, MAS AMAVA AQUELA MULHER!
A necessidade que se apossou do meu corpo foi tão intensa que o espaço entre eu e Bella já não existia. Ela fechou os olhos e aspirou o pouco ar que tínhamos.
Era nossa última noite... Amanhã eu celebraria seu casamento... E ela teria sua vida normal com o cara normal.
Então por que, DEUS!, Por que não ter uma última noite com a mulher da minha vida?
Sem pensar então, joguei todas minhas forças, concepções, temores, noivos, batinas e futuros para fora daquele Box e beijei Isabella Swan, a mulher da minha vida, como nunca beijara nenhuma mulher antes.
Bella
Então... Eu não estava mais no domínio de mim mesma.
Ali só existia a Bella de Edward. Não a Bella do mundo, e principalmente a Bella que fugia de tudo e todos.
Desespero era uma palavra que descrevia de maneira adequada aquele momento com Edward.
Desesperados para lutar contra o tempo.
O estado de letargia pela bebida parecia nunca ter ocorrido naquela noite, e eu estava bem ciente de cada movimento, e da maneira feroz com que eu e ele nos conectávamos.
Nem me importava mais com a água extremamente fria.
Então minhas pernas circundaram a cintura de Edward e logo o Box não era nosso cenário de desespero.
Minhas mãos arranhavam as costas ainda vestidas de Edward e no processo arrancava a camisa dele.
Tenho certeza que a rasguei em frangalhos, enquanto nossas bocas se devoravam mutuamente em uma luta por espaço em que nenhum de nós queria perder... Somente ganhar.
Caímos com tudo em cima da cama macia dele, e logo a calça molhada dele foi extinta da situação, junto com meu sutiã e minha calcinha.
As mãos de Edward percorriam meu corpo inteiro me fazendo sentir calafrios.
As gotas de água que ainda restavam em nós e nossos cabelos molhados só aumentavam a nossa estranha sensação.
Quando ar faltou, mesmo assim não nos desgrudamos ou paramos o intenso contato.
Parecia algo extremamente selvagem ao rolarmos pela cama em um êxtase profundo, e queremos nos fundir como um só.
E essa hora chegou.
Depois de longos meses... Dois anos... Finalmente eu e Edward estávamos JUNTOS verdadeiramente.
Se eu dissesse que havia me esquecido como conseguíamos nos encaixar perfeitamente, ou como eu me sentia extremamente completa ao seu lado, estaria mentindo.
Pois eu lembrava, mas nada se comparava aquele momento totalmente diferente dos já vividos por nós dois.
Estávamos loucos, famintos, desesperados pelo outro... Lutávamos contra o tempo, contra nossas mentes, simplesmente para estarmos juntos pela uma última vez.
Aquela era nossa noite de despedida... E quando o dia já estava quase amanhecendo, e ainda estávamos lá... Juntos... Permiti que uma lágrima escorresse do meu olho enquanto fechava os olhos e gemia o nome de Edward, de uma forma que carregava toda a intensidade de nossos sentimentos, e de uma maneira que eu nunca faria com Jacob.
Por mais que eu negasse... Por mais que eu fugisse... Por mais que dali a algumas horas eu estivesse me casando com outro homem...
Edward seria o cara que povoaria meus pensamentos. Edward seria o rosto da minha alma... A única voz – em meio a todas do universo- que tocaria meu coração.
12 comentários:
aiiiiiiii, chorei!! se a bella sab q o ed é o cara da vida dla pq ela vai se casa com jake, pq, pq pq? pq o ed naum conta q eli recebeu a carta pra eli pode larga a batina pra bella? aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!! v como diziam antigamente, vo morre ali e ja volto!!!!
primeira u.uh
ta bbom parei!rs
estou amando a fic cada momento mais
éééé 1ª a comentar
caramba que confusão, mais adorei, espero que eles fiquem juntos logo.
Ai ai, agora no próximo temos a tao esperada cena, os três no altar. vamos torcer pra q não seja mais um capítulo de desencontro. Espero q o Edward acabe logo com o casamento e conte da carta pra q os últimos capítulos sejam narrando como eles ficaram felizes até o nascimento da Renesmee,srsrs.
AH MEU DEUS... EU NAO ACREDITO. se depois disse o Ed nao sequestrar , figir ou similares com a Bella eu simplismente entro dessa fic e faço eles ficarem juntos por livre e espontanea presao... olha eu esto ate aceitando ele disser " eu tenho! " quando ele msm ( o padre ) disser " alguem tem ao contra a uniao desse casal? " ... só FAÇA ALGUMA COISA ED !!!!!!
Lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Foi realmente uma bela despedida de solteiro!
Amei a música da Taylor Swif, eu amo tbm you belong with me! É linda!
É hj o próximo né?
aaaaaaaaaaa porra bella, fica logoo com ele
cara muittas emoçoes na proximo cap *-*
sim Camila, apartir das 20h. os outros dias de postagem sao domingos e sextas e terças, sempre depois das 20h.bjus.
gnt, conhecendo a Natalia, minha xara, ela vai apronta algo q ngm espere q aconteça, pelo menos é o q o historico dela me diz. e ai o q vcs acham? ela vai faze o q todo mundo acha ou vai nos surpreender? so esperando e lendo para saber né? ateh mais tarde, bjus.
Ai, ri bastante no sequestro na despedida dela e tbm chorei muito no final....
Maravilhoso!!! Amei demais
Postar um comentário