Embevecidos por aquela visão misteriosa, os homens nos minutos que se seguiram, não conseguiam fazer nada a não ser seguir com os olhos a perna da dançarina se esticando no ar lenta e sensualmente, logo com a companhia do braço e do tronco que foram se arqueando para trás.
Seguindo o ritmo da música sensual, porém calma, a figura apoiou um pé logo após o outro no chão e logo, como uma cascata, um manto caiu a seus pés. A vestimenta cobria-a dos pés a cabeça, como se fosse às roupas de um coveiro, não revelando nem mesmo boa parte de seu rosto.
Duas mãos escaparam da vestimenta para escorregarem no cano, fazendo com que ela se agachasse e o manto se estendesse no chão. Suas pernas adornadas por uma poderosa bota de couro escaparam do tecido e se estenderam no ar, fazendo com que cada olhar fosse da ponta de seus pés até o fim desta, perto dos joelhos, o máximo que conseguiam ver.
Sentindo somente sua própria respiração, o general sorveu mais um pouco de seu drink enquanto encarava a dançarina, que usando aquelas roupas e com aquela luz, parecia mais um espectro. Assim que botara os olhos nela, começara a sentir uma sensação estranha... Parecia que aquela figura misteriosa era uma espécie de imã e seus olhos o metal que era atraído por ele, portanto por mais que tentasse, não conseguia despregar os olhos dela, como todos os outros reles mortais presentes ali naquele recinto.
Então, ela levantou, insinuando-se levemente contra o cano. Por dentro do capuz, seus lábios pintados de vermelho passaram a ser vistos, lábios esses que carregavam um sorrisinho sacana, que, vendo em todo o conjunto, parecia um vampiro se preparando para a caça. E estava.
Começou a seguir com as próprias mãos as curvas de seu corpo coberto pela vestimenta. Fazia aquilo tão lentamente, passando a mão tão rente, que parecia que se deleitava com o verdadeiro circuito de fórmula um que lhe pertencia. Quando Arthur – e mais alguns homens – fitaram com os olhos atentos a passagem demorada delas sobre seus seios, ajustou-se melhor na cadeira e murmurou um implorante: “Meu pai...”
O general deu um sorrisinho de lado, parabenizando-a. Ela sabia o que estava fazendo. Provavelmente era uma daquelas putas bem rodadas naquele meio, que viviam daquilo e morreriam fazendo aquilo. Pelo menos aquela noite não estaria perdendo tempo com novatas... Porque de novatas, ainda mais as novatas filhas da puta e criminosas, já estava cheio.
Bella fechou os olhos por um segundo, sorrindo. Adorava aquela sensação de estar em cima de um palco com todos desejando-a. Se sentia poderosa, viva... Alguém. Abrindo os incríveis orbes castanhos, afastou-se do cano e, como combinado com o DJ, a música parou.
Podia quase apalpar a ansiedade e expectativa do ambiente tamanha a intensidade. Um sorriso maior pintou-lhe nos lábios, lembrando-se da NSA procurando-a em todo o país, e ela ali, dançando para quem quisesse ver, fazendo os homens ficarem loucos. Divertiu-se com a idéia de que se um dia fosse presa, aqueles homens poderiam fazer um protesto a seu favor, defendendo que a pena da ALFA-I seria dançar para sempre para eles.
E aquela noite não lhe importava o seu passado. Não importava quem era. Não importava quem deixara para trás. Naquele palco, finalmente era Isabella Swan, não mais Claire Evans.
Respirou fundo uma única vez antes de uma nova música começar. Agora sim, o verdadeiro show começaria. Com a batida forte, penetrante e extremamente sensual, os holofotes se acenderam, iluminando todo o palco. E assim que isso aconteceu, levou as mãos até a parte da frente do manto e arrancou-o de uma única vez, revelando-se perfeita naquela luz.
E, quando isso aconteceu, vários homens assoviaram e aplaudiram, mil comentários como “LINDA!” e “GOSTOSA!” foram ouvidos, mas tudo o que o generalíssimo Cullen conseguiu fazer foi quase cuspir todo o conteúdo que já tinha bebido tamanho o choque que levou; olhá-la dos pés a cabeça e murmurar um aturdido:
“Po... rra.”
Arthur, ao seu lado, trazia a mesma reação, mal podendo fechar a boca.
Geralmente o generalíssimo não era pego de surpresa, mas naquele caso mal podia acreditar no que via. Com os quentes olhos verdes, secou-a inteirinha, começando pela bota de cano alto que ia até os joelhos e terminava em uma meia arrastão. Esta, por sua vez, desembocava em um short microscópico que mal cobria o que moças recatadas geralmente cobririam. Um cinto de couro circundava o quadril e logo acima sua barriga lisinha e perfeita se exibia com orgulho, terminando em uma blusinha mínima que mal cobria os seios e luvas que iam até os cotovelos.
Aqueles trajes poderiam ser considerados normais na maior parte das boates, mas não quando o acessório na cabeça era um quepe, na blusinha havia insígnias e toda a roupa era camuflada. Ela estava... Estava... Fardada!
Antes mesmo que pudesse pensar em alguma coisa, seu corpo já havia reagido. Se os homens normais já ficavam excitados com aquilo, imagina um militar ao ver uma mulher vestida de militar. Na NSA era comum mulheres para todos os lados, mas aquela farda era mais feia que o inferno... Não se tratava daquele short... Ou aquela bota... Ou merda!
“Cullen... Do... Céu...” Ouviu Arthur murmurar ao seu lado, refletindo sua própria reação.
O general, como resposta, quando uma garçonete passou com uma bandeja de uísque, nem pensou duas vezes antes de pegar um copo e entornar metade, sem deixar de encarar a mulher que se agachara e pegara um cassetete que começara a bater na outra mão como se fosse a porra de uma policial.
A criminosa trabalhara em uma das melhores casas noturnas de Roma. Aprendera com as melhores na área como fazer um bom show e sabia exatamente o que fazer com aquele mínimo espaço do palco e o cano. Mexia os quadris de um lado para o outro, aproveitava das torneadas pernas... Da barriga perfeita... Do bastão... Fazia com que nenhum homem tivesse a coragem de desviar o olhar do dela.
Arthur, lambendo os lábios, deu uma olhadinha de esguelha para o general e perguntou brincalhão:
“O que você tem a me dizer agora, Cullen?”
Ele deu de ombros enquanto secava-a dos pés a cabeça. “Até que dá pro gasto.”
Mas seus olhos não desgrudavam dela... Seu corpo reagia excitado ante aquela visão... O corpo da mulher era perfeito, tudo no devido lugar... E ainda mais salientados pela farda que... Puta merda.
Ela tinha um jeito de mexer que tragava todos os olhares... Era impossível desviar. Os olhos verdes, sempre tão quentes, estreitaram-se com precisão militar ao analisá-la, mas então... Começou a sentir que algo estava estranho.
Quanto mais olhava para ela, mais achava que tinha algo extremamente familiar ali... Mais se lembrava de uma infeliz filha da puta que conhecera...
Ao perceber que estava lembrando-se daquela maldita novamente, levou o copo aos lábios e se amaldiçoou. Mas nem todas as pragas que pudesse jogar contra si poderiam tirar o caroço que se formara em seu cérebro.
O generalíssimo franziu ainda mais a testa e deu uma sorvida no drinque, sentindo que estava suando em algumas partes do corpo. Inclinou a cabeça ligeiramente para o lado, observando-a dançando e provocando todos os homens ali presentes com aquele bastão. Aquele corpo... Aquela pele...
Ela brincava com o instrumento por todo o corpo... Fazendo com que cada homem pensasse que fosse aquele maldito cassetete. Enquanto batia com ele na outra mão, lembrava-se perfeitamente do general desfilando pelos corredores da NSA com o seu na mão. O mesmo que uma vez batera nela.
Ao lembrar-se de como o mundo dava voltas, formou um sorriso sacana nos lábios imaginando o que ele faria se a visse ali, praticamente zombando de sua farda e toda a merda de sua hierarquia. E foram aqueles lábios que chamaram a atenção do general... Conheci-os. Também conhecia aquela porra de sorriso sacana... Sorriso de mulher que sabia o que queria... Sorriso de mulher que estava adorando aquela porra...
Endireitou a cabeça e estreitou os olhos, tentando ser coerente. Sua mente começou a trabalhar em uma velocidade surpreendente até mesmo para seus altos padrões. Seu sangue começou a velejar rapidamente em suas veias; o pomo de adão saltar descontroladamente á medida que olhava novamente aquele sorriso e aquele corpo.
Não era possível... Não era possível que fosse... Não era...
Alheia a presença dele, Bella passou a mão por todo o corpo, mordendo os lábios e espiando-os através da máscara também camuflada que usava.
Mexendo um quadril de um lado para outro, levou as mãos até o cinto e lentamente tirou-o, jogando em algum canto do palco, sem parar de dançar ao ritmo da música contagiante. Virou-se de costas e começou a brincar com o cós do short, ora abaixando-o ora subindo-o, mas o suficiente para que todos vissem a fitinha mínima da calcinha que usava por baixo.
Desfilou até o cano e voltou a brincar com ele. Girou e prendeu as pernas, deixando as mãos livres para brincar com o cassetete ao longo do corpo. Depois, apoiou as duas mãos no chão e virou a cabeça em direção ao público, sorrindo maliciosamente. Procurou por Paul e achou-o em sua costumeira mesa bebendo conhaque. Encarava-a com os olhos desejosos e um sorrisinho discreto nos lábios, o qual foi retribuído com uma piscada maliciosa da parte dela.
O general, por sua vez, ajustou-se desconfortável na cadeira e, sem tirar os olhos do palco, procurou pelo copo de uísque e levou aos lábios, tentando raciocinar. Uma única imagem sua mente lhe dava... Mas recusava-se a acreditar naquilo... Recusava-se.
Sua mente deveria estar lhe pregando uma peça, fazendo-o ver coisas... Deveria ser a bebida ou alguma porra assim, porque era impossível que... Que... Mal conseguia pensar naquela possibilidade.
Poderia ser qualquer uma... QUALQUER uma... Poderia se tratar de um corpo semelhante... Poderia ser alguém com o mesmo sorriso...
Fitou-a novamente, sentindo todo seu corpo fazer uma intensa revolução dentro de seu ser. Observou seu rosto coberto pela máscara, os fios castanhos que escapavam do quepe... Os olhos cor de chocolate que tantas vezes já encarara...
Piscou os olhos relembrando tudo o que fora dito naquele cemitério... Não era possível que ela... Não era... Estava em Rhode Island, porra!
Bella acabou por descer do cano e rapidamente deu uma olhada para trás das coxias e encontrou madame olhando-a com um sorriso. A senhora fez um jóia com a mão e a criminosa deu de ombros como se fosse modesta ao fato de estar deixando os homens loucos aquela noite. Ainda com um pequeno sorriso, virou-se de volta para o público, mas, dessa vez, seus olhos foram levados diretamente para os verdes do dele.
Nenhuma bomba atômica do mundo seria capaz de se igualar a intensidade da explosão que ocorreu entre os dois ao se encararem. Choque e surpresa tomaram conta de Bella e seu sorriso murchou na hora ao vê-lo ali, e qualquer dúvida que o general ainda poderia sentir foi totalmente extirpada quando encontrou aqueles orbes castanhos que conhecia mais do que nenhum outro no mundo.
Ar faltou em seu pulmão, até que sua respiração voltou e começou a aumentar cada vez mais, acompanhando o sinal de negação que sua cabeça fazia... Ele não podia acreditar naquilo. Não podia, porra! Segurou no tampo da mesa buscando por apoio... Ainda negando. Não podia acreditar... Não podia acreditar que a porra daquela mulher, a porra daquela criminosa dos infernos era quem estava DANÇANDO EM CIMA DA PORRA DAQUELE CANO!
Foi como se tivesse levado um choque que foi vagando por todo seu organismo pela corrente sanguínea, impregnando tudo quanto é poro com raiva... Seu rosto ficou vermelho, sua temperatura subiu uns bons graus, praticamente latejando. O maxilar travara, o pomo de adão saltara e veias saltitavam por todo canto de sua testa.
Seus olhos encaravam-na com tanto ódio que, a criminosa de onde estava quase conseguia apalpar aquele sentimento que emanava do corpo dele. Quase conseguia ouvir os pensamentos furiosos e os xingamentos que só ele conseguia dizer rebarbando pelo local.
Engoliu em seco ao vê-lo ali depois de tanto tempo... O homem que era tantas coisas na vida dela... O homem que... Não. O homem que não era mais nada na vida dela. Pertencia a seu passado.
Recuperou-se rápido, endireitando os ombros e erguendo o queixo conforme sua mente ia rebobinando tudo o que ele já fizera de mal para ela, encerrando com chave de ouro o dia do cemitério. O que para eles pareceram horas, para o resto do mundo foram só meros segundos. Não importava como ele estava ali, como a achara ou o que estava fazendo... Ela estava fazendo o seu show. E se o general estava ali, iria assisti-lo.
E, talvez por ser uma das mulheres mais provocadoras do universo, ou mesmo por gostar de atormentar e deixar o general fora de controle, criou um sorriso sardônico nos lábios. E com o mesmo, fechou a mão direita e prostrou uma continência de forma irônica, em sinal de reconhecimento.
Ao ver isso, o general rosnou de ódio.
“Ela não é espetacular, Cullen?” Arthur suspirou ao seu lado, mal percebendo a troca de olhares e o cumprimento da criminosa. O diretor da fazenda não reconhecera e nem reconheceria quem era a dançarina, porque não tivera muito contato com a criminosa e nem era perito em cada detalhe dela como o generalíssimo o era.
“Não, porra. Não é!” Retrucou irritado.
“Mas você disse minutos atrás que ela...”
“Não disse nada, porra!” Rosnou, fitando aquela infeliz com olhos que poderiam muito bem queimar quem estivesse em sua mira.
Mordendo os lábios sem deixar de encará-lo, Bella lentamente desatou os laços da blusinha revelando os seios mais procurados do mundo guardados por um sutiã bem... Ousado. O olhar do general foi para lá por um momento, só para voltarem novamente para seu rosto, praticamente soltando faíscas.
Rindo internamente, a criminosa arrancou as insígnias da blusinha e jogou-as no chão. Sem deixar de encará-lo, levou as botas de cano alto até elas e sem dó nem piedade, estraçalhou-as.
“Filha da puta...” O general rosnou sentindo, se possível, ainda mais raiva. Mas mal sabia ele que a criminosa ainda não havia terminado de provocá-lo.
“Você a conhece, Cullen?” Arthur perguntou, finalmente percebendo alguma coisa.
“Não.” Rosnou, sufocando a própria voz com um copo inteiro de uísque. “Não conheço essa porra.”
Bella voltou a dançar só que muito mais provocante do que antes e todos perceberam, inclusive o general que mal podia se controlar em seu canto, ainda mais quando ela retirou as luvas dos braços com a boca e jogou em sua direção.
Ela se esfregou toda naquele cano, rebolou, desceu até o chão, provocou-o de todas as maneiras possíveis e impossíveis.
Vários filhos da puta circundavam o palco com notas na mão, e ela, mais filha da puta ainda, os provocava... Apoiando as mãos no cano e empinando aquela bunda... Que... Merda! Será que não aprendera nada naquele maldito orfanato de FREIRAS?
Ela, então, voltou a brincar com o cós do short, até retirá-lo completamente ficando somente com a porra da calcinha naquele palco.
Aí o general quase teve um aneurisma, ainda mais quando Arthur assoviou e outro infeliz gritou um “GOSTOSA!” quando ela inclinou-se de costas para o público passeando a mão pelas próprias pernas.
“SAI DAÍ AGORA!” Ele sibilou de forma “gritada” quando ela olhou em sua direção. Ela só deu um sorrisinho e deu um tapa em sua bunda, irritando-o ainda mais.
Então, voltou a pegar o cassetete e a brincar por todas as partes de seu corpo. Enlaçou uma única perna no cano e adentrou o bastão na calcinha, fazendo com que cada homem ali imaginasse que fosse aquele maldito cassetete.
O general entornou mais um copo de qualquer bebida que passara por ali nos últimos minutos, odiando o mundo. Poderia ter jurado... JURADO que ela voltaria chorando e implorando seu perdão, querendo novamente sua ajuda e até chegara a conjecturar como faria com que ela se ajoelhasse a seus pés e a esnobaria jogando tudo na cara dela... Poderia ter JURADO que ela não agüentaria uma semana sem ele... Poderia ter jurado que ela nem saía de Washington!
Mas lá estava ela... Em Rhode Island! DANÇANDO EM CIMA DA PORRA DE UM CANO!
Aquela infeliz filha da puta estava fazendo toda aquela porra só para provocá-lo! Mas ele não faria parte do joguinho dela... Estava pouco se lixando para a porra que ela era, estava mesmo! Ela que ficasse pelada naquele palco que ele não estava nem aí... E nem importava se ele próprio não conseguisse parar de olhá-la e desejá-la e imaginar ser ele o homem que a tomaria aquela noite...
Porra! Quando aquela mulher sairia de sua vida? Quando finalmente se veria livre dela? Se, um ano antes, soubesse no que causaria aquela maldita aproximação, teria evitado tudo... Tudo mesmo. Mesmo que significasse perder a causa dos Volturi, teria mantido distância... Teria ficado longe... Pelo bem de sua própria sanidade.
“Ah não...” Ouviu Arthur murmurar ao seu lado enquanto olhava para o seu celular. “Cullen, terei que ir embora. Minha mulher está atrás de mim e foi até na fazenda, tenho que voltar logo. Você vai comigo?”
“Não. Vou ficar aqui.” Resmungou soltando adagas pelos olhos.
O outro deu de ombros e terminou sua bebida, logo se esgueirou para a porta de saída da boate, de volta para a mulher.
Enquanto isso a mulher do outro parecia estar possuída por algum demônio da sedução e provocação. Sorrindo, satisfeita por ver que o general estava pegando fogo por dentro... Olhou para Paul e viu-o olhando do mesmo jeito... Desejando-a.
Não há nada mais perigoso que uma mulher amargurada, ainda mais uma amargurada com raiva. Junte o fato de que ela tem um gênio meio forte e que a situação era-lhe totalmente favorável, pronto, estava feito a merda.
Dando mais um de seus sorrisinhos maliciosos, sentou-se na beirada do cano com as pernas ligeiramente abertas e desceu.
As dançarinas eram muito respeitadas no Coral Gables, portanto, assim que pisou o pé no chão, os homens se distanciaram criando um corredor humano por onde ela passava. Mas isso não impedia que eles mexessem ou olhassem.
Provocando-os, ela olhava mais atenta para alguns, brincava com algum outro e todos ficavam naquela expectativa da escolha.
“Escolhe-me, linda! Dou-te casa, comida e tudo o que você quiser!” Um prometeu. Bella sorriu-lhe e piscou.
“Fica pra próxima.”
Ela andou por todo o ambiente, dançando e recebendo cantadas, até que, sem medo de morrer como ela só, começou a caminhar na direção do general Cullen só com aquela porra de sutiã, a calcinha, o quepe e o maldito cassetete.
À medida que ela ia se aproximando, o general descia o olhar raivoso por todo aquele maldito corpo, mas logo parou quando percebeu que a infeliz estava adorando aquela porra.
Ela parou a dois passos dele e ficaram se encarando por alguns segundos. Ele, sério e raivoso; ela com um sorriso sacana nos lábios. Até que ela quebrou a distância que havia entre os dois e foi caminhando para frente de sua cadeira, com sua mão passeando por suas costas, causando arrepios no homem.
Quando ela parou bem em sua frente, aproximou seu rosto tão próximo do seu que a respiração dos dois chegou a se encontrar. “Boa noite, general.” Cumprimentou, maliciosamente.
O general rosnou baixinho, mas só o que recebeu em troca foi um sorriso, à medida que as mãos de Bella iam descendo de seus ombros, abrindo caminho por baixo de seu paletó, apalpando todo seu peito.
Então, ela começou a dançar.
Virou de costas para ele e começou a rebolar, descendo, subindo, se esfregando, sem nunca tirar a cara de satisfação. Ao ver aquilo, o general ajustou-se na cadeira, desconfortável, sem conseguir tirar os olhos daquele corpo.
Até que ela voltou-se de novo para ele, apoiou as duas mãos em seus ombros e sentou-se em seu colo. A respiração dele sumiu por um momento e seus olhos já nem lembravam mais o verde, tão escuros já estavam.
Bella não deixou de encará-lo conforme ia se movimentando no colo dele, algumas vezes inclinando-se mais perto fazendo com que ele quase enfiasse a cara em seus seios.
Rosnando baixinho, o general segurou os lados da cadeira buscando por controle já que seu corpo nem mais o pertencia, o que Bella percebeu muito bem conforme sentia certo volume em suas calças.
“Será que ela vai escolher ele?” Victória indagava no bar ao lado de Jéssica e madame Tiffany.
“Justo o mais bonito!” Jéssica bufou.
“Não sei...” Murmurou Tiffany, coçando o queixo. “Se ela fosse escolher, já era para ter feito.”
“Você acha que...” Victória começou, olhando para o homem, desconfiada. “Que ele é... O brinquedo?” ‘Brinquedo’ era o termo que rolava entre as dançarinas do Coral Gables. Era todo aquele homem que já as magoara ou fizera-as sofrer de alguma forma e então, quando eles iam até a boate, elas o provocavam fazendo-os achar que iria escolhê-los, mas no fim a mulher não o escolhia e ia atrás de outro. Aquilo era considerado muita humilhação para um homem e o sonho de toda a dançarina era um dia ter aquela oportunidade.
“Não sei.” Madame murmurou.
“Mas ela nem o conhece... É a primeira vez que ele vem aqui... Não tem como ela...”
“Não sei Victória. Não sei. Mas não acho que ela vá escolher esse homem essa noite.”
“Filha da put...” O general rosnou baixinho, mas Bella só sorriu. Ela levou as mãos até o quepe e soltou os cabelos, balançando-os esvoaçante em suas costas. Inclinou a cabeça para um lado, fazendo com que seus fios criassem uma cortina entre o público e ele.
Quando isso aconteceu, aproximou seus lábios de sua orelha e murmurou, com a voz rouca e sedutora: “Quem disse que eu não conseguiria sem você... Gege?” Provocou.
Ele rosnou, irritado, ao mesmo tempo em que o locutor gritava do microfone:
“PARECE QUE CLAIRE ESCOLHEU UM HOMEM ESSA NOITE...”
Os dois se encararam por apenas alguns segundos, mas a intensidade daquele olhar foi muito grande. Bella, apenas por um segundo, ficou séria sem o sorriso zombeteiro, lembrando de tudo o que aquele homem significava. Por um momento, seu coração falhou uma batida ante a perspectiva de nunca mais vê-lo depois dali, mas mesmo com tudo isso, ela passou por cima e prosseguiu. O sorriso voltou ao rosto e ela murmurou:
“Eu acho que não.”
Levantou-se com tudo e fez um gesto de negação ao público. Não gostara daquele homem.
“Mas que biscate!” Jéssica esperneou no bar cheia de raiva, chegando a roubar o copo da mão de Victória. “O homem lindo lá e ela ignora ele? Humilha ele? Quem ela pensa que é para achar que merece mais coisa?”
“Ela tem o taco bem forte.” A ruiva comentou, rindo. “Não é qualquer uma que se garante e fala que um homem daquele não serve para ela.”
“SENHORAS E SENHORES. AQUELE SENHOR NÃO FOI O ESCOLHIDO DA NOITE!”
O general podia matar um aquela noite. Olhou raivoso o maldito locutor e a maldita mulher que fizera toda aquela merda de propósito, visando humilhá-lo. Se antes estava sentindo raiva, a partir daquele momento então nem se fala.
Bella sorriu satisfeita pelo resultado e antes de voltar a andar pelo público, virou a cabeça por cima do ombro e piscou para ele. Dessa vez, foi direto na direção de Paul Severin. Assim que chegou perto dele, sorriu e logo o gesto foi retribuído.
O homem encarava-a com os olhos pretos como carvão bem interessados e praticamente devorava-a com o olhar. O general até a ajudara vindo ali aquela noite, pois escolher um homem após rejeitar outro, era ainda mais status do que escolhê-lo diretamente.
Aproximou seu rosto do dele e sussurrou:
“Eu te escolho essa noite... Paul.”
O outro olhou bem para os seios que estavam à mostra na frente dele e sem pensar duas vezes assentiu. Sorrindo, Bella levou as mãos até sua gravata, enrolando os dedos nela e levantou-se, não sem antes dar uma olhadinha para o general, mostrando que não estava nem aí para ele.
Aquele era o sinal.
“Senhoras e senhores, agora sim nossa Claire escolheu um homem essa noite! Palmas para o senhor Paul Severin! O ESCOLHIDO!”
Um dos funcionários do bar foi até o general e perguntou:
“Senhor, pode me fornecer o seu nome para contar nos registros como um dos rejeitados?”
“Vai se fuder!” O general rosnou, empurrando-o para longe e formando uma carranca ainda maior quando os aplausos começaram a ecoar porque aquela filha da puta escolhera aquele infeliz.
A criminosa sorriu olhando bem nos olhos de Paul. Este passou um braço em torno de sua cintura, fazendo com que sentisse um arrepio por todo o corpo. Mas não era um arrepio bom... Era o mesmo que se sente quando algo desagradável está por perto. Era como se seu corpo estivesse repudiando-o.
Ignorando isso, aumentou ainda mais o sorriso como se esse fato acabasse por fazer com que as coisas melhorassem. Paul então levou uma mão para sua nuca e foi aproximando seu rosto do dela, para beijá-la, selando a escolha.
Ao ver aquela cena, a raiva que o general antes estava sentindo se tornou fichinha perto do sentimento que o assomou ao ver aquele filho da puta com as mãos na porra de SEU novato. Sentiu algo tão intenso, tão arrebatador que parecia que sua própria alma tivesse deixado seu corpo ao não mais suportar tamanho ódio que corria por suas veias.
E então, um monstro incontrolável surgia dentro dele fazendo com que seus olhos injetassem em sangue e passasse a não enxergar um palmo em sua frente... O homem controlado e cheios de estratégias militares passou a se portar como aqueles que sempre criticara... Porque já não conseguia pensar em mais nada... Não conseguia se lembrar quem ele era, quem ela era, ou a porra do lugar em que estavam... Só o que via era aquele filho da puta com as mãos na porra da mulher dele!
“Senhor, o seu nome!” O funcionário insistiu novamente ao lado dele, mal percebendo a cara que parecia a personificação do ódio que ele ostentava. Mas o homem de dois metros não ouvia e nem via mais ninguém, só via aquele filho da puta prensando-a mais contra ele e ela fechando os olhos, pronta para receber o beijo. E então, não teria treinamento militar no mundo capaz de freá-lo. Levantou-se com tudo, derrubando a cadeira que sentava com violência e aproximou-se dos dois, com sangue nos olhos.
“SENHOR!” Alguém gritou, ao perceber sua intenção. Mas já era tarde demais. Ele já havia se interposto no meio do casal. A criminosa, desnorteada, conseguiu abrir os olhos só a tempo de ver Paul caindo de encontro à mesa de bar logo após receber um belo soco de direita do generalíssimo.
“Ninguém toca no que é meu, seu filho da puta!” O general bradou furioso. A voz que controlava exércitos apresentando muito mais autoridade do que em guerras. A voz que conseguia dizer tantas coisas em tantas intensidades, naquele momento só agindo pelo ciúme.
E então, repentinamente, todos os aplausos cessaram e a atenção de todos estava naquele canto da boate. Bella, de boca aberta, mal conseguia acreditar no que estava acontecendo. Ficou um bom tempo sem respirar, com o corpo gelado, somente olhando o general arfante, com o paletó levemente arqueado devido ao soco que dera e Paul, desnorteado, se recuperando do choque. Um filete de sangue escorria de sua boca e os olhos pretos como carvão cravaram-se no homem de dois metros, que parecia estar fora de si.
A criminosa levou as mãos à boca, ao finalmente cair à ficha de que aquilo REALMENTE estava acontecendo. Oh meu Deus... Não... Não... Aquilo deveria ser mentira! Não! Merda! NÃO! NÃO! NÃO! QUE PORRA O GENERAL HAVIA FEITO?
Quando foi perceber, estava tremendo, pois sabia que aquilo traria merda. Porra! Ela era uma foragida federal!
“Pelo amor de Deus... Sai daqui...” Sussurrou ao general temerosa que aquilo ficasse pior, mas já era tarde demais. Paul conseguiu levantar e olhando rapidamente para seu próprio sangue que se encontrava em suas mãos, encarou o general com fúria e vociferou:
“Quem você pensa que é?”
“Tenho certeza que você e seus negócios não irão querer saber quem eu sou.” Retrucou o general, aluindo aos negócios ilícitos de Paul.
“O que você quis dizer com isso?” Ele estreitou os olhos, a face ficando vermelha de raiva.
“Entenda como quiser. Vamos novato.” O general virou-se e pegou Bella pelos braços e começou a puxá-la. Antes que Bella pudesse sequer perceber o que estava acontecendo, Paul gritou atrás dele:
“Você não pode interferir em uma escolha, seu idiota! Ela te rejeitou e ME escolheu!”
“Que se dane se ela o escolheu!” O general rosnou, mas o outro foi atrás dele e puxou pelos ombros para trás. Assim que fez isso, Bella conseguiu se desvencilhar, mas o general, raivoso, empurrou o outro com força, ameaçando:
“Não ouse mexer comigo filho da puta.”
“Eu já estou mexendo.” Respondeu o outro e aquilo foi à sentença. Edward partiu pra cima dele, e Bella começou a berrar:
“SEGURANÇAS! MEU DEUS! SOCORRO! SEGURANÇAS! Solta ele!!” Só que ela não sabia se gritava isso para Paul ou para o general.
“O que diabos está acontecendo aqui?!” Madame apareceu berrando, lívida por ver seu show interrompido. “Pelo amor de Deus, alguém os segure!”
Paul foi tentar dar um soco no general, mas o tal não sabia que o generalíssimo era campeão de boxe e conseqüentemente em todas as artes envolvidas. Esquivou-se da tentativa de soco com facilidade e ainda aproveitou para pegar o braço do outro e torcer para trás.
Um grito de dor se seguiu, mas o infeliz se desvencilhou e conseguiu dar um soco no militar, que pegou de raspão. Este partiu para cima dele, enquanto as pessoas ao redor gritavam horrores. Bella, além de gritar, tentava separar os dois querendo se interpor no meio, mas madame retirou-a gritando um “você é louca? Acha que é lutadora de boxe?”
Logo os seguranças se aproximaram. Eram três monstros truculentos do tamanho de armários que pareciam nada humanos. Um agarrou Paul e os outros dois se ocuparam do generalíssimo.
“EU VOU TE MATAR SEU FILHO DA PUTA!” O general berrou.
“O que vocês acham que estão fazendo no meu estabelecimento?!” Madame gritou estrondosamente.
“Esse homem está interferindo em uma escolha, Tiffany!” Paul gritou com parte de seu cabelo incidindo sobre seus olhos e um canto de seu lábio sangrando. “Ela ME escolheu!”
“Essa mulher só vai à porra de algum lugar COMIGO!” O general rosnou.
“Pelo amor de Deus, cavalheiros,” Tiffany suspirou procurando ter calma. Sabia que ali na frente dois homens poderosos se encontravam... Um, porque sabia; o outro, bem, estava na cara. “Vamos resolver isso de forma civilizada.”
“Eu não tenho culpa que ele foi o rejeitado e eu o escolhido! Exijo que ele seja expulso daqui.” Paul bradou.
“E você fica quieto seu merda!”
“Não é assim que se resolvem as coisas, cavalheiros. Mas realmente o senhor Paul está certo...”
“Eu quero que ela escolha novamente.” O general rosnou, já olhando para Bella com um olhar atroz. “Quero que novamente ela faça a porra dessa escolha, olhando na porra dos meus olhos.”
Bella lançou um olhar mortal para ele, sabendo o que ele pretendia. Achava que não tinha coragem de escolher Paul de novo? Merda, mas com toda aquela atenção... As coisas realmente mudavam de figura.
Tiffany suspirou, não sabendo se haveria alguma diferença ali. Olhou bem para o homem alto, que lhe parecia vagamente familiar, mas as luzes impediam-no de ver com clareza. Será que tudo aquilo era por que fora rejeitado? Provavelmente ele já conhecia a dançarina, porque mesmo com toda aquela luz desfavorável, conseguia ver como seus olhos brilhavam em ódio na direção dela. E já vira casos de mais para saber que quando um homem encarava uma mulher daquela forma...
“ELA JÁ ME ESCOLHEU!” Paul berrou.
“Cavalheiros, por favor...” Tiffany respirou fundo. “Esse é um ambiente civilizado e como nosso país, democrático. Para evitar dúvidas e confusões, acho justo o pedido do cavalheiro.” Passou a mão pela testa e virou-se para Bella. “Então, Claire, desses dois homens, quem você escolhe?”
E de repente, todos os olhares foram para a criminosa.
Ah não... Não. Não. Por que aquilo estava acontecendo com ela? Não fora boa para Deus? Não doara dinheiro aos pobres? Não doara metade de seu armário para a ONG das crianças perdidas? É... Não. Merda. Sabia que deveria ter feito aquilo.
Tentou pensar. Oh céus... Como sairia daquela? Como sairia daquela?
Sentindo seu corpo todo gelado, pensou por um momento que a melhor alternativa seria desmaiar. Isso! Perfeito! Desmaiar e fingir-se de morta, a melhor solução! Mas logo murchou... O general a acordaria em dois tempos, com os jeitos que só ele conhecia de detectar quando alguém estava fingindo.
O que deveria fazer senhor?
Ergueu os olhos e se assustou simplesmente por que a boate inteira, as dançarinas, os clientes, TODOS estavam olhando para ela esperando sua resposta. Engoliu em seco e olhou para Paul... O certo seria escolhê-lo... Ele significava seu futuro... Seu escape para fora do país e toda aquela merda que estivera fugindo nas últimas semanas... Seria o que estivera planejando sempre... Seria... O certo.
Se tiver uma coisa que era regra número um de todo manual do fugitivo era que tinha que evitar atenções exacerbadas. No palco estava disfarçada, mas ali... Com toda aquela atenção, se sentia cada vez mais vulnerável. Seria questão de dois tempos até a NSA descobrir daquele incidente... Seria questão de dois tempos até ser presa depois de todas aquelas tentativas de se esconder...
Olhou para a porta da boate e já foi distinguindo mais seguranças vindo de encontro a eles... Conseguiu imaginar a NSA vindo atrás dela... Prendendo-a... Conseguiu ver seu próprio julgamento, a condenação e os Volturi rindo em algum lugar...
Não... Não poderia deixar aquilo acontecer.
Então, olhou para o general. Sempre tão bruto, tão violento, tão dominador... Sempre tão... Ele. Olhando aqueles olhos verdes, soube que naquele momento, Edward seria capaz de tudo até mesmo de contar quem verdadeiramente era. Sabia disso. Como o ar que respirava. Escolhê-lo seria jogar toda a oportunidade que tivera até ali fora... Seria... Merda.
Mas também... O general mexera MAIS UMA VEZ com a porra de seu orgulho. Se ainda possível, sentia mais raiva dele do que antes. Mas não tinha escolha... Merda, não tinha nenhuma outra escolha!
“Olhe pra mim!” O general rosnou com ferocidade e Bella encarou-o, mostrando tanta raiva, ódio, amargura, ressentimento que se o general não fosse à prova de sentimentos negativos, já teria caído durinho no chão.
“Eu te odeio.” Sibilou, de forma que só ele pôde distinguir.
“Vamos garota, escolha e acabe logo com isso!” Tiffany pressionou.
Sentindo que estava traindo a si mesma, odiando o mundo, mas, sobretudo odiando-a, murmurou entre dentes, enquanto olhava o general: “Eu escolho... Ele.”
Madame ficou por um segundo surpresa pela mudança repentina. “Você tem... Certeza?”
Bella engoliu em seco, dizendo que não, não tinha a porra de nenhuma certeza, mas era a única alternativa. Se não escolhesse o general, ele faria alguma coisa e mesmo se não fizesse, toda aquela situação daria em merda. Sabendo que sua vida era uma bosta, murmurou um “Sim” entre dentes. Madame ficou a olhá-la por alguns segundos até murmurar um “Ótimo” em alívio. Então, sinalizou para os seguranças soltarem Paul. “Está feito, senhor Severin, me desculpe, mas são regras do estabelecimento. Ela escolheu esse senhor.”
Com um safanão Paul se afastou do segurança encarando o general com raiva. “Você ainda vai pagar caro por isso.”
“Quer mesmo pagar para ver, filho da puta?” Ameaçou.
O mais baixo engoliu em seco. Com um bufo de raiva, pegou o copo de conhaque em sua mesa, bebeu em um gole e com um careta disse: “Nunca mais volto nessa espelunca. Tem muita ralé por aqui.” Dizendo essas palavras olhando para a criminosa, virou-se para ir embora.
“Espere Sr. Severin! Espere!” Tiffany tentou detê-lo, mas ele já havia atravessado as grossas portas douradas. Com uma expressão enfurecida, virou-se para Bella. “Ele era um dos nossos mais importantes clientes, e se o perdemos por sua culpa...” Fechou os olhos e respirou fundo. Voltou-se para o general, aparentemente recuperada. “O senhor ganhou. Foi o escolhido da noite. Parabéns.” Sinalizou para o locutor que olhava tudo de boca aberta e este, como acordando de um transe, pegou o microfone e gritou:
“É MEUS CAROS AMIGOS, ISSO QUE É SER DESEJADA PELOS HOMENS! O REJEITADO VIRA O ESCOLHIDO! PALMAS PARA O SENHOR DE DOIS METROS ALI!”
Aplausos receosos foram se elevando ao ar, até que todo o ambiente foi tomado por eles. O DJ voltou a colocar a música, que tinha retirado no momento da briga, e os dois ficaram se encarando por vários segundos, praticamente soltando faíscas.
Mal agüentando a si mesma, Bella tentou voltar para seu camarim e dar o fora dali o quanto antes, mas o general impediu-a, pegando-a pelo braço.
“Me solta...” Murmurou entre dentes.
“Não estrague essa porra, Swan.” Ele retrucou.
“Você já estragou tudo o que tinha para ser estragado.” Disse, furando-o com o olhar.
“Claire!” Madame lívida aproximou-se dos dois. “A merda do quarto é por ali! Dá para fazer o favor de ir até lá?”
Bella engoliu em seco, sabendo não ter escapatória. Teria que ficar mais tempo com aquele homem que mais queria distância. Sentindo como se pudesse matar meio mundo, virou as costas e encaminhou-se até as grossas portas douradas, entrando em um longo corredor que dava para vários quartos. Com os passos pesados e os punhos fechados, foi até a última porta do corredor, abriu-a e entrou em um ostentoso quarto, parecendo cinco estrelas. No centro havia uma cama majestosa, king size, coberta por lençóis em tons vermelhos e pastéis. Havia um balde cheio de gelo com duas garrafas de champanhe dentro e outra porta em um canto que dava para o banheiro da suíte.
Furiosa, arrancou a máscara com tudo, pegou uma garrafa de champanhe e sem aviso nenhum, virou-se com tudo e tacou no general gritando um furioso “SEU IDIOTA! DESGRAÇADO! DEVERIA TER TE MATADO QUANDO TIVE A OPORTUNIDADE!”. A sorte foi que o general desviara bem a tempo e logo o chão estava tomado de cacos de vidro e o líquido desperdiçado que foi se espalhando pelo tapete.
“Me matar para ir com aquele filho da puta?” Ele rosnou indo até ela e agarrando seus braços, impedindo-a de tacar mais coisas. “É isso, porra? Você quer ir com aquele filho da puta?!”
“Se você não tivesse me atrapalhado eu teria ido MESMO! Mas você estragou tudo, como você faz com tudo o que você toca! Você não pode ver ninguém se saindo bem, porque logo você vem atrapalhar, inferno!”
“Você queria ir com ele?” Ele rosnou, apertando-a ainda mais firme.
Bella olhou bem naqueles olhos verdes, sentindo uma raiva intensa. “E se eu quiser? O que você tem a ver com isso?”
Ele rosnou. “Quantas porras de vezes terei que repetir que quem só tem a porra do direito de fazer alguma coisa com você sou EU?”
“E quem você pensa que é? Tudo o que tinha entre a gente morreu e foi sepultado naquele maldito cemitério! Você não é nada meu, e eu não sou nada sua, general. NADA!”
“Você é minha, novato. MINHA!” E antes mesmo que Bella pudesse ficar aturdida com aquelas palavras, a boca do general já estava esmagando a sua.
A ALFA-I dos EUA assustou-se tamanha a urgência demonstrada nos braços e boca do general que praticamente a devoravam. Com os joelhos trôpegos, cambaleou para trás, fazendo com que batesse na cama e acabasse caindo, com o homem sobre ela.
Passado o primeiro choque, fechou as mãos em punhos e tentou afastá-lo de si, lutando para separar-se enquanto sua boca murmurava protestos que eram repreendidos impetuosamente pela dele.
Mil e um pensamentos enervaram-se dentro de si, todos se misturando e tornando-se uma verdadeira confusão em sua mente. Porém quando a língua dele brigou por espaço em sua boca, a razão e que vinha movendo-a nas ultimas semanas foi-se, dando lugar para um sentimento louco que a dominou.
Como sempre acontecia quando estava perto dele, se via coagida por algo além de seu controle. Aquele homem tinha um jeito de mexer com ela que nenhum outro do mundo tinha. Sem domínio sobre si mesma, enlaçou a nuca dele e aprofundou o beijo com ferocidade, despejando toda o ódio que nutria ali.
Dominado por algum espírito maligno, o generalíssimo espalmou as duas mãos no quadril da criminosa e trouxe-as diretamente para seu membro palpitante, com brutalidade, fazendo com que a criminosa soltasse um pequeno gemido que logo foi engolfado pela boca do general.
Sentindo seu coração pulsar em um ritmo frenético, apertou com força os cabelos do homem e só então percebeu como sentira falta deles... Na verdade, como sentira falta dele todo. Todinho.
A única coisa que conseguia pensar naquele momento era “merda”, mas não mais no sentido que vinha pensando nos últimos tempos. Estava sentindo um desejo tão grande, uma luxúria tão forte, que sentia que poderia explodir a qualquer momento, ainda mais quando o general espalmou uma mão em seu seio e apertou-o com força, fazendo com que envergasse a cabeça para trás.
Abriu os olhos e ficou encarando o teto debilmente, sentindo aquelas ondas de prazer passarem por seu corpo. Oh céus, como sentira falta daquilo!
Apertou as pernas procurando pela fricção que precisavam, mas uma mão do general a impediu. Ele começou a massagear seu clitóris por cima da calcinha ao mesmo tempo em que com a outra mão abaixava o sutiã revelando seus seios intumescidos, grandes e pontudos, pedindo por atenção.
O general abocanhou o direito, lambendo o bico com voracidade, fazendo com que a criminosa sentisse aquela sensação estranha, porém... Gostosa.
Oh merda, estava perdida.
Era para estar ali com Paul! E se o general não tivesse interrompido, quem estaria em cima dela naquele exato momento era outro homem e não...
Merda!
Esse último fora no sentido que geralmente era proferido. O que fizera?! O que estava fazendo?! Aquele homem em cima dela era a porra do GENERAL! Aquele bruto de homem que falara todas aquelas coisas sobre seus pais, que só queria mandar nela e ser seu dono! Não era ELE quem a ajudaria a prosseguir, mas PAUL! Fora ELE que atrapalhara seus planos e agora ela estava ali, nos braços dele?
Mas que merda!
“Não! Não! Para! Me solta!” Berrou tentando empurrá-lo. Mas o homem era forte, isso ela já sabia. Só depois de várias tentativas que finalmente conseguiu uma brecha pela qual surrupiou para fora da cama, arfante.
Querendo fugir da tentação em pessoa, disparou para o outro lado do quarto, passando as mãos furiosas pelos cabelos revoltos. Pegou um roupão e enrolou ao redor do corpo, ao mesmo tempo em que acabou achando uma mesinha no canto onde algumas garrafas estavam para fazer drinques. Aproveitando o máximo da situação e achando-se uma dependente alcoólica, pegou um copo e encheu de Martini. Com uma única entornada, foi todo o conteúdo.
Enchendo novamente o copo e bebendo mais uma vez, não se sentiu melhor como ansiava. Passou as mãos trêmulas pelos cabelos mais uma vez, tentando acalmar seu próprio corpo. Que inferno de homem era aquele! Que sina! Como que ela deixara aquilo acontecer? Como que permitira ficar nos braços dele... Daquele jeito?
Com uma careta, voltou-se para o general e, apontando a mão com o copo começou a cuspir as palavras demonstrando claramente a raiva, descontrole e todo tipo de sensações que haviam se misturado em seu interior naquela situação.
“Eu te odeio, general!” Urrou sentindo lágrimas de raiva molhando seus olhos, mas logo as enxugou com as costas da mão. “Depois de todo esse tempo, depois de tudo o que você fez comigo... Além de estragar tudo, você vem e me agarra desse jeito? QUEM VOCÊ PENSA QUE É? Não foi suficiente tudo o que eu te disse naquele cemitério? Você ainda quer mais algum detalhe, como o fato, de que nesse momento, você é o cara mais escroto... Imbecil... E INFELIZ que eu já tive o desprazer de conhecer?”
O militar, por sua vez, estava estatelado na cama, sentindo desejo ainda em seu corpo. Mas era como fogo que de repente se apaga, sem aviso, como se um vento glacial tivesse decido soprar toda sua potência de uma vez. A lucidez começou a voltar e quando aconteceu ele só se limitou a fechar os olhos com força.
O que ele havia feito? Tornara-se um selvagem? Um novato de merda que não se sabe se controlar? Quando viu aquela mulher dançar naquele palco daquela maneira já se sentiu fervendo por dentro... E quando ela provocou-o daquele jeito indo com outro homem, um sentimento muito estranho apossou-se em seu ser.
Agora via como tinha sido irracional. Poderia ser reconhecido, como explicaria aquilo depois? Mas na hora, não pensara em nada. O que mais queria era matar aquele filho da puta que tocara seu novato! Aquele filho da puta que praticamente subia nas paredes por causa dela! Na verdade, todos os infelizes que estavam naquele recinto olhando-a e imaginando-a com eles na cama, fazendo sabe-se lá o quê.
Tinha até se esquecido de como perdia o controle perto daquela mulher... Mas daquela vez ele suspeitava que houvesse sido diferente...
Ele ficara com ciúmes.
“Porra.” Murmurou para si mesmo se dando conta de tudo o que acontecera. Sentia raiva de si e do mundo por não ser capaz de se controlar... Não fora treinado por anos para fazer justamente aquilo? Mas havia uma falha no treinamento... Militares eram treinados a manterem controle nas mais diversas situações dramáticas, trágicas e perigosas... Mas não eram treinados a manter o controle perto de uma mulher. Ainda mais uma como aquela.
Levantou-se, e sem olhar para o objeto de todos seus fracassos, foi em direção a janela que dava para o oceano que se derramava lá... Escuro, límpido, calmo, como que zombando do resto do mundo que se espalhava no caos.
Apoiando as mãos no parapeito procurou retomar o controle e a calma. Atrás dele, Bella continuava maldizendo Deus e o mundo.
“Eu tinha um plano, e eu tinha certeza que ele iria dar certo! Mas você, você vem aqui e simplesmente estraga tudo! Agora Paul nunca mais vai querer olhar na minha cara, e será um tremendo milagre se eu ainda tiver um emprego ao sair daqui! E tudo por SUA causa!”
Fechando as mãos em punho, fechou os olhos por um momento, lembrando da forma irracional que a agarrara ali mesmo instantes antes querendo mostrar que ele era o único que podia fazer aquilo com ela. Se ela não tivesse saído de perto, que porra ele teria feito? Que merda, Edward!
Engolindo em seco, reprovando a prévia atitude de adolescente, virou-se e culpando-a, resmungou:
“Nada disso teria acontecido se você não tivesse feito aquilo.”
“Eu estava seguindo meu plano!” Ela berrou. “E você não tinha nada que ter interferido nele, nada!”
“Então era esse o plano? Dormir com todos os homens do mundo para conseguir o que quiser deles? Quem mais você pensava em dormir, o presidente dos EUA?”
“Não, não seria todos os homens do mundo, porque me recusaria a dormir com você!”
“Nenhum homem vai te dar o que você precisa aqui nessa merda!”
“Aé? E quem vai me dar o que eu preciso?”
“Você sabe quem.”
“Você?” Retrucou com escárnio. “Por acaso seria você? Que piada! E mesmo se fosse...” Encarou-o profundamente. “Eu não preciso de você, já deixei isso bem claro.”
“Claro que não precisa. Dá para ver quão longe chegou sem mim!”
“Se você não tivesse atrapalhado eu poderei ter conseguido!” Berrou. “E mesmo que sim, não devo mais nada a você!” Apontou o dedo pra cara dele. “Estragou tudo vindo aqui essa noite general, e eu te odeio imensamente por isso!”
Ele agarrou o dedo que lhe era apontado e encarou-a profundamente. “Odeia mesmo?”
“Odeio!”
“Então por que me escolheu?”
Bella titubeou, umedecendo os lábios, desconfortável. “Por que eu te escolhi? Você ainda pergunta? E eu lá tinha alternativa a não ser te escolher?”
“Você tinha.” Ele rosnou. “De qualquer forma você acabaria comigo, porque se você tivesse o escolhido eu te pegaria pelos ombros e te levaria para longe como um saco de batatas. Mas mesmo assim você podia ter o escolhido.”
Ela rugiu raivosa. “Isso não importa mais agora! Afinal, como você me achou aqui?” Perguntou desviando o assunto.
“Não importa.”
“Como você me achou aqui, cacete?” Rosnou extremamente furiosa. Era uma bela cena de ser ver... Pelo menos do ponto de vista do general. Mulheres furiosas ficavam lindas, e bem... Até ele conseguiu ver certo fascínio ali.
“Não que me interessasse saber a porra do lugar em que você estava. Mas qualquer filho da puta que viesse a essa boate te reconheceria.”
“Você veio...” Ela olhou-o demoradamente. “Na boate sem saber que eu estava aqui?”
Ele não respondeu.
“E ainda se acha no direito de falar alguma merda!” Levantou as mãos ao alto em frustração. “Você pode vir aqui assistir as dançarinas se esfregando no palco, mas EU não posso fazer o meu show!”
“Que porra de show? Que porra é essa que você fica pelada na frente da cidade inteira? Se portando como uma puta?!”
“Se eu estou me portando como uma puta ou não, o problema é MEU! Você não tinha NADA que ter se intrometido! Se não fosse você, eu estaria nesse exato momento na cama com outro homem!”
Ao ouvir isso, o general aproximou-se dela e pegou em seus braços com força. Os olhos verdes bem assustadores.
“Você não vai à porra de cama nenhuma com ninguém. Não foi. E nem vai... Está entendido?”
Bella desvencilhou-se dele com força. “E quem você pensa que é? Acha que manda em mim?”
“Você é a porra do MEU novato.”
“Mas você não é a porra de ninguém para mim.” Respondeu, olhando-o firme nos olhos. “Só você que ainda não percebeu isso, general.”
Uma veia começou a saltar furiosamente em sua testa e Bella afastou-se dele o quanto pôde.
“Bem, o que passou, passou. Por que a merda que você fez, não poderá ser remediada. Você conseguiu mais uma vez estragar minha vida... Você conseguiu sua quarta estrela de filha da puta. Agora vá embora porque não quero nunca mais olhar na sua cara.” Disparou, tentando sair do quarto, mas o general foi atrás dela e puxou-a pelo braço, novamente.
“Eu não saio daqui sem você comigo.” Disse peremptório. Decidira aquilo no exato momento em que a criminosa dançara em seu colo e o provocara daquele jeito. Porque se aquela filha da puta era perigosa com ele, sem ele era praticamente mortal.
“O... Que?” Bella murmurou, chocada, arregalando os olhos. Esperava tudo do general, menos que ele quisesse... Levá-la consigo. “Você só pode estar de brincadeira comigo. Depois de tudo o que aconteceu, você ainda tem coragem...?”
“Eu não vou botar meus planos a perder por sua causa.” Rosnou, apertando-a firme.
“E o que te leva a crer que eu vá com você?”
“Se você for tão esperta como você diz, você vem.” Disse prepotente. “Não é só a NSA que você tem que temer novato. E não é só você que tem que se preocupar com as coisas por aqui. Muita mais coisa está em jogo. Não é só entre você e eu. Ou entre você e sua família.”
“Que bom que colocou minha família no meio! Pensei que acreditasse que eu pouco me importasse com eles!” Desvencilhou-se dele mais uma vez e foi até o bar, enchendo um copo para si e bebendo tudo de uma vez.
“Não importa a porra de seus motivos,” Cortou-a, rispidamente. “Os objetivos são os mesmos. Se você espera que eu diga que estou arrependido ou não sei o que deu em mim, vá tirando sua ovelha da chuva, porque isso é coisa de gente fraca. E pare de beber essa porra!” Arrancou dela o copo e tacou longe.
Bella olhou o vidro se estraçalhando com incredulidade.
“Você precisa vir comigo se ainda quiser chegar naqueles filhos da puta. O cerco está se fechando, novato.”
“Você vem aqui, depois de tudo... Querendo que eu simplesmente...” Resmungou. “Eu não sei você, general,” Voltou a olhar para ele com dureza. “Mas eu não vou esquecer tão cedo o que me disse.”
“Pouco importa porra!” Disparou, rispidamente. “Você precisa vir comigo, agora, logo! Antes de tudo exploda em merda e você nem tenha tempo para esquecer alguma coisa!”
Bella olhou-o firmemente, querendo poder enxergar na alma dele também, já que parecia que ele enxergava a dela. O que deveria fazer? O que era o certo?
Aquele homem a magoara... E fora aquela mágoa que a impulsionara a estar ali naquele dia, fazendo o que estava fazendo... E agora, jogaria tudo para o alto e voltaria com ele?
“Eu não vou deixar que você faça o que quiser comigo, general. Não mesmo.”
O homem respirou fundo e esfregou a palma das mãos no rosto em frustração.
“Poupe-me de seus papos feministas. Pelo menos por agora. A questão é muito mais complicada...”
“Eu não vejo complicação alguma aqui.” Olhou-o com determinação. A bebida ainda trabalhava em seu corpo, mas alguma lucidez ainda estava por perto. “Eu estava indo bem e você me atrapalhou, ótimo, não é fim do mundo, eu posso seguir em frente. E naquele cemitério você deixou bem claro que não precisava de mim para chegar aos Volturi... E eu cheguei à conclusão que seguirei melhor sem uma coleira no pescoço! As complicações vão surgir de novo se eu mais uma vez for BURRA o bastante de aceitar me submeter a alguém que acha que manda em tudo! E eu posso fazer tudo, menos o tipo SUBMISSA!”
Falou, com franqueza. Estava tudo tão claro quanto água. Não dava certo seguir com o general, não mesmo. Não era o fato de ele ter ido ali depois de duas semanas e tentar buscá-la que mudaria o que antes estava acontecendo, certo?
Ao olhá-lo sentiu uma dorzinha no coração, pois afinal... Ele era tão... Merda! Sentira falta daqueles olhos verdes... Sentira falta dele chamando-a de “novato”.
Sentira falta dele inteiro.
Mas Bella nunca fora do tipo que largava tudo por homem. Ela tinha objetivos e se valorizava, embora algumas vezes não demonstrasse muito isso. Sua vida e seus ideais lhe eram mais importantes do que qualquer outra coisa.
Olhando para ele o que achou ser a última vez, virou-se para sair do quarto. Apesar da dor que sentia, de todas aquelas coisas estranhas que começaram em seu interior, reuniu toda a coragem que ainda tinha e fez o que acreditava que era o certo.
Trilha Sonora:
O general ao vê-la se dirigir para aquela porta que se abriria só para depois se fechar entre eles, ao ver seu novato indo para longe dele a porra de mais uma vez, sentiu algo muito estranho se apoderar de si. Percebeu que se não fizesse nada, perderia seu novato para sempre. E se em duas semanas ele se tornara a porra de um merda sem ela, nem poderia imaginar o que seria... Para sempre.
Ele fora treinado para um sem número de situações em sua vida, mas nada o preparara para aquilo que estava prestes a fazer. Se ninguém tivesse passado por aquilo, não saberia o que era. Quando você vê uma pessoa partir, sabendo que pode ser a última vez em que a vê e você se importa com isso, todas as barreiras e obstáculos que existem internamente caem por terra. O orgulho do general, todas as feridas e mágoas que trazia praticamente saíram rolando pelo chão.
Por isso que fechou os olhos com força, e antes mesmo que a criminosa tivesse tempo de rodar a maçaneta, a voz dele surgiu, como um sussurro longínquo.
“É por mim.”
“O que?” Ela murmurou, virando o rosto com a mão ainda segurando a maçaneta. Não foi o que ele falou que a fez parar, mas sim o tom de sua voz.
“É por mim, porra.” Repetiu, com uma careta no rosto. “Você não entendeu, não é, novato?” Um sorriso de escárnio surgiu em sua face e então, se afastou e caminhou em direção a janela que dava para o mar. Aturdida, a criminosa assistiu-o se inclinar com as mãos apoiadas no parapeito, os músculos das costas tensos e as mãos apertadas.
“Entendeu o que?”
“Eu não estou querendo que você vá comigo por causa de porra de plano nenhum!” Disparou com a voz cortante e poderosa. “Eu posso sim continuar o que venho fazendo desde que me entendo por gente... Posso chegar aos Volturi sem você... Posso mesmo.”
“Está querendo me convencer...” Disse com sarcasmo. “Que o motivo não é os Volturi?”
“QUE SE EXPLODAM OS VOLTURI, PORRA!” Ele berrou, virando-se para ela e a criminosa se assustou tamanha intensidade que viu naqueles orbes verdes. Recuou alguns passos e se viu prensada na porta, porque nunca vira aquele homem daquele jeito. “É por mim toda essa porra, porque eu posso tudo, novato. Posso mentir e dissimular, fazendo com que as pessoas creiam e sigam aquilo que digo. Posso fazê-las me respeitarem, me temerem... Posso comandar tropas e exércitos... Posso lutar em guerras e resolvê-las... Posso ser gentil, posso ser a porra de um monstro. Posso conseguir as mulheres que eu quiser... Posso matar e ainda não sentir culpa por isso, posso mandar tudo para o alto em nome daquilo que eu acredito...” Virou o rosto parecendo com nojo de si mesmo. “Posso ignorar as pessoas que se importam comigo, posso trair a porra do meu próprio país. Posso fazer muitas coisas, novato, e sei como fazê-las! Mas não SEI como tirar você da minha vida, porra!”
Ele passou a encará-la como se estivesse com raiva dela. Bella, aturdida, somente o olhava. “Você acha que não sei que seria melhor eu seguir minha vida e deixar você apodrecendo nessa merda de lugar, te deixar a própria sorte? Acha que não sei que seria melhor me livrar de todos os vínculos que tenho com você, e fazer a coisa certa pelo menos alguma vez na vida e defender a porra do meu país? Acha que não sei que isso só vai me fuder por completo e cada vez mais vou ficar mais preso e não conseguirei mais sair dessa PORRA? Acha que não sei?” Berrou e então levou as mãos aos cabelos em frustração.
“General...” Começou, aturdida, mas foi interrompida.
“Eu sei de tudo isso, mas mesmo assim eu estou aqui. Nas últimas duas semanas minha vida ficou um inferno e eu tentei convencer a mim mesmo que era só raiva que eu sentia por você e que passaria todo essa porra. Mas quando te vi hoje...” Ele respirou fundo. “Eu entendi que toda essa merda é porque não POSSO e não SEI como deixar você, porra!”
Algumas vezes na nossa vida ouvimos e vemos determinadas coisas que nos paralisam por completo. Talvez seja porque nunca nem em nossos sonhos mais loucos poderíamos imaginar aquilo, talvez porque não estávamos preparados para nenhuma reação.
O aturdimento de Bella foi tanto que somente encarava o general. Tentou balbuciar alguma coisa, mas a simples visão daqueles olhos verdes que a encaravam daquela forma... Com aquela intensidade... Tirava toda coerência que ainda poderia ter.
Era como se estivesse em uma estufa, onde só seu coração e sua respiração poderiam ser ouvidos. Sentiu algo tão estranho, mas tão estranho... Tremendo, forte... Era como... Não, não sabia explicar. Em um momento tinha vontade de chorar, outro de gritar de felicidade... Mas tudo o que fez foi retribuir aquele olhar que agora a encarava com uma espécie de abandono, raiva, e mil outras coisas...
O generalíssimo mantivera aquelas coisas tão dentro dele por tanto tempo, que quando teve que dizê-las, para não perder seu novato, a avalanche foi tão forte que o abalou profundamente. Frustrado por ter finalmente admitido suas fraquezas – algo que ele há um bom tempo estava negando até para si mesmo – bagunçou os cabelos e murmurando um “porra” foi de novo até a janela, onde se inclinou novamente sob o parapeito e fechou os olhos com força.
Tinha trinta anos, e já achava que estava pronto para tudo. Menos... Menos aquilo, merda! O que ela era? Uma mulher problemática e orgulhosa que entrara em sua vida que poderia ajudá-lo a achar os Volturi com facilidade! E só! Livrara-se de pessoas que teoricamente significava mais para ele, como McCarthy... Mary...
Bufando, se odiou por ter dito aquelas últimas palavras. Determinadas coisas deveriam ficar dentro de nós, e não serem proclamadas aos quatro ventos para que todos conhecessem sua fraqueza. Não duvidava que aquela porra de novato colocasse um banner em cada esquina da porra o país detonando-o e dizendo o quanto era fraco e gay.
“Mas que merda você faz comigo, porra!” Socou a parede com força, a face contorcida. “Se alguém aqui tem motivos para odiar alguém, esse alguém sou EU!” Rosnou até respirar fundo e novamente mexer nos cabelos em frustração. Um longo silêncio surgiu até que ele respirou fundo e disparou: “Quer saber?” Virou-se de repente. “Esqueça isso tudo e imagine que foi a porra de uma alucinação.”
“Eu...” A criminosa começou, engolindo em seco. Sua mente tentava ainda absorver todas aquelas informações, mas seu coração há muito já havia feito aquele trabalho. De repente todas as barreiras que viera construindo nas últimas semanas tentando afastar o militar de sua vida e seus pensamentos, caíram por terra. E ali, só sobrou pura e simplesmente Bella, uma mulher como outra qualquer, mesmo com suas características singulares, sentindo o coração bater mais acelerado ao ouvir um homem dizer que não podia mais ficar sem ela. E porra, não era qualquer homem!
“Eu...” Recomeçou, mal sabendo o que dizer. Sentiu seus olhos ficando marejados e se fosse a outras situações, teria se odiado por isso. Mas não ali. Oh merda, lembrou-se da fuga deles da NSA em que o general a olhara de uma forma indescritível quando dissera que confiava nele. E agora se sentia da mesma maneira. Pela primeira vez na vida alguém falava aquilo para Bella, e ela não sabia o que fazer. Só sentia algo estranho dentro de si... Perturbador. “Não posso esquecer.” Murmurou, por fim.
O general suspirou pesadamente e olhou-a por um longo momento. Sentia algo muito estranho dentro dele e não sabia se era bom ou ruim... A verdade era que odiava aquela porra... Odiava enfrentar o desconhecido, porque aí não tinha chances de preparar estratégias para detê-lo. Achava plenamente que lutar com um bando de árabes filhos da puta seria mais fácil do que lutar com tudo o que se passava em seu interior.
“Claire! Abra essa porta, pelo amor de Deus! É madame Tiffany!”
A ALFA-I nem se deu conta da voz que vinha do lado de fora, já que estava totalmente enervada, só conseguindo olhar para o general, sem fala.
“Eu sei o que você está fazendo aí dentro, mas é preciso que vocês dois saiam logo daí!”
Como que acordado, o general caminhou em direção a porta e abriu-a de supetão, fazendo com que a senhora loira do outro lado recuasse alguns passos. Ela parecia surpresa ao ver o homem totalmente vestido.
“O que foi?” Perguntou ele, a voz grossa e autoritária, como se nada tivesse acontecido minutos antes.
“Parece que Paul chamou os homens dele para vir aqui e dar um jeito em você. Vocês precisam ir embora, pelo amor de Deus! Não quero brigas no meu estabelecimento!”
O general praguejou baixinho e virou-se para Bella. Os olhos verdes falando muito mais do que palavras. Era a hora da escolha. Se a criminosa quisesse ir com ele, teria que ir naquele momento.
Mil coisas se passaram pela mente dela como um redemoinho, e relembrou, em sua própria cabeça, aqueles mesmos olhos encarando-a com desprezo e raiva.
“A menininha Swan, a desprezada e mal amada, a rejeitada por todos. Você pouco se importa se eles mataram seus pais, a única coisa que quer é se vingar por você!"
E então...
“Posso fazer muitas coisas, novato, e sei como fazê-las! Mas eu não POSSO e não SEI como deixar você, porra!”
Engolindo em seco, perguntou-se se aquelas duas citações pertenciam ao mesmo homem. Por mais estranho que parecesse, pertenciam.
Do primeiro queria distância, mas do segundo... Ah céus!
Sem dizer uma palavra, foi até o bar e o encheu outro copo inteiro com Martini. Se bebida resolvesse alguma coisa, Bella já teria toda a vida resolvida. Sentindo a ardência na garganta, procurou se acalmar. Fechou os olhos com força e tentou se decidir, mas percebeu que a única coisa que conseguia pensar com clareza era no general dizendo que poderia fazer tudo... Menos... Deixá-la.
Oh céus... Novamente a porra da teoria do caos imperava em sua vida. Pequenas escolhas, por menor que sejam, podem acarretar em grandes conseqüências no futuro. A decisão de ir embora naquele cemitério a levara até ali... E novamente para os braços daquele homem. Tentou ouvir seu coração, mas como sempre, ele só fazia seu barulho característico e não falava porra nenhuma. Estava sozinha... Ela e sua mente que só fazia escolhas erradas.
Voltar com o general voltaria tudo como era antes, não era? Se ela voltasse... Ela iria embora de novo?
Abriu os olhos e olhou para o general, que a encarava com os seus verdes profundos. Mergulhou neles e sentiu um calafrio percorrer por todo seu corpo, porque aqueles orbes prometiam que as coisas seriam diferentes... Prometiam que ela estaria segura.
Engoliu em seco e procurando manter a voz mais firme o possível, perguntou: “Se eu for...” Limpou a garganta, já que sua voz falhara um segundo. “Se eu for... Você promete que as coisas serão diferentes do que eram antes?”
O general respirou fundo, sabendo exatamente do que ela se referia. Vários foram os motivos da briga deles no cemitério, dentre eles o fato de que ele tratava-a como se fosse um cachorro, que não contava nada do plano e não a tratava como um ser com inteligência considerável.
Sua personalidade autoritária e militar praticamente urrava dentro dele, achando aquilo tudo um absurdo e se fosse em outras situações, como o dia do cemitério, teria revirado os olhos e a mandado para o inferno por querer alguma coisa diferente do que ele oferecia.
Mas não estava mais em condições de exigir ou impor alguma coisa. Com aquela porra de mulher, deixara de ser um general há muito tempo.
“Prometo.” Garantiu.
Bella olhou-o por mais um longo tempo e então assentiu, aceitando sua palavra. Amarrou melhor o roupão ao redor do corpo, abaixou-se para pegar a máscara e voltou a cobrir o rosto, com as mãos ficando mais tempo sobre sua pele.
E talvez um dia ela se arrependesse... Talvez se o seu orgulho não tivesse quebrado no momento em que ele abriu seu coração, talvez ela ficasse ali e continuasse sua vida... Mas só talvez... Por que ela respirou fundo e foi.
Andou na direção do general, mais uma vez em sua vida, e naquele curto espaço de tempo e lugar, quase conseguiu ver o seu destino se desenhando na frente de seus olhos. Destino esse que se mostrava na forma de um único homem.
Ao vê-la se aproximando, o militar soltou a respiração que só naquele momento percebeu que estivera prendendo e sentiu um imenso alívio irromper dentro de si. Ela fora.
Bella parou bem em sua frente, os olhos castanhos mirando todo seu rosto, lembrando-se de toda a face máscula, de cada detalhe. Por fim, respirando fundo, ergueu o queixo e murmurou um prepotente “vamos antes que eu me arrependa.”
E aquela frase fez quase com que o general sorrisse.
Tomou pouco conhecimento da conversa de Tiffany com ele. Alguém havia avisado antes dos planos de um Paul enfurecido e o general murmurara alguma coisa como “além de tudo é covarde, aquele filho da puta.” A madame encaminhou-os para uma saída lateral, sem precisar passar pelo salão, que dava direto para o estacionamento subterrâneo da boate.
“Claire, depois de hoje não poderei mais aceitar que trabalhe aqui.” Dissera. “Venha depois para pegar seu pagamento.”
“Ela não vai precisar disso.” O general disse bruto. “Lembre-se, senhora, você não viu ninguém aqui essa noite...” Ao dizer essas palavras, molhou a mão da mulher com um grande maço de notas.
Esta arregalou os olhos diante da quantia. “Meu silêncio não está à venda...”
O general bufou e colocou mais notas no montinho. “Bem, agora eu posso pensar.”
“Vamos embora logo.” O general rosnou. Foi guiando Bella com a mão em suas costas, e ela se sentiu extremamente estranha com aquilo. Respirando fundo, procurou manter a calma... Era só parar de pensar naquelas palavras do general, era só parar de tentar arranjar um significado ou fazer interpretações... Era só agir com normalidade.
“Não sei onde eu estou com a cabeça.” Resmungou andando a passos pesados. “Agora nem emprego mais tenho! E ainda estou de roupão!” Também estava descalça.
“Você sabe que até senti falta dessa suas reclamações infantis, novato?” Disse com um sorrisinho e sem aviso agachou-se e pegou-a no colo.
“Me solta, general! Que merda!” Resmungou. “Pois saiba você que não senti falta nenhuma sua!” Não sentiu mesmo... Não sentiu mesmo... Não sentiu, merda!
“Mente que eu gosto, novato.”
“Não me chame mais de novato!” A verdade era que adorava quando ele a chamava de novato. Era quase... Carinhoso. O motivo por não querer era justamente aquele. Seu corpo já estava reagindo de maneira que não queria por estar sendo segurada pelos braços dele, não precisava de mais nada...
Ao longe ouviram o som de vários carros brecando com tudo. O general apertou o passo enquanto revirava os olhos. “Era esse tipinho que você tinha em mira? Covarde filho da puta foi chamar os amiguinhos para resolver o assunto dele.”
“Ele era rico, pelo menos!”
“Isso é uma prova que riqueza não compra tudo.” Rosnou. Então ouviram vários passos atrás deles e logo perceberam que os filhos da puta estavam entrando na garagem.
O general resmungou alguma coisa ininteligível e correu até chegar a um carro popular – que poderia ser facilmente confundido nas ruas – e praticamente jogou Bella no banco traseiro.
Bateu a porta do motorista com tudo quando entrou e logo enfiou a chave na ignição. Pisando firme no acelerador, resmungou:
“Hoje eu estava a fim mesmo de atropelar uns filhos da puta.”
Os pneus cantaram levantando fumaça e logo o carro ia à alta velocidade para cima dos infelizes que haviam acabado de aparecer no início da garagem. Alguns manobristas e seguranças tentavam segurar aqueles homens, mas todos se afastaram quando o general partiu para cima deles, não se importando se iria atropelar alguém ou não.
Os vidros totalmente escuros do veículo impediam que vissem quem dirigia e mesmo na boate, não poderiam fazer um retrato falado do general, pois as luzes não estavam muito favoráveis.
“Seu filho da puta!” Alguém berrou quando o general passou por cima do pé de alguém.
“Odeio amadores.” Resmungou o poderoso girando o volante e caindo com tudo na rua, onde acelerou ainda mais. Dirigiu pela orla da praia em alta velocidade, até ir diminuindo quando percebeu que ninguém os seguia e também para evitar que alguma fiscalização os pegasse.
“Se você queria discrição, pode ter certeza que você não conseguiu.” Resmungou a criminosa pulando para o banco da frente. O roupão preto que usava ia até o meio das coxas e ao pular para frente acabou revelando a calcinha da fantasia.
“Onde você ficou esse tempo todo?” O general perguntou.
Bella suspirou tirando alguns fios grudados na testa. “Eu aluguei um quarto há umas dez quadras daqui. Na Rua Benjamin Franklin.”
O general deu um giro com tudo no carro indo em direção a tal rua. “Pelo amor de Deus!” Resmungou a criminosa. “Isso aqui é não é um carro esporte! Não estou a fim de parar para trocar pneu não!”
“Pare de reclamar.” Ele resmungou, não realmente se importando. Depois de alguns segundos, chegaram à frente do prédio encardido que Bella morava nas últimas duas semanas. “Antes de ficar em um mesmo lugar que eu trate de tomar banho, porque essa espelunca encarde até a alma.”
“Como você é engraçado.” Resmungou ela dirigindo a mão até a porta do carro para abri-la. Nem se deu ao trabalho de esperar que abrisse para ela, afinal, era conhecimento de todos que de gentlemen aquele homem não tinha nada.
O pequeno saguão estava vazio. Logo os dois correram pelas escadas até chegar ao segundo andar, onde Bella tirou uma chave do bolso e empurrou a porta, já que estava emperrada.
Ao entrar, ele torceu o nariz, mas não disse nada dessa vez. Bella pegou todas as pouquíssimas roupas que tinha emprestado da boate e algumas coisas de higiene pessoal como pasta de dente, escova e xampu.
“Como você se registrou aqui?”
“Qualquer nome por aí. O cara estava meio dormindo quando cheguei e nem pediu documentos. Só queria saber do adiantamento.” Revirou os olhos.
Limparam todas as evidências da presença dela e Bella limpou suas impressões digitais nos lugares mais óbvios. Logo os dois saíram do quarto mequetrefe, voltaram a descer as escadas e o carro.
Quando pararam bem ao lado do veículo, estagnaram.
“Não acredito nisso!” Bella sussurrou revoltada. “Eu avisei! Olha a merda que aconteceu!”
O general resmungou algo e se dirigiu para o porta-malas. Simplesmente o pneu traseiro havia furado! Merda!
O homem já estava pegando o estepe e o macaco guardados e ia voltando em direção ali.
“Isso na verdade é tudo culpa sua, com esse pessimismo de merda.”
“A culpa é sempre das mulheres.” Revirou os olhos. O general tirou o pneu murcho e Bella teve que pegar e colocar no porta-malas do carro. Ao voltar, quase perdeu o ar ao ver que o general havia retirado o paletó, arregaçado as mangas e começara a trocar o pneu.
Bella sempre tivera certo fetiche por mecânicos, todos sujos de graxa, musculosos, sexies... Mas o general era o cúmulo. Podia ver claramente cada músculo de seu braço se contraindo enquanto trabalhava. Músculos esse que pareciam ainda mais definidos do que da última vez que os vira.
Ao terminar, o general chutou tudo no porta-malas e já foi se dirigindo ao banco do motorista novamente. “Vamos embora logo.”
Dentro do carro voltou a dar partida. Bella respirou fundo se recompondo da visão anterior, até perguntar:
“Não estamos indo para a fazenda não né?”
“Só se fosse fantasiada de vaca.” Revirou os olhos. “Claro que não. Seria a mesma coisa de te entregar para a NSA.”
“Bem, é bom você ir me dizendo para onde estamos indo, senão irei abrir a porta desse carro, pular e pedir emprego em outra boate de merda.”
O general suspirou visivelmente lutando contra seu lado autoritário e militar: o lado líder da coisa que queria controle de tudo e se recusava a trabalhar com os outros. Mas sabia que não tinha alternativa. Por fim, resmungou, claramente não gostando de revelar antes da hora: “Para minha casa.”
“Sua casa?” Bella berrou. Afundou no assento, surpreendida. Estava esperando qualquer coisa... Menos a casa dele. Espera... O general tinha uma casa?
“Sempre foi a intenção.” Revelou ainda contrariado. “Quando saiu da NSA naquele dia, não poderia te trazer até aqui por isso que te deixei no orfanato. Era para ter te levado para lá semana passada, mas aconteceu toda aquela merda.” Revirou os olhos.
“Mas é arriscado!” Protestou. “Uma casa? Ainda mais no seu nome? Ainda mais se estão desconfiando de você.”
“Não está no meu nome.” Foi à única coisa que respondeu.
O general fez um caminho bem torto, claramente querendo despistar qualquer infeliz que estivesse seguindo-os. Chegaram a um lugar onde tiveram que deixar o carro – e o general tomou as providências necessárias para não atrair suspeitas – e tiveram que seguir a pé.
Para onde estava indo?
A região onde estavam não parecia que pertencia mais a cidade. O oceano se derramava ali perto, calmo na noite de inverno, mas as casas e construções há muito tempo haviam desaparecido. Ao longe havia uma região daqueles montes de pedras, que lembravam montanhas, característicos de algumas praias.
“Se você pegou o helicóptero da NSA para vir até aqui, eles vão desconfiar, não?”
“Todo ano eu tenho que vir aqui acertar a estadia da NSA na fazenda no verão.” Respondeu, simplesmente.
Bella respirou a maresia e depois soltou um suspiro. Quem poderia adivinhar que depois de tudo no cemitério voltaria a encontrar o general e estaria nesse momento se encaminhando para a casa dele, que pelo visto, deveria ser submersa, porque não via nada parecido com uma casa por ali.
Jurara para si mesma que nunca voltaria a seguir aquele homem, mas quem poderia imaginar tudo o que acontecera aquela noite? Mas tomara uma decisão pelo bem de sua sanidade mental.
Ela e o general eram cúmplices, não era? Pelo menos essa poderia ser a definição entre eles. Cúmplices não tinham conversas francas apontando o defeito dos outros, nem aquele tipo de brigas, conseqüentemente, não saiam feridos e poderiam seguir o plano com objetividade.
A partir daquele momento deixaria tudo àquilo para trás e seguiria em frente. Não deixando que algo que aquele bruto dissesse fizesse diferença em sua vida. Estava decidida a ser totalmente profissional com ele, mas já estava sendo uma tarefa difícil. Aquele beijo que o general lhe dera no quarto... A forma como ele parecera louco de ciúmes por causa de Paul e, o pior de tudo... O que ele falara! Oh céus, sabia eternamente se lembraria daquelas frases!
E claro, como se esquecer do que ele dissera antes de grudar a boca na sua? “Você é minha.” Meu pai! Uma mulher não podia ouvir uma coisa daquelas sem desmaiar!
Respirando fundo deu uma olhada de esguelha para o homem ao seu lado, que parecia submerso nos mais diversos macabros pensamentos. O paletó de seu terno estava jogado sobre seus ombros e ele dobrara a calça para não sujar com a areia. Parecia mais Poseidon voltando para casa.
Depois do que pareceram vários minutos andando na areia, o general parou e virou-se para ela. Bella repetiu segurando com firmeza o roupão no corpo, já que o vento insistia em levá-lo longe. Mas mesmo com seus maiores esforços, a parte de baixo do roupão insistia em ficar esvoaçando com o vento, junto com seus cabelos.
O homem pareceu analisá-la por alguns minutos, até dizer: “Todas aquelas porras que aconteceram no cemitério não podem atrapalhar mais daqui para frente, novato. Isso tudo não é só entre mim e você ou qualquer merda que seja.”
Ela não disse nada. Eles ficaram lá se entreolhando por algum tempo, o general pensando nas coisas que Mary dissera e na sua falta de controle de antes, e Bella pensando naquele maldito beijo novamente. Mas que praga!
Foi o general que cortou o silêncio, somente rompido antes pelo barulho das ondas quebrando na areia e o barulho do vento. “Olhe para o lado, novato.”
Bella obedeceu e ficou confusa por alguns segundos. Via só aquele monte de pedra do tamanho de montanhas, então, começou a prestar mais atenção e quando o fez, sua boca se abriu em surpresa e incredulidade.
“Oh meu Deus” foi tudo o que conseguiu dizer.
Nota da Autora: Olááá, gente! Nem demorei tanto dessa vez para postar, não? Graças a Deus consegui postar essa parte rápido! Bem, é o seguinte, esse é o capítulo mais tenso da fic então fiquem preparados!
Uma coisa que eu queria salientar hoje é: Pedir posts, querer saber quando vai ter atualizações é uma coisa, agora partir para a ignorância e ficar me xingando achando que eu não posto pq não quero, aí é demais. Para essas pessoas eu tenho um recado (se vc não é uma delas, nem leia): AI vai virar livro. E o certo seria eu parar de postar na internet e falar pra vcs que a continuação só comprandos os livros. eu deveria estar fazendo isso, mas nao estou, então, por favor, não partam para ignorância quanto a demora de posts, pq não é pq eu quero!!
Pronto, rs
so, enjoy!