E Se Alice Salvasse Emmett... - Capítulo 14: Conhecendo O Inimigo

Emmett

Eu acho que fui muito inconveniente... Alice pareceu ficar sem graça com a minha pergunta. Bem, eu tentaria fazer outras de um jeito mais... mais... não sei.

Ela riu meio sem graça da última conversa. Ok, eu sabia agora que ela não gostava de ser chamada de baixinha. Acho que ter o cabelo bagunçado também ajudou, afinal, que mulher gosta de ficar com o cabelo desgrenhado? Minha mãe odiava!

- Mas, me responda outra coisa.

Ela voltou a sentar no sofá.

- Não, agora é minha vez de perguntar. – Por essa eu não esperava.

- E o que quer saber?

- Não te preocupa sumir assim da sua família?

- Eu... – aquilo me pegou em cheio, eu não tinha pensado naquilo até o momento.

Alice

Emmett e eu voltamos conversando sem muitas preocupações.

Já que falei sobre meus poderes, eu achei justo perguntar sobre algo dele. Uma troca muito justa!

- Não te preocupa sumir assim da sua família?

- Eu...

Parece que só então ele se deu conta de que não voltaria a eles. Ele tentou buscar palavras e um tempo depois olhou para mim.

- Não poderei vê-los mais, não é?

- Eu acho que não... – eu o encarei.

- Eu espero que fiquem bem... Você sabe como estão seus parentes?

- Não, eu nunca procurei por vê-los...

- Medo?

- Agora não era a minha vez de perguntar?

- Bom, se era, já o fez. Mas, então, medo?

- Não, só... Não sei... – eu não sei se era uma boa coisa contar todo o meu passado a ele já. Era muito recente as coisas para ele. Podia ser coisa demais.

- Entendo...

Ficamos os dois olhando para o chão por um bom tempo.

Emmett

Alice tinha esse poder de me desarmar e desconcentrar. Eu iria perguntar do tal Jasper, mas estava em meus devaneios.

Eu não sabia como estava a minha família, era como se eu tivesse me esquecido deles de uma hora para outra.

Do nada, eu me vi tomado pela culpa. Que pessoa desprezível eu era. Eu esqueci minha mãe, pai e irmãos... Eu nem me questionei por um segundo se eles poderiam estar sofrendo a minha ausência ou não...

Por fim, cheguei a triste conclusão.

- Não poderei vê-los mais, não é?

- Eu acho que não...

- Eu espero que fiquem bem... Você sabe como estão seus parentes?

- Não, eu nunca procurei por vê-los...

- Medo? – Isso era possível, afinal, ela é uma donzela muito solitária... Ela podia ter tido medo quando viu que estava diferente.

- Agora não era a minha vez de perguntar?

Ela fez um biquinho fingindo estar ofendida. Ela era uma graça de menina.

- Bom, se era, já o fez. Mas, então, medo? – insisti.

- Não, só... Não sei... – Acho que ela estava com medo de me contar coisas demais, e acho que pode ser que a história do Jasper esteja no meio, mas eu insistiria. Ah se insistiria...

- Entendo...

Bem, será que era isso que a vida de vampiro guardava para nós? Nunca mais veríamos nossos parentes... Parecia cruel, mas eu não queria correr o risco de machucar minha família.

Decidi que estava na hora de chegar no ponto que eu queria.

- O tal Jasper – Alice olhou com urgência para mim, – foi ele que te transformou?

- Não, eu não quero falar do Jasper.

- Alice, eu preciso saber.

Alice levantou do sofá, eu a peguei pelos braços sem depositar muita força, apenas queria que ela me ouvisse, não queria machucá-la.

- Não quero.

- Por favor, olhe pra mim – mesmo relutante, ela olhou em meus olhos, – eu tenho que saber de quem vou te defender, não acha?! Não quero lutar contra algo que não conheço, não quero ficar... não sei, vendado em uma arena com um leão que é capaz de ter algum poder extra também... – É... Eu era bom em metáforas, às vezes...

Esme

Tudo estava caminhando tão bem... Rosalie e eu nos entendemos, e isso realmente me deu paz no coração. Edward está mais receptivo em relação a Alice e Emmett, isso também tirou um peso de meus ombros.

Tudo caminhava para a perfeição.

Meu amor estava sentado em uma poltrona no banheiro. Ela tinha se encaixado tão bem no ambiente, a cor, a textura e o modelo ficou em total sintonia com o resto dos móveis no banheiro. E Carlisle, ali nela, só melhorou a visão da cena.

- Finalmente, meu amor chegou...

- Ah, Carlisle, me desculpe a demora. É que, sabe, foi... digamos... intensa... a nossa conversa.

- Bem, se “intensa” significa que tudo, ao fim, deu certo, então eu fico muito feliz por isso.

- Sim, deu tudo certo. Finalmente!

- E como ela está agora?

- Bem.

- Onde ela está? Não sumiu de casa, não é?!

- Não, por que faria uma coisa dessas?

- Não sei, a última vez que tentamos falar com ela, ela saiu de seu quarto batendo a porta e fugindo o dia inteiro. Ela só voltou à noite, te lembra?

Ow meu Deus, mas como é que eu poderia me esquecer daquilo? Foi tão... tão... significativo. Naquela vez, eu pude chegar um pouco mais perto do verdadeiro coraçãozinho de Rosalie, mas ainda assim, eu estava tão longe do centro. E ela estava tão chateada... Eu podia sentir isso apenas ao olhar aqueles olhinhos semicerrados...

Ela brigava pelo mesmo que desta vez, mas naquele dia, não houve muito diálogo. A conversa foi curta, e rápida.

Para que ela não nos deixasse, nós a deixamos livre... Isso era uma das coisas que ela tinha nos pedido, para que parássemos de tratá-la como filha e que a deixássemos fazer o que bem entendesse... E nisso, cabia ser livre de expressão. Se ela quisesse correr, ela iria correr.

Eu não correria atrás dela como se ela fosse uma pequena menina desobediente atravessando os trilhos enquanto o trem está quase chegando naquele ponto. Eu teria de deixá-la correr quando tivesse vontade, mesmo que isso fizesse de meu coração mil pedaços.

- Sim, eu me lembro muito bem de tudo o que aconteceu da última vez, mas a situação não foi a mesma desta vez! Foi diferente. Conseguimos conversar, apesar de sua marca, de sua personalidade forte estar sempre presente em cada frase falada.

- E isso não é bom, afinal...

- Isso não importa – fui até ele e o abracei. Hmmm... Ele era tão cheiroso, e sua pele era tão quente rente à minha... Era tão convidativo passar a eternidade toda com ele. Eu me sentia agraciada a Deus por estar com ele, e poder passar a “eternidade” com ele.

Ele me abraçou em resposta, e então nos beijamos. A sensação foi a de sempre... Eu parecia estar nas nuvens... Voando... O mundo parecia parar para que eu pudesse me deliciar da situação.

Rosalie

“Edward não estava em casa, para variar... Ele era sempre o bonzinho da casa, enquanto eu era tomada como a rebelde. Isso não era justo, sabe... Muitas coisas, aliás, eram injustas comigo nessa casa...

Quem sabe, em outro dia, eu não possa ter outra conversa franca e séria com Esme.

Até lá, irei aguentar e passar pelo que for preciso.

Gostei da conversa com Esme. Creio que cheguei a um ponto comum com ela, gostamos uma da outra e, no fundo, no fundo, não queremos fazer a outra sofrer. Eu gosto dela, no final das contas. Gosto como amiga e como mãe também...

É, acho que eu já estou me conformando com a ideia de chamá-la de mãe... Ela cuida de mim como se fosse minha mãe... Por mais desagradável e insensível que isso pode soar, às vezes eu sinto que ela é mais minha mãe do que a minha própria mãe, que vivia ocupada demais com viagens e visitas às mulheres dos clientes de meu pai.

É, gosto mesmo de Esme.”

Esme

Enfim, nos separamos.

- Vamos tomar banho?

- Sim, claro. Creio que já está na hora mesmo, a baínha de meu vestido está suja.

- Ok. Irei pegar as toalhas.

- E as do banheiro? Onde foram parar?

- Você tinha levado na cabana, amor. Deve ter ficado lá.

É, é verdade... Fiquei tão preocupada com Alice e Emmett, que acabei me esquecendo das toalhas... Mas, elas não são tão importantes assim. É só comprar novas.

- É mesmo. Vá pegar sim, enquanto isso, eu vou encher a banheira.

Desci até a cozinha, enquanto prestava atenção onde Carlisle e Rosalie estavam. Meu amor estava procurando coisas no armário de nosso quarto, provavelmente as toalhas... Rosalie... Rosalie estava tão quieta.

Será que ela tinha ido embora? Nos deixou novamente? Fugiu? Voltará que horas?

Subi correndo as escadas, pulando alguns degraus. Não bati na porta de seu quarto, mesmo sabendo que ela odiava isso. Apesar de que, se ela não estivesse mais em casa, ela não saberia se ao entrar eu bati na porta ou não.

Escancarei a porta, e Rosalie me olhou assustada. Ela estava deitada tranquilamente em sua cama escrevendo em seu caderninho.

- Esme! O que aconteceu?!

Bem, pelo menos ela estava ali. Respirei aliviada. Duas toneladas saíram de meu peito com a notícia de que Rosalie ainda se mantinha em seu quarto, em nossa casa.

- Eu... Ah... – Carlisle era tão bom em inventar desculpas...

- Não achou que eu fugiria de novo, não é?!

- Bem... Estava tudo tão silencioso por aqui.

- Ok, ok... Já entendi. Mas não sei por quê você pensou que eu fugiria de novo – ela disse ofendida. Ah querida, mil desculpas...

- Bem, eu não sei... Só achei melhor conferir, sabe... Me desculpe.

- Tudo bem.

Ela voltou sua atenção para a pena e então para seu caderninho. Fechei a porta respirando fundo, aliviada por saber que ela estava em casa ainda. Sim, ela estava em casa. Ah, que bom...

Rosalie

Esme conseguiu me assustar ao abrir a porta de meu quarto desesperadamente, mas agora estava tudo bem.

Bem, nem tão bem... Um lindo e gigantesco borrão de tinta tinha surgido em meu diário. Droga... Por que Esme teve fazer aquilo?

Esme

Voltei para a cozinha calmamente, eu não precisava me desesperar mais... Creio que, finalmente, Rosalie tinha passado daquela fase “rebelde”. Finalmente, finalmente...

Abri a torneira e comecei a encher alguns baldes. Depois, coloquei a água para esquentar no fogão. Em poucos minutos, nossa banheira estaria com uma água tão quentinha e confortável...

E mais confortável ainda será com a presença de meu amor...

Ah, que delícia...