A Infiltrada 2 - Capítulo 12: A Casa Forte

Bella sempre soube que o generalíssimo tinha uma casa, porém se equivocara em vários pontos como, por exemplo, o fato da casa não ser em Washington. E quando pensava na morada, embora freqüentemente vazia, de um militar respeitável e que ganhava como ele, logo imaginava grandes mansões com três andares e mil câmeras na porta, ou mesmo algo parecido com um castelo medieval com rios cheios de jacarés circundando-o.

Quando olhou para aquele monte de pedra em sua frente, demorou a perceber o que afinal aquele homem apontava, mas quando o fez tudo que pode murmurar foi um aturdido: “Oh meu Deus” logo acrescentar um “você só pode estar brincando com a minha cara.”

Naquele monte de pedras que se agrupavam, grande o suficiente para ser considerado mais do que uma elevação qualquer, porém bem menor para ser uma montanha, havia um pequeno casebre de madeira gasta e palha. Duas aberturas cerca de um metro acima do chão se estendiam formando pequenas janelas que revelavam a escuridão do interior, por onde um rato acabara de entrar. As pedras da montanha pareciam envolver o pardieiro, como se fosse um braço que o protegesse das ondas do mar que batiam contra as paredes da pequena montanha.

O teto de palha agrupadas parecia velho o suficiente para ser da mesma época que aquela praia fora formada e não lançava margem a dúvidas que deveria ser morada de variadas espécies de insetos. Em nada aquilo parecia com uma casa de um militar, quiçá um lugar habitável.

“O que é isso?” Murmurou depois de um tempo de análise em que ficara meio que esperando que alguma espécie de feitiço que cobria a casa e que a impedia de ver a realidade terminasse.

O general que ficara olhando-a todo tempo com um ar irônico deu de ombros: “O que você estava esperando? Uma mansão vitoriana com pinturas que somassem milhões de dólares?”

“Não...” Respondeu. “Estava esperando um lugar que não estivesse caindo aos pedaços!”

“Pense por esse lado... Eles nunca a encontrarão aqui.”

“Nem sequer Deus deve me encontrar por aqui. Com certeza ele acha que seus filhos têm melhor moradia do que isso.” Resmungou já se arrependendo de ter deixado seu quarto alugado. Era pobre, era sujo, tinha baratas, mas pelo menos cabia uma cama!

“Chega de drama, novato.” Repreendeu-a com a voz firme. “Você não tem condições de exigir melhores condições e isso serve para você perceber que o mundo do crime não compensa.”

Bella tinha certeza que ele estava tirando uma, então fechou a cara, lívida. Ajustou o roupão melhor ao corpo e fez uma careta para aquela construção. Onde estava o mundo do glamour dos criminosos? Onde estava a arma presa na cinta-liga? O champanhe? Os dólares escondidos no cofre atrás da pintura de Rembrandt?

“Vamos, entre. Não tenho muito tempo.” Ele disse encaminhando-se para o casebre. Bella foi atrás relutante, ainda acreditando que se tratava de alguma piada. Subiu algumas altas pedras e quase escorregou algumas vezes, com o general a ajudando talvez lhe mandando boas vibrações. Ao tocar nas rochas estranhou um pouco... O material era o mesmo das naturais, a aridez a mesma, mas todo o agrupamento delas parecia como se não fosse à natureza que houvesse feito aquilo, mas fosse uma ação antrópica.

Quando chegou a frente do monte de madeira aos pedaços, torceu o nariz para o cheiro de animais marinhos mortos e para a porta que com um leve tremular se abriu, deixando que vários resquícios de palha e madeira caíssem no chão.

Dentro da casa havia uma pequena penumbra causada pela lua cheia. Apesar disso, a pouca luminosidade foi o suficiente para distinguir o cômodo apertado, com uma cadeira de palha depositada em um canto e todo o chão coberto por fiapos de palha que julgou virem do teto, junto com toras de madeira.

“Ai que nojo!” Esperneou ao notar o mesmo rato que entrara antes em um canto, com aqueles olhos vermelhos encarando-a como se fosse comestível.

“Não seja fresca.” Edward pilhou.


“Fresca?” Protestou afastando-se o máximo que pôde, quase saindo da casa. “Nesse lugar tem um rato, o único móvel que existe aqui é uma cadeira de palha que deve ceder com o meu peso e mesmo que quisesse colocar alguma coisa aqui não poderia! Olha aqui, general, aceitei vir com você porque achei que tivesse um lugar decente e seguro para me esconder!”

“E quem disse que esse lugar não é seguro?” Retrucou estreitando seus olhos verdes, como se ela tivesse ofendido sua querida avó.

Ela bufou, levando as mãos para o ar em frustração. “Você sabe muito bem que não existem condições aqui... Ou existe alguma coisa invisível nesses escombros, ou eu vou voltar para aquele quarto alugado e não venha com a história de que crime não compensa!”

“Cala a boca.” Ele rosnou, repentinamente ficando tenso, ato que não foi percebido por ela.

“Eu não vou calar a minha boca!” Protestou já ficando meio possessa naquele local. Não era possível que aquilo estivesse acontecendo com ela! Oh céus! A solitária da NSA parecia bem confortável agora. “Eu não larguei Paul para vir para cá... Eu não larguei meu emprego para vir para cá... Eu não...”

“Cala a porra da boca.” Ele rosnou, aproximando-se dela em dois tempos e jogando-a de encontro ao chão com brusquidão. O ar sumiu dos pulmões dela por um tempo e uma tora de madeira cutucou seu traseiro como se fosse um ferrão. Quando estava pronta para abrir a boca e reclamar seus direitos, finalmente ouviu o som do helicóptero.

Com o coração na mão, envergou a cabeça para trás para pode enxergar o céu além da janela onde estavam abaixo, mas tudo o que conseguia ver eram as estrelas sob Newport. Lembrou-se daquela madrugada que estivera fugindo com o general, em que haviam se escondido embaixo da colheitadeira para passarem despercebidos.

Em suas poucas semanas ali hora ou outra escutava som de helicópteros vagueando pelo ar e sabia que o mesmo acontecia em toda a costa leste. Sempre ficava tensa, preocupada que eles não tivessem fazendo uma simples vistoria, mas sim que estivessem ali por saberem onde estava escondida. Mas estranhamente, naquele momento, parte de sua característica tensão não estava ali.

Olhou o general sub-repticiamente e este também espiava o céu, com os músculos rijos. Bella não voltou a olhar para o alto, mesmo quando o som ficou mais perto. Permaneceu encarando-o.

Duas semanas parecia uma eternidade. Aquele dia no cemitério era como se fosse uma lembrança longínqua de alguém que não era ela... Toda aquela cidade o lembrava. Sempre quando passava na orla da praia, via o mesmo banco que uma vez sentaram e ficaram vendo mar. Naquela época, estava corroída pela culpa, remorso e vários outros sentimentos em saber que o dia de terminar a missão estava próximo, mas com ele, naquele banco, sentiu paz.

Analisou a linha rígida de seu maxilar, a forma como seu pomo de adão ficava sobressalente com o seu pescoço esticado daquele jeito, ou mesmo como conseguia ver só um vislumbre das íris verdes cercadas pelos seus cílios. Sabia que o terno encobria um corpo incrustado de músculos, braços fortes que quase não conseguia cercar com as duas mãos e um homem que estava deixando o país de lado por ela.

Talvez não fosse tanto por ela, refletiu baixando a cabeça e vendo suas próprias mãos. Tinha os Volturi... Mas então se lembrou da forma como no quarto, ele mandou a máfia se explodir, como se eles não significassem nada entre os dois. Da forma como disse que queria que fosse com ele por ele, e não por nenhuma outra pessoa ou organização.

Voltou a ergueu os olhos para fitá-lo e foi só aí que percebeu que o som do helicóptero estava se distanciando. “Eles só estão vagando, sem realmente procurar algo. Só querem estar por perto se houver alguma pista.” Resmungou com sua costumeira voz grossa enquanto vertia a cabeça o lado, para encará-la.

Quando aqueles olhos verdes parecendo duas pedras esmeraldas a encontraram, um calafrio verteu por toda sua espinha. Mergulhou neles, como se fossem o mar que se agitava ali perto, quebrando suas ondas na areia.

"Posso ignorar as pessoas que se importam comigo, posso trair a porra do meu próprio país. Posso fazer muitas coisas, novato, e sei como fazê-las! Mas não SEI como tirar você da minha vida, porra!"


Lembrou-se do que ele havia dito naquele quarto na boate e sentiu algo estranho irromper dentro de seu ser. Nunca admitiria a ele, mas aquelas poucas palavras foram as mais bonitas que alguém já havia lhe dito. E a ironia era que foram proferidas pelo homem mais grosseiro que conhecia.

Engolindo em seco, desviou o rosto para o casebre. O que estava acontecendo com ela? Nunca sentira nada como quando estava com aquele homem... Piscando os olhos algumas vezes, limpou a garganta e ficou pronta para levantar-se, quando sentiu que algo estava estranho.

Apoiara as mãos no chão e quando estava pronta para erguer-se um brilho metálico roubou-lhe a atenção. “O que...?” Começou, afastando alguns fios de palha do local e reparando em uma espécie de botão, que pela aparência era feito de aço.

Franzindo o cenho, apertou-o, mas nada aconteceu. Era liso. Não havia nenhuma protuberância. Era fixo ao chão.

“O que é isso?” Questionou fitando-o.

Ele encarou-a com ironia. “Um pedaço de metal?”

“General...” Bufou.

“Novato, não crie coisas em sua cabeça. Esse é o seu novo lar.” Provocou com uma ligeira sobrancelha arqueada.

“Olha aqui, seu...” Começou, mas ele a empurrou de lado, aparentemente cansado de provocá-la. Apertou o metal e disse: “Cullen.”

Nada aconteceu.

“E isso era para ser...?” Perguntou, encarando assiduamente o chão abaixo esperando que algo se revelasse. Uns dois segundos após ouviu o barulho do que parecia ser uma tranca.

“É destrancada pelo som de minha voz, proferindo uma senha.” Revelou.

“O que exatamente é destrancado?” Perguntou confusa, e foi então que, de repente, Edward ergueu um pedaço da madeira do chão, revelando uma passagem escura.

“Eu sabia que deveria ter alguma coisa por aqui!” Murmurou, surpreendida, espiando o que parecia ser um grande tubo de concreto. Aquilo a lembrou os canais dos bueiros. Rezava para que aquilo não fosse um.

“Você sempre sabe de tudo.” Rolou os olhos debochadamente, só para depois ordenar “desça” de forma peremptória.

“Não é nenhuma espécie de quarto do pânico é? Eu não sei, mas eu acho que tenho claustrofobia.”

“Você realmente está começando a me irritar...” Rosnou.

“Ok, eu desço.” Suspirou. Sentou-se, colocando as pernas para dentro do buraco e espiou lá embaixo. Um único feixe de luz chegava fracamente, fazendo possível apenas distinguir que o fim do túnel era uns dois metros abaixo.

Quando ela tomou coragem para pular, sentiu a mão do general puxando seu cotovelo, freando-a. A criminosa voltou à cabeça para olhá-lo, achando por um momento que algo errado tivesse acontecido. Porém tudo que encontrou quando se voltou foi um rosto másculo parecendo levemente contorcido.

“Você é a primeira que está entrando aqui, novato. Não estrague com tudo.” Disse, e foi como se tivesse lhe dito que era a primeira pessoa que confiava e que não era para trair a confiança que ele estava lhe dando. Bella sabia que aquele homem estava arriscando muitas coisas por ela e com a exceção de muitas brigas, o respeitava por isso. Então, murmurou:

“Não irei.” A mão que estava em seu cotovelo segurou-a por algum tempo, até soltá-la. Bella fitou-o por alguns segundos até suspirar, voltar-se para o buraco e pular. Como desconfiava, só alcançou a superfície de concreto cerca de dois metros abaixo do assoalho do casebre. No processo, o laço que prendia seu roupão se afrouxou e ela logo se apressou a reforçá-lo.

Enquanto Edward também pulava o túnel, ela olhou a espécie de tubo subterrâneo de concreto em que se encontravam. Lá também estava na penumbra, e o feixe de luz que vira de cima pertencia a pequenas lâmpadas posicionadas ao longo do túnel.

“Ande novato.” Ordenou. Ela encurvou-se e começou a caminhar pela única direção que lá havia, com o militar atrás dela. Andou por alguns segundos até sentir uma mão dele freando-a. Uma escada íngreme começava.

“Obrigada.” Murmurou meio forçada, sabendo que teria espatifado se ele não tivesse interferido. Ele nada respondeu, somente soltou seu cotovelo e quando terminaram de descer, andou uns dois metros até encontrar uma grande porta de concreto. A infiltrada conseguiu distinguir duas câmeras de última geração embutidas na parede ao redor, e isso somente porque estava acostumada com tecnologia da NSA.

Enquanto o homem digitava alguma coisa em um teclado pregado na porta, a criminosa notou o material que cercava a passagem. Eram pedras.

“Estamos... Dentro da montanha?” Questionou, embora já soubesse a resposta.

“Sim.” Respondeu, ainda fazendo alguma coisa. “Mas precisamente, embaixo da praia.”

“Oh meu Deus!” Sussurrou chocada, sentindo que se não tivesse claustrofobia iria ter a partir daquele momento. Foi desviada de sua observação quando novamente houve o barulho de algo sendo destrancado, e a porta se abriu, revelando algo que fez com que ela ficasse de boca aberta e murmurasse: “Era disso que eu estava falando!”

Realmente pensara em muitas coisas como sendo a casa do general, mas nenhuma delas passava nem perto do que estava vendo. Para dentro da porta, estendia-se uma sala estar, com grandes sofás acomodados e duas poltronas de couro alinhadas com elas.

Um comprido tapete persa azul marinho estendia-se ali, parecendo tão confortável como os assentos. Mais ao longe pôde distinguir uma cozinha com bancadas de mármore branco e cadeiras de espaldar alto ao redor. Armários também de mármore faziam companhia a uma geladeira de aço inoxidável e um fogão e um microondas do mesmo material.

De boca aberta, passou a conhecer o restante, passando por quatro portas que revelavam quartos com móveis escuros e camas majestosas com lençóis de seda pintada de negro. Os banheiros eram todos de mármore, que praticamente reluzia sua imagem quando passava. As paredes eram as próprias pedras com alguns espaços intercalados com concreto, que dava a impressão que se vivia em uma caverna.

Era uma casa luxuosa dentro de um monte de pedras, cerca por utensílios de segurança de ponta! Havia uma grande sala cheia de maquinários parecendo exclusivos do governo, com grandes telões onde poderiam se reproduzir mapas ou vídeos-conferência. E anexa a ela um grande recinto lotado com armas.

De todos os tipos... Todos os tamanhos... Todos os preços e épocas. Maravilhada, Bella foi passando a mão pelas prateleiras de material nobre e pelas estantes de vidro que guardavam as mais nobres. Quase soltou um gritinho surpreso quando notou uma prateleira exclusiva com todos os tipos de munição, enumeradas e guardadas de acordo com seu respectivo modelo.

Mas o que realmente a surpreendeu foi que nos quartos havia varandas, ou pelo menos,pareciam. A partir do quarto, você abria a porta e dava com um leve balcão. Só que ao invés de receber o contato com a brisa do mar e o horizonte, tudo o que ela via era o próprio...Oceano. Uma grande parede de vidro separava-a das águas escuras. Por fora, não duvidava que aquilo fosse camuflado pelas pedras ou mesmo que fossem aqueles materiais que você podia enxergar por dentro deles, mas quem estava de fora não enxergava.

De boca aberta, encontrou com o general na chique sala de estar, de pé, com as mãos no bolso da calça social, a cabeça curvada e parecendo perdido em pensamentos. Seus cabelos bronze pareciam brilhar como ouro no meio dos tons escuros da casa. De sua casa.

“Não acredito que você tem uma casa como essa e passa a maior parte de seu tempo naquele seu quarto mequetrefe na NSA!” Protestou, anunciando sua presença.

“É meu trabalho.” Respondeu, virando-se para ela. “É aqui que você vai ficar.”

“Agora sim me sinto protegida.” Disse dando mais uma fitada ao redor. “Como que é isso? Furaram a pedra e construíram a casa aqui dentro?”

“A casa foi construída e camuflada com as pedras.” Aquilo explicava porque achara estranho como as rochas estavam agrupadas. “A maioria das pessoas que a construíram já morreram e para redecorar existem empresas especializadas em trabalhos para o governo, então pouquíssimas pessoas sabem da existência dela.”

“Você disse,” Ela começou, ainda olhando ao redor. “Que a casa não estava em seu nome? Isso é tipo uma casa forte?”

Ele bufou. “Isso é um esconderijo projetado especialmente para o governo americano. Existem outros, óbvio, para serem usados em período de crise. Se os EUA entrassem em guerra, por exemplo, e fosse atacado, o presidente e outros membros importantes se deslocariam para cá.”

“Deslocariam?”

Ele passou as mãos pelos cabelos. “A casa não é mais do governo, é particular. É claro que o governo sabe dela, era usada antigamente, mas não é mais utilizada para os fins pelos quais foi construída.”

“Você quem comprou?”

“Sim.” Limitou-se a responder. Bella tinha certeza que alguns milhões não eram necessários para comprar aquilo.

“Entendi... Você não queria que ninguém soubesse que você tinha comprado, para você ter meio que um lugar só para você e poder esconder criminosos, certo?” Provocou.

Ele rolou os olhos. “Novato...”

“Ah meu Deus, isso é tudo tão irônico.” Riu. “Estou escondida em uma casa do governo!”

Ele assistiu-a em sua felicidade e mais uma vez ficou confuso com ela. Estava foragida, teria que ficar um bom tempo escondida naquele local, seus pais haviam sido mortos por seus antigos chefes, vivera a vida inteira em uma mentira, mas estava rindo! E mais uma vez percebeu como sentira falta dela... De como ficara uma merda sem ela naquelas duas semanas.

Se tiver uma frase que mais se adaptava a sua situação no momento era “ruim com ela, pior sem ela.” Mas apesar de tudo não se esqueceria tão facilmente de como a descobrira depois daquele tempo: Dançando nua na porra de uma boate! E se ele não tivesse chegado? O que teria acontecido? Ela poderia estar na cama naquele exato momento com aquele Paul, e só aquele pensamento fazia seu sangue ferver.

“Então esse foi sempre o destino, desde o primeiro momento. O orfanato foi só uma parada para isso.” Girou ao redor, maravilhada. “Aqui dentro eu sinto como se pudesse armar estratégias de guerra, como se eu fosse invencível e ninguém pudesse me encontrar aqui.”

“E você queria ter ficado naquela boate.” Ele cutucou.

“O meu antigo plano também era bom.” Estreitou os olhos. “Paul estava doidinho por mim... Você sabe, você viu.”

Ele levou a cabeça para lado parecendo desgostoso. “Tem alguns enlatados na despensa, mas vou comprar algumas coisas antes de ir.” Declarou secamente.

“Ir?” Repetiu.

“Lógico.” Revirou os olhos. “Eu tenho um emprego e só estou aqui em Rhode Island a trabalho.” Salientou, deixando bem claro que nunca estivera atrás dela especificamente e que o fato de encontrá-la fora mera questão do acaso.

“Trabalho na fazenda?” Questionou, arqueando uma sobrancelha. Ele revirou os olhos sabendo que estava fazendo uma leve menção á Kate. Ignorando-a, dirigiu-se até a porta de concreto e parecendo desnorteado por um minuto, virou-se sobre o ombro e disse:

“Tente não se matar no tempo em que eu estiver fora.”

Ela fez uma careta vendo o homem abrir e fechar a porta atrás de si, deixando-a sozinha naquela casa dentro de uma montanha. Foi até a cozinha e espiou dentro dos armários de mármore: estavam lotados de comida. Provavelmente o general havia feito tudo antes mesmo que ela saísse da sala de controle marítimo. Antes mesmo que sequer tivesse aceitado ir com ele. Era muita prepotência, não?

Não havia necessidade de comprar nada, e ambos sabiam disso, mas assim como ele, estava se sentindo estranha e levemente constrangida por tudo o que acontecera naquela boate.

Suspirando, olhou ao redor mais uma vez e finalmente percebeu que aquele local seria sua única vista por um tempo indeterminado. Mas mesmo com várias coisas para se preocupar como sua situação futura, seus planos, suas metas, sua sobrevivência, a única coisa que conseguia pensar era sobre aquele homem que acabara de sair e de tudo o que fora dito naquele quarto na boate. E na forma como, sedutoramente, lhe dissera que podia fazer tudo, menos deixá-la.

Bella levou as mãos à cabeça e ficou relembrando cada palavra dita àquela noite... Em cada gesto... Em cada olhar... Da forma como dissera que pertencia a ele e como a pegara de jeito e jogara-a na cama... Na forma como seus olhos verdes a fitaram enquanto prometia que as coisas seriam diferentes... Da forma como aqueles mesmos orbes a encararam quando jogou as insígnias no chão e estraçalhou-as...

E andando pela praia, com os pés descalços em contato com a areia e a água do mar molhando seus pés, Edward Cullen esfregou as mãos no rosto em frustração, sabendo que tinha atravessado uma espécie de linha limite em sua vida. E o pior era que sabia que quem agora não podia mais voltar atrás, era ele.

~*~




Quando Edward voltou uma hora depois, Bella estava na sala de armas babando por uma Bergamnn - Bayard, de 1901. Nunca havia visto uma, mas já ouvira falar. Fora criada especialmente para uso militar e era conhecida como Mars. Fora a primeira arma a usar projéteis de nove milímetros.

Quando ouviu o barulho da porta de concreto se abrindo, correu até ela, vendo-o chegar com algumas sacolas. Quase riu. Ver o grande generalíssimo Cullen carregando pacotes de compras era no mínimo engraçado. Gostaria muito de tê-lo visto fazendo compras no supermercado.

Percebendo a tentativa que fazia para não rir, o general estreitou seus olhos para ela. “Não se esqueça que essa é minha casa e posso expulsá-la daqui a qualquer momento.” E então finalmente reparou no que ela estava vestindo. Seu corpo ficou tenso na hora. “E o que diabos está fazendo com minha camiseta?”

A criminosa espiou a roupa que pegara emprestada de um armário dali. Havia poucas opções, mas conseguira achar uma camiseta azul de botões que serviu nela como um vestido. Estava na moda, não estava?

“Você queria que eu ficasse com aquele roupão?” Questionou, fazendo uma careta. “Desculpe general, mas com exceção daquela digníssima peça de seda e da calcinha e sutiã que estava usando na apresentação, não tenho mais nada.”

“Onde está o maldito hábito de freira?” Inquiriu, sentindo um músculo de seu maxilar saltar, porque ao ver aquela mulher vestida apenas com a porra da camiseta dele, sabendo que estava nua por baixo... Desviou o olhar e jogou as sacolas em qualquer canto.

Bella rolou os olhos e foi recolher as compras que ele havia jogado. “Já passou essa época, general. Já tive meu tempo de santidade.”

Passou por ele levando seu cheiro junto e foi até o balcão de mármore da cozinha. Às vezes tinha relapsos de lugares que sabia serem de sua casa nos EUA, antes que seus pais fugissem do país e fossem trabalhar na máfia. Lembrava-se que tinha alguma coisa de mármore... Alguma estátua... E várias outras coisas novas que eram caras. O rápido “crescimento financeiro” dos Swan foram um dos motivos que levaram as desconfianças da CIA.

Deixando aquele assunto de lado, assustou-se quando sentiu o general bem perto dela, quase tocando-a. Fitou-o: “Que foi?”

“Lembra-se do que eu falei a você antes de virmos?” Sua voz estava seca. “Devemos esquecer-nos de tudo o que aconteceu antes, exatamente tudo,” Salientou. “E partir para nosso objetivo.”

“Os Volturi.”

“Sim, os Volturi.” Repetiu, como que afirmando a si mesmo os termos de um acordo que havia esquecido. “E nada pode atrapalhar nossos projetos.”

“A única coisa que poderia atrapalhar era eu ser pega, mas estou sã e salva, obrigada.” Sorriu, embora fosse algo forçado. Estava se sentindo estranhamente desconfortável, de um modo como nunca ficara perto dele. Não era como ficava quando era alvo do olhar perfurador que parecia ver sua alma e imaginava que sabia de tudo... Era algo como... Constrangimento.

Lembrou-se mais uma vez dele lhe dizendo que poderia fazer tudo menos deixá-la... Ou como...

“Eu vou me assegurar disso.” Ele garantiu resoluto, afastando-se e sentando-se do outro lado do balcão. Bella olhou-o um pouco sem saber o que fazer, até que limpou a garganta e espiou o conteúdo das sacolas. Mais comida enlatada... O suficiente para um longo período. Suspirou.

“Estou sendo seguido.” Ele disse de supetão.

“O quê?” Ergueu a cabeça, com os olhos levemente arregalados. “Agora? Como? General, você...”

“Cala a boca.” Rosnou levemente estressado. “Eles não me seguiram até Rhode Island, porque eu peguei o helicóptero da agência e a informação de destino de nossas viagens é confidencial. Mas eles estão me seguindo em Washington e na NSA e já chegaram a Mary.”

“Eles... Quem?”

“Da parte dos Volturi.” Voltou a fitá-la. “Foram eles que mandaram aqueles da igreja.”

“Filhos da puta...” Praguejou baixinho. “E Mary? Como chegaram a Mary? Primeiro de tudo, como chegaram a você, pelo amor de Deus? Sou eu quem eles querem!”

“Novato,” Começou irônico. O som de sua voz chamando-a por seu apelido enviou um calafrio por toda a espinha dela. “Eles desconfiavam de alguma ligação minha com você. Mandaram pessoas me seguirem, e provavelmente comprovaram a teoria deles quando ocorreu a perseguição e a explosão do carro. Agora são os verdadeiros detetives que estão me perseguindo. Deve ter feito minha conexão com Washington, o orfanato. Mas Mary me chamou e...” Engoliu em seco lembrando-se de algo. “Contou-me tudo.”

“O que mais ela falou para você?”

“Não interessa.”

O sangue dela começou a ferver. “Olha aqui, não se esqueça do nosso trato!”

“Não é nada sobre você.” Grunhiu. “Você ainda não é o centro do mundo, novato.”

Ela foi abrir a boca para falar alguma coisa, quando deixou de lado. Respirou fundo e questionou: “E como estão as coisas na NSA?”

“McCarthy está cada dia mais filho da puta.” Rosnou. “Vem me investigando também. A procura por você está a pleno vapor e não demorará muito para tornar público sua procura.”

Ela engoliu em seco. “E o que falta para tornar público?”

“Minha ordem.” Respondeu simplesmente. “E eu vou dá-la assim que voltar.”

A criminosa estudou suas mãos por um minuto até voltar-se para ele. “E se você não tivesse comigo agora... Você teria dado o alerta? Mesmo se eu ainda estivesse na boate?”

Ele desviou o olhar para a geladeira, como se estivesse com nojo de alguma coisa. “É claro que sim.” Respondeu, ainda sem fitá-la.

Bella engoliu em seco, mas acabou por dar de ombros. Era claro que ele daria, assim como estava na boate provavelmente com planos de se enfurnar com a primeira bisca. Foi abrir a boca para perguntar o que raios ele fazia lá quando desistiu. O trato era deixaram todo o restante para trás e seguir em frente... O objetivo... Os Volturi... A vingança...

“Eu tenho muitas informações,” Começou tentando ignorar tudo o que se passava dentro de seu ser e entrando no modo ‘profissional’. Saíra daquela sala de controle marítimo para fazê-los pagar, e iria chegar até o fim. Devia aquilo aos próprios pais. “Mas depois que você disse dos detetives,” Mordeu os lábios. “Eles podem ter tomado providências para tentar se proteger das informações que eu tinha. Ainda mais agora que sabem que estou com você.”

Ele assentiu. “Eles estão agindo, mas querem você fora do mapa. Eles não podem mudar anos de história, história que você participou. Por isso eles têm medo.” Voltou a fitá-la. “Eu não vou conseguir vir muito aqui, tanto pelo meu trabalho, tanto pelos detetives ou por desconfianças... Virei para trazer as coisas que você for precisando e nós vamos unindo nossas informações.”

Ela assentiu, encarando as mãos por alguns minutos. “Nós conseguiremos pegá-los, novato. E faremos isso pelos nossos pais... Depois de tanto tempo eles vão pagar.” Ele continuou com sua voz carregando o furor de uma promessa. Uma promessa que havia sido feita há mais de vinte anos.

Ela enrijeceu o maxilar e ergueu os olhos para voltar a fitá-lo, lembrando-se de todos aqueles anos em que viveu em uma mentira... De como dormira com Caius... De Jane, de Felix, e todos aqueles que de alguma forma a prejudicaram. Os Volturi eram os responsáveis por estar sem seus pais, por estar foragida e de não ter o futuro que tanto queria pela frente.

Vingança era a palavra.

Sempre achara demasiada dramática quando via em filmes e livros, mas é só quando se sente na pele que a coisa toma o verdadeiro sentido. Era a mesma coisa com o amor... Mas ela nunca sentira amor. Só a vingança.

Fitando o homem de olhos verdes ela assentiu, com determinação em seus olhos castanhos. Esticou a mão sobre a mesa, firme, e ele a apertou, como se tivessem selando um acordo. Um que estava além das proporções que imaginavam.

~*~



Não demorou muito para que ele partisse, antes que alguém da fazenda estranhasse sua longa ausência. Quando ele se foi, um turbilhão de sentimentos passou pelo peito da criminosa. O primeiro foi alívio, como se pudesse retirar a máscara de indiferença e arrogância que estivera sustentando ao lado dele. Fingindo que não se lembrava do que acontecera naquele quarto... Fingindo que não se importava... Fingindo que seu único objetivo era os Volturi e a única razão por ter ido com ele novamente era a máfia.

O outro sentimento foi tensão. Não sabia quando o veria de novo. Teria que permanecer um tempo indeterminado naquela casa sem um mísero cachorro para fazer-lhe companhia. Não podia sair, e mesmo se saísse, não tinha como voltar, já que a senha que abria a passagem no casebre tinha que ser na voz dele.

Ele havia feito de propósito, lógico. Com medo que desse mais um de seus ataques e decidisse se afogar no mar.

Sem nem um pingo de fome, escolheu um dos quartos e abriu sua varanda para o oceano. As águas escuras se movimentavam suave e livremente, diferente dela, sem terem medo de alguém às descobrisse, que fossem presas, que morressem e que nunca realizassem os sonhos de sua vida.

Mas era o seu destino. Fugir para viver ou viver para fugir, tanto faz, a questão era que nunca seria uma cidadã comum, embora nunca tivesse o sido. Suspirando, passou a mão pelos cabelos e resolveu dormir.

Era a primeira vez em mais de dois meses que finalmente dormia em uma cama confortável. Não que a da NSA o fosse, mas pelo menos não lhe dava dor nas costas. A do orfanato era meio dura e nem precisava dizer sobre o seu quartinho alugado nas últimas duas semanas.

Demorou um bom tempo para dormir, mas quando o fez, sua mente foi invadida por todo o tipo de sonhos estranhos, envolvendo os Volturi, o general, até mesmo Whitlock. Tudo se embolava, mas no final, todos ficavam contra ela.

Acordou suando, tensa, até que finalmente percebeu que tudo fizera parte de um sonho. As águas do oceano estavam mais claras, devida a infiltração do sol, e ela até podia ver de vez em quando algum casco de pesqueiro ou alguns peixes. Era como se vivesse em um daqueles aquários imensos. Agradeceu aos céus por não sofrer de claustrofobia, ou qualquer outra coisa envolvendo lugares fechados, subterrâneos e cercados por água.

Levantou, embora não soubesse muito bem o que poderia fazer. Decidiu dar mais uma explorada. Havia algumas coisas para se distrair como TV, rádio e alguns livros. Além da sala de armas e a sala de controle. O general explicara antes de ir que a pedra e toda a estrutura do local davam proteção em relação aos eletrônicos. Ninguém conseguiria achá-la devido às ondas transmissoras ou o barulho alto do rádio.

Perambulou procurando por quaisquer pistas ou informações que pudesse ter sobre seu dono. No orfanato, boa parte de seu tempo passara descobrindo coisas sobre o general. Poderia fazer o mesmo ali. Mas com a exceção de algumas roupas e alguns livros como “Como matar uma nação em dez dias”, não havia nada pessoal dele. Nem uma cartinha... Uma notinha... Nada.

Depois de ficar mofando alguns dias, olhando para o teto, dormindo, comendo, engordando, finalmente ouviu seu nome na TV. Mantinha-a ligada para a casa não ficar tão silenciosa e também para saber o que estava acontecendo com o mundo.

Correu até a sala e ouviu a mulher de cabelos curtos e maquiagem serena de um dos jornais de notícia locais, dizer:

“Nos últimos meses houve uma desconfiança de que a algo houvesse acontecido na agência de segurança nacional, NSA, situada em Maryland, no final do ano. Tentamos contatar pessoas que poderiam nos informar, mas ninguém quis nos dar informações, mas agora, finalmente, a NSA deu seu anúncio oficial. Isabella Marie Swan, 25 anos, foi descoberta e está foragida. Isabella é filha de Charlie e Renne Swan, que nos anos oitenta se envolveram com vendas de informações da CIA. Durante um ano, Isabella esteve em treinamento militar na NSA a mando da máfia em que trabalha, a Padova. O carregamento gigantesco de narcóticos que ela estava pretendendo trazer para nossas fronteiras foi pego pelas autoridades, mas ela conseguiu fugir. Acusada de falsidade ideológica, assassinato, roubo de informações, entrada ilegal e várias outras coisas, Isabella se torna a ALFA I dos EUA. É dever de todo cidadão contatar imediatamente o posto mais próximo da polícia caso tenha alguma pista do paradeiro dela...”

Bella ficou vendo a tela por algum tempo, ouvindo só o zumbido da voz da mulher. Agora, oficialmente, era a mulher mais procurada dos EUA. Não sabia muito bem o que deveria sentir sobre aquilo, mas a primeira coisa que conseguiu pensar foi que poderiam ter escolhido uma foto melhor para espalhar pelo país.

Depois de algum tempo, finalmente caíra à ficha. Estava sendo procurada por todo o país e precisava, junto com o general, conseguir chegar até os Volturi e acabar de uma vez com aquele covil de cobras. Aquilo poderia durar meses, anos, décadas para acontecer e a única coisa que ela estava fazendo era olhar para o teto e engordando.

Aquela casa poderia ser seu lar por décadas... E o que faria todos os seus dias? Olhar para o teto? Olhou ao redor sentindo uma leve opressão em seu peito. Era a primeira vez em muito tempo que ficava inteiramente sozinha, e de certa forma, lá bem em seu subconsciente, tinha medo de ficar sozinha consigo mesma. Poderia não gostar do que encontraria. Precisava de algo para ocupar seu tempo.

“É isso!” Disse determinada, sua voz ecoando fantasmagoricamente pela morada desocupada. “Vou fazer tudo o que nunca tive tempo para fazer! Tenho uma casa só para mim! Posso aprender grego, latim, coreano! Posso me tornar especialista em oncologia, posso descobrir a cura da AIDS! Posso fazer de tudo aqui!”

E realmente se envolveu no assunto. Embora não houvesse livros de latim por ali, se embrenhou em histórias como “Odisséia” e finalmente descobriu porque o cachorro de Caius chamava-se Argos. E quanto mais livros lia, quanto mais fazia coisas que nunca tivera tempo para fazer, sentiu mais raiva da máfia... Fora obstruída de fazer coisas que todas as crianças, jovens e adultos fazem ou já fizeram alguma vez.

Nunca lera os clássicos da literatura, nunca vira séries de TV, o único desenho animado que já vira era “coragem, o cão covarde” e isso na época de seus pais, porque a máfia proibia aquele tipo de coisa. Alegava que era coisa de “criança” de “gente fraca”. Sua educação era como matar um homem o mais rápido e torturante o possível. Como roubar dinheiro do banco... Como dissimular... Aprendera a ser atriz, a ser cantora, a ser dançarina, a ser uma jovem respeitável... Aprendera cada papel que uma vez já teve que desempenhar. Aprendera a ser uma criminosa.

E quanto mais percebia tudo o que lhe fora roubado, mais raiva sentia deles, sentimento que era transposto para um pedaço de papel em que anotava tudo o que se lembrava que poderia achá-los e prejudicá-los.

Era começo de março quando ouviu um barulho estranho. Estava fazendo um chá, ou pelo menos estava tentando fazer um. Desligou o fogo e correu até a sala de controle onde poderia ver as câmeras que circundavam o local. Conseguia ver o caminho da praia que levava até ali, o casebre, o túnel e a porta de concreto. Mas não estava conseguindo enxergar ninguém.

Ouviu o barulho estranho novamente e desistiu das câmeras. Tecnologia não substituía o trabalho braçal. Arregaçando as mangas, escondeu-se atrás de uma pilastra e tentou codificar tudo o que estava ouvindo. Até que ouviu a porta principal ser aberta. Seu coração gelou, mas quando foi ver quem era, respirou fundo em alívio. Era o general.

“Você poderia avisar quando vem.” Revelou sua presença, saindo detrás da pilastra.

“Claro, ligarei para o telefone da casa.” Ele disse, revirando os olhos. “E a NSA virá junto comigo.”

Bella deu de ombros e ficou a observá-lo. Fazia um mês que não o via e parecia que ele havia envelhecido uns cinco anos. Olheiras profundas cresciam embaixo de seus olhos verdes e toda sua expressão parecia de uma pessoa esgotada, embora a pose altiva, a postura ereta e o olhar penetrante continuassem ali.

Ele trazia algumas sacolas. “O que é isso?” Perguntou aproximando-se e tentando ignorar o calor que sentiu com a proximidade dele.

“Livros.” Respondeu, de forma indiferente.

Pegou um deles e franziu o cenho para seu título. “Como se tornar uma cidadã respeitável? Não acredito nisso.”

“Você realmente precisa lê-lo.” Disse provocador, mas havia alguma diferente nele. Seu físico não mentia o que ele deveria estar passando, mas seu jeito também. Controlando a vontade de perguntar alguma coisa, Bella levou a sacola para uma mesa e voltou até a sala com um bloco de anotações.

“Aqui está.” Entregou, tentando não tocar na pele dele. Não precisava sentir novamente as sensações quando aquilo acontecia.

Ele sentou-se na poltrona de couro e ficou a analisar o papel. “Apesar da letra horrível e por quase não entender o que está escrito aqui,” Começou. “já ouvi falar nesse banco e ligação com eles.”

Bella rolou os olhos ignorando o comentário sobre sua letra. “É mancomunado. O dono é praticamente um membro da máfia.” Disse, sentando-se no sofá e cruzando as pernas. Naquele dia estava também usando uma camiseta do general, mas ele não pareceu notar ou ligar. “É aí que eles depositam parte do dinheiro que obtém pelos negócios. Um dos diretores do banco deve favor a nós,” Bufou quando percebeu o que falara. “Quer dizer, devem favor a eles.”

“E esse endereço?”

“É onde era a sede quando eu saí de lá. Quando eu recebi a missão de me infiltrar na NSA, eu passei vários meses nos EUA com minha família fictícia para ser aprovada pelos subordinados e também tentando tirar o sotaque que eu havia pegado. Não sei se eles mudaram depois.”

“Você continua sem sotaque.” Ele disse de repente, levantando os olhos verdes para ela.

Ela desviou o olhar minimamente e engoliu em seco. “A não ser quando fico nervosa, você já me disse isso.”

Eles ficaram em silêncio por algum tempo, até ele começar. “McCarthy ainda acredita que estou te escondendo no meu armário, mas ficou um pouco confuso quando o mandei dar o aviso a imprensa.”

“Falando nisso, vocês poderiam ter colocado uma foto melhor minha não?”

Ele fitou-a de forma enfadonha. Ela deu de ombros. “Foi só um comentário.”

Cullen suspirou lembrando-se de um telefone que recebera semanas antes. De Mary. Vira a notícia e estava chocada, e não parava de perguntar a ele o que ele havia feito. O que o surpreendera fora que ela dissera que estava do lado dele, não importassem suas escolhas e que já tentara convencer as noviças de que a tal Isabella procurada não era a mesma que se hospedara ali.

Viera aquele dia porque estava de folga. Mas além de todas as coisas que estavam lhe acontecendo, havia também os detetives para despistar, McCarthy enchendo seu saco... E todo o resto.

Passou uma mão no rosto em frustração, sentindo-se fatigado, cansado e mil outras coisas mais. Mas ele sabia que não poderia simplesmente tirar férias. Ele tinha responsabilidades.

Bella foi até a cozinha e terminou de fazer seu chá. Retirou a água do fogo e colocou em duas xícaras, em cada uma enfiou o sache lá dentro. Não sabia se ficaria bom, mas Mary ensinara-a algumas coisas, com exceção, obviamente, que o sache deveria ficar um tempo em repouso na água.

“Sabe, general, você está horrível.” Comentou, voltando e estendendo-lhe a xícara.
Ele olhou desconfiado. “Não está tentando me envenenar, está?”

“Ainda não.” Revirou os olhos, mas quando ele bebeu, cuspiu logo todo o que consumira. “Está horrível.”

Bella fechou a cara e arrancou com brusquidão o objeto de suas mãos. Fora até tentar ser gentil com ele, mas como sempre, dava errado. Mas mesmo assim não conseguiu ficar muito irritada, já que a expressão dele não estava uma das melhores. Sabia a hora de provocá-lo e irritá-lo, e aquele não era o momento.

Olhou-o por algum tempo até suspirar: “É a guerra?”

Ele assentiu, colocando a cabeça entre as mãos. Ela nunca o vira daquela forma... Um misto de frustração, raiva, cansaço, impotência. Coisas que nunca imaginou ver nele, sempre tão prepotente e dono da situação.

“Eles querem mandar os novatos.” Disse, de repente.

Bella ficou surpreendida. “Você está preocupado com os novatos?” Quando ele bufou ainda com o rosto das mãos, ela emendou. “Você nunca pareceu muito preocupado conosco, na verdade.”

Ele voltou a fitá-la, os olhos verdes carregando uma leve ironia. “Acredite, ainda estou pouco me lixando. Mas mandar para a guerra é outra coisa. Não tenho como deixá-los totalmente de fora, eu e McCarthy” bufou, recordando-se do ex-amigo. Eles abriram uma brecha no relacionamento árduo deles para defender uma causa em comum. Mas só aquilo. “estamos trabalhando para pelo menos a ida deles ser opcional. Nossos novatos não são como os do exército que são feitos para a guerra. O nosso treinamento é tão bom ou melhor quanto, mas os nossos são treinados para a área inteligente. O número de aproveitamento já é baixíssimo, se os mandar para a guerra, teremos que diminuir o nível de seleção de nossos funcionários para termos alguém.”

Bella imaginou Jasper indo para a guerra. Sentiu-se levemente preocupada, mas logo afastou aquele sentimento dela. “Você faz o que você pode general. Agora não fique se desgastando por causa disso. Você nem sequer vai para a guerra.” Rolou os olhos, mas então ele fitou-a de forma estranha. Ela engoliu em seco. “Você vai para a guerra?”

“Eu sou general, novato. Esse título não está de enfeite aí.”

“Mas... Mas isso não pode!” Começou, levantando-se com tudo do sofá que estivera sentada. “General, você não pode ir para a guerra!” Protestou olhando-o com furor, como se fosse uma mãe que convencesse seu filho que não poderia voltar depois das dez da noite.

“E por que eu não poderia?” Retrucou impassível.

“Por que... Por que...” Começou, mas tudo o que vinha em sua mente era ‘porque você pode morrer lá. ’ “Por que... Quem vai comigo atrás dos Volturi?”

Ele bufou. “Novato...”

“General, você não pode ir. Você prometeu para mim que as coisas seriam diferentes, que nós trabalharíamos juntos para chegar até eles e agora você vai fazer algo para seu país? Podendo morrer por ele?”

“Olhe o que você está falando, novato!” Ele rosnou irritado. “É meu dever ir para essa guerra e não há nada que você possa fazer.”

“Eu posso te prender aqui dentro.” Retrucou, cruzando os braços de encontro ao peito.

Ele arqueou uma sobrancelha. “Isso é tudo por você? Pensei que você tinha deixado bem claro que conseguiria sem mim... Se eu morrer, você continuará. Foi o que você me disse.”

“Eu disse mesmo!” Começou, até que engoliu em seco. Fitou qualquer lugar que não fosse ele. A verdade era que não poderia suportar a idéia de que aquele homem fosse daquela para a melhor. Não conseguia ver sua vida sem ele, e não era pelos Volturi ou por qualquer outra coisa. Suspirando, voltou-se para ele, com os olhos castanhos transtornados. “Você não tem o direito de morrer, general.”

Ele bufou. “E quem você pensa que é para falar isso?”

“Eu sou quem salvou sua vida não uma, mas duas vezes! Eu tenho todo o direito e dever do mundo de cobrar isso de você.”

“Novato...”

“Uma delas foi quando eu poupei sua vida na enfermaria, quando você estava quase morrendo. Você sabia que eu pensei em desligar seus aparelhos? Em colocar remédio errado em suas veias? Pensei general. Mas eu me lembrei do que você fez na floresta com Felix.” Bufou. “E naquela sala de controle marítimo. Eu estava apontando uma arma para você, e vamos combinar que eu sei atirar muito bem. E mesmo assim não atirei.”

Ele continuava olhando, lembrando-se de uma cena no casamento em que dissera que ela o havia salvado... Salvado de ser o pior homem do mundo. Mas não disse a ela, somente ficou observando-a, notando como havia mudado naquele mais de um mês escondida. Não mais andava fardada, com seus cabelos presos escondidos pelo quepe. Agora seu cabelo ficava solto, suas roupas geralmente eram vestidos, já que usava suas camisetas.

Mas a mudança física era quase imperceptível, o que realmente mudara fora o ar em seu rosto. Determinado, maduro, como se fosse alguém pronta para a guerra a qualquer momento. Como se ela estivesse pronta para sair correndo e fugir, não importasse o quão relaxada parecia.

“Por que você está me olhando assim?” Questionou, ficando um pouco constrangida. Sempre gostara de ser vítima do olhar cobiçoso dos homens, mas o general era a exceção a todos os seus gostos.

“Nada.” Respondeu secamente. “Eu sou militar, novato. Não importam quais são minhas índoles ou minhas ligações. Eu tenho que defender o meu país e os americanos. Quando for convocado, eu irei.”

Ela engoliu em seco e deu de ombros, fingindo-se agora indiferente aquele fato. Não queria mostrar que internamente tinha medo de perdê-lo. Os dois pareciam que lutavam aquela brincadeira em que perdia quem piscava primeiro. No caso, os dois usavam máscaras de indiferença e arrogância, fingindo que tinham se esquecido de tudo o que já se passara entre os dois. Os dois estavam ainda sem piscar, e não seria ela a perder o jogo.

“Eu tenho que voltar.” Levantou-se pronto para ir, quando ela o segurou pelo braço, impedindo-o de ir embora. Fez aquilo antes mesmo que pudesse pensar e já era tarde demais para fingir que nada havia acontecido. Ele olhou-a com uma sobrancelha arqueada.

“Se,” Começou, limpando a garganta, desconfortável. Retirou sua mão e depositou do lado do corpo. “Se enquanto você estiver fora, você for convocado... Eu,” Engoliu em seco. “Como que eu...”

“Você vai estar a salvo, novato.” Disse, sem expressão. Ela não queria saber sobre ela realmente, mas manteve-se quieta. “Eu prometi isso, e eu cumpro minhas promessas.”

E ele se foi. Mais uma vez.

Suspirando, Bella correu até a sala de controle e ligou as câmeras. Foram necessários alguns minutos até que o visse surgir na praia, chutando a areia conforme ia passando. Ele parou, de repente, como se pressentisse que estivesse sendo observado. Virou a cabeça sobre o ombro e olhou para a trás, para o casebre. Mas ele logo se voltou e se foi. Um nó se formou no coração da criminosa enquanto ela se via pela primeira rezando para que ele voltasse.

Quando a imagem dele não pôde mais ser captada, foi até a sala e mexeu nas sacolas que ele havia trazido. Quando os viu sorriu. Eram livros de literatura, aqueles que eram obrigados a ler nas escolas. Romeu e Julieta, MacBeth, Otelo... Até mesmo havia a coleção de Harry Potter.

Era como se houvesse adivinhado, mas se lembrou que alguma vez já comentara sobre tudo o que lhe fora roubado pela máfia. Ele havia lembrado, então. Era como se vivesse as coisas que nunca pudera viver... Era como se voltasse a ser criança quando estava escondida do país inteiro.

Quando retirou os volumes e depositou-os na estante, foi jogar a sacola no lixo, mas foi quando percebeu que havia algo mais. Franzindo o cenho, enfiou o braço lá dentro e pegou uma pequena caixinha de papelão. Abriu-a e ficou surpresa por um momento.
Era um bichinho virtual.

E dessa vez um sorriso maior inspirou-lhe os lábios, porque de certa forma, aquele homem se preocupava com ela, com seu bem estar ali dentro e com os seus problemas e preocupações. Entendia-lhe como ninguém conseguia entender, e aquele pensamento só deixou-a ainda mais triste, afinal, a guerra poderia tirar-lhe a única pessoa que lhe restava naquele mundo.


O general Cullen cruzou os braços de encontro ao peito enquanto esperava que a escada rolante chegasse ao segundo andar do Newport Centre. Vestido com uma calça cáqui, dock sider marrom, uma camiseta escura, óculos escuros tampando os olhos verdes e um boné dos Red Sox, estava fantasiado de civil.

Quando plantou o primeiro pé no piso do segundo andar, amaldiçoou por baixo de sua respiração aquela maldita mulher. Em todo seu caminho até ali se arrependeu amargamente de estar escondendo-a. Estava pagando caro por ser fora-da-lei.

Duas semanas após seu primeiro encontro com ela, em mais um de seus dias de folga, fora até Rhode Island com um carro comum, dispensando o Rolls Royce. Depois de despistar os detetives com perícia, rumara até a casa forte onde de cara já encontrara seu novato plantado no umbral da porta com os braços cruzados de encontro ao peito e o rosto lívido. Provavelmente já aprendera a manusear as câmeras e ouvira quando ele se aproximara, o que era uma vantagem sendo que da última vez ela se escondera atrás de uma pilastra. Seu corpo estava coberto por uma camiseta azul marinho que combinava perfeitamente com os cabelos escuros, jogados displicentemente pelos seus ombros e costas.

“Que merda é agora?” Questionara, já pressentindo que dali vinha bomba. Ela não dissera nada enquanto respirava sonoramente, as narinas se abrindo largamente quando o ar chegava, acompanhando os olhos estreitados. Parecia um animal enfurecido. “Que foi novato?” Bufara, já ficando estressado com aquilo.


“O que foi?” Ela repetira com a voz cheia de escárnio, como se fosse um ultraje ele não saber o que estava acontecendo. “Você realmente se acha perfeito, não é mesmo? Você planejou tudo para a minha estadia aqui... Comprou comida o suficiente para uns quinhentos anos, eu posso usar suas camisetas, também tenho alguns produtos de higiene pessoal... Mas parece que você ainda me vê como um homem!”

Ele arqueara uma sobrancelha, parecendo ao mesmo tempo confuso e irritado. “Do que diabos você está falando?”

“Você sabe o que é ter só um par de lingerie? E ainda uma que não é muito confortável, para início de conversa. Eu tenho que lavar toda noite no chuveiro, dormir pelada e se tiver sorte, se secar, eu posso usar no outro dia. Eu não sei você, mas eu não gosto de ficar sem calcinha. Posso até me virar sem o sutiã, mas sem calcinha é demais!”

O general era um militar, autoritário, rude, às vezes um pouco arrogante e que no início a via como um cara. Mas como todo homem, sua mente absorvera só alguns frases como “dormir pelada” e “sem sutiã”. Automaticamente, seu olhar percorrera o corpo dela... Mas quando percebera o que estava fazendo, limpara a garganta, fechara a porta atrás de si, já que nem tivera tempo para fazê-lo e deixara sua pasta em cima de sua poltrona de couro. Sentira um olhar cravado em suas costas, mas ignorara por alguns segundos. Até que finalmente rolando os olhos, dissera: “E eu tenho algo a ver com isso por que...”

“O que você tem a ver com isso?” Ela berrara furiosa, com as mãos torcendo-se furiosamente uma nas outras. “É que como você se prestou a me ajudar, a me esconder, deve fazer isso direito! Porque se não eu juro, eu juro que se tiver algum sindicato para defesa dos aposentos de criminosos escondidos, eu vou te denunciar para eles!”

Ele olhara-a cético. “Novato...”

“E ainda não cheguei à pior parte! Você sabe o que eu sofri algum tempinho atrás? Eu me senti como as mulheres da idade da pedra que não tinham nada para proteger! Tive que usar toalhinhas, ás vezes papel higiênico. Você sabe o que é isso?”

“Eu não preciso saber desses detalhes.” Ele fez uma careta de asco.

“Ah, precisa sim!” O rosto da criminosa era uma máscara de ira. Aproximara-se do militar e ficara pressionando o indicador em seu peito. “Porque você está responsável por uma mulher e deve atender a suas necessidades. Eu preciso dessas coisas, general, e eu não posso sair daqui para comprá-las.”

Simplesmente por odiar que alguém apontasse o dedo para qualquer parte de seu corpo, agarrara seu dedo e puxara para longe, olhando-a com os olhos verdes estreitados. “Lembre-se de com quem está falando...”

“Você também se lembre de com quem você está falando.” Resmungara, não se deixando abater pelo tom ameaçador dele. Ele fora abrir a boca para discutir, mas realmente não queria entrar em alguma discussão que envolvesse temas puramente feminino. Além do que se não comprasse aquelas porras, ela ficaria louca e ele já estava com problemas demais para aturar alguém gritando em seu ouvido.

E agora estava ali, tentando passar despercebido ao entrar em uma loja feminina. As cores vivas, em tons de vermelho e rosa quase cegaram seus olhos acostumados ao sóbrio. Se alguém o pegasse na porra daquela loja feminina, sua reputação acabaria para sempre.

Pensara em trazê-la, arranjando alguma porra de disfarce, mas sabia ser arriscado. As buscas estavam firmes pela região e ele não poderia arriscar. Também pensara em dar a tarefa à outra pessoa, mas também seria arriscado demais. O Criador trabalhara bem para que não se livrasse de sua penitência.

Bufando, fingiu estar olhando para a estrutura do prédio, até de mansinho ir até a sessão de lingeries. Logo ao se deparar com aquele mar de opções sentiu dor de cabeça. Raramente o generalíssimo Edward Cullen ficava perdido com algo, mas naquele mar de calcinhas e sutiãs estava precisando de um GPS e dos bons. Mas por que tantas coisas? Por isso que gostava de ser homem. Suas cuecas e meias vinham em embalagens plásticas, geralmente umas três por pacote. A única coisa que precisava saber era seu número.

Odiou pela primeira vez ter quase dois metros, pois assim, não tinha como passar despercebido pelas prateleiras de um metro e cinqüenta e mesmo se agachasse não obteria muito sucesso na tarefa. Respirou fundo e decidiu parar com frescuras. Não poderia ser pior que uma guerra, obviamente, mas ao ver uma peça cheia de lantejoula ficou horrorizado. Com certeza ficaria menos se visse um corpo triturado na máquina de carne moída.

“Boa tarde, bofe. Posso ajudá-lo?” Um atendente veio em sua direção. Ele batia um palmo abaixo de seus ombros e tinha que encurvar toda a cabeça para enxergá-lo, revelando bem o delineador carregado em suas pálpebras. Seu corpo parecia dividido em duas partes: antes e depois do quadril. A parte de cima era gorda e a de baixo era magra. Suas roupas com purpurina não ajudavam muito e o chiclete que mascava com a boca aberta estava irritando-o profundamente.

Com uma careta de desgosto, Edward começou: “Eu preciso de algumas...” Limpou a garganta, afrouxando a gola da camiseta, como se estivesse sufocando-o.

“Peças?” Completou, sorrindo, o chiclete repousando em dois dos dentes do fundo.

“Positivo.” Resmungou quase como se fosse um insulto admitir. Lançou um olhar metralhador para toda aquela loja, já planejando a morte de seu novato quando chegasse a casa. Deu o número das medidas da criminosa, o que o lembrou do inferno que fora descobrir seu tamanho correspondente as medidas dos EUA, já que na Itália a mesura era diferente. Ao terminar de falar, a bicha o olhou por baixo dos cílios, com um sorrisinho aterrorizador no rosto.

“Desculpe, querido, mas não acho que uma calcinha M* será o suficiente...” Analisou todo o corpo do militar, como se fosse um raio-X. “Temos tamanhos especiais para você.”

Sentindo o sangue ferver e alguma veia estourar dentro de si, Edward fez uma cara que logo foi percebida pela outra atendente que foi correndo salvar o seu amigo de ser pego pelo colarinho e jogado longe. “Chris, pode atender a outra cliente? Eu fico com esse.”

Chris mordeu os lábios parecendo chateado, mas foi embora, deixando a moça, parecendo normal, atendê-lo. “Desculpe senhor. Você quer algumas peças?”

Bufando, ele assentiu e disse novamente as medidas.

“Sutiã 44 e calcinha M*. É para a mulher, namorada?”

“Agregado.” Disse secamente.

“Ah, sim.” A moça pareceu um pouco confusa. “Tem alguma preferência?”


Nos EUA as medidas são diferentes. Os sutiãs têm duas medidas: uma para o tamanho do corpo e outra para o tamanho do bojo. Quem se interessar, tem vários sites na internet que fazem a conversão.

“Não. Pode escolher qualquer porra aí porque ela não tem nem direito de escolha.” Rosnou. A atendente se encolheu. “Uns quinze pares deve ser o suficiente.”

“Quinze?” A moça arregalou os olhos.

“Isso é pouco?” Arqueou uma sobrancelha que se elevou por cima dos óculos escuros. “Pode ser vinte, então. E vê também algumas peças de roupas.”

Dando de ombros a atendente foi escolher os pares, com o general enfurnado em uma das poltronas da loja, segurando o jornal do dia de um jeito que tampasse todo seu rosto. Estava em Newport, mas mesmo assim tinha conhecidos o suficiente por ali. E talvez por ser azarado, ou mesmo por Deus querer castigá-lo ainda mais, ele viu Arthur entrando na loja acompanhado por sua mulher.

Encolheu-se e enfiou o jornal ainda mais na cara. O diretor da fazenda sentou-se na poltrona ao seu lado, espreguiçando e parecendo igualmente entediado. Olhou para o companheiro do lado e cumprimentou-o. O general acenou com a cabeça, permitindo apenas que o outro militar visse o seu boné.

“Amor, eu não sei qual eu levo!” Ouviu a esposa dele dizer, parando em sua frente com duas peças uma preta e outra vermelha.

“Leva à preta.” Arthur disse. Agradecendo, ela se afastou, e o homem murmurou pelo canto da boca. “As mulheres pensam que entramos em ebulição com cor vermelha... Eu sou muito mais o preto.”

Edward assentiu ainda escondido atrás do jornal, odiando-se por estar naquela situação. Nunca em sua vida pensara que estaria passando por aquilo. Seu ódio pelo novato crescia cada vez mais. Dez minutos depois, a moça que o atendera aproximou-se:

“Senhor, já escolhi os pares.”

Sabendo que não poderia sair dali sem ser reconhecido, tirou o jornal do rosto o suficiente para que só a mulher o enxergasse. Sinalizou com as mãos que era para escolher mais dez pares. A moça assentiu e se distanciou.

“Escolhendo para a esposa, huh?” Arthur comentou, rindo. “Eu tive que vir sozinho uma vez, quando minha mulher estava doente. Deus me livre! É horrível! Se fosse para escolher algo para usarmos na cama... Mas não foi... Foi uma daquelas cintas modeladoras, horríveis!”

O general rolou os olhos por trás do jornal, sabendo que nunca passaria por aquela situação. Na verdade, só estava ali porque realmente não tinha outra escolha. Conhecia Arthur há algum tempo, na época que ele era o responsável pela turma dos novatos da NSA, e sempre fora um sargento linha dura e respeitável. De repente decidira mudar sua vida e mudar-se para a fazenda e acabara se casando alguns meses depois. Ele continuava freqüentando lugares para solteiros, como o Coral Gables, mas como ele dizia “olhar não tira pedaço.”

Lembrou-se daquela noite em que, ao receber uma ligação da mulher, saíra correndo ao seu encontro. Se tiver uma coisa que tinha plena certeza é que nunca ficaria dependente de uma mulher daquele jeito. Era livre para ir aonde quisesse...

“Amor! Vem pagar!” Sua esposa chamou-o. Suspirando, Arthur levantou-se e despedindo-se, foi até o caixa. Edward respirou fundo.

Por uma brecha do jornal, espiou o casal saindo da loja. Minutos depois, sua atendente terminou as escolhas. Foi até o caixa e quando viu que a conta dava mais de dois mil dólares quase deixou tudo lá sobre o balcão, achando um absurdo gastar toda aquela porra com uma criminosa de merda.

“Tem ouro nessa porra?” Resmungou.

“Senhor, nossos produtos são de qualidade.” A caixa disse com um sorrisinho plastificado.

“Por que precisa de tantos babados?” Disse com uma careta, fitando uma das peças, afinal a roupa cobria toda aquela porra.

“A mulher se sente com maior auto-estima.” Homem não precisava estar com uma cueca colorida para ter auto-estima. O que importava era o que estava dentro.

“Acredite, ela já tem auto-estima o suficiente. Mais um pouco e ela infla e explode. Devolve essa.” Além do que... Não gostava daqueles babados todos, já que já imaginara o novato dentro deles. Ao perceber no que estava pensando, decidiu levar o resto sem olhar, já que seus pensamentos encaminhavam-se para rumos que não gostaria.

Ao pagar e receber várias sacolas cor de rosa, escrito “Newport Lingeries. Para você mulher que se sabe o que quer" quase teve um aneurisma. Obrigou a atendente a colocar tudo em uma única sacola, sendo essa uma decente.

A loja se mobilizou inteira para achar alguma do gosto do general, até que quando achou, colocaram tudo nela, embolando as peças. Ele nem ligou para o fato. Saiu o mais rápido que pôde dali, rosnando para Chris que piscou para ele.

Quando ouviu novamente o burburinho do shopping, não conseguiu ainda respirar aliviado. Havia coisas piores para fazer. Andando pelos corredores com a pose altiva, o queixo erguido, os passos precisos e militares, as pessoas paravam para olhá-lo quando passava. O general era um homem muito bonito, mas aquele dia parecia um modelo, embora muito mais alto e com muito mais músculos. A expressão severa e os passos determinados ajudavam ainda mais em seu poder de atração.

Entrou em uma farmácia e daquela vez pensou seriamente em dar meia volta. Trancando o maxilar foi para a sessão que nunca antes fora em toda sua vida. Nunca achara que passaria por aquele tipo de situação... Na verdade, nunca achara que esconderia um criminoso, nunca achara que compraria lingeries para alguém... Tudo de novo acontecia ao estar com a porra daquela mulher.

Com a vontade de matar alguém aflorada em si, o general parou na frente da prateleira de absorventes. Sentindo alguma coisa em sua garganta, como se fosse um refluxo, respirou fundo procurando toda a calma do mundo.

Mais uma vez tinha várias opções e se não fosse uma pessoa extremamente ocupada, escreveria uma monografia sobre o porquê as mulheres estouram os cartões de seus maridos. É lógico que aquele leque de opções influenciava naquilo. Se homem menstruasse, só teria um tipo de absorvente: o que evita que o negócio vaze. Afinal, era aquele o objetivo, e não dar cheiro de ervas ou morangos... Ou fazer você se sentir segura... Ou o raio que o parta!

Passou uma mão no rosto em frustração, sentindo-se doente. Preferia mil vezes estar em uma guerra.

Crescera no orfanato e de vez em quando via alguns pacotes nos armários das noviças, que observava escondido. Procurou por entre eles algum que assemelhasse aos delas, até achar alguns. Com uma careta, colocou todos os pacotes que tinham ali em três cestinhas, enchendo-as completamente. Era bom prevenir, porque ele nunca mais voltaria naquela porra novamente.

Quando chegou ao caixa, a moça o olhou com os olhos arregalados. “Senhor, você não pode levar toda essa quantidade. Tem um limite de dez pacotes, aqui há... Cinqüenta.”

“Eu tenho certeza que poderá fazer uma exceção.” Falou com a voz calma, porém ameaçadora. A mulher olhou-o tão alto e imponente e engoliu em seco, um pouco ludibriada.

Ela olhou para os lados e não vendo ninguém, assentiu. “Mas não conta para ninguém!” Implorou. O general ordenou uma caixa de papelão para colocar os produtos, porque viu que na sacola ficava bem nítido o que estivera comprando. Daquela vez foi mais fácil achar o que pedira, e a moça colocou em duas grandes caixas a quantidade que ele havia comprado.

Após pegar sua nota fiscal, juntou com a outra da loja feminina e decidiu colocar no dossiê que tinha de seu novato. Ele pagaria caro pelo o que estava passando.

Ao chegar ao estacionamento e respirar de alívio por aquela tarefa ter acabado, encontrou com um dos funcionários da fazenda: Willian. Ele reconheceu-o e começou a caminhar em sua direção para cumprimentá-lo, quando Cullen ignorou-o, entrou em seu carro, jogando tudo no banco de trás e partiu cantando pneus.

Ao chegar meia hora depois na casa forte, uma veia saltava em sua testa e todo seu ser parecia de um homem que estava prestes a matar alguém. Encontrou a criminosa na sala zapeando os canais da TV.

“Novato, eu juro que essa é a última vez na minha vida que compro essas porras.” Rosnou, jogando a sacola e as caixas em sua direção.

“Ah, que linda!” Bella exclamou despejando o conteúdo da sacola de lingerie no chão da sala, sob o tapete felpudo. Viu uma peça vermelha e preta e colocou na frente do corpo como se testasse. “Você tem bom gosto hein, general.”

Ele rolou os olhos, irritado, estirado sobre sua poltrona de couro, evitando olhá-la experimentando as peças por cima. Quando a criminosa terminou de ver tudo e foi para as caixas de absorventes, fechou a cara. “Eu não uso esse tipo! Eu uso os internos!”

“Vai se virar com esses!” Ele rosnou. A veia já praticamente estourando. “Eu não volto para aquela porra nem que seja a condição para eu continuar vivo!”

“Ok, ok...” Bella sorriu, desviando a atenção de suas novas aquisições e fitando-o de forma divertida. “Sabe general, agora sim você mereceria uma estrela de verdade. Você acabou de concluir uma verdadeira missão.”

Ele bufou, mas por fim rolou os olhos. “Finalmente em sua percepção estou apto a receber insígnias. Não que isso importe, obviamente.”

Ela sorriu. “Só os tolos acreditam nessas insígnias que vocês ganham, não é mesmo? Fala sério, general, por dentro dessa fachada toda patriótica existe um traficante de armas querendo sair, não é?”

“Novato...” Bufou.

Ela levantou-se ainda rindo, logo encurvando para pegar as sacolas e as caixas. “Vou guardar isso aqui.” Desapareceu em um dos quartos, deixando-o sozinho. Ele ficou encarando o ponto onde ela estivera segundos antes e suspirou. Apesar de toda a situação de guerra, apesar de tudo o que estava acontecendo em sua vida, quando chegava naquela casa se sentia mais leve... Mais livre. Apesar do clima fajuto entre os dois, em que ambos fingiam e o fato do assunto girar em torno dos Volturi, só bastava repousar seu olhar nela para relaxar.

Passando as mãos pelos cabelos cor de cobre, levantou-se e foi dar uma olhada na casa. Em cima de uma das mesas encontrou o bichinho virtual que tinha dado a ela. Apertou uma das teclas e rosnou ao ver o nome que dera a ele: Gege. Simplesmente odiava aquele apelido que hora ou outra o chamava, quando queria verdadeiramente provocá-lo.

Deixando o objeto de lado, viu que os livros da estante não estavam mais na ordem em que deixara. Alguns estavam esparramados pela casa, provavelmente já sido lidos ou em processo de leitura. Encontrou o bloco em que ela anotava coisas sobre os Volturi e reparou em um desenho que ela havia feito. Ela o fazia horrivelmente, mas pôde distinguir uma garotinha com um revólver em uma mão e de mãos dadas com um homem bem mais alto que ela. Não sabia de quem se tratava, mas desconfiava de que fosse um dos chefes da máfia, provavelmente Aro. Bella falara que ele era o que mais gostava dela, ou pelo menos, o que a tratava melhor ali dentro.

Quando estava pronto para sair dali, notou um pedaço de papel.

COISAS A FAZER ANTES DE MORRER:

- Tornar-me especialista em oncologia.
- Descobrir a cura do AIDS e se sobrar tempo (que é o que mais tenho) a do câncer também.
- Aprender a fazer pilates com o moço da televisão do canal 4.
- Aprender a fazer risoto com rúcula e brócolis à chinesa, ou francesa, não peguei essa parte.
- Escrever uma trilogia e mandar para alguma editora.
- Ser a primeira escritora criminosa foragida da história. Meu nome artístico pode ser “Aqueles que vocês procuram há séculos.”
- Aprender jiu-jítsu.
- Aprender a caçar raposas.
- Roubar alguma do general Cullen.
- Me apaixonar.
- Me casar.
- Ter filhos.
- Ter uma pequena casinha no campo, com um jardim cheio de flores e banquinhos.
- Brigar com a diretora da escola do meu filho. O motivo pode improvisar na hora.
- Ser feliz.

Ao ver os últimos desejos, o general ficou encarando o papel por um longo tempo, com sua testa franzida. Sabia que seu novato se preocupava com seu futuro e tinha sonho de ter uma família, de ser livre, mas ao ver aquilo se sentiu um pouco... Estranho. Pois imaginou ela se apaixonando, se casando, tendo filhos... Com outro cara. E aquele simples pensamento causava algo estranho dele, porque sentia que nenhum outro homem iria colocá-la no lugar como ele fazia. Nenhum outro faria dela seu novato... Nenhum outro conseguiria agüentá-la por mais que dez minutos.

Bufando, largou o papel de lado e foi até a cozinha, notando a louça toda esparramada e o lixo abarrotado de enlatados. A geladeira estava lotada de congelados, e parecia mais a casa de um homem solteiro do que de uma foragida.

Ao passar pelos quartos, ouviu o barulho do chuveiro e entrou no que ela estava usando. Ela jogara a calcinha e o sutiã adornados que usava nas últimas semanas em cima da cama, as mesmas que ele vira-a usando na boate. O roupão estava pregado em um canto e suas camisetas estavam abarrotadas em cima de uma cadeira. Organização não era o forte dela, o que contrastava muito com sua pessoa.

Ao ver aquelas peças lembrou-se dela dançando na boate... De como ela retirara a blusa olhando bem em seus olhos... De como tirara o short, revelando aquela mesma calcinha... De como jogara as insígnias no chão e estraçalhara-as com a bota de cano alto. Bufando, passou a mão pelos cabelos e olhou para sua varanda, aberta para o oceano. Quando comprara aquela casa, gostava de ficar vendo a água se movendo de um lado para o outro. Ajudava-o a pensar.

Imaginou-a durante todas aquelas semanas tentando arranjar o que fazer... Olhando para o teto... Lendo... Mexendo com o bichinho virtual... Tentando descongelar a comida em menor tempo... E pensando nele. Ao perceber na última coisa que havia pensado, bufou, passando a mão pelos cabelos. Ele estava virando uma bosta.

Saiu do quarto quando ouviu o barulho do chuveiro ser cessado e foi até a sala de armas, surpreendendo-se com o que encontrou ali. Ela improvisara uma academia. Pegara alguns objetos, como livros, e os usava como pesos. Provavelmente deveria correr em círculos ali também.

“Preciso fazer alguma coisa antes que eu murche como quando eu furo o garfo em um dos meus bolos.” A voz dela veio atrás dele, alguns minutos depois. Ele virou-se para ela, notando que estava usando uma das roupas que comprara: um vestido florido que a atendente escolhera. Seus cabelos estavam molhados e espalhados pela pele nua de seus ombros, com a exceção de uma pequena alça. Suas pernas bronzeadas e torneadas estavam visíveis, tornando possível observar que realmente ainda não murchara como um dos bolos que ela fazia.

Era a primeira vez em que via com roupas femininas aparentemente inocentes, já que seu vestido no casamento de George não contava como algo “inocente”. Ela não parecia em nada com uma mulher que era a ALFA-I dos EUA.

Ele desviou o olhar, engolindo em seco, sentindo-se uma bosta por estar nos últimos tempos tendo que se controlar para conseguir responder por seus atos. Nas duas vezes que fora ali tinha que se conter para não simplesmente colocar suas mãos nos lados de seu quadril e prensá-la contra si. A vontade que tinha era quase uma impulsão, como se o corpo dela fosse uma espécie de imã que o impelisse ao seu corpo.

Passou a mão pelos cabelos e seu olhar repousou em uma das armas. Encaminhou-se até ela e pegou-a, manuseando-a entre os dedos. “Reconhece esse modelo?”

“Uma 38.” Ela sorriu levemente. “A arma que eu estava naquela noite... Para te matar.”

Ele assentiu, estudando-a. “Uma boa arma. Mas eu não sou homem para morrer por uma 38. Nem por nenhuma arma de fogo, na verdade.”

“Talvez balas de prata?” Provocou.

Ele bufou. “Também não seria essa arma que eu usaria para matar Marcus...” Deixou a 38 em seu lugar e foi até outra prateleira, no outro canto da sala. “Usaria essa.” Pegou uma M82A1.

Bella riu. “Um fuzil semi-automático. Pensei que você usaria uma AK-47, já que é uma das armas que causa maior número de mortes por minuto.”

“Essa aqui tem um ótimo poder de destruição.” Estudou-a com os olhos verdes carregados de lembranças fixos nela.

“Eu imagino você aqui... Tantas vezes... Vendo essas armas e escolhendo as melhores para conseguir o que você sempre quis.” Viu suas mãos por alguns minutos, torcendo-as umas nas outras. “Nessa casa eu já imaginei tantas coisas para se fazer quando eu encontrasse com eles...” Suspirou, andando pelas prateleiras com os olhos sem realmente vê-las. “Mas... Pode ser algo estranho... Mas eu acho que eles não sofreriam se fosse uma disputa armada. Eu me imagino em um ringue... Como se fosse um campeonato e eles meus adversários... Eu sei, é estranho.”

“Não é.” A voz dele veio mais próxima do que ela esperava. Voltou-se e encontrou-o a menos de um metro dela, agora sem nenhuma arma nas mãos. “É como se um tiro não fosse o suficiente para tantos anos.”

Ela assentiu surpresa mais uma vez por ele entendê-la. “Quando você encontrou com Marcus na Rússia... Você me disse, quando estava na enfermaria, que você pensou que você se sentiria melhor. Na hora eu pensei que era arrependimento por toda sua vida... Mas...”

“Não foi arrependimento.” Disse com a voz já seca. “Talvez arrependimento por não ter conseguido ir até o final, tudo devido aquela maldito russo. Mas confesso que tive minha parcela de culpa.” Bufou passando a mão pelos cabelos. “Eu não pensei que eu praticamente me tornaria a porra de uma criança de cinco anos vendo o infeliz que se envolvera com minha mãe e estragara toda minha vida em minha frente, depois de tanto tempo. Se eu tivesse sido mais prático, mais homem, eu teria o matado, mas não... Eu quis que ele sofresse, eu quis despejar tudo naquela cara dele... E aconteceu o que aconteceu.” Fitou-a profundamente. “Mas eu sei que vai ser diferente agora. Eu não vou hesitar.”

“Você sente raiva de sua mãe.” Disse, sem pensar. Há algum tempo percebera o tom que ele falava de sua mãe, diferente de quando falava de seu pai. Quando o percebeu, o rosto dele já voltara a ser uma máscara de frieza e seus olhos verdes estavam ameaçadores.

“Você não sabe de nada, novato.” Rosnou. “Vamos acabar com essa porra... Eu preciso voltar logo para a NSA.”

Ela olhou-o por algum tempo até engolir em seco e assentir. Seguiu-o para fora da sala de armas e ambos foram até a sala de estar, onde por horas ficaram no modo “profissional”. O general descobrira alguns fatos interessantes e Bella revelou mais coisas que havia se lembrado. Às vezes um olhar ou outro era captado, mas logo desviado, como se nunca tivesse estado ali.

“Eles não podem ter saído da Itália.” Bella estava dizendo, horas depois, jogada sob o tapete felpudo, com o cabelo já seco espalhado pelo tecido. “Caius sempre dizia que a Itália era o centro da máfia e que precisava estar lá para tomar conta da situação. Apesar de Marcus e Aro serem também os líderes, Caius nunca confiou neles realmente para tomar conta do centro de organização. Marcus é libertino demais, o seu negócio é matar mulheres. Aro é o mais ‘sensível’ de lá, se é que se pode dizer isso deles. Ele é o tipo de cara que tem escrúpulos superficiais, mas que fecha os olhos quando vê algo que aparentemente desaprova. O jeito dele é todo ingênuo, mas eu particularmente sempre desconfiei dele. Ele pode ser bem perigoso, ainda mais se o dele estiver na reta.”

“Todos se tornam perigosos quando o seu está na reta.” O general bufou.

Bella virou a cabeça para o lado, fazendo com que sua bochecha fosse cutucada pelos fios do tapete. Seus olhos castanhos miraram no militar, estudando-o. “Eles têm lugares espalhados por todo mundo, mas eles não devem sair de lá. Acho que eles nem deixarão Roma.”

Edward assentiu, sem nada dizer.

“Você acha...” Começou, mordendo os lábios. “Você acha que eles sabem que eu sei de tudo?”

“Eles sabem que você está comigo.”

“Eu sei... Mas eles podem pensar que eu estou com você porque foi à única opção dada a mim. Como uma ameaça: ou você se alia a mim para acabar com eles ou te entrego para a NSA. Afinal, como eles poderiam desconfiar que você sabia a verdade sobre... Meus pais?”

“Eles devem saber, apesar de tudo eles não são burros. Não depois que souberam que eu me encontrei com Marcus na Rússia... Para fazê-lo, eu precisaria estar envolvido em muitas coisas. Mas não faz diferença.”

“Mas e Marcus? Ele não fora seqüestrado? Você me disse que o líder da máfia russa queria se envolver com o carregamento que eu faria entrar nos EUA. Quando os Volturi negaram, eles seqüestraram Marcus... Mas os Volturi nunca deram o que eles queriam por isso a máfia russa aceitou o seu dinheiro para você ter o seu encontro com Marcus. Mas e depois? O que aconteceu com ele?”

“Eu já tentei descobrir.” Respondeu, espreguiçando-se em sua poltrona, o rosto assumindo um ar cansado. “Mas não achei nada sobre isso. É questão de tempo.”

A ALFA-I o observou por algum tempo, reparando que as olheiras ainda continuavam ali e seu rosto assumia uma espécie de áurea cansada. Sabia que era devido a tudo o que estava acontecendo, principalmente a guerra, mas não perguntou daquela vez. Não queria pensar em algo que ainda não havia acontecido... Algo que... Abanou a cabeça, impedindo que seus pensamentos fossem para rumos que não gostaria.

“Está tarde.” Ele disse olhando para o relógio. “Preciso pegar a estrada.”

“É perigoso essa hora, general.” Preocupou-se sentando no tapete.

“Perigoso para quem, novato?” Arqueou uma sobrancelha.

Ela bufou. “A casa é sua... Se você,” Limpou a garganta. “Quiser dormir aqui... Tudo bem.”

Ele olhou-a por algum tempo. “Ficar em um mesmo teto que um criminoso por muito tempo não pode ser uma coisa sábia a se fazer.”

“Morrer na estrada também não.” Rolou os olhos, levantando-se e indo até a cozinha preparar alguma coisa para comer. “Mas faz o que você quiser.” Resmungou, odiando aquele seu lado que se preocupava com ele.

Ele não disse nada enquanto a via se afastar. Bella descongelou alguns bolinhos, engoliu-os e foi para seu quarto, sem olhar para trás. Edward ficou na sala por algum tempo, até levantar-se, abrir a porta de concreto e voltar a fechá-la com força o suficiente para que ela pudesse ouvir de seu quarto.

Como um felino, escondeu-se atrás das prateleiras, podendo notar quando ela voltou à sala e vendo que ele realmente tinha ido embora, suspirar, tomar uma água e voltar para seu quarto. Cerca de meia hora depois, ele caminhou pelo corredor que levava aos aposentos e espiou o dela. Sua respiração estava calma e ritmada, elevando e rebaixando quase que hipnoticamente seu peito coberto pela camisa que ainda usava. Estava dormindo.

Sentindo-se a porra de um homem marica, ficou a observá-la por algum tempo, sabendo que aquela poderia ser a última vez a vê-la. Sentiu algo estranho dentro de si, mas não ousou tentar entender o que era. Há muito tempo evitava classificar ou compreender as coisas que acontecia quando estava junto dela.

Suspirando, foi em direção de sua cama e lentamente depositou um beijo em sua testa. Ela estremeceu na hora, encolhendo-se em si mesma. Ele sorriu minimamente e virou-se, indo embora.

~*~
Dois meses depois.




Na sala de reuniões altamente vistosa, na ala leste da NSA, os maiores líderes do país se encontravam. No centro da meia lua o general Cullen estava sentado ao lado do diretor da agência George Steven. Um holograma estava projetado na extremidade vazia do semicírculo, sendo possível ver um grupo de pessoas desacordadas amarradas em um canto em segundo plano. Em primeiro plano um homem com uma grande barba branca estava, os cabelos grisalhos cobertos por um turbante. Ao seu lado um jovem traduzia tudo o que era falado.

“Nós estamos com seus conterrâneos e iremos matá-los se não pararem de intervir em nosso país.” O tradutor disse, após a fala de seu líder. “Vocês tem três dias para tirarem seus homens de nossas terras.” E assim, o vídeo encerrava.

Em seu lugar, um jovem soldado americano aparecia, o rosto sujo de fuligem e parecendo carregar o mundo nas costas. Apesar disso, quando falou o tom era determinado e seguro: “Esse foi o vídeo que recebemos do líder daqui. Estão com um grupo de dez americanos, dentre eles o dono de uma empresa importante e duas crianças. Eles estão cercando toda a cidade, nós estamos à milhas de distância de onde eles estão.”

“Muito bom, soldado.” George disse, parecendo tenso. “A questão, senhores, está crítica, como perceberam.”

“Crítica e clara.” O general Cullen completou, o rosto uma máscara de impassibilidade. Acionou o botão e a imagem do garoto se foi, deixando só a parede atrás ser visível. “Devemos intervir o quanto antes. Há meses mandamos alguns homens tentarem resgatar o grupo e muitos de nós morreram. Tentamos todas as atitudes diplomáticas, tudo o que estava a nosso alcance para impedirmos o confronto. O presidente já deixou claro que não quer abrir mão daquele país, é rico em petróleo além de outros negócios. E também nossa interferência lá ajuda a contê-lo a estourar uma bomba no resto do mundo.” Terminou, girando sua caneta de ouro entre os dedos.

“Além da vida de nossos americanos.” McCarthy disse, em seu canto. Cullen nem o olhou. “Precisamos fazer o resgate e tirar esses filhos da puta do poder. Se conseguirmos pegá-los é lucro.”

“Devemos ir o quanto antes resolver essa questão.” O sargento do exército disse vistoso em sua farda. “Temos três dias para conseguirmos. Devemos convocar imediatamente nossas tropas. Vocês viram o que o soldado e os relatórios dizem: eles têm muito poder de fogo. Precisamos ir preparados.”

“Vamos fazer a convocação.” O diretor assentiu. “Cullen, você faz o pronunciamento com os novatos?”

“A ida de nossos novatos, George, será opcional.” Edward defendeu, olhando-o como se o lembrasse de outras inúmeras conversas que já haviam tido sobre o mesmo assunto.

“Mas isso é um absurdo!” O sargento reclamou.

“Absurdo é abaixarmos nosso nível de seleção para conseguirmos mais gente para nossas cadeiras, sargento. Isso é um absurdo. A NSA é um dos principais órgãos governamentais de nosso país e do mundo, não podemos botar em risco devido a essa guerra.” Retrucou, estreitando os olhos verdes. “Certamente você sabe disso.”

“Além de que o exército possui contingente o suficiente.” McCarthy continuou. “E grande parte de nossos homens formados também irão. Os novatos não farão falta.”

O sargento bufou, relaxando em seu assento e olhando para o lado. George abanou as mãos de forma displicente, encerrando o assunto. “Isso não importa. Cada órgão convoque seus homens. Iremos partir em 24 horas. Passar bem.” Ele levantou-se e retirou-se logo seguido pelos outros homens.

No corredor, Cullen olhou no relógio e constatou serem três horas da tarde. Precisava ir para Rhode Island o quanto antes. Frustrado, passou por um calendário e notou já ser maio.

“Commodore, prepare o helicóptero. Partiremos em vinte minutos.”

“Sim, senhor. Qual é o destino?”

“A fazenda em Newport.”

Ele assentiu e virou-se para ir embora. McCarthy apareceu minutos depois, parecendo tenso. “Cullen, você fará o pronunciamento? Todos já estão no pátio.”

“Estou indo.” Resmungou pegando alguma coisa de sua gaveta. “Veja se faz alguma coisa, McCarthy, e dê à porra do departamento que busca Swan as devidas instruções para quando estivermos fora.”

Emmet assentiu e logo começou: “Sobre isso... Nós somos amigos, Edward. Eu só estou tentando fazer você ver a razão... Só estou tentando te ajudar...”

“E desde quando eu preciso de alguma ajuda?” O general rosnou, ainda procurando algo dentro de sua gaveta. Ao não achar, bufou e olhou-o. “Nunca precisei e você sabe muito bem disso. Se você acha que ela está escondida no meu bolso o problema é seu, já que se preocupa com pessoas que não deveria. Deve ser por isso que você falhou nas outras vezes, porque deixou de confiar na pessoa certa.”

“Eu fiz o que você faria se estivesse no meu lugar!” Ele protestou.

“O que eu faria?” Cullen rosnou com uma veia saltando em sua testa. “Agora além de cúmplice de criminoso eu sou traidor, eu sou praticamente um novato que ainda não aprendeu o que significava a porra da palavra hierarquia?”

“Não exagere, você sabe do que eu...”

“Eu sei muito bem do que você está falando.” Contornou sua mesa e aproximou-se dele, os olhos verdes estreitados. “Durante toda a merda do ano passado você quis me empurrar para ela, você ficava fazendo comentários indecorosos sobre nós, você praticamente me induzia a ela. E eu sempre fui à mesma pessoa. E agora, quando descobrem que ela é criminosa, a culpa é minha? Porque eu que estou escondendo ela, eu que estou sentindo não sei o que... Faça-me o favor!”

“Não tente me enganar, Cullen!” McCarthy berrou de forma lívida. “Nós nos conhecemos há anos. Eu te conheço.”

“Conhece mesmo?” O tom cínico em sua voz fez com que Emmet engolisse em seco. “Se conhecia tanto, porque não previu o que aconteceria? Porque não impediu que acontecesse? Porque sim, se você me conhecia tão bem, saberia que eu tenho tendências benevolentes para esconder criminosos, porque já fiz isso no passado. Escondendo-os na cadeia!”

“Você sabe que ela não é uma criminosa qualquer!” Ele retrucou com a voz grossa e grave, mostrando toda a potência de sua garganta. Emmet não era do tipo que ficava irritado com facilidade, era sempre leve, solto, descontraído, brincalhão... Mas sabia ficar bravo, também. “Ela é dos Volturi, pertence a eles. Você foi a Rússia o ano passado atrás deles e fracassou! Por eu ser seu amigo, eu nunca disse a ninguém, Cullen, ninguém! Você viu nela a oportunidade para tudo o que você estava precisando. Você sempre soube que havia um infiltrado, você me disse que sabia quem era, e estava tentando me enganar para conseguir que ela escapasse. Se eu não tivesse feito nada, tenho certeza de que ela teria conseguido que o carregamento de drogas chegasse e que teria fugido livremente. Mas eu pelo menos atrapalhei!”

“E quem garante que eu não tinha meus planos?”

“Eu posso perguntar para qualquer um na NSA inteira, que ninguém vai dizer que você os contatou para alguma armadilha! Ninguém, Cullen, ninguém! O seu plano era pegá-la sozinho? Eu... Aliás, todos nós sabemos de suas tendências egocêntricas, mas todo militar aprende a se virar sozinho e também em trabalhar em conjunto! Se você estivesse sozinho, seria uma coisa. Mas você tinha a nós!”

“Eu mandei que você confiasse em mim!” Edward berrou, já ficando fora de si. Geralmente faria como sempre, fingir-se-ia de indiferente, viraria as costas e iria embora, mas não poderia mais fazer aquilo com McCarthy, porque ele o conhecia talvez de forma superficial, mas mais do que muita gente ali dentro. E de certa forma ele fora o mais próximo de amigo que jamais tivera.

Sabia que ele fizera o certo em tentar defender o país, mesmo que contra suas ordens, fora corajoso, mas mesmo assim... Lembrou-se de seu novato correndo na floresta, com homens atrás dela... Do funcionário que tivera de matar... De tudo o que teve que passar, por causa dele.

“Eu confiava em você, Cullen!” Ele devolveu de forma eloqüente. “Confiava em seu senso de justiça, de dever com o seu país! Confiaria se fosse qualquer situação, menos uma que envolvesse os Volturi. Quando eles estão no meio você se torna outro alguém, você muda... Se transforma. Você se iguala a um assassino, a um traidor, a um criminoso. Você não mede esforços em conseguir o que quer.”

“Você não sabe nada sobre mim.” Rosnou com o tom de voz bem mais baixo do que dantes. Perigoso.

“Ela não poderia ter saído daqui sem ajudas internas, Cullen, e você sabe disso. Eu sei disso. Ninguém vai sequer desconfiar de você... Você será a última pessoa nessa agência que poderá ser considerada como cúmplice, mas ninguém sabe como eu.”

“E o que você quer com isso?” Revolveu. “Quer que eu confesse alguma porra e assim você salve o dia? Assim todo mundo vai parar de olhar para essa sua merda de cara e deixar de rir de você? Porque você falhou? Porque você deixou que ela escapasse?”

Foi como se tivesse dado uma bofetada na cara do ex-amigo. Ele ficou encarando o general por alguns minutos até dizer: “Entende quando eu falo que quando envolvem os Volturi você se torna outra pessoa? Se você fosse o Edward Cullen que eu conheci quando cheguei aqui, você nunca deixaria que uma injustiça acontecesse.” Foi como se a tatuagem em suas costas queimasse.

O general nada disse. Seu pomo de adão saltava em sua garganta junto com o músculo de seu maxilar. Eles ficaram se encarando, desafiando-se mutuamente por algum tempo, até a expressão do coronel se suavizar.

Emmet aproximou-se hesitantemente de seu amigo e colocou uma mão em seu ombro. Edward fuzilou aquele gesto com o olhar, mas nada fez para retirá-lo dali. “Você sabe. Você é a prova de que eu sempre disse que se precisasse de mim, poderia contar comigo. Eu me ofereci a ir atrás deles com você, juntar informações, o que fosse o necessário, desde que não prejudicasse nosso país. Mas você nunca veio até mim, sempre quis fazer sozinho. Eu faria o mesmo agora, você sabe. Não era necessário trair nenhum país para isso. Eu poderia contar tudo o que acho para o conselho, mas não o fiz. Por consideração a você.”

“Não importa o que eu fale,” Edward retrucou secamente. “Você não vai mudar de idéia. Não vejo mais o que eu posso fazer.” Dizendo essas palavras, desligou-se do toque do amigo, abriu a porta de sua sala e foi embora.

McCarthy ficou para trás, estarrecido. Sempre soubera do gênio forte de seu amigo, mas pensara que de certa forma poderia fazer com que ele visse a razão.

Estava pronto para ir embora quando viu o Black Berry sobre a mesa dele. Fitou-o por alguns segundos, até caminhar em sua direção e pegá-lo. Não acreditava que conseguiria muita coisa, mas poderia tentar. Logo se deparou com um código de bloqueio. Tentou algumas opções, mas todas sem sucesso.

Com determinação, saiu da sala e procurou-o por perto. Ao não achá-lo, dirigiu-se até outra parte da ala inteligente e bateu na porta de um dos nerds da agência. Quando o funcionário abriu, McCarthy jogou o aparelho em sua direção. “Isso deve ser fichinha para vocês. Descubra o código.”

“Mas senhor...” Examinou o celular, que pegara depois de certo malabarismo. “Não é do generalíssimo Cullen?”

“Claro que não.” Negou. Eles nunca fariam nada se fosse dele, afinal ele era quem mandava em todos por ali. Infelizmente, a parte da hierarquia era verdade.
O outro assentiu, sentando-se em sua cadeira e conectando alguma do computador no celular. Em um prazo de tempo curtíssimo, já conseguira a senha de acesso.

Emmet agradeceu, não sem antes informar que “ninguém poderia saber daquilo.” Foi até sua própria sala, em todo o caminho se perguntando se estava fazendo o certo. Mas não diziam que no amor e na guerra tudo valia?

Digitou a senha fornecida e logo tinha acesso a tudo no celular do general Cullen. Procurou por alguns minutos, mas não achou nada. Muito impessoal. Era como se tivesse acabado de comprar e não tivesse tido tempo de colocar algo ali. Contato, mensagem, fotos, nada.

Sem muita esperança foi até a sessão dos vídeos. E foi então que teve um grande choque. Mal acreditando no que via, apertou a tecla do zoom, e quando todas suas dúvidas haviam sido distinguidas, desligou rapidamente o aparelho, boquiaberto.

O generalíssimo, por sua vez, estava no pátio central situado em cima de uma pequena elevação que servia como palanque. A sua frente, estavam os trinta e cinco novatos que ainda sobreviviam aquele ano, cinco membros da turma de aspirantes, e mais uma turma menor ainda de recrutas, como eram chamados os que participavam no terceiro ano na NSA. Novato, aspirante e recruta era praticamente a mesma coisa na hierarquia, mas a agência não ligava muito para o fato dos recrutas serem superiores aos novatos. O objetivo era mostrar que todos estavam abaixo e que precisariam crescer muito até chegar aos mais altos escalões.

“Como vocês já sabem, há alguns meses uma situação tensa foi se formando em um dos países do oriente médio. Foi recentemente que o ataque foi abertamente proferido, embora nós do governo já soubéssemos que chegaria a qualquer momento. Dentre vinte e quatros horas nós estaremos indo para lá, lutar pelo nosso país e defender os interesses dos americanos. Junto com o exército e todas as forças armadas, entraremos nessa missão que repercutirá bem maior do que só naquele país. Sabemos que, ao adentrar em um deles, os aliados também vão surgir. Nós da NSA, tomamos a decisão de que a participação de nossos membros é opcional. Quem quiser lutar pelo nosso país que se apresente aqui nesse pátio amanhã. Mas lembrem-se,” Estreitou os olhos verdes. “Será mil vezes pior de que nossos treinamentos. Não haverá misericórdia... Não haverá pais para reclamar suas mortes... Ou mesmo um deus para ouvir suas orações.” Tudo o que se ouvia era o som do vento... A tensão era quase palpável nos membros ali presentes. “Lá, vocês estarão totalmente sozinhos. E lá pode ser a última coisa que vocês verão na vida.” E assim dizendo, virou as costas e se distanciou, deixando todas aquelas pessoas paradas por algum tempo, sem reação.

Whitlock voltou-se para Derek e sussurrou: “Você vai?”

“Eu não sei...” Suspirou. “Você ouviu o que ele disse? Pessoas morrem em guerra, Whitlock. Não é brincadeira.”

Jasper assentiu. “Eu fico pensando em nunca mais ver ninguém... Minha mãe... Alice...” Murmurou. “Essa é uma decisão filhodopaimente difícil.”

McCarthy aproximou-se apressado de onde os novatos estavam ainda agrupados, parecendo tenso. Procurou pelo general e ao não achá-lo foi na direção do subordinado Winston. “Charles, cadê Cullen?”

“Ele foi para a sala dele pegar alguma coisa e depois já partiu para o heliporto.” Provavelmente para pegar o celular que deixara na mesa dele.

“Heliporto?” Arregalou os olhos. “Para onde ele está indo?”

“Creio que é para a fazenda, senhor. Disse que precisa resolver algumas coisas pessoalmente com Arthur antes de partir.”

“Quantas horas é para chegar até lá?”

“Cerca de três horas, senhor.” Respondeu, pausadamente.

Assentindo, McCarthy se afastou parecendo desnorteado. Lembrou-se do vídeo no celular dele... De Isabella, dormindo, no que parecia ser um cemitério e ainda por cima vestida de freira. Sentindo o coração acelerado em seu peito, McCarthy correu até sua sala, com idéias fervilhando em sua cabeça.

~*~


Bella estava colocando uma lasanha congelada no microondas de aço inoxidável. Acordara sentindo certo desconforto em sua barriga: angústia. Sempre fora perceptível às coisas que lhe aconteciam, sempre suspeitava quando algo não estava em seu estado normal, mas o que estava a chateando naquele momento era que não sabia de onde surgia aquilo.

Na NSA, sabia que seu desconforto e o frio na espinha eram pela sua percepção que o general sabia quem era. Sempre soubera, na verdade, mas recusava-se a acreditar, afinal, era incompreensível ele saber algo e não fazer nada. Isso naquela época.

Já lera todos os livros que o general trouxera da última vez, inclusive a coleção inteira do Harry Potter. Odiava admitir a si mesma, mas chorara no final, embora soubesse que naquela história inteira ela estava mais para comensal da morte do que um membro heróico da Grifinória.

Tentava o máximo ocupar todo o seu tempo, ela, em seu consciente, via isso como uma tentativa de não entrar no tédio, mas lá em seu subconsciente estava a verdadeira razão: Não queria ter tempo para pensar... Pensar no general, pensar no que acontecia entre os dois, pensar sobre sua vida, sobre seu futuro. Sabia que quando parasse para fazê-lo, murcharia como uma vez murchara, desanimaria... E ela não queria aquilo. Queria prosseguir.

Nos últimos dois meses ele fora duas vezes ali e sempre ficaram no modo “profissional”. Aquela situação estava a matando por dentro, pois sempre fora muito direta e nunca levara desaforo para a “casa”. Com o general... Não admitia, mas tinha medo de prosseguir o que os dois haviam evoluído.

Naquele dia estava usando um short tactel listrado nos tons de laranja e preto e uma regata branca acompanhando. Seus cabelos castanhos estavam presos em um coque por um garfo. Quando o aparelho anunciou que o tempo havia acabado, retirou sua comida do microondas e sentou-se na bancada de mármore da cozinha.

Quando estava pronta para colocar a primeira garfada de lasanha na boca, ouviu a porta de concreto se abrindo e por ela entrar o generalíssimo fardado. Usava sua costumeira farda azul marinho, com as insígnias em seu peito. Sobre sua roupa usava um grande casaco preto, ocultando a maior parte das informações militares. Era primavera, mas aquela noite estava particularmente gelada, com um vento chato movimentando o mar. Era como se pressentisse o que estava por vir.

Logo estranhou o fato dele estar com seu uniforme. Ele sempre ia ali disfarçado de civil para evitar atenções... E aquela percepção enfiou um calafrio por toda sua espinha, pressentindo em seu íntimo o que estava prestes a acontecer.

Largou o garfo e o prato de comida de lado e ficou encarando-o, sem nada dizer. Quando o barulho do metal encontrando com o mármore ressabiou pela casa vazia, ele olhou para ela com seus intensos orbes verdes, e só a vista deles foi o suficiente para saber que finalmente a hora chegara. O que temia.

Ele passou por ela sinalizando para que fosse a sala de controle. Ela o seguiu, sentindo como se o mundo estivesse caindo em sua cabeça a cada passo maior que dava na direção de seu militar. Na sala cheia de painéis e botões, ele foi até um canto perto dos televisores das câmeras e apertou alguns botões.

O computador pediu sua senha, ele forneceu e logo uma voz feminina robotizada pedia: “Por favor, aperte o botão e diga a nova senha.”

O general virou-se para ela. “Diga à senha que você quer.”

Ela se aproximou, engolindo em seco. Ele apertou o botão e ela falou tentando manter a voz firme: “Swan.”

Segundos depois a voz robótica pediu para que repetisse. Ela o fez, sentindo uma pedra no coração, e logo a voz surgiu de novo, dizendo:“Nova senha salva.”

Ela olhou-o esperando que ele dissesse alguma coisa, mas ele se distanciou, saindo da sala de controle. Na sala de estar, jogou uma sacola em sua direção e ela notou os disfarces que ali havia. Engolindo em seco, ouviu-o dizer os códigos que precisaria saber para poder entrar e sair livremente da casa.

“Só saia quando tiver necessidade. Evita ao máximo exposições. Apesar dos problemas externos, você continua a ALFA-I. Tome cuidado.”

“General...” Começou com sua voz embargada.

“Se algo acontecer, novato, continue fazendo o que tem de ser feito. Procure Mary se precisar de alguma coisa, mas só em último caso. Tem um cofre atrás do armário com as minhas roupas, a senha é a mesma da porta. Lá tem todo o dinheiro que você vai precisar para comprar comida ou qualquer coisa que você precise. Mas evite sair dessa casa, novato. Evite.”

Ela assentiu, sem saber o que fazer, sentindo algo extremamente errado dentro de seu ser. “Se alguém descobrir esse esconderijo, destrua-o. Há um botão na sala de controle capaz de destruir as janelas, permitindo que a água do mar entre. Na sala há um sistema que vai te manter segura e te levará para fora daqui.”

Ela assentiu novamente. Ele suspirou, achando que não havia mais nada a dizer. Passou a mão pelos cabelos cor de cobre, olhando ao redor procurando por algo que podia ter esquecido, assemelhando-se a um viajante que confere que tudo o que precisa está no carro. Até que se voltou para ela e segurou seus ombros com firmeza, encarando-a profundamente. “Se eu não voltar, novato, não desista. Continue firme e não confie em ninguém. No cofre há alguns passaportes e documentos falsos, você pode utilizá-los. Mas não se deixe ser pega.”

Ela assentiu com os olhos ficando marejados. Desviou o olhar não querendo que ele visse o seu estado, mas ele logo a soltou-a, deixando-a livre. Ele olhou ao redor mais uma vez, antes de fitá-la por algum tempo, até começar a se encaminhar para a porta. “Adeus, novato.” Disse, em um murmúrio de voz, sentindo como se algo tivesse martelado seu coração. Controlando o impulso de voltar, virou-se e abriu a passagem de concreto.

Foi como se tivesse destruído as janelas e toda a água tivesse caído bem em cima de sua cabeça. Sentiu algo que nunca sentira antes... Uma angústia, uma vontade de gritar... Mil coisas passaram dentro de seu ser, como se todas suas células houvessem resolvido fazer uma revolução... Seu coração batia acelerado, sua respiração estava descontrolada e seus olhos estavam marejados...

Lembrou-se daquele mesmo homem indo embora no orfanato, deixando-a para trás e desaparecendo no amanhecer. Ela sabia que voltaria a vê-lo naquela ocasião. Mas ali não. Poderia ser a última vez.

Sentiu como se o castelo de cartas que fosse seu orgulho e sua máscara tivesse sido destruído e espatifado contra o chão. E foi por isso que quando viu a porta se fechando, não pensou em mais nada. Não pensou em razões... Não pensou no que fez com que naqueles meses ficasse com uma máscara de indiferença no rosto... Não pensou em nada que a pararia. Simplesmente impulsionada apenas por suas emoções, largou a sacola no chão e correu em direção a porta, abrindo-a com tudo e encontrando o general começando a subir as escadas. Puxou-o pelo braço, impedindo-o. Quando encontrou com os olhos verdes surpreendeu-se por vê-los tão desolados, como jamais os vira.

Engolindo em seco, começou a recriminá-lo: “Essa pode ser a última vez que nos vemos e você sai assim? Você é sempre tão insensível!” Reclamou com a voz embargada.

“Novato...” Ele começou, engolindo em seco.

“Você pode morrer nessa guerra estúpida... Você pode morrer por um país que não te merece! E eu já te disse que você não tem o direito de morrer! Você não tem o direito de sair por essa porta me dizendo um adeus e voltar daqui dez anos... Os EUA não têm o direito de tirar você de mim!”

Ele estava totalmente de frente para ela agora, sentindo dentro de si mil dos sentimentos estranhos que sempre sentia ao lado dela, mas muito mais intensificados. Olhou para o seu novato e levou uma mão até sua bochecha, sentindo o calor dela contra seus dedos ásperos. Os olhos castanhos ergueram-se em sua direção e ele gravou a imagem deles no fundo de sua mente.

“É a porra do meu dever, novato.”

“Que se exploda o seu dever! Você sabe tão bem quanto eu como você pouca se importa para o país!” Berrou. “Quer saber? Que se dane! Eu estou pouco me lixando para o que você vai achar ou para o que você vai pensar, mas eu cansei desse jogo que a gente vem jogando todo esse tempo, como se nada tivesse acontecido nesse mais de um ano e naquela noite da boate!”

“Eu nunca joguei nada.” Ele fechou a cara, aparentemente estressado.

“Não seja cínico!” Ela gritou, já meio fora de si. “Quer saber? Eu confesso mesmo! Confesso que aquelas coisas que você falou na boate aquele dia foram as mais bonitas que alguém já me falou na vida! Confesso que senti sua falta naquelas duas semanas como nunca senti de mais ninguém, mas meu orgulho me impediu que eu fosse atrás de você e a razão que eu voltasse no tempo para retirar tudo o que eu te disse! Eu fui com você àquela noite, me desculpando que era somente pela causa dos Volturi, mas eu não teria dito sim se fosse outra pessoa. Só disse por que era você.” Respirou fundo, sentindo o desespero entrando em ancas profundas em seu corpo. Mas de certa forma estava se sentindo livre, libertando-se de todas as máscaras de indiferença que colocara em si nos últimos meses.

Encarou profundamente aqueles orbes verdes que a fitavam com um misto de sentimentos e continuou, respirando fundo, sabendo que era uma das coisas mais difíceis de dizer. “Eu também confesso que você esteve certo o tempo todo! Você estava certo!” Soluçou. “Eu não estou nessa vingança pelos meus pais, eu estou por mim! Eu quero me vingar pelo o que eles fizeram com a MINHA vida, me enganando, me traindo... Rindo de mim! Você esteve certo o tempo todo, mas eu não quis admitir isso nem para mim mesma!”

“Novato...” Ele disse a voz saindo quase em um sussurro. Ele apertou-a contra seu corpo, sentindo o calor vindo dela e sabendo que poderia ser a última vez.

“Nesses meses em que estive escondida eu tentei ocupar todo o meu tempo para não ficar pensando sobre a minha vida, nas coisas que você me faz sentir! Eu confesso que tenho medo do que eu sinto por você! Eu nunca senti isso por nenhuma outra pessoa, eu não sei nem o que é isso, mas eu tenho medo! Naquela sala de controle marítimo, mesmo se você não tivesse dito a verdade sobre meus pais, eu não teria te matado, embora eu sempre afirmei que teria. Mas é mentira! Agora eu sei... Eu não teria conseguido.”

Ela respirou fundo e continuou. “Quando eu bati em Kate, o fato de ela ter espalhado que eu era prostituta foi só uma desculpa para esfregar a cara daquela vaca no chão! Eu tinha ciúmes de você com ela! Eu também tive ciúmes quando eu vi você com aquela loira da máfia russa na NSA, no começo do ano passado. Eu já sonhei com você e ás vezes eu fico pensando no que aconteceria se nós não fôssemos tão errados... Eu...”

“Novato,” Ele cortou-a, firme. “Não fala mais nada.”

“Essa pode ser a última vez que eu te vejo, general... Eu não suportaria ficar usando essa máscara que a gente vem usando. Eu explodiria. Tudo o que eu quis nesses meses foi correr para seus braços quando você entrava por essa porta... Foi simplesmente parar o assunto Volturi por algum tempo e poder ficar somente junto de você, sentindo você comigo.”

“Eu também, novato. Eu também.” Ele sussurrou enquanto a pegava com força pela cintura, como queria fazer desde que haviam chegado ali, e prensava-a contra seu corpo. Com os olhos castanhos marejados, a criminosa fitou-o por um longo tempo, com medo de aquele homem morresse. Nunca se sentira tão desesperada sobre alguém antes e aquilo a atemorizava até o último fio de cabelo, mas naquele momento, o medo de perdê-lo era ainda pior e suplantava todo o resto.

“Você não tem o direito, general... Não tem...” Disse engolindo em seco, levando cada mão para um lado de seu rosto, como se quisesse guardar aqueles traços másculos e severos de seu general.

Sem nada dizer, ele aproximou seu rosto do dela e a beijou com vigor, grudando seus lábios no dela com brusquidão, como se sua vida dependesse daquilo. Bella agarrou-o com força, como que para prendê-lo e não deixá-lo mais sair. Ele cercou sua cintura e levantou-a, fazendo com que ficasse no mesmo nível que o seu. Sentindo os corações batendo acelerados em seus peitos, os dois se entregaram ao momento, desesperados... Sabendo que aquela poderia ser a última vez que veriam um ao outro.

Não havia mais máscaras ali... Nem barreiras, ou mesmo fronteiras. Beijaram-se com sofreguidão, apertando-se, juntando-se, fundindo-se, como que usurpar até mesmo o ar que os separava.

Eles separaram-se sem fôlego, mas não se distanciaram. Ele fitou-a por um longo tempo, ainda amassando sua bochecha com a palma de sua mão. Os olhos verdes nunca estiveram tão vívidos, tão carregados de emoções.

“Eu não sou homem de morrer em guerra, novato, mas se eu me for... Saiba que...” Ele engoliu em seco, atordoado, sentindo-se um bosta. Por um lado havia o seu orgulho, sua razão, o cara que sempre fora... E de outro... Havia tudo aquilo que ele estava sentindo... Tudo aquilo que era tão novo e construía coisas dentro dele... Construía, mas também destruía. Talvez fosse por aquele motivo que odiava tanto sentir aquelas coisas, porque elas destruíam algo que ele sempre acreditara, destruía sua área de conforto... O seu antigo ‘eu. ’ Sabia que aquele conflito poderia ser simples e durar alguns dias, mas também podia se estender por meses... Mas ele não pagaria para ver. Não pagaria para deixar de dizer ao seu novato o que ela merecia ouvir... O que ela fizera por ele. “Saiba que você foi à melhor porra que aconteceu na minha vida.” Disse por fim.

Bella respirou fundo e por pouco não se controlou. Seu peito parecia entrar em convulsão e então, sabendo que não agüentaria, puxou-o para perto e o abraçou, sentindo mais uma vez o calor do corpo dele passando para o seu. Suas mãos cravaram-se em suas costas, querendo que ele ficasse ali... Que ele não fizesse o que era certo... Que ele ficasse escondido dentro daquela casa com ela... Que ele deixasse o país de lado e fosse com ela atrás dos Volturi...

Mas sabia que ele não faria. Conhecia-o bem demais para aquilo. Ele a abraçava de volta e lentamente, fechou os olhos, com o nariz encostando-se a sua nuca, sentindo o cheiro que ele tanto sentira falta nos últimos meses.

“Eu preciso ir.” Disse com a voz rouca. Ela assentiu, mas não o soltou. Por fim, dedo por dedo, foi se distanciando dele, respirando fundo tentando controlar a vontade que tinha de pegá-lo e jogá-lo para dentro da casa, como uma vez havia feito em uma barraca no meio da floresta dos Esquilos.

Eles ficaram se encarando por algum tempo, até os dedos dele rumarem para seu rosto, em uma carícia. Seus olhos verdes pareciam duas esmeraldas ao encará-la daquela forma, de uma maneira que sabia que nenhuma outra mulher o seria.

“Não se esqueça, novato.” Disse depois de alguns segundos. “Eu ainda não terminei de te dar ordens por essa vida.” E dizendo essas palavras deu um passo para trás lentamente, ainda observando-a. E então, respirando fundo e trancando o maxilar, como que tomando coragem, virou-se e começou a subir as escadas, deixando-a sozinha no hall iluminado apenas por uma lâmpada solitária.

A criminosa ficou sem reação por alguns minutos até subir as escadas, percorrer o pequeno túnel, apoiar-se na escada da parede do tubo pelo qual descera e subir até o casebre. Correu em direção à janela do pardieiro, ignorando as toras de madeira e palhas no chão. Apoiou as mãos na janela apertando-a com tanta força que a madeira gasta chegou a furar seus dedos, fazendo-os sangrar.

Ignorou a dor, ignorou tudo o que estava acontecendo, tudo o que conseguiu ver era o mar batendo agitado nas areias da praia, como se estivesse revoltado, e ao seu lado, um único pontinho se distanciando.

Ele olhou uma única vez para trás, rejeitando toda sua idéia de seguir em frente sem se preocupar com o que deixara. Mesmo com a distância entre os dois, parecia que ambos conseguiam se enxergar bem nos olhos.

Uma única lágrima escorreu pelo rosto dela ao vê-lo voltar-se e partir, logo sumindo. Sentia-se como aquelas mulheres que vêem seus homens partirem para a guerra, sem saber se voltariam. E de certa forma, era. Mesmo que ele não fosse seu marido ou seu namorado, ele era seu general. E aquilo bastava.

60 comentários:

maria eduarda disse...

to indo ler

Rainbow Butterfly disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
GENERAAAAAAAAAL!!! TAVA COM SAUDADES!!
C*, faz tanto tempo que eu estava esperando por mais um cap.!! Eu estava quase morrendo, sem ter mais unhas pra roer. Nem sei como consigo escrever, meus dedos estão completamente destroçados!!Hahahaah mentira! Mas, que bom que saiu mais um!!
INDO LER IMEDIATAMENTE!
P.S.: cadê a Lice pra brigar cmg? O Gegê voltou!

Gabrielle Marianno disse...

Que lindo.....Amei!!!!!!!!!!!

Laurinha disse...

Acho que esse foi o capítulo mais lindo a longo De A.I.
Eu amei o jeito com que a Naty escreve, porque arranca lágrimas e correntes elétricas nas horas certas.
MC Catty seu traidor! Ai Ai....tomara que eu não tenha que esperar mais 4 meses pra ler algo assim denovo.

Rainbow Butterfly disse...

Depois de ler:
:+:+:+:+:+:+:+:+:+:+:+
Me desculpem pelos meus modos, mas a única coisa que eu pude dizer ao ler esse capítulo foi um grande, auto e pausado:
PORRA
Que merda! Nem quando eles tem a ameaça de morte não conseguem confessar que se amam!!!! AAaaaaaaaaaaaaaaaaaa eu toh gritando aki, se não perceberam!!! Meu coração quase explodiu com aquela despedida. Se fosse eu, empurrava ele pra dentro SIM e daria um bom motivo pra que ele não fosse embora. Mas essa sou eu, né.
E também tem o McCarthy. Que descobriu quase tudo. Eu to com uma tremenda vontade de dar um belo soco na cara dele. Pra quê tinha que fuçar no celular do general?! Não foi ele quem disse que era seu amigo?! Porra, Emmett!!
Não pude deixar d rir com o bichinho virtual. Eu matei todos os meus. Eles ficavam apitando por remédio a noite inteira, quando eu trancava eles no armário do banheiro.
Tá, eu ainda estou nervosa. Vou precisar ler o cap. mais umas dez vezes pra matar a saudade do meu Gegê. Vou pedir pra ele ir comprar umas coisinhas pra mim também, parece q ele meio q tem vocação pra isso. Hahahaha
NATY, PARABÉNS, COMO SEMPRE! VALEU POR QUASE ME DAR UM ATAQUE NO CORAÇÃO NOVAMENTE!
P.S.: Ele NÃO PODE ir pra guerra. Que se phoda a posição dele! Não quero nem saber! Quem vai dormir de conchinha comigo? Hahahaha #modepervaon
Vou ler de novo!
Beijos!

Rainbow Butterfly disse...

Laurinha, maior não, pq o 11 foi beeeem maior do que qualquer outro q a naty já escreveu!

Rainbow Butterfly disse...

Incrível que, ao ler esse capítulo, eu lembrei imediatamente da música Love by Grace - Lara Fabian. Não sei pq, mas lembrei. Me pareceu perfeita para a despedida.

Lucele disse...

amei amei amei 
ficou mais que perfeita 
finalmente eles se declararam um para o outro pena que foi numa hora não tão boa 
estou coriosa pra saber tudo o que vai acontecer no proximo capitulo com a escoberta do Emmett e com a guerra.
quero ver também cmo  a Bella vai se virar sem o general
parabéns escritora o capitulo estava tão perfeito que esta ate proficional 
merece te apoio muito pelo livro sei que vai fazer sucesso.
pois a historia tem perfeição.
espero que vc não demore para postar estou muito coriosa para saber mais sobre a historia.
e realmente eu te desejo meus PARABÉNS 

Gabii disse...

Eu chorei...
Primeiro, o Gege ñ tem direito de morrer na porra dessa guerra,
Segundo, o Emmert ñ tem direito nenhum de mexer no celular do General, ele é maluko ou oq?
Terceiro, eu axo q essa declaração foi mto mai do q um simples te amo!
Quarto, se a Bella ou o Gege ñ fikarem juntos, ou se um dos dois morrerem, eu vou, eu vou ... ter no minimo um atake!

Espero q o prox cap seja postado logo, vou ser sincera, depois q eu termino d ler o cap. eu entro na maior depre!!!


bjo ♥

Beatrise disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH
Bastante mais bastante tampo depois!!!!!!!!!!
Eu ñ acredito, Quando vi fiquei correndo pelo quanto feito doida!!!!!!!!!!!!!!!!
Ainda ñ li mais presiso comparlilhar o que estou sentindo!!!!!!!!!!!!!
Volto depois queb eu ler

GabiClara disse...

Porra! Só a Nathalia pra me fazer chorar assim. To me sentindo uma idiota

sturibio disse...

Lindo, perfeito... Quando será postado o outro cap.? Responda por favor, não me deixe no suspense!!!!
 

Nessa disse...

Sinceramente estou sem palavras.

Parabéns..

Quando teremos o proximo?

Monique Lautner disse...

sério é a melhor fic que eu leio*-*
aaa esperei tanto tempo por esse capítulo 
Srtª Marques Virou minha nova diva *-*

Roberta. disse...

AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!!!!!!!
Essa declaração sem dúvida vale muito mais que um simpleS "eu te amo",cara foi o MELHOR capítulo de todos e olha que já o tinha lido em outro site de fanfics e está simplesmente PERFEITO!!!
Nati parabéns e continue assim e por favor não pare de postar,nós leitoras dependemos deles,se não ficaremos desoladas!!!

Mil beijos ;*

Rainbow Butterfly disse...

Amiga, vc me entende!!! Pensei o mesmo q vc. Mas eu mudaria um pouco o quarto ponto. Porque ataque é uma coisa muuuuuuuito abaixo do que eu irei fazer. Pra começar, eu nem compro o segundo livro. Só de birra. Haushaushauhs'

Laryfamilia disse...

Adorei! pelo amor de Deus quando sai o próximo capitulo?? Bjos

Viicky disse...

A nati é d+++! Tá no meu Top 5 de escritoras de fics... Amo tanto essa fic... Nào vejo a hora de sair o livro!! AHH

Marii2121Luttz disse...

amei essa fic ela foi d+ 10
nat voce foi muito bo amei a fic valeu a pena pela espera
amei amei amei

sturibio disse...

e então, qndo sai o novo cap.?
estou super anciosa... e o livro da 1° temporada, sai qndo?

Camila disse...

Caraca, sinceramente valeu a pena a espera, o capítulo tá demais.
A história é sempre envolvente e a maneira q é escrita faz agente pensar que ta ali do ladinho vendo tudo.
Só q realmente depois de ler não tem como não querer o próximo.
Parabéns Natália.

JACQUELINE disse...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH

Jani castro disse...

AH MEU DEUS... EM TANTO TEMPO QUE EU NAO ENTRO NESSE SITE.. E QUANDO EU ENRO UMA SURPRESA... TEM CAPITULO NOVO. AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH... VOU TER QUE SAIR, MAS QUANDO EU VOLTAR EU VOU LER E COMENTAR... BJOS.

Fabi_Almeida disse...

Pra mim esse foi o melhor capítulo de todos até agora.
Principalmente no finalzinho quando a Bella fala tudo o que sente pelo Gege!
tô louca pra ler o próximo cap.

Joyce_florzinhas2 Cg disse...

BUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA CHORANDO MUITO AQUI!
MEU DEUS! NATHÁLIA VOCE É A MELHOR ESCRITORA DE FICS QUE EXISTE!
AAAAAAAAAAAA VAMOS POR PARTES:
1: O.M.G! NOOOSSA QUE CASA LEGAL! RI MUITO COM A BELLA QUANDO ELA COMEÇOU A RECLAMAR DA CABANA RSRSRS,MUITO CRIATIVA ESSA HISTÓRIA DE CASA DENTRO DA MONTANHA! O.o
2: Ôô MUITO TENSO ESSE LANCE DELES ESQUECEREM TUDO E FICAREM NO MODO PROFISSIONAL =/
3:OWN QUE FOFO O GEGE COMPRANDO LIVROS E O BICHINHO VIRTUAL PRA ELA! S2
4:KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK RI MUITO QUANDO ELE FOI COMPRAR AS COISAS DELA!
5:CARAAA E AGORA?! O EMMETT TEM UMA PROVA CONTRA O GENERAL! o.O *TENSOOOOOOOOOOOO
6:BUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA GENTE CHOREI MUITO AQUI! ELE VAI PRA GUERRA,ELE PODE MORRER! EU NÃO QUERO QUE ELE MORRA! :'( E A BELLA?! COMO ELA VAI FICAR?! COITADINHA.......QUE DESPEDIDA TRISTE......O GEGE DISSE QUE ELA FOI A MELHOR PORRA QUE ACONTECEU NA VIDA DELE!A BELLA CONFEÇOU TUDO!!!!
AAA CHEGA! SE NÃO CHORO DE NOVO!

XOXO.

Bellaads disse...

 aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiii meu DEUS
muuuuuuuuuuiiiito obrigado
eu já estava dando um treco!
muito obrigado mesmo por ter postado
tenho q ser cinsera  eu ja estava dando um trco mais
sempre vale a pena se e para a infiltrada
PARABÉNS!!!...............
por favor continue assimSEMPRE me surpriendendo!
bjoos
e peço que bote mais juizo na
cabeça da bella e edward
eles se amam ta na cara....

Jani castro disse...

Nate... vc é a pior e a melhor pessoa do mundo...

por que a PIOR???? oras, só por que vc passa quase dois meses sem postar nada e ai do nada posta esse capitulo MARAVILHOSO... e deixa agente assim. com a pulga atras da orelha.

e a MELHOR: simplesmente por ter escrito esse capitulo MARAVILHOSO... meu Deus eu quase tive um ataque do coração aqui menina... 

 - a casa dele é simplesmente incrível... ( onde eu posso compra uma igual? ) 

- o Gege ( o maravilhoso Gege ) comprando calcinha, sutiã e absorvente ... foi inpagavel SHAUSHUSHAUHSAUHAUHS... 

- e como assim ele vai para guerra????? ( ELE  NAO PODE MORRER ) 

- e outra, que ideia essa do emmett ficar fuçando o celular do Gege ( acho q depois dessa, ele vai ajudar o general a esconder a bella ) ( o que??? a esperança é a ulltima que morre, nao é ??? ) 

- AAAAAAAAAAAAAALLLLLLLLLLLEEEEEEEEEEEEEEEEELLLLLLLLLLLLLLUUUUUUUUUUUUUIIIIIIIIIIIIAAAAAAAAAAA... ALELUIA ALELUIAALELUIAALELUIAALELUIA ...  ate que em fim aqueles dois  desseram o que sentia.  espero mais.

Jani castro disse...

espero muito mais...  EU TE AMO DONA NATÁLIA MARQUES!!!!!  quero o meu livro autografado... ok " )

Marii2121lutz disse...

adorei a espera vale a pena
amei amei amei
bjs Mari Fonso

convidado disse...

adorei a história!!!  *--*
o gege pode até ir pra guerra,
MAS  ELE  NÃO   PODE MORRER!


se ele morrer eu me mato  ¬¬'

Ket Kezia disse...

AI meu Deus, amei ! muito lindo. Não aguentei, chorei muito no final !

Luisa Liima disse...

OMG , não existe fic melhoor !
amei , amei c9

Sarahcturibio disse...

Nat, me dê pelo menos uma previsão de qndo vai sair o proximo, por favor!!

Lebelchiordias disse...

aleluia

Rosanevampira disse...

Esse McCarthy nao tem jeito mesmo.Q cara inchirido e q vontade de socar ele todo.Mas enfin eu acho q estao no caminho certo.De certa forma essa he a maneira dela dizer q o ama: '' Tudo
o que eu quis nesses meses foi correr para seus braços quando você
entrava por essa porta... Foi simplesmente parar o assunto Volturi por
algum tempo e poder ficar somente junto de você, sentindo você comigo.” E elle assim: “Saiba que você foi à melhor porra que aconteceu na minha vida.”

Rosanevampira disse...

 aiiiiii por favor naao demora muito pra escrever nao porque eu vou acabar chorando como eu chorei quando li que ele poderia nunca mais voltar

Gizabella disse...

quando vc voltará a se lembrar que estamos lendo ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

Luuly Petters disse...

Amei , achei lindo demais , parabéns autora , vc é um genio !

Garielle Marianno disse...

Gente qnd vai sai maisss to loka pra sabe
                     bjssssss

Haylalalarissabermeo disse...

Ai posta logo outro capítulo.

Luuly Petters disse...

É a terceira vez que eu to lendo , e eu naum me canso nem um pouco , é lindo demais  , e de novo autora vc é o máximo , Bella sua tança , pq naum agarrou ele e enfiou ele dentro da casa. E que se foda o Emmett , esdse idiota ! Amo .

Rosanevampira disse...

se o gege morrer na guerra nao vai ter mais graça hum!!!!!!
o gege nao pode morrer

ni disse...

poxa quando é q vc vam postar :
no amor e n guerra parte 1 e2 e vale tudo 1 ,2 e 3???????????????????????
o site t bem trazado!!!

Lucele disse...

posta logo amor 

RayanneValentin disse...

Precisamos de outro cap.! ja são mais de três meses!!!

Vanessa_joynelly disse...

Nossa tem que ter muita coragem pra fazer oque ela fez mais estava certa, ele o General tbm esta ele não vai morrer ele não pode não agora não deixando o McCarty solto com ele tento ideias sobre a ALFA-I

Lucele disse...

amor sei que vc esta lançando o seu livro da primeira temporada mais eu queria te pedir que não parace de escrever para as sua fãs leitoras da internet 
porque estou muito curiosa para saber o que vai acontecer na continuação da segunda temporada 
há e eu queria que vc me desse o link para eu comprar a primeira temporada 
do seu livro 
obrigada 

Andressa Neri disse...

OMG ! Mooorri com esse capítulooo OOOOOOOOOOOOHHHHHH !

Nathalia Passos disse...

Nossa lindo esse capitulo. ate me emocionei. parabens

Beatrise B. C. disse...

GENTE JA FAZ MUITO TEMPO QUE A INFILTRADA FOI POSTADA E EU SEI Q NAO FOI CULPA DA AUTORA MAIS É INCRIVEL Q EU NAOI CONSIGO LER NA COMUNIDADE DELA ME SALVEM EU PRESISO LER MAIS AGORA QUE EU TO VICIA EU TO EM CRISE DE ABSTINENCIA ......
.
.
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Pronto ja me acalmei eu to aqui para pedir para vcs vizitarem o meu blog q é queromaiselereescrever.blgspot.com
Eu to aqui para pedir audiencia para o dia 1 abril....
E se alguma de vcs quiserem postar uma fic no meu blog é so me mandar para o e-mail bianca-correa@hotmail.com q vai aparecer na estreia espero o cometario de vcs....

Beatrise B. C. disse...

GENTE JA FAZ MUITO TEMPO QUE A INFILTRADA FOI POSTADA E EU SEI Q NAO FOI CULPA DA AUTORA MAIS É INCRIVEL Q EU NAOI CONSIGO LER NA COMUNIDADE DELA ME SALVEM EU PRESISO LER MAIS AGORA QUE EU TO VICIA EU TO EM CRISE DE ABSTINENCIA ......
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Pronto ja me acalmei eu to aqui para pedir para vcs vizitarem o meu blog q é queromaiselereescrever.blgspot.com
Eu to aqui para pedir audiencia para o dia 1 abril....
E se alguma de vcs quiserem postar uma fic no meu blog é so me mandar para o e-mail bianca-correa@hotmail.com q vai aparecer na estreia espero o cometario de vcs....

ThaísLemos =) disse...

putz, to chorando muito ! caraaca ! que capitulo triste e lindo ao mesmo tempo, meu deus ! ;/

pleeeeeease, posta logo o novo capitulo, nao to aguentando de ansiedade ! 

Nathalia Passos disse...

Uauuu perfeitamente perfeito, essa é com certeza uma historia de amor digna de ser sentida ou vivida. Parabens sinceramente pode ter certeza você tem talento!

Thaíssa disse...

Oi Nathalia, li A infiltrada (livro) e tb a fic e me apaixonei pela história. Essa Bella é muito segura de si e a cópia do General Cullen, sim prefiro Beward . Muitas vezes tive vontade de socar os dois por não conseguirem enxergar  um palmo na frente deles. Fiquei muito feliz quando descobri a continuação e devorei com todas as minhas forças até chegar nesse último cap att, digo que foi um dos mais importantes p mim. Agora menina, não consigo tirar a fic da cabeça! Não me conformo em saber que ela está sem att. Tb sou autora e sei que muitas vezes precisamos parar por vários motivos, você certamente teve que se dedicar um tempo na revisão do livro e tb tem sua vida pessaol. Mas por favor, com esse talento e essa história tão linda nas mãos é uma pena não vê-la prosseguindo.
Eu gostaria de saber se vc tem previsão para voltar  a postar a fic, pq vi no blog que está sem previsão, mas como uma grávida ansiosa queria ter uma noção que como será daqui p frente a continuidade da fic.
Mais uma vez parabéns pela história e muito sucesso com o livro!!
bjs    

Joyce_floor2012 disse...

Pow ainda não postaram? Caramba, quero muito ler!

Beatrise disse...

Gente vão procurar o fan page no facebook para poder ter mais noticias da fic que ja vai sair a sugunda temporada em livro ainda esse ano. E saibam que o blog esta parado ja faz muito tempo e naum vai mais ter outros posts aqui...

Marcella Lemos disse...

nossa .... simplismente maravilhoso ... chorei mto e me diverti mto!!! vc simplismente tem mto TALENTO, mas pf nao se esqueça de nós leitores que estamos super curiosos pra saber o que acontece!!!!!

Michelly disse...

Com certeza um dos capitulos mais emocionantes e por que não mais esperados de A Infiltrada!

Pra mim essas declarações de um para o outro valeu mil vezes mais do que um simples "Eu te amo",até pq eles não tem muita noção disso ou apenas não kerem reconhecer o q realmente sentem.

Essa fic é demais galera!

Muito ancíosa,só na expectativa de ler o desenrolar dessa história fabulosa!

Kristen disse...

Oi! É vc mesma que está postando essa fic no Nyah Fanfiction?

Isabella disse...

Essa é a parte que a gente morre pq ainda não tem continuação!! Meu Deus, vou chorar! Ansiosa pelo seu segundo livro! Li o primeiro, mas ainda não comprei por estar em falta na saraiva. Comprarei assim que chegar. Parabéns, pq vc é foda! Essa historia é tudo, meu Deus

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