Nascer do Sol - Capítulo 25: Uma Mera Semelhança

Nota da Autora: meus amores, usei os extras da SM pra escrever esse capítulo... espero que gostem!

À medida que a estrada se estendia à nossa frente, Bella parecia ficar mais angustiada. Jasper precisava ficar atento na estrada, não estava ajudando tanto quanto ele queria. Como eu queria. Sentir suas lágrimas quentes caindo sob minha pele foi algo inexplicavelmente triste. Pela primeira vez eu senti o quanto uma lágrima de dor pode pesar. Bella estava triste e eu não podia fazer muito para confortá-la.
Quis parar algumas vezes. Edward me lembrou que Bella precisava comer. Suponha-se que os humanos devam comer a cada três horas, eu me lembro de Carlisle ter dito algo sobre isso. Fora que havia outras necessidades fisiológicas e eu creio que seja desnecessária a descrição. Bella se demonstrou teimosa. Pediu a Jazz para continuar seguindo com o carro. Não poderia forçá-la a comer se não quisesse, mas uma hora ela teria que fazer isso.
Quando chegamos em Los Angeles, pedia Jasper para que mudasse a rota. Paramos em um shopping para comprar algo que Bella pudesse comer. Ela ainda usava as roupas da Esme, portanto eu acredito que ela deveria termais algumas mudas de roupas. Isso me daria alguma chance de conhecê-la melhor.
- Fique com o carro – eu pedi.
- Você tem certeza? – ele perguntou.
- Eu não vejo ninguém aqui - respondi. Seria melhor assim. Ele ficaria em alerta do lado de fora. Haveria muitos humanos no shopping para eu ter que cuidar de Jazz e Bella ao mesmo tempo. Eu podia confiar nele, mas não posso colocar em uma prova de fogo, não nessa situação.
Entramos no shopping e a dirigi até a praça de alimentação. As compras ficariam para depois. Primeiro, dever, depois o lazer.
- O que você quer comer? – perguntei. Ela pediu um sanduíche de peru e também para ir ao banheiro. – Tudo bem. – respondi, pegando em sua mão quente.
- Eu posso ir sozinha. – ela disse.
- Desculpa, Bella, mas Edward vai ler a minha mente quando ele chegar aqui, e se ele ver que eu deixei você sair de vista por um minuto... – eu disse, fazendo uma pausa. Eu não quero nem pensar no que Edward faria comigo se soubesse que a deixei sozinha.
Fomos ao banheiro. Eu a deixei ir sozinha, mas estava atenta a tudo o que estava acontecendo. Voltamos à praça de alimentação para que ela pudesse comer. Fiquei observando ela comer. Era... diferente. Interessante. Era bom poder observar um humano tão de perto.
- A comida que você come é definitivamente mais conveniente. Mas ela não parece muito divertida. - Eu disse, fazendo uma careta. Definitivamente, a comida não cheirava tão bem quanto sangue.
- Caçar é mais excitante, eu imagino. –ela disse. Que bom, seu senso de humor havia voltado. Dei um grande sorriso e imaginei ser a hora perfeita para as compras.
Comprei alguns óculos escuros. Afinal, estávamos na Califórnia e logo nossas olheiras seriam mais evidentes. Comprei também uma escova e alguns elásticos. Seus cabelos pareciam um ninho de pássaros. Precisávamos dar um jeito nisso logo.
Logo entramos em uma das minhas lojas preferidas. Graças a Deus existia uma delas em Los Angeles.
- Você deve ser tamanho dois. – eu disse, enquanto pegava roupas para ela e para mim.
Bella ficou atenta a tudo e percebeu que a vendedora se referiu a mim pelo nome do meu cartão de crédito.
- Do que ela te chamou?
- O cartão de crédito diz Rachel Lee. Nós vamos ser muito cuidadosos para não deixar nenhum tipo de pista para o perseguidor. Vamos trocar as suas roupas.
Dei a ela um lindo vestido azul e sandálias de couro que havia comprado enquanto ela estava provando as roupas. Edward me agradeceria depois. Joguei fora as roupas que ela vestia. Mas mandei que mantivesse os tênis. Serviriam pra alguma coisa depois.
Jazz estava nos esperando no estacionamento. Ele me olhou com a mesma cara de sempre, quando resolvo fazer compras.
- Eu sabia que deveria ter ido junto - ele murmurou.
- Sim. Elas teriam te adorado no banheiro feminino. – respondi. Ele ficou quieto.
Entreguei os óculos de Jazz, de Bella e coloquei os meus. Usei uma pilha de roupas para que Bella deitasse.
- Você precisa dormir agora. – eu disse.
- Você não deveria ter me comprado todas essas coisas - ela murmurou.
- Não se preocupe com isso, Bella. Durma. Eu repeti.
- Obrigada. – Ela disse, caindo num sono profundo.
Seguimos a viagem em silêncio por algumas horas. Jazz quebrou o silêncio.
- Sabe que Edward não aprovará esta parada no shopping, não é? Você a colocou em risco.
- Não houve risco algum. Eu vi. O perseguidor ainda está pelos arredores de Forks. Ele segue Edward e a fêmea Esme.
- Eu sei, Alice. Mas isso pode não acabar bem.
- Vai acabar bem. Confie um pouco mais no que eu digo. – eu disse um pouco nervosa.
- Não estou dizendo que não confio. É claro que confio. Mas eu realmente estou preocupado em passar alguns dias sozinho no quarto de um hotel com Bella.
- Você não estará sozinho. Eu estarei lá com você. Sempre! - Eu dei as mãos a ele. – Bella acordará em breve.
- Então, o que vamos fazer?
- Melhor ficar perto do aeroporto. Edward virá assim que possível. Melhor que esteja perto, não concorda?
- Sim. Por onde devo ir? – ele perguntou.
- Vou descobrir. – eu disse, voltando para o meu tom e voz normal. – Bella, em que direção fica o aeroporto?
- Fique na 1-10. – ela respondeu. - Nós vamos passar direto por ele. Vamos pegar um vôo pra algum lugar? – ela perguntou.
- Não, mas é melhor ficar por perto, na dúvida. – eu respondi. Peguei o celular e liguei para a central de informações na intenção de descobrir algum hotel perto do aeroporto.
- Por favor, gostaria de fazer uma reserva de uma semana em nome de Christian Bower. – eu disse à telefonista do hotel, dando as informações exigidas. Ao terminar, Bella pediu para falar com o pai.
Observei atentamente a sua expressão. Era muito bonita a sua preocupação com o seu pai. Tive um flash estranho, como se um passado tivesse voltado à tona ou algo assim. Um lenço... Uma jovem e um lenço. Um homem de olhos azuis se distanciava dela e senti uma tristeza em meu peito. Aquilo me doeu. Nunca tinha visto aquele homem, mas de certa forma ele parecia familiar.
Despertei do meu transe quando Bella terminou de falar com Charlie Swan.
Ao chegarmos ao Hilton, Jasper foi fazer o check-in. A recepcionista o fitou bastante, Fitou demais para o meu gosto. Jazz foi frio em sua resposta: - Bower. – ele falou.
Subimos até o nosso quarto. Era espaçoso, achei que Bella estaria confortável. Observei dentro dos quartos para ver se estava tudo ok, enquanto Jazz fechava as cortinas.
- Peça alguma coisa – ordenei a ela.
- Eu estou bem. – ela respondeu.
- Edward vai arrancar a minha cabeça se eu não cuidar bem dela. – eu murmurei, certa de que ela não ouviu exatamente o que falei. Peguei o cardápio e passei para ela, ignorando a sua má vontade em comer.
- Alice, sério. - Ela me falou, e caiu no sono. Humanos às vezes são tão chatos. Dormem facilmente. Quando vamos conversar?
- Bella dormiu de novo? – Jazz me perguntou.
- Sim. – eu sorri, sentando na poltrona perto do sofá. – É interessante vê-la dormir, Edward estava certo. Vou sentir falta disso quando ela se tornar uma de nós.
- Você está bem certa disso, não é? – ele me perguntou.
- Seu destino está cada vez mais nítido em minha cabeça. Eu a vejo, branca... olhos dourados... uma de nós.
- Sabe o que Edward vai dizer se... – ele começou.
- Não vou contar a ela. Ela não irá saber se não quiser. Mas ela tem o direito de saber. É o futuro dela, ela tem opções... Assim como este cardápio. Eu não faço idéia do que pedir a ela.
- Venha cá, eu te ajudo. – ele pegou o cardápio das minhas mãos e discou para o serviço e quarto.
- Deve ser mais fácil pra você, eu não me lembro do que gostava de comer... – eu disse a ele.
- Tudo no seu tempo, não vamos forçá-la a nada. Não é? – ele disse.
Concordei.
Ficamos alguns minutos em silêncio, mas não me contive e disse a ele.
- Sabe, mais cedo eu tive um flash... Uma pessoa. Acho que pertenceu a meu passado.
- Sério? –ele me olhou incrédulo. – O que?
- Um homem... não sei ao certo, parecia familiar... Conversaremos sobre isso depois, sim? Bella vai acordar em alguns minutos. – eu disse enquanto esperava em pé ao lado da porta. O toque fez Bella despertar e bater a cabeça. Ela era muito desastrada. Jasper não conseguiu conter o riso. Eu prendi, mas dei uma leve risadinha.
- Você precisa de proteína. Edward não vai ficar feliz se o seu sangue cheirar anêmico quando ele chegar aqui. – eu sorri.
Sentei ao lado de Jazz, fingindo assistir televisão.
- Tive um flash rápido da fêmea, enquanto eu ia atender a porta. – eu disse rapidamente, num som inaudível à Bella.
- E então?
-Ela está vigiando a casa. Segue os passos do chefe Swan, mas Esme e Rose estão lá para protegê-lo. Ela já pensou em atacar, mas está em desvantagem e teme que qualquer coisa que faça possa influenciar em Edward matar ou não o seu companheiro.
- Não deixe isso escapar a Bella, por favor. Ela já está preocupada e nervosa demais. Temo que ela tenha alguma reação contrária caso eu insista nas cargas de tranqüilidade em cima dela.
- Não se preocupe. Não contarei... – eu garanti.
- Também não deve contar sobre o futuro que a espera... – ele me pediu, mas eu interrompi.
- Não se preocupe, Jazz. Edward já me fez prometer. Não preciso que ninguém fique me policiando. – eu disse um pouco irritada. Ele sabia que a conversa se encerrou ali. Não ia brigar com ele na frente de Bella.
Eu definitivamente devia tê-la avisado que a camareira estava chegando. Ao toque da mulher na porta, Bella deu outro pulo no sofá. A senhora havia trazido objetos de limpeza. Entreguei a sacola para Bella e então as lágrimas começaram a escorrer no seu rosto.
- Vocês são tão gentis comigo. – ela nos disse entre suas lágrimas. Ela tinha um coração bom. Ela era gentil. Ela não via o quanto ela estava fazendo nossa família – menos a egoísta da Rosalie – feliz? Jazz me surpreendeu, agindo por impulso e colocando os braços pelos ombros de Bella.
- Você é parte do grupo agora - ele brincou, sorrindo calidamente.
-Obrigada. – eu sorri e sussurrei a ele. Sabia que ele estava querendo se redimir da briga. Mas aí Bella desmaiou. Não desmaiou de verdade, é claro, mas Jazz deu a ela uma dose extra de calma que a fizeram dormir.
. - Muito súbito, Jasper - eu disse a ele. Peguei Bella nos braços e a levei para a cama do seu quarto.
Voltei e olhei bem para a cara do meu marido.
- Isso foi golpe baixo. – eu ri.
- Ela precisava dormir. Ela está muito tensa. Quando ela dorme, eu também fico mais relaxado.
- Você está bem? – eu disse, me aproximando e ficando na ponta dos pés para dar um beijinho em seu queixo.
- Estou me saindo melhor do que esperava, baixinha. – ele sorriu.
- Eu sei. Não disse? Estou muito orgulhosa de você. Venha, vamos distrair um pouco a cabeça, ver TV. Os outros estão bem, não vi nada mudar. Pelo menos não por agora...
- O que você quer ver? – ele me perguntou.
- Hum... – eu peguei o controle e passeios canais até chegar a um que estivesse passando algum filme legal.
- Ah... um clássico. – ele sorriu ao ver o filme preto e branco na tela da grande TV de plasma.
- Foi do ano que nos conhecemos. – eu lembrei a ele.
- Eu sei. Parece que foi ontem. – ele sorriu.
Assisti metade do filme com ele, mas logo fiquei impaciente. Bella iria acordar e eu queria ver se ela estava bem.
- Pode ir querida. Duas criaturas impacientes no mesmo quarto, eu creio que não darei conta.
Sorri e fui até o quarto de Bella. Dei uma leve batida na porta e ouvi a cama dar um pequeno solavanco. Ela devia ter se assustado. Sorri por um momento imaginando a cena.
- Posso entrar?
- Claro. – ela disse
- Parece que você poderia dormir um pouco mais. - eu brinquei. Ela apenas balançou sua cabeça. - Vamos precisar ficar aqui dentro.
- Tudo bem. - ela concordou.
- Sede? – eu disse, percebendo sua voz alteradamente roca.
- Eu estou bem. E você? – ela me perguntou.
- Nada que não possa ser arranjado. – eu tentei parecer divertida. - Eu pedi comida pra você, está na sala da frente. Edward me lembrou de que você tem que comer mais frequentemente que nós. – eu falei. Seus olhinhos brilharam ao ouvir o nome do meu irmão. Eu provavelmente não devia ter dito o nome dele.
- Ele ligou? – ela prontamente perguntou.
- Não... Isso foi antes de irmos embora. – eu revelei. Pobrezinha.
Peguei sua mão quente e a conduzi até a sala para que pudesse comer.
Enquanto ela sentava, tive outra visão.
O rastreador. Ele corria rápido, eu não tinha certeza onde ele estava. Ele estava saindo da floresta, ele estava falando com alguém pelo telefone. Estava tudo ficando muito confuso, eu não tinha certeza, mas ele mudava de planos rapidamente. De repente, todas as decisões que ele tomava me levavam a um único final: Bella como uma de nós.
Olhei para ela assustada. Então ele seria o vampiro que a transformaria? Seria essa a única chance? Seria esse seu destino?
- Qual é problema, Alice? – ela perguntou.
- Não há nada errado. – eu disse a ela. Ela não pareceu muito convencida disso.
- O que nós fazemos agora? – ela insistiu.
- Nós esperamos Carlisle ligar. – eu falei, calmamente.
- E ele já devia ter ligado? – sua voz parecia um pouco alterada. Apenas olhei para o telefone, pensando no que dizer a ela. - O que isso significa? Que ele não ligou ainda?
- Isso só significa que eles ainda não têm nada para nos dizer. – eu respondi.
De repende Jazz já estava do meu lado.
- Bella, você não tem nada com o que se preocupar. Você está completamente segura aqui. – ele falou a ela.
- Eu sei disso.
- Então porque você está assustada? – ele questionou.
- Você ouviu o que Laurent disse. Ele disse que James era letal. E se alguma coisa der errada, e eles se separarem? E se alguma coisa acontecer com algum deles, Carlisle, Emmett... Edward... E se a fêmea machucar Esme... – ela perguntou. - Como eu poderia viver comigo mesma sabendo que é minha culpa?
Nenhum de vocês devia estar se arriscando por mim...
- Bella, Bella, pare.- Jazz tentou acalmá-la. - Você está se preocupando com as coisas erradas, Bella. Confie em mim, nenhum de nós corre risco. Você já tem coisas demais com as quais se estressar; não adicione isso tudo á preocupações desnecessárias. Me ouça! Nossa família é forte. Nosso único medo é perder você.
- Mas porque vocês deveriam... – eu a interrompi, tocando levemente suas bochechas.
- Já faz um século que Edward está sozinho. Agora ele encontrou você. Você não consegue ver as diferenças que nós vemos, nós que temos estado com ele há tanto tempo. Você acha que algum de nós vai querer olhar nos olhos dele pelos próximos cem anos se ele perder você?
Ela ficou por algum tempo olhando dentro dos meus olhos. Eu não tinha certeza se o impacto das palavras finalmente a fizeram despertar ou se era o medo do dourado estar sumindo das minhas íris. Mas ela se manteve mais calma depois dessa conversa e a maior parte dela sem a ajuda de Jazz.
Eu e Jazz nos mantivemos sentados o tempo todo, olhando Bella fazendo diversas coisas. Era curiosa, tanto para Jazz como para mim, a inquietação dos humanos. Bella sentava, levantava, olhava pela janela, olhava os quadros, passava sua mão pela parede, ia ao banheiro, voltava... Se eu pudesse me cansar, eu com certeza já estaria só de ver o quanto ela se mexia.
Ela resolveu ir para o quarto e eu decidi segui-la. Vi que ela gostaria de alguém para conversar. Na verdade, ela não queria conversar, mas eu estava louca para saber mais dela. Mas não iria forçar, a conversa fluiria dessa vez.
Sentei na cama ao seu lado enquanto ela deitava.
- Alice? – finalmente ela quebrou o silêncio.
- Sim?
- O que você acha que eles estão fazendo? – ela perguntou. Achar e saber são duas coisas extremamente diferentes... Resolvi ficar com o que eu SEI do plano e o que ACHO prudente contar.
- Carlisle pretendia levar o perseguidor tão longe para o Norte quanto fosse possível, esperar que ele se aproximasse, e então encurralar ele. Esme e Rosalie deviam ir para o oeste enquanto a fêmea ainda estivesse atrás delas. Se ela fosse embora, elas deveriam voltar pra Forks pra tomar conta do seu pai. Então eu imagino que se eles não podem ligar, eles estão indo bem. Significa que o perseguidor está muito perto e eles não querem que ele os ouça.
- E Esme?
- Eu acho que ela já deve ter voltado pra Forks. Ela não vai ligar se houver alguma chance de que a fêmea ouça. Eu espero que eles todos estejam apenas sendo cuidadosos. – expliquei. Ela tinha que parar com a mania de achar que Esme era frágil. Embaixo daquelas lindas ondulações carameladas existe uma criatura extremamente forte.
- Você acha que eles estão a salvo, mesmo?
- Bella, quantas vezes teremos que te dizer que não há perigo pra nós?
- Contudo, você me contaria a verdade? – ela me perguntou. Ai... Quais verdades?
- Sim. Eu sempre vou te contar a verdade...
- Então me diga... Como é que você se tornou uma vampira?
Emmett tinha razão. Ela era diabólica. Me pegou desprevenida. Como isso foi possível? É claro que eu queria contar, mas Edward provavelmente vai me exilar de sua vida. Ela olhou para mim e acho que percebeu o meu conflito.
- Edward não quer que eu te diga.
- Isso não é justo. Eu acho que tenho o direito de saber. – ela disse em resposta.
- Eu sei... – eu disse. Dei um longo suspiro desnecessário, mas ela tinha que entender a gravidade da situação. - Ele vai ficar extremamente zangado.
- Isso não é da conta dele. Isso é entre mim e você. Alice, como amiga, eu estou te implorando. – ela falou.
Amiga... Amiga...
AMIGA! Sim, Bella me tinha como amiga. Finalmente, finalmente. Eu tive que me controlar para não tagarelar sobre toda a minha história... A história que eu não sabia ao certo, mas sobre as coisas que eu acreditava. Resolvi contar como tudo funciona.
- Eu vou te contar o lado mecânico da coisa, mas nem eu mesma me lembro do que aconteceu, e eu nunca fiz isso ou vi sendo feito, então fique consciente de que só posso te contar o que eu sei na teoria. Como predadores, nós temos um excesso de armas em nosso arsenal físico muito, muito mais do que aquilo que realmente necessitamos. A força, a velocidade, os sentidos aguçados, sem mencionar aqueles como Edward, Jasper e eu, que temos sentidos extras também. E então, como uma flor carnívora, nós somos atraentes para a nossa presa.
Ela pareceu atenta a tudo o que eu disse.
- Nós temos outra arma um tanto quanto supérflua. Nós também somos venenosos. - eu disse. Pensei “não como a Rose”... e sorri. - O veneno não mata, é meramente incapacitante. Ele se espalha lentamente, se espalhando na corrente sanguínea, pra que, uma vez mordida, a presa sente dor física demais para escapar. Um tanto quanto supérfluo, como eu disse. Se nós estivermos tão perto, a presa não vai escapar. É claro que sempre existem exceções. Carlisle, por exemplo.
- Então... O veneno é deixado lá pra se espalhar... – ela concluiu.
- Levam alguns dias para a transformação estar completa, dependendo de quanto veneno há na corrente sanguínea, de quão devagar o veneno entra no coração. Enquanto o coração continua batendo, o veneno se espalha, curando, mudando o corpo enquanto passa por ele. Eventualmente o coração para, e a conversão chega ao fim. Mas durante todo o tempo, durante cada minuto, a vítima deseja estar morta.
Ela tremeu. Provavelmente imaginando a dor.
- Não é muito prazeroso, sabe.
- Edward disse que era uma coisa muito difícil de fazer... Eu não entendi muito bem. – ela disse.
- Nós também somos como tubarões, de certa forma. Quando nós experimentamos o sangue, ou mesmo se tivermos apenas sentido o cheiro dele, se torna muito difícil não se alimentar dele. Às vezes é impossível. Então veja, morder alguém de verdade, experimentar do sangue, isso começaria o frenesi. É difícil para os dois lados: a luxúria pelo sangue de um lado, a dor horrível do outro. – eu falei. Essa era a única coisa da qual eu não me orgulhava por ser o que eu sou.
- Porque você acha que não lembra?
- Eu não sei. Pra todos os outros, a dor da transformação é a memória mais forte da vida humana. Eu não me lembro de como é ser humana... – eu disse. Comecei a deixar meu pensamento vagar. Pra longe... Onde, na verdade, eu não sabia. Vi algumas figuras formando em minha cabeça. Uma velha senhora... Cabelos grisalhos, feições tristes, mas muito amorosa com uma pequena figura de cabelos ondulados e castanhos que a abraçava e sorria. Seu rosto lembrava o de Bella e tinha grandes olhos chocolate. De repente a visão ficou turva e foi substituída por outra. James. Pulei da cama imediatamente, antes que pudesse entrar em transe.
- Algo mudou. – eu anunciei.

4 comentários:

Gustavo Bontorin disse...

O loko meul moh legaulzau desmais das contas velhos monaos que estao na paradinha e as gatinhas que tao lendo algumaquer paçar uma noite na minhas casa eu tenho um pau grandoao aee!

Maria disse...

Affe que tipo da criatura

Anônimo disse...

Aff... a gente tá lendo em paz e aparece um perturbado desse! Que tipinho de criatura!!

BellaCullen disse...

Como vc é idiota e imbecil :@@

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