Nascer do Sol - Capítulo 26: Duas Faces de Um Banheiro

Senti a presença de Jazz no quarto.
- O que você vê?
- Eu vejo um quarto. É longo, e tem espelhos me todo lugar. O chão é de madeira. Ele está nesse quarto, e ele está esperando. Há dourado... Uma faixa dourada por entre os espelhos.
- Onde é o quarto?
- Eu não sei. Está faltando alguma coisa. Outra decisão que ainda não foi tomada.
- Quanto tempo?
- Em breve. Ele estará na sala dos espelhos hoje, ou talvez amanhã. Isso depende. Ele está esperando por alguma coisa. E ele está no escuro agora.
- O que ele está fazendo?
- Ele está assistindo Tv... não, ele está passando uma fita de vídeo, no escuro, em outro
lugar. – Achei aquilo estranho. Pra que ele iria querer ver um vídeo?
- Você consegue ver onde é?
- Não, é escuro demais...
- E o quarto dos espelhos, o que mais há lá?
- Só os espelhos, e o dourado. É uma faixa, ao redor da sala. E há uma mesa preta com um grande som e uma TV. Ele está tocando um videocassete lá, mas ele não está assistindo como faz na sala escura. Nessa sala ele só espera... – eu disse, e a visão foi embora. Foquei os olhos no rosto de Jasper... Ele estava se aproximando.
- Não há mais nada? – ele perguntou.
Balancei a cabeça negativamente. - O que isso significa? – ele perguntou.
- Significa que os planos do perseguidor mudaram. Ele tomou uma decisão que vai guiá-lo ao quarto dos espelhos, e ao quarto escuro. – respondi.
- Mas nós não sabemos onde esses quartos são?
- Não.
- Mas nós sabemos que ele não estará nas montanhas á Norte de Washington, sendo caçado. Ele vai enganá-los. – Jasper concluiu. Vampiro idiota, ele tinha que estragar nossos planos?
- Devemos ligar? – Bella perguntou.
Isso não seria necessário. Eu já havia pegado o telefone quando ele tocou.
- Carlisle.
-Alice, Bella está bem? – ele perguntou.
- Sim. - eu disse, olhando para ela.
- Perdemos o rastro de James. Ele não está mais ido para o norte do estado. Rosalie disse que a fêmea estava no aeroporto, mas não sabemos se ele pegou o avião ou o destino...
- Eu acabei de vê-lo. Numa sala de espelhos e depois em um quarto escuro. O que quer que tenha colocado ele naquele avião... Está levando ele para aquelas salas...
- Alice? – ouvi a voz do meu irmão.
- Sim?
- Por favor, deixe-me falar com Bella.
- Bella?
Então ela atendeu para falar com Edward. Reuni-me com Jazz. Onde será que ele poderia ter ido?
- O que faremos? Sairemos daqui?
- Não, não antes de saber onde é esta maldita sala. –Jazz disse.
-Pode ser qualquer coisa. Um salão, uma casa, um museu, um quarto de hotel barato... Vários lugares têm espelhos, Jazz...
- Acredito que ajudará se você desenhar. Não consigo visualizar esse quarto.
Coloquei no papel o lugar que vi em meus pensamentos. Enquanto rabiscava, Bellase aproximou de nós.
- É um estúdio de Balé. – Bella disse.
- Você conhece essa sala? – Jazz perguntou.
Não ouvi muito da conversa deles, estava tentando desenhar com perfeição para que ela tivesse certeza do local. Certamente o encontraríamos mais rápido se soubéssemos onde.
- É só que o formato me pareceu familiar... – ela falou.
- Você teria algum motivo pra ir lá agora? – eu perguntei.
- Não, faz quase dez anos que eu não vou lá. Eu era uma dançarina horrível, eles sempre me colocavam no fundo dos recitais. – ela falou.
- Então não tem jeito disso estar ligado á você? - perguntei.
- Não, eu nem acho que o dono seja o mesmo. Eu estou certa de que é algum outro estúdio de dança, em outro lugar. – ela falou. E por que raios um vampiro iria parar num estúdio de balé?
- Onde era o estúdio que você freqüentava?- Jasper perguntou.
- Era na esquina da casa da minha mãe. Eu costumava ir andando pra lá depois da escola...
Então... Na esquina de sua antiga casa...
- Aqui em Phoenix, então? – Jazz perguntou.
- Sim...Rua cinqüenta e oito com Cactus.
Fiquei pensando. Ele está mais próximo do que eu pensava.
Bella pediu para usar o telefone e falar com sua mãe. Ela deixou uma mensagem com o número do meu celular.

***

Fiquei rabiscando no papel a outra sala. A escura, onde só via a luz da TV. Bella pegou no sono, então a coloquei na cama.
Voltei para a sala e esperei que algo de novo acontecesse.
Nada...
- Sabe que não funciona assim. – Jasper olhou para mim, sentada de pernas cruzadas e olhos fechados, em pose de meditação.
- Não me desconcentre. – eu abri um olho, enquanto dava língua a ele. Ele soltou um pequeno sorriso. – Vamos, visão, venha! Venha, visão, venha!!!
Fiquei repetindo meu mantra por uma hora. Quando desisti de me concentrar, eu consegui visualizara imagem: a sala estava mais clara.
Jazz me deu um papel e eu comecei a desenhá-la.
Bella havia acordado e estava ao seu lado.
- Ela viu mais alguma coisa?
- Sim. Alguma coisa o trouxe de volta á sala de videocassete, agora está claro. – ele respondeu.
Desenhei em detalhes tudo o que via. A voz de Bella quebrou a minha concentração. Não foi ruim dessa vez.
- O telefone fica aqui. – ela falou.
Olhamos para ela. Ela conhecia aquele lugar?
-É a casa da minha mãe.
Não esperei ouvir de novo. Peguei o telefone enquanto Jazz dava a ela uma descarga de tranqüilidade. Logo ela poderia entrar em choque.
- Edward? O rastreador... Ele está em Phoenix.
- Como?
- Acabei de ter uma visão. Desenhei a sala onde o vi e Bella reconheceu. Ele está na casa da mãe dela.
- ... – o telefone ficou mudo. – Estamos indo para Phoenix agora. Vamos direto pro aeroporto, vou buscar Bella e levá-la para um lugar seguro. Por favor, nos encontre no aeroporto. – ele falou, desligando.
- Bella, Edward está vindo te buscar. Ele e Emmett e Carlisle vão te levar para algum
lugar, pra te esconder por algum tempo. - eu falei a ela.
- Edward está vindo? – seus olhinhos brilharam. Se não fosse a gravidade do motivo, eu teria ficado feliz.
- Sim, ele está pegando o primeiro vôo para Seattle. Nós vamos encontrá-lo no aeroporto e você irá com ele.
- Mas, minha mãe... Ele veio aqui pra pegar minha mãe, Alice! – ela disse nervosa.
- Jasper e eu ficaremos até que ela esteja a salvo. - eu garanti.
- Eu não vou vencer, Alice. Vocês não podem cuidar de todas as pessoas que eu conheço pra sempre. Ele vai achar alguém, ele vai machucar alguém que eu amo... Alice, eu não consigo...
- Nós vamos pegá-lo, Bella.- eu interrompi.
- E se você se machucar, Alice? Você acha que vai ficar tudo bem pra mim? Você acha que ele só pode me machucar com a minha família humana?
Olhei para Jazz. Ele deu uma carga de “calmante” em Bella. Embora fosse linda a sua preocupação comigo, ela estava ultrapassando a barreira do exagero. Como se eu fosse me machucar. Só porque sou pequena não quer dizer que eu seja fraca. Já derrubei Emmett várias vezes.
Jazz a tocou e ela se livrou de suas mãos.
- Eu não quero voltar a dormir. –ela falou entrando no quarto e fechando a porta.
Jazz olhou pra mim.
- Adolescentes. – ele riu.
- Jazz, não é hora para piadas. – eu me guiei em direção ao quarto.
- Alice... ela quer ficar só.
- Mas eu...
- Alice.
- Mas Jazz, ela...
- Querida, por favor, só desta vez, não discuta comigo. Ela está bem, só precisa assimilar as coisas.
- Tudo bem.
Por volta das cinco e vinte, Jazz desceu para fazer o check out. Carlisle ligou para avisar que estavam subindo no avião. Avisei a Bella que eles chegariam no vôo das nove e quarenta e cinco.
- Vocês não vão ficar aqui?
- Não, nós vamos nos relocar para algum lugar mais próximo da casa da sua mãe. – eu assegurei. Antes que ela respondesse, meu celular tocou. – Alô?
- Bella, Bella? – ouvi uma voz aflita de uma mulher. Devia ser sua mãe.
- Não, ela está bem aqui... Sua mãe.
- Alô? – ela disse. - Mãe, fique calma. Está tudo bem, tá legal? Só me dê um minuto e eu vou explicar tudo, eu prometo... Mãe? – ela fez uma longa pausa. Seu rosto ficou muito pálido de repente. Algo estaria errado. - Não, mãe, fique onde você está. – ela disse. Então Renée não estava em Phoenix? Como ela recebeu a ligação? Porque Bella mandou a mãe ficar no lugar, sabendo que havia um vampiro a solta atrás dela? - Mãe, por favor, me ouça. – ela disse fechando a porta do quarto. Como se eu não fosse ouvir. Concentrei-me para ouvir o resto. – Sim. Sim. Mãe confie em mim. - Uma longa pausa se fez. Longa até demais. – Não. – Não o quê? – Sim. - Sim o quê? – Sim. Onde está Phil? – E quem é Phil? - Obrigada, mãe. Eu te amo, mãe, a gente se vê logo.
Algo estranho. Muitos “mãe” na mesma frase. Palavras monossilábicas? Algo está errado. Foi aí que eu vi: Bella iria fugir de nós para encontrar com James. Ele estava fazendo sua mãe de prisioneira e ela acreditava que poderia salvá-la. Ele a levaria até o quarto do espelho. Esta seria a única maneira de Edward conseguir pegá-lo.
Ela saiu da sala. Olhei para ela atordoada. Ela era realmente altruísta. Ela correria esse risco por sua mãe. Pensei se no passado, talvez, meu relacionamento com a minha mãe me permitiria isso.
- Minha mãe estava preocupada, ela queria voltar pra casa. Mas está tudo bem, eu a convenci a ficar longe. –ela falou.
- Nós vamos cuidar pra que ela fique bem, Bella, não se preocupe. – eu disse. Eu mentia melhor que ela, com certeza.
- Alice, Se eu escrever uma carta para a minha mãe, você entregaria pra ela? Deixar na casa, eu quero dizer...
- Claro, Bella. – eu falei, sabendo que a carta não seria pra Renée.
Seria para Edward.

***

Bella evitava ficar na mesma sala que eu. Tolinha. Ela acha que eu não consigo prever o futuro à distância?
Quando ela finalmente se aproximou, uma decisão havia sido tomada. Ela fugiria de nós. Ela fugiria no aeroporto, pelo banheiro de duas portas. Pegaria uma condução que a levaria de volta para a sua antiga rua. O vampiro estaria esperando por ela no quarto de espelhos, mas eu não via sinal de Renée. Mais um flash e eu vi. O vampiro encontrava Bella. Mas ele não a mordia. Não queria estragar o seu jogo ainda.
- Alice? – eu ouvi a voz de Jazz me chamando. - O que foi?
- Bella. – eu deixei escapulir, olhando para ela. Eu não estava decepcionada por ela estar mentindo, não quando ela estava se arriscando para salvar alguém.
- O que você viu? – ela quis saber.
- Nada, de verdade... Só o mesmo quarto de antes. – eu disse a eles. Eu tinha que deixar Bella seguir o seu destino. Nisso eu não poderia interferir, mesmo que Edward brigasse comigo.
- Você queria tomar o café da manhã?
- Não, eu vou comer no aeroporto. – ela respondeu, saindo para tomar o seu banho.
Assim que ela saiu, eu virei para Jasper e disse.
- Nós vamos perdê-la de vista...
- O quê? Alice... O que você está me dizendo.
- O vampiro vai encontrá-la nesse local. Ele está com Renée...
- Temos que impedir isso... – ele começou a dizer.
- Não! É a única maneira que teremos de matá-lo. Se Bella não for, ele continuará sua caçada. Não teremos mais outra oportunidade de pegá-lo. É só chegarmos na hora. Ele não pretende matar Bella tão rápido. Não faz parte do seu jogo.
- Alice... Alice, se alguma coisa acontecer a ela, Edward...
- Edward vai ter que aceitar que destino dela já está traçado.
- Não se trata disso, Alice. Por favor, não arranje uma desculpa para ter Bella por toda a eternidade conosco. Ela tem a opção de continuar humana se ela quiser.
- Ela terá. Eu sei, mas eu creio que esta será a maneira que ela terá de escolher. Vivenciando...
Ele tentou argumentar, mas sabia que a batalha estava ganha. Ele sabia que a única maneira de pegar o rastreador era mantê-lo em um lugar tempo o bastante para que nós dois, Emmett, Edward e Carlisle, pudéssemos emboscá-lo.
Quando ela saiu já estávamos quase prontos para partir.
Descemos até o hall e o manobrista estava esperando com a Mercedes.
- Alice? – ela perguntou sentada no fundo do carro.
- Sim? – eu respondi.
- Como isso funciona? As coisas que você vê? Edward disse que não era definitivo... Que as coisas mudam...
- Sim... As coisas mudam. Algumas coisas são mais certas que outras... como o clima.
As pessoas são mais difíceis. Eu só vejo os caminhos onde as pessoas estão quando elas ainda estão neles. Somente elas podem mudar suas mentes - tomar uma decisão, não importa o quanto ela seja pequena, muda todo o futuro.
- Então você não conseguiu ver James em Phoenix até que ele decidiu vir pra cá. – ela concluiu.
- Sim. – eu respondi. Eu sabia que ela descobriu que eu já estava ciente do que aconteceria, mas preferia não falar para não interferir nos seus planos. Qualquer pensamento diferente poderia borrar todo o seu futuro.
Ao chegarmos ao aeroporto, fomos ao balcão de informações para obter alguma sobre o vôo.
- Precisamos parecer distraídos. Não sei que hora ela planeja fugir. – eu disse a Jazz. – Benzinho, que tal passarmos a Lua de Mel desse ano em New York? Há muito tempo que não vou lá, desde aquela vez, antes de te encontrar.
- Se não se importa, gostaria de ir para Chicago... – ele me respondeu. Se ele estivesse falando sério, Chicago não seria a minha primeira opção para férias.
Depois de um tempo, Bella chegou para mim, entregou-me um envelope e disse:
- Minha carta.
Demorou algum tempo e ofereci comida a ela. Ela recusou nas minhas três primeiras tentativas.
- Eu acho que vou comer agora. – ela me falou.
- Eu vou com você. – eu me ofereci.
- Você se importa se Jasper vier? Eu estou me sentindo um pouco... – ela disse. Tive que fingir surpresa, pois tudo iria por água abaixo.
Assim que ela entrasse no banheiro ela iria correr até a outra saída, pegaria um ônibus e iria de volta à Phoenix.
Jazz voltou. Ele havia confirmado as minhas suspeitas.
- E agora, o que faremos? – ele me perguntou.
- Esperamos os outros. – eu respondi, olhando o relógio que marcava nove e meia da manhã.

2 comentários:

Anônimo disse...

Uhuuuuú!! Está tenso!!!
Fiquei nervosa agora, mesmo sabendo como a Fic termina... °·°

bjs.
- Mary Alice.

BellaCullen disse...

Éee Bella doidaa kkkk

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