Nascer do Sol - Capítulo 8: O Beijo do Vampiro

- Um amigo? – eu perguntei. Ele me olhava curioso, mas mesmo assim, confiante.

- Sim. Meu nome é Tomas, seu criado. – ele reverenciou e pegou a minha mão para beijá-la. Assustei-me quando senti o toque gelado.

- Sua pele é tão fria. – eu sussurrei.

- Fria, dura, pálida... Já ouvi isso milhares de vezes, mas... – ele disse, aproximando-se da divisão entre a sombra da árvore e a luz do sol. - O que nunca ouvi é que ela brilha. – ele sorriu, colocando a mão, um instante, para fora das sombras.

Sua mão brilhava tanto quanto um diamante. Milhares de brilhos apareceram, formando arco-íris. Rapidamente ele tirou sua mão da luz para que não chamasse tanta atenção. Eu estava maravilhada com aquilo. O anjo brilhava. Nunca havia visto nada tão belo pessoalmente em toda a minha vida. Era quase tão belo quanto o meu príncipe, o cavaleiro dourado montado em seu cavalo.

- O... o que você é, Tomas? – eu perguntei.

- Eu sou um vampiro, ora essa. Você não lembra que o Dr. Muller disse que eu estava aqui? – ele disse, aproximando-se, porém com cautela.

- Você... É um vampiro? – eu olhei para ele, confusa. – E suas presas? E asas, morcegos têm asas, não têm?

- Não devia acreditar em histórias de terror, pequena criatura humana. – Ele estava rindo. – Sim, de fato, há alguns mitos verdadeiros. Bebemos sangue para sobrevivermos, mas como pode ver, vampiros não tem presas – ele abriu a boca para mostrar seus dentes impecavelmente brancos – tão pouco asas. – ele virou-se para mostrar suas costas. – Não sou uma criatura das trevas, mas estou fadado a escuridão. Sou diferente dos outros da minha espécie. Aprendi com um dos meus a ser assim. Não bebo sangue humano há 157 anos, minha jovem. Somente sangue de animais.

- E é a mesma coisa? – eu perguntei curiosa.

- Sabe o que é comer mingau de aveia quando se deseja uma torta de chocolate? É esta a sensação. Sacia a sede que sentimos, mas não a vontade, completamente. – ele disse, sentando-se a meu lado. – Mas não precisa ter medo. Carlisle me ensinou muita coisa.

- Carlisle? – eu perguntei.

- Sim, ele é um velho amigo. Ensinou-me a ser assim. Tenho muito que agradecer a ele. Mas, logo que sair deste lugar, quem sabe, eu irei procurá-lo.

- Porque veio parar aqui? – eu perguntei. – Você não está louco, só é...

- Morto. Eu sei. – ele sorriu. Eu me sentia instintivamente relaxada em sua presença e isso me preocupava um pouco. Mas era como se fossemos velhos amigos. – Na verdade, eu vim aqui por sua causa.

- Por minha causa? – eu perguntei.

- Sabe, Alice, todos nós temos um dom. Uns de forma mais ostensiva que os outros, mas todos temos. Seres humanos e não humanos. O seu é ver o futuro. O meu é ver como as pessoas morrem.

- Então, está aqui, porque... – eu perguntei, dando a deixa para que ele continuasse meu raciocínio.

- Porque eu vi como você vai morrer... E eu te digo, não vai ser nada agradável.

- Um outro da sua espécie está vindo atrás de mim. Ele matou duas garotas e está vindo me buscar. – eu revelei.

- Sim. Isto porque seu sangue é muito apelativo. Tem um cheiro delicioso, muito doce. Isto deve ter instigado o seu “amiguinho” a vir até aqui.

- Sabe quando ele vem? – eu perguntei.

- Dois dias no máximo. É por isso que estou aqui. Eu poderia salvá-la. – ele me falou.

- Salvar-me? Como?

- Transformando-lhe em uma de nós. Assim ele pararia de caçá-la.

- Vam... uma vampira? É isso?

- Sim... tem suas vantagens... Você não precisa dormir, não precisa comer, beber, logo não tem nenhuma outra necessidade fisiológica além, é claro, da sede de sangue. Ah, sim, é claro, e você não envelhece e não morrerá.

- Não morrerei? – eu quis saber.

- Não, não morrerá. É claro, você terá que se afastar de toda a sua família, mas então ele pararia de caçá-la. Se ele conseguir pegá-la e souber que você tem uma família, ele poderá ir atrás dela para saciar-se com um sangue tão doce quando o seu. Sua irmãzinha não deve ter um cheiro bom quanto o seu, mas se ele provar do seu, pode ser que queira ir atrás dela também...

- Como... como sabe de Cynthia? – eu perguntei, assustada.

- Suas mortes estão entrelaçadas. Se você morrer, ela morrerá. Se você não morrer, ela não morrerá.

Então, estas eram minhas opções. De um lado, ser imortal: eu salvaria minha irmã e minha família, mas não poderia vê-los nunca mais. Do outro lado, a morte: minha irmã e eu morreríamos. Aquilo seria demais para vovó, perder tanta gente assim. Eu sabia que tinha que fazer a escolha certa para que não prejudicasse mais ninguém. Porém, eu seria um monstro sedento de sangue. Será que conseguiria me controlar? Seria um risco que eu teria que correr.

- E... como faço para virar vampira? – eu perguntei.

- Aí é onde eu entro nessa história toda. – ele sorriu, inocentemente, enquanto deitava-se ao meu lado. – Eu mordo você sem necessariamente sugar o seu sangue. Seu coração vai parar por causa do veneno que vou injetar e vão te dar como morta. Depois do terceiro dia, você será uma vampira.

- E quando podemos fazer isso? – eu perguntei.

- Hoje a noite é o ideal. O vampiro chegará em dois dias, lembra-se? Entrarei em seu quarto e te morderei. Não sairei da clínica até ver o que sucederá com você. Provavelmente chamarão sua família e te darão como morta. Se resolverem enterrá-la, eu a tirarei de lá. Mas depois de tudo, terei que deixá-la. Tenho outros propósitos na vida.

- Vou ficar bem? – eu perguntei.

- Creio que sim. Eu não lembro de muita coisa da minha vida anterior, portanto não tenho certeza que vai lembrar desse nome... Mas procure Carlisle Cullen.

- Dr. Cullen... Então ele é um vampiro... – eu sussurrei.

- Sim. E médico. Como pode ver, vampiros convivem bem com seres humanos. – ele pausou e respirou fundo. – Bom, vou indo aos meus aposentos. Eles estranharão, pois ainda não comi nada nesses dias em que estive aqui.

Do mesmo modo que apareceu, Tomas sumiu. Então, era isso. Eu seria uma vampira, agora. Faz sentido... eu pensei. No meu sonho eu brilhava igual ao Tomas. Vai ver que me destino seja esse: morrer para salvar aqueles que eu amo.

O resto do dia passou lentamente. Tive mais uma consulta com o Dr. Muller antes de me retirar até o meu quarto. Ao cair da noite fiz uma oração. Minha família sempre foi extremamente católica, Deus não me abandonaria em meu leito de morte.

Senhor, te peço que envie seus anjos para proteger a minha família, não deixe que mal algum os atinja depois que eu for embora. Perdoe-me Senhor se eu estiver fazendo algo contra a sua vontade, mas minha família é mais importante. Esteja presente do meu leito de morte e quando eu acordar não humana. Amém.

- Está pronta? – uma voz atrás de mim questionou. Tomas surgiu de um canto escuro. O quarto era iluminado pela pequena janela que havia nele. Sob a luz da lua, o rosto de Tomas ficava um pouco menos glorioso e mais assustador.

- Sim. Estou. – eu disse.

- Deite-se, por favor. – ele pediu. – Por favor, menina, peço que me perdoe por estar fazendo isso, mas não vejo outra razão... Não quero mais pessoas morrendo por causa da nossa espécie e sei que um dia você vai ser diferente. Por favor, concentre-se em procurar Carlisle.

- Eu tentarei. – eu disse, pegando na mão dele. – Obrigada.

Ele olhou-me amavelmente. Puxou minha mão mais perto de sua boca. Deu-lhe um beijo e depois a mordeu.

4 comentários:

Pi Da Ros disse...

D+ me§mo!!! Lgl, fui a primeira a comntar

Amy Lee disse...

Pi Da Ros somos as únicas a comentar aq querida!

Laryfamilia disse...

amei o capitulo! muita maldade o q fizeram com  a pequena Alice!

BellaCullen disse...

E quem disse q eu nuum comento tbm? sou mais espertas q vcs e sei muito mais dedssas fics q vcs ;)

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