Sol Ardente - Capítulo 37

Ponto de vista de Embry


Thump-thump, thump-thump

Tentei manter o tédio fora da minha mente pelo bem da outra mente presente comigo enquanto eu corria entre a desgastada trilha. Pela milionésima vez.

Thump-thump, thump-thump

Não havia tido nada de novo já por semanas. Até o cheiro dos Cullens estava desaparecendo. A razão pela qual ainda fazíamos patrulhas estava além de mim. Com tantos de nós por aí, seríamos capazes de cheirar um sanguessuga vindo por uma milha de distância. Pelo menos as patrulhas eram esparsas agora desde que haviam mais pessoas para fazê-las.

Estou entediado, Seth reclamou em sua mente. Lutei com o impulso de virar meus olhos. Apesar que ele não era mais caçulinha do bando, ele ainda tinha a tendência de agir como um. E ainda assim, eu o amava por isso. Ele era meu melhor amigo, junto a Jake e Quil. Além do mais, ele era como um irmão menor pra mim.

Pare de ser tão paternal, Seth brincou de leve, pulando por aí agora.

Pare de ser tão imaturo, disparei brincando.

Babaca.

Estúpido.

Idiota.

Bastardo.

Humpf. Seth fingiu estar magoado, virando seu nariz para o ar, e mesmo que eu estivesse um pouco distante. Eu tive que sorrir pra ele.

Por que eu saio com você? Eu perguntei, sorrindo meio como jeito de lobo.

Porque você me aaaaaama, Seth cantou.

Eu ri. Com certeza era muito divertido em tê-lo por perto quando estava agindo todo brincalhão assim. Seu humor alegre era uma das razões porque eu preferia patrulhar com ele. Além do mais, ele não tinha um imprinting como eu, então sua mente não está constantemente ocupada por ela. Como a de Quil. Tudo o que ele pensa é sobre Claire.

Repentinamente, a mente de Seth ficou muito cautelosa enquanto ele diminuía seu ritmo. Ele jogava sua cabeça para trás e para frente, desorientação radiando dela.

Achei que ele deveria ter pego o cheiro de um esquilo ou algo. O que foi, Seth?

Ele não me respondeu, embora seus pensamentos ficaram ainda mais preocupados.

Sua preocupação começou a me afligir. Seth?

Acho que… tem alguma coisa… eu não sei. Alguma coisa errada, Seth sussurrou. Seu pêlo eriçou enquanto um sentimento de inquietação passava por ele.

Examinei sua mente, e senti meu sexto sentido piscar tensamente. Ok, algo estava acontecendo. Virei meu nariz para sua direção, aumentando meus passos. Eu não queria deixá-lo sozinho. Estarei aí em um segundo, Seth.

Estou bem. Tome seu tempo. Provavelmente é só um esquilo e nada mais, Seth disse, farejando o ar. Não havia cheiro. Isso me preocupou ainda mais. Puxei meu corpo ao limite, um sentimento de medo tingindo meu coração.

O cheiro de Seth aumentou enquanto me aproximava. Brevemente pensei em chamar o resto do bando, só de precaução.

Não, não chame, Seth pensou enquanto olhava ao seu redor. Não quero tirá-los de suas vidas. Você sabe que Sam, Quil e eles todos planejaram esse dia para passar com seus imprints. Provavelmente não é nada de qualquer forma.

Eu também podia sentir as palavras não ditas irradiando de suas emoções. Ele não queria ser visto como um covarde. Respeitando seu desejo, eu não alertei os outros.

Assim que entrei na pequena clareira de árvores – eu tinha chegado lá em menos de um minuto, um tempo recorde para mim – o sentimento de medo quadruplicou enquanto sentia algo espetando minha mente gentilmente. Seth? Eu chamei confuso.

Esse algo pareceu cutucar levemente até achar o centro da minha mente antes de retroceder. Antes que Seth pudesse responder meu pensamento, minha mente foi repentinamente ocupada por uma inexplicável dor. Era como se houvesse um problema difícil de matemática que se recusava a ser resolvido, mas milhões de vezes pior. Essa coisa passou por minhas memórias, golpeando tão severamente que minhas pernas ameaçaram desmoronar sob meu peso. De repente achando algo que gostasse, o rasgou, me asfixiando em minhas piores memórias.

Um policial indo a minha casa quando eu era pequeno. Eu mesmo abri a porta. Minha mãe me colocando de lado quando o oficial disse à ela que meu pai tinha morrido. Ela desabando na minha frente enquanto eu encarava sem entender para o simpático homem de uniforme parado na porta.

Minha mãe gritando comigo depois de outra noite fora patrulhando. Eu só fiquei em silencio durante todo o seu discurso, como usual. O segredo era muito grande para contar a ela. Ela meramente achava que eu estava passando por algum tipo de fase rebelde. E as palavras: Se o seu pai pelo menos estivesse aqui. Ele seria capaz de te manter na linha. Ás vezes eu me pergunto se você é mesmo meu filho.

Lutei contra as memórias, com sucesso as empurrando para trás, enquanto o pesar tomava conta de mim. O que está acontecendo? Repentinamente, o mesmo toque inquietador atingiu meus pensamentos, retorcendo palavras e figuras e memórias. Deixei escapar um uivo de dor enquanto a garra continuava massacrando minha mente.

Onde está Seth?

Forcei meus olhos a se abrirem, não me lembrando de quando eles haviam se fechado, e lutei para me levantar. Meu sentimento paternal por Seth me deu força o suficiente para fazer isso. Olhando meio borrado pela neblina avermelhada de tortura, eu finalmente tive a visão do corpo de Seth tremendo. Sua mente estava enfrentando a mesma tortura que eu estava; imediatamente me retrair por sua dor.

Seth, eu grunhi enquanto uma onda de confusão dolorida particularmente concentrada me inundou. Seth.

Seu rabo se retorceu em resposta enquanto sua mente tentava achar a minha em pânico.

Aqui. Assim que nossas mentes se tocaram, agarramos uma na outra, nos ajudando a chegar a superfície.

Eu fracamente senti outras mentes se juntarem a nós, mas não conseguia alcançá-las. Toda minha concentração e energia estava focada em lutar contra essa dor e para ficar de pé. Eu podia sentir seu pânico enquanto eles sentiam nossa dor.

O que estava atacando a gente?

Ainda não tinha nada no ar na nossa frente, e não conseguíamos cheirar nada na atmosfera. Os outros irradiavam confusão quando viram isso também. O que seja que isso fosse, era invisível.

Vi Seth se esforçar para ficar em pé enquanto nós dois lutávamos contra o cobertor de confusão e dor. Seth pareceu ter conseguido com sucesso algum controle em suas pernas enquanto sacudia sua cabeça para trás e para frente, narinas se abrindo. Mas ainda não podíamos cheirar nada. Ou ver nada. Ou sentir o gosto de nada. O que seja que essa coisa fosse, ela tinha uma ótima vantagem sobre nós.

De repente, eu senti o ar se agitar levemente, e joguei minha cabeça na direção do som.

Seth, cuidado! gritei mentalmente. Ele virou sua cabeça para mim quando sentiu algo correndo em sua direção de forma desumana. Antes que Seth pudesse reagir, ele foi atirado para trás. Os outros e eu nos encolhemos do que se sentiu como uma pancada de uma rocha gigante pegando seu lado e fazendo-o voar pelo ar. Ele aterrissou contra uma árvore com um nauseante som de quebra.

Seth! gritei novamente quando começava a correr em frente, mas uma onda de dor ainda mais intensa assolou minha mente. Quase parecia que queria evitar que eu chegasse a ele.

Quase entrei em colapso novamente enquanto a terra abaixo de mim parecia estar girando pela dor. Balancei minha cabeça furiosamente, como se estivesse tentando arrancar de lá qualquer presença que estava causando isso na minha mente.

Movi meus pensamentos à frente por um centímetro até abraçar a mente agonizante de Seth, ajudando ele a se levantar. Finalmente, suas pernas se agitaram enquanto ele se esforçava para ficar de pé.

Senti outra perturbação no ar – tendo Seth como alvo de novo – e eu gritei. Felizmente dessa vez, ele conseguiu evitar, embora essa coisa ainda passou de raspão por ele.

Tentei ir pra frente de novo, mas algo que não consegui ver me tirou do meu caminho, me forçando a tropeçar para trás para evitar o que fosse que estava vindo em minha direção. Maldição! Por que eu não consigo ver essas porcarias?

Senti outra mente fracamente se unindo a nós – Jake? – enquanto me movia e desviava tentando encontrar um caminho ao redor da força invisível me bloqueando. Ocasionalmente, essa força me açoitava, me levando ainda mais para trás. E para longe de Seth.

Seth foi atingido de novo, e percebi dessa vez como a dor mental diminuía levemente antes de se atacar de novo. Antes, a agonia física emitida de Seth estava cobrindo o meio segundo que a dor mental cessava. Interessante. Era como se as duas coincidissem.

Tentei calcular quando eu seria afastado de Seth novamente, um pedaço de minha mente ainda se mantendo no jovem lobo. Ele cambaleou para trás e para frente, também tentando estimar quando seria atingido de novo.

Estávamos na defensiva agora. E não iríamos agüentar o suficiente para os outros chegarem até aqui. Tanto nossas mentes quanto nossos corpos estavam se cansando; não seríamos capazes de continuar lutando assim.

Então precisávamos ficar na ofensiva.

Eu tentei construir um bloqueio mental para o que fosse que estivesse mentalmente nos atacando. Eu precisava chegar até Seth. Ele parecia prestes a entrar em colapso. E posso sentir seu corpo dolorido pela surra que recebeu . Por que ele era o único que estava sendo fisicamente atacado?

Pausei de repente, movendo minha cabeça. O que foi aquilo?

Me virei para a direita onde eu podia jurar que havia visto algo se mover. Trabalhando baseado em meus instintos, me agachei em posição e me atirei naquela direção antes que minha mente percebesse minhas ações.

Aquela subida pelo ar pareceu durar uma vida inteira. Milhões de pensamentos correram por minha mente enquanto o vento chicoteava meu pêlo.

Definitivamente tinha algo lá. Tive outro pulso no qual meus sentidos pareceram ganhar vida; consegui ver e cheirá-lo por nem meio segundo antes que desaparecesse. Minha mente não conseguia trabalhar rápido o suficiente para registrar o que exatamente era, apenas que estava ali.

A cabeça de Seth virou para mim, alarme em seus pensamentos. Senti meu próprio breve alarme pelo bem-estar dele. O que seja que o atacante fosse, ele poderia ter tido uma mira limpa na mente de Seth que agora estava distraída. Então porque ele não estava atacando no momento?

O cheiro flutuou de novo para minha mente. Definitivamente eu nunca o tinha sentido antes. Então porque ainda tinha um toque de algo familiar?

Isso foi o mais longe que meu raciocínio chegou. Porque naquele momento, uma explosão de dor estourou na minha mente, varrendo todo o resto. Esse foi o ataque mental mais concentrado até agora, me deixando deficiente. Despedaçou minha fraca parede, a que tinha me esforçado para construir contra essa coisa, me empurrando da beira da consciência. Eu quase dei boas vindas para a falta de dor e entorpecimento que a inconsciência trouxe enquanto minha visão se escurecia.

Meu último pensamento foi o quanto eu esperava que Seth terminasse bem, mesmo se eu não sobrevivesse a isso.

Ponto de vista desconhecido

O corpo pesado e cinza escuro do lobo aterrissou com um pálido ruído, tombando nos pés da figura chocada. Bufei enquanto deixava a concentração mental escapar. O estrago estava feito.

Cutuquei indiferentemente com meu dedo a forma marrom cor-de-areia do vira-lata que tinha desabado aos meus pés. Lançando um olhar para o outro cachorro cinza, suspirei. Eu estava me divertindo torturando eles. Que pena que o outro cachorro tinha que arruinar tudo percebendo a novata aqui e a atacando. Por mais que eu teria amado me livrar dela dessa forma, eu sabia que ele não ficaria impressionado. Por alguma razão, elegostava dela. Pura merda.

É por isso que eu trabalho sozinho. Porque pessoas como ela e aqueles outros novatos acabam arruinando tudo. Na verdade, eu gostava da outra nova. Ela podia nos manter escondidos e atacar o lobo cinza ao mesmo tempo. Pena que sua concentração escapou. Isso não teria acontecido comigo.

Tinha que admitir, seu poder era bem legal. Ser capaz de esconder seres dos sentidos físicos. Mas é limitado – ela só pode cobrir uma quantidade de pessoas – então acho que vou continuar com meu poder. Mesmo que o escudo seja útil em tentar limpar uma cena. E ela também pode passar por uma cidade cheia de vampiros sem que nenhum deles note, quase como o vento. Por isso seu nome.

Sua “irmã”, por outro lado, já não tenho paciência. Ela é muito fraca. E na minha opinião seu poder também é inútil. Então ela pode cantar para fazer as pessoas dormirem; e daí? Dar uma surra neles funciona bem suficiente pra mim. Eu acho que ele queria que ela colocasse o vira-lata cor-de-areia para dormir para que pudéssemos levá-lo intacto de volta, mas desde quando eu ouço suas instruções? Ele sabe o quão importante eu sou, então ele não pode fazer nada contra mim.

Então falei para ela ficar longe enquanto sua irmã muito mais competente veio comigo para ‘brincar’ com a nossa presa um pouco. Eu teria que ensiná-la uma lição sobre desobedecer minhas instruções depois. Aposto que a parte coração-mole dela a fez tirar os vira-latas da miséria. Ha!

Porque eu salvei sua bunda inútil de novo? Ah é, porque nada dá errado quando eu estou numa missão. E ele tem uma estranha e especial quedinha pela indutora de sono. Não tenho idéia da razão.

“Você pode tirar o escudo agora, ” eu disse rudemente. “Vá fazer esse lugar ficar sem nenhum vestígio. “

O ‘escudo’ acenou sua cabeça apenas uma vez, deixando sua concentração mental enquanto ela passava pela cena, apagando todas as evidências de nossa vinda.

Como eu desejava que meu poder se ampliasse ao ponto de ler outras mentes sem eles saberem! Eu amaria saber os pensamentos dos outros vira-latas e suas frustrações quando percebessem que não sabiam o que havia atacado seu bando. Mas, infelizmente, não posso usar minha presença mental sem que o dono da mente saiba. Afinal eu causo uma presença grande. Pelo menos posso causar dor e destruição em seus lugares mais sagrados. Não, não em suas masculinidades. Mas nos santuários de suas mentes, pensamentos e memórias.

A merda da ‘narcótica’ manteve sua distância de mim. Aposto que ela percebeu o quanto ela me incomodava. E minha reputação de temperamento curto é conhecida por todos.

“Bem, não fique apenas parada aí, ” eu sibilei, bufando maliciosamente enquanto ela pulava tímida com minha voz. “Pegue esse vira-lata. ” gesticulei para o inconsciente lobo bronzeado aos meus pés. Fui instruído a levá-lo de volta, e isso eu faria. Mas com o outro…

Ele nunca me disse o que fazer se o cachorro cor-de-bronze não estivesse sozinho. Então eu poderia me divertir um pouco mais com o vira-lata cinza.

Estava do seu lado em um segundo, em cima da montanha de pelos. A ‘escudo’ continuou a fazer seu caminho pela área, escondendo todos os sinais de nossa presença. A ‘narcótica’ estava cuidadosamente levantando o idiota marrom do chão, se encolhendo quando seu movimento trouxe sons de quebra do corpo do cachorro. Porcaria de idiota com coração mole.

Eu meio que desejei que o otário cinza não estivesse inconsciente agora. Ele tinha algum fogo nele que eu gostei. Não são muitos que conseguem resistir ao poder do meu ataque como ele conseguiu. Mas sabia que ele não acordaria tão em breve. Eu completamente apaguei sua mente quando o vi correndo em direção da ‘Narcótica’. Nunca botei tanta força num ataque mental antes. Ele ficaria apagado por pelo menos um dia, se não mais. E eu não era tão paciente assim.

Mexi num longo fio do meu cabelo negro enquanto encarava contemplando a forma imóvel. Ele é apenas um vira-lata. E ele nunca saberia. Os amadores não ousariam contar. E ele não se importaria de um jeito ou outro. Causar mais dor para os outros vira-latas era uma explicação boa o suficiente para mim.

Minhas mãos se lançaram à frente, torcendo a cabeça do vira-lata. O estalo alto e agradável repercutiu enquanto sua espinha se quebrava. Só para ter certeza que ele não voltaria a vida – sabia como esses metamórficos se curam rápido – eu afundei meus dentes em seu fedido pelo múltiplas vezes, deixando meu veneno fluir. Pronto. Ele não voltaria pra essa vida.

Seu corpo pareceu tremer enquanto ele soltava uma ultima respiração arfante. Então seu coração parou. Em algum lugar próximo, um uivo de dor – provavelmente seu bando – ressoou.

Levantei da minha posição limpando minha boca ensanguentada. A ‘narcótica’ estava me encarando, parecendo idiota com seus braços cheios de cachorro fedorento. O ‘escudo’ meramente olhou meio interessada, elevando uma sobrancelha sob minhas ações. Eu movi meus ombros.

“Menos um vira-lata no mundo é ok pra mim” eu disse. Eu olhei para o corpo sem vida. “Você, ” eu cuspi, apontando para o escudo. “Leve ele. E tenha certeza que tudo está completamente limpo. Não quero deixar para os outros cachorros noção nenhuma do que atacou eles. ” Eu largaria o corpo em algum lugar no meio do oceano ou coisa parecida. Talvez eu tivesse o prazer de queimar o corpo do cachorro e enterrar suas cinzas para se livrar das evidências.

A ‘escudo’ fez como eu pedi sem reclamar, mesmo que seu nariz se enrugasse pelo cheiro ruim.

O ataque e limpeza em geral levou menos de três minutos.

Melhor eu levar essas duas novatas de volta. Aposto que seu ‘irmão’ está doente de preocupação. Ha! Talvez eu devesse nos atrasar um pouco mais, só para jogar com a cabeça dele.

Mas não, ele estava nos esperando de volta em breve. E eu nunca desaponto.

3 comentários:

Ana Lúcia Ferreira da Silva disse...

QUE MISTÉRIO EIM! AMEI!

Larissa Prates disse...

O Embry nos livros da tia Stephe não tinha sofrido um imprinting com Kim?

Lorenna Di Ângelo disse...

Esse seria o Jared não?

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