Fiquei boquiaberta para o recém-chegado, a minha mente congelada com o choque. Um lobisomem verdadeiro? Impossível. Simplesmente não poderia acontecer. Lobisomens eram os inimigos naturais dos vampiros. Meu pai me disse isso uma vez. E Caius nunca concordaria em abrigar uma verdadeira Criança da Lua dentro da mesma casa que ele. Eu não sabia por que, mas lembrei de Carlisle dizendo algo sobre uma má experiência com um lobisomem uma vez.
Comprovando isso, Caius tinha uma aparência enojada no rosto, e se você olhasse mais de perto poderia ver um tom de medo em seus olhos. Um pequeno pulso de curiosidade me fez perguntar qual era a história dele com os lobisomens.
Todos os outros membros da guarda do Volturi mantinham expressões semelhantes em seus rostos. Jane parecia especialmente incomodada – provavelmente porque outro estava roubando a sua preferência de Aro – e Felix parecia particularmente tenso. Os lábios dele estavam curvados para trás ligeiramente para reter um rosnado. Suas mãos estavam em punhos nos lados, e ele estava de pé levemente na frente de Mika. Quando virei meu olhar de volta a Badru, peguei a essência do que estava acontecendo.
Os olhos cor vermelho-sangue do lobisomem – tão escuros que pareciam pretos nas sombras do arco de entrada em que ele estava embaixo – estavam presos nos de Mika. Sua boca estava com um toque de divertimento e rebelião. E alguma arrogância. Brevemente me perguntei o que era da insolente desafiadora que segurou a atenção dele. Olhando para Mika, vi que ela ainda tinha uma mão enterrada no cabelo escuro de Felix, seu corpo apertado contra as costas dele enquanto ela olhava para o lobisomem com uma expressão entediada, embora um sorriso malicioso brincava em seus lábios.
O licantropo deu um passo mais para perto de Mika, saindo das sombras. Quando a iluminação artificial pousou sobre sua pele, instintivamente pulei para trás agachada em uma posição defensiva, um rosnado automático borbulhando na minha garganta. O meu instinto animalesco gritou para mim que ele era perigoso, para que me protegesse.
Eu tinha vivido perto de Jasper por toda a minha vida. Tinha me acostumado a milhões de cicatrizes em forma de crescente que marcavam seu corpo. Embora nas vezes que ele me surpreendia eu sentia uma sensação automática de defesa, sabia que ele não era nenhuma ameaça para mim, então aquele medo se dispersaria imediatamente. Mas esse era um caso diferente.
Longas cicatrizes manchavam o corpo dele, desbotadas pelo tempo. Os meus olhos diferenciavam cada uma delas, até as já curadas que ainda deixavam uma marca inescrutável para trás. Podia até decifrar uma dúzia de cicatrizes em forma de crescente, familiares na sua aparência. Pareceu como se alguém o tivesse enfiado em um liquidificador e o abandonado lá durante dias. O meu olhar traçava por cima das que mais pareciam recentes, apenas recentemente descascadas. Alguém não poderia ainda estar vivo com todas dessas marcas. Era impossível. Estava claro que esse lobisomem tinha passado por muitas batalhas e tinha ganhado cada uma delas. Alguém que ainda sobreviveu à tudo isso era um perigo para mim. E ele era mortal, não era? Nunca me disseram detalhes específicos sobre verdadeiros lobisomens, mas eu podia ouvir seu grande coração bombeando sangue por seu corpo, e podia sentir o cheiro do sangue dele. A única razão pela qual eu não estava tentada com esse sangue era porque seu cheiro pesado o tapava, o fazendo completamente não apetitoso.
Aro riu baixinho da minha reação, seguido por um bufo leve de divertimento de Demetri e Felix. “Sim, ele parece ter esse efeito em muita gente, ” ele disse levemente. Badru nem olhou pra mim enquanto eu o escrutinava, ele ainda estava tenso enquanto eu me colocava de pé.”Badru”, Aro chamou, devolvendo minha atenção a ele. Notei como ele era o único que mantinha uma postura diplomática em direção ao lobisomem não desejado. “Por favor chegue mais perto. “
O lobisomem meramente olhou sem interesse para o vampiro, um sorriso insolente em seus lábios. Os olhos dele voaram para Caius, e seu sorriso se tornou mais profundo. Não pude deixar de me perguntar por que ele estava ali, qual era o plano do Volturi, e até o porque dele ter ficado aqui. Estava claro que o lobisomem não mantinha nenhuma aliança com o Volturi, e ainda assim ele permaneceu. Estava evidente que o Volturi – com a exceção de Aro - tinham um extremo desagrado por Badru, ainda assim eles o mantinham por perto. O que era tão especial sobre lobisomens verdadeiros que fez Aro deixar de lado seus instintos de vampiro contra eles? O que ele queria?
Jane sibilou na desobediência dele contra o seu mestre, estreitando seu olhar nele. Imediatamente, ele estremeceu e arranhou a cabeça, deixando sair um arrepiante e inumano uivo. Mas ele ainda permaneceu de pé, embora seus membros tremessem. Isso me surpreendeu; o lobisomem devia ser extremamente resistente para ser capaz de aguentar o dom de Jane.
“Basta, ” Aro ladrou, e a forma de Jane relaxou respeitosamente. “Mantenha seu temperamento sob controle, querida Jane. ” Jane fez uma careta, claramente insatisfeita por ela estar sendo punida por tentar cair em suas graças novamente.”Badru”, Aro chamou novamente.”Venha”.
De novo, o lobisomem ignorou a ordem. Ele ainda estava tenso, mas dessa vez pareceu preparado para avançar em Jane. Seus lábios estavam afastados revelando dentes pontiagudos capazes de rasgar a carne de um cavalo, e suas mãos estavam enroladas em uma pose para matar. Um rosnado baixo e feroz cortou pela garganta dele, respondido pelo sibilar de Jane. Antes que eu pudesse até piscar, o lobisomem se atirou em Jane, que deixou sair um grito agudo enquanto mergulhava para fora de seu caminho. Os guardas estavam nele imediatamente, tentando fazê-lo voltar à obediência. Jane levantou com dificuldade novamente, com a ajuda de Alec, parecendo enfurecida por seu sinal de fraqueza. Ela parecia pronta para lançar o seu dom ao poder máximo contra o lobisomem, mas Alec pôs uma pequena mão em seu ombro, a contendo. Jane retrocedeu, enquanto Alec virou seu olhar para o lobisomem rugindo que atacava Felix e Demetri. Alec virou sua cabeça. Tive de piscar algumas vezes antes que pudesse perceber a leve névoa que ondulava por seus pés, que avançava em direção ao trio que lutava.
Olhei com a boca aberta enquanto Badru batia suas mandíbulas selvagemente para Felix, que evitava seus dentes como uma peste. Veneno, percebi com um susto. Lobisomens eram venenosos também. Me perguntei se o veneno de lobisomem trabalhava melhor contra vampiros ou o veneno de vampiro melhor contra lobisomens. Logo que aquele pensamento veio à cabeça, Demetri afundou seus dentes no antebraço de Badru, liberando o odor nauseante de sangue do lobisomem. O lobisomem deixou sair um rugido enquanto arremessava Demetri contra uma parede de pedra, seu braço se contraindo. O vampiro cambaleou em pé, tonto.
Felix prendeu os braços do lobisomem para trás, apertando um braço grosso em volta de seu pescoço em uma chave de braço. Ele lutou para manter o lobisomem no lugar, ocasionalmente o prendendo na parede. Mesmo com o veneno se estendendo por suas veias e as outras feridas abertas da sua surra, nada da sua luta se dissolveu.
“Faça algo, merda!” Felix gritou para o Caius, que estava agachado, e para o impassível Marcus. Aro deslizou para o lado, divertimento em seus olhos. Renata ansiosamente colocou sua mão apertada por cima de seu braço, e eu tinha certeza que ela estava colocando o seu campo protetor por cima dele. Demetri ainda lutava para conseguir seu equilíbrio, e Jane já parecia entediada pela briga. E não havia nenhuma forma que eu o fosse ajudar.
Logo que Mika entrou para ajudar o seu companheiro – ela estava olhando a luta com olhos se divertindo também – a névoa de Alec finalmente os atingiu. Manobrando em volta dos pés de Felix, então ela pareceu se prender aos pés descalços de Badru, antes que envolvesse seu corpo inteiro. O lobisomem deixou sair outro rugido enfurecido enquanto seus sentidos foram cortados completamente, ainda assim ele continuou lutando selvagemente. Mas ele estava em uma desvantagem agora.
Demetri finalmente se concentrou na situação e correu para ajudar Felix. No aceno de cabeça de Aro, os dois meio-transportaram e meio-arrastaram o lobisomem trêmulo, cego, e que ainda se contorcia para fora da sala.
Eu o observei, a pergunta estourando dos meus lábios. “A mordida de Demetri não matará ele?” Me perguntei em voz alta, pensando como o veneno de vampiro era letal aos lobos Quileutes.
“Não, ” foi a resposta curta que consegui de Caius. Ele recuperou sua posição agora que o furioso lobisomem estava fora da sala.
Aro suspirou, acariciando a mão de Renata para que ela o liberasse. “Que coisa, ” ele murmurou. “Ele ainda não está tão disposto a cooperar conosco, não é?” ele franziu de leve sua testa, tocando seu queixo pensativamente. “Mika, querida, você poderia ir e ter certeza que Felix e Demetri não terminem matando Badru? Existem apenas bem poucos lobisomens restantes no mundo. “
Mika atirou seu sedoso cabelo preto por cima do seu ombro, petulância se destacando claramente em seus olhos. Mas ela simplesmente moveu sua cabeça uma vez curtamente antes de deslizar para fora da sala.
“Jane, querida, ” Aro chamou, e Jane estava a seu lado em meio segundo. “Leve Renesmee ao quarto dela, por favor. Se assegure que ela esteja confortável. “
Jane acenou com sua cabeça, me lançando uma olhada suja, e saiu da sala. Virei minha cabeça para o lado, me perguntando o que aconteceria se corresse já que Jane parecia sem vontade de me ter por perto, quando algo me cutucou nas costas. Olhando para trás, levantei uma sobrancelha para Alec, que me empurrou em direção à porta. Esqueça aquela idéia. Acho que tenho ambos os gêmeos bruxos comigo.
Segui Jane por vários corredores sinuosos, escutando os passos leves de Alec atrás de mim. Depois que meia hora passou, eu estava começando a pensar que Jane estava dando voltas pelos corredores só para zoar comigo, para seu próprio divertimento. Comecei a contar os passos.
Quando atingi o passo quatrocentos e cinqüenta e nove, os passos de Jane pararam em frente a uma entrada bloqueada. Ela esperou que nós a alcançassemos, antes que colocasse sua mão em um bolso oculto na sua capa e arrancasse uma fina chave. Ela a inseriu em uma fechadura quase invisível e girou. Um clique suave foi emitido, e ela foi à frente para empurrar a porta de pedra e abri-la com um rangido. Antes que eu pudesse espiar o interior, senti um empurrão atrás de mim, e tropecei para dentro do quarto. A porta se fechou atrás de mim, e outro pequeno clique residiu antes que eu pudesse reagir ao que estava ao meu redor.
Só pude discernir um grande quarto com uma enorme cama no centro, antes que um movimento à minha direita chamasse minha atenção. Virei minha cabeça rapidamente, ficando tensa, só para pegar uma breve imagem de um emaranhado de cabelo preto, pele avermelhada, ardentes olhos castanhos, e um corpo se apressando em minha direção. Fui jogada na parede atrás de mim, uma mão enrolada em volta do meu pescoço preparando para arrancar a minha cabeça enquanto a outra segurava meus braços. Pisquei de modo selvagem enquanto focava minha visão no rosto que estava apenas centímetros do meu, enquanto a forma se erguia por cima de mim.
Meus olhos traçaram por cima das características familiares, enquanto um torpor veio pela minha mente novamente, em parte pelo choque e em parte pela falta de ar por sua mão apertada cortando minha provisão de oxigênio. Os olhos escuros, atualmente apertados com raiva. As bochechas altas, esculpidas. Cabelo preto longo, desgrenhado.
Seus olhos vagaram por cima do meu rosto também, se alargando com o reconhecimento. Seu aperto relaxou em volta da minha garganta enquanto ele dava um passo atrás com o choque. Caí no chão, ofegando por ar, enquanto lutava para manter ele na minha visão. Depois de dias pensando que ele estava morto, eu estava abismada por sua aparição repentina.
“Nessie?” ele sussurrou com horror em seus olhos.
Tossi antes de lutar para me colocar em pé.”Seth”, eu disse saudando, minha voz ligeiramente rouca.
“Ah meu Deus, ” Seth murmurou enquanto se apressava para frente, dessa vez me segurando em um abraço. Relaxei contra a sua forma, agradecida pela presença dele nesse lugar. “O que você está fazendo aqui?”
“Poderia te fazer a mesma pergunta, ” murmurei de volta. “Não posso acreditar. Seth. “
“Sim, ” ele suspirou. “Não posso acreditar que fomos emboscados. Fomos tão estúpidos. Oh, Embry está bem?” Seth perguntou inesperadamente. Eu tensionei em seus braços, de repente sentindo frio. Ele não sabia? Seth não pareceu notar minha reação. “Tudo o que me lembro é de perder a consciência. Então acordei nesse lugar, mas Embry não estava aqui, então pensei que ele foi deixado lá em casa. ” Permaneci quieta durante um momento, não sabendo como contar pra ele. “Ness?”
Suspirei, me afastando dele ligeiramente para olhá-los nos olhos. Seu rosto pareceu se contorcer enquanto via minha expressão.
“Ness?” ele suplicou, me implorando para dizer o que ele suspeitava que era falso. Mas eu não poderia.
Olhando para longe, falei para seus pés. “Eles o mataram, ” sussurrei. “Embry está morto, Seth. Eles são monstros, todos eles. “
Seth cambaleou no lugar, parecendo atordoado.”Não”, ele ofegou. Eu o segurei logo que ele caiu com o pesar. “Não. “
Eu o ninei desajeitadamente, seu corpo enorme quase duas vezes o tamanho do meu pequeno. Os soluços tremiam seu corpo, suas lágrimas quentes sujando a minha roupa. Me senti incapaz. Eu tinha vindo aqui, descoberto que Seth estava vivo e bem, mas então tive de arruinar tudo contando as más notícias para ele. Apertei meus braços em volta dele, enviando imagens pacíficas de clareiras, riachos correndo. Exceto que havia sempre uma ameaçadora sombra em cada uma das imagens que o enviei, trazida por meu próprio pesar.
3 comentários:
ta,ele nao pode se transformar e enviar pensamentos para os outros lobos?pq ele nao faz isso?e diz que eles estao em volterra?
vdd essa seria uma otima ideia
SURPRESA!
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