A Visita dos Franceses - Capítulo 31: Amor Nos Olhos

[Renesmee]

O som era angustiante. Nada na campina fazia mais barulho que me coração absurdamente acelerado. Acelerado e... de dar água na boca de qualquer vampiro.
E se eu podia ter certeza de algo naquele momento, diria que o alguém atrás de nós era um vampiro.
– O quê duas crianças fazem aqui sozinhas? – sussurrou uma voz grave.
Senti arrepios ao ouvi-lo. Mas não pude deixar de achar estranho que eu tivesse entendido sua língua, até porque eu estava na França. Entretanto, era com toda a certeza a língua inglesa.
Fechei os olhos com força e tomei coragem para encará-lo – já enfrentei coisas piores.
Eu acho.
Me virei para ver quem fizera a pergunta e quase deixei o coração escapar pela boca.
Tinha que ser ele.
Porque aquele cabelo tão negro que chegava a desprender uma luz levemente azulada já me era familiar. Assim como seus olhos de escarlate intenso.
Tonta, toquei a face de Arthur. “Este... Este não é...?”
– Sim – Tue sorriu de minha expressão chocada – Esse é Henri Colbert. Olá Henri!
Como o de costume de todos os franceses amigos dos Éclat, Henri passou a mão nos cabelos ondulados de Arthur, despenteando-os.
– Como vai baixinho?
– Foragido.
– Ãhn? – o rapaz arregalou os olhos assustado.
– Depois meu pai lhe explica melhor. Essa aqui é minha amiga Renesmee Cullen. Ela é como eu – ele me olhou pedindo confirmação e eu o apoiei assentindo para o homem alto – e é americana, de uma cidade chamada...
– Forks – falei com um sopro de voz tímida.
Ele me examinou atentamente, a curiosidade fortemente estampada em seu rosto.
– Híbrida?
– E talentosa – Arthur informou, um tanto orgulhoso. Senti vontade de rir: era realmente estranho que nós já fossemos tão amigos em tão pouco tempo.
– E seus pais...?
Nesse momento o vazio que estivera distante voltou com força total; E meus pais? Onde estavam? O que faziam? Estariam agora com o clã Volturi?
– Estão... – mas eu não pude completar, pois a voz me faltou. Eu não sabia onde estavam. Eu não sabia se ainda estavam... Não... Eu não poderia pensar nisso. Meus pais eram fortes, seria preciso mais que vampiros italianos para derrubá-los.
E, além disso, tia Alice...
...Tia Alice!
– Escute, Arthur, podemos voltar para a casa de sua madrinha agora? Eu gostaria muito de dar um telefonema.
– Ah, claro.
Segui uma direção aleatória.
– Ei! Aonde você vai? A direção é essa!
Parei abruptamente.
– Oops – e segui a direção correta.
Rindo, os dois me acompanharam até a mansão.
Era isso, pensei. Eu tinha que ligar para tia Alice. Só assim, eu saberia notícias de toda a minha família.
Ao entrarmos pela porta da frente, ouvi uma exclamação aguda e ainda assim afinadíssima. Levei um susto ao ver Lilith pular no pescoço de Henri.
Por um segundo, cheguei a pensar que ela estava atacando-o, mas momentos depois notei que era o inverso: havia amor de sobra em seus olhos.
Desejando deixá-los a sós, eu e Tue fomos até a sala em que estávamos anteriormente. Fomos assaltados pela mãe de Arthur, preocupadíssima.
– Onde estavam?
– Na campina, Maman.
– Já disse que lá é perigoso para crianças...
– Mas não somos realmente crianças, somos? Nós somos meio-vampiros, e vampiros não podem estar na infância. A não ser que sejam...
– ...Congelados. – completei, com um arrepio que passou por todos os outros na sala.
Depois de um tempo de silêncio constrangedor, Agnes se levantou recomposta e sorriu carinhosamente para mim.
– Você disse que queria telefonar para alguém, chéri?
Arregalei os olhos.
– Como...?
– Oh, chéri, eu tenho a audição um pouquinho mais desenvolvida.
Um pouquinho. Ela simplesmente me ouviu de forma clara estando a cerca de dois quilômetros de distância.
– Humm... Sim, eu gostaria, por gentileza.
Sua cabeça pendeu para um lado.
– Engraçado. Você é tão jovem, e tem o vocabulário tão antigo!
Sorri por dentro. Papai também era assim.
– É genético.
Ela saiu do cômodo e voltou com um celular na mão.
– Fique à vontade.
Com o coração novamente acelerado, digitei o número que eu sabia de cor.
O telefone de Tia Alice.

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