Senti o sangue escorrendo dentro de minha boca, melhor que qualquer coisa que havia provado. Era grosso e doce e cheirava como o mais divino buquê de maçãs, frutas cristalizadas e flores do campo. Bebi longa e profundamente, saboreando o gosto. De repente ela gritou novamente.
“Jane!” ela gritou, ofegante.
Eu me afastei, irritada por minha comida ter gritado comigo. Ela, contudo, estava olhando para mim através olhos manchados de lágrimas, sua pele branca pálida e sem sangue. Eu podia ouvir seu coração bater, tão convidativo, agitado e alto.
“Sou eu!” ela balbuciou, sem ar e fraca pela falta de sangue. A olhei fixamente, tentando lembrar de memórias sobre ela.
“Você não sabe quem sou eu?”
Balancei minha cabeça, curiosa.
“Eu, eu sou Ana. Sua irmã. ” Lágrimas enormes deslizando por seu lindo rosto, estragando seus profundos olhos castanhos.
Então, as memórias vieram me inundando, todas de uma vez, como se fossem de mil anos atrás.
Anna. Minha irmã.
Olhei para ela novamente, uma onda de horror me percorrendo. O que foi que eu fiz? Olhei em choque sua branca e quase sem vida figura, sangue emanando da enorme ferida em seu pescoço. Milhares de memórias adentraram-me em um segundo. Quando ela havia nos defendido, seus suaves abraços, suas confortantes palavras. Houve um tempo em que ela foi a única razão pela qual vivi. E eu a havia destruído, sua belíssima vida estava apenas havia começado e eu, sua irmã morta-viva estava a tirou dela.
O que foi que eu fiz?
“Você se lembra de mim?” ela sussurrou. Acenei a cabeça, tentando trazer as lágrimas que não viriam.
“Anna, ” eu disse, minha voz falhou. “Eu sinto tanto. “
Suavemente afaguei seu pescoço, mas, dessa vez, não de uma forma que me fizesse ansiar por seu sangue. A queimação em minha garganta se foi, substituída por outra dor diferente de qualquer coisa que eu já tivesse sentido antes. Rasgou-me, partindo meu coração, arrancando-o sem bater de meu peito de pedra. Era pior que o fogo da estaca, mais doloroso que a inesquecível dor da transformação.
“Senti sua falta. ” Ela refletiu. Sua voz era tão quieta que até eu estava tendo problemas para ouví-la. Ela engoliu um sopro de ar, arfando com a dor. “Pensei que tivesse te perdido. A vocês dois. “
Pude ouvir seu batimento cardíaco diminuindo, seus rapidos batimentos iniciais ficando cada vez mais fracos e distantes. Ela havia perdido muito sangue.
Ela pausou, inspirando o ar quente de verão.
“Suas mãos estão frias” ela disse, inesperadamente. Sua voz estava mais alta agora, casual, como se estivesse passando as horas do dia. “E seus olhos, estão tão vermelhos quanto o sangue que te encharca. ” Olhei para baixo novamente, para a ferida aberta em seu pescoço.
“Eu sinto tanto. ” Eu disse, apenas alto o suficiente para ela ouvir.
“Por que?”
“Por tirar sua vida, minha irmã. “
Para minha surpresa ela riu, uma leve e falhada risada, e eu podia ver que agora era um esforço para ela apenas continuar respirando.
“Isso não é engraçado!” Explodi em uma súbita onda de raiva contra ela que me inundou sem aviso.
“Mas, Jane, ” ela respondeu ainda mostrando seu doloroso sorriso. “Você não vê que eu não poderia viver sem vocês?” Haviam lágrimas caindo de seus olhos novamente. Eu as sequei. “Eu teria morrido mais cedo ou mais tarde de coração partido, toda a alegria de minha vida havia me deixado.”
Balancei a cabeça.
“Mas, você teria se recuperado. ” Insisti. “Você poderia ter tido uma vida. “
“Não. ” Veio sua resposta. Agora, seu coração mal era audível. “Vocês dois são a única razão pela qual eu vivi. “
Abri minha boca para protestar, mas algo me impediu. O quarto estava silencioso. Sem respiração, sem ruído de lençóis, sem batimentos do coração.
4 comentários:
Por que a Anna não se tornou vampira???
Verdade, o veneno deveria ter feito efeito, né?
Jane sugou sangue de mais, para que ela se tornasse vampira, para criar um vampiro, só se deve morder, e não chupar todo o sangue...
Pq a Jane bebeu muito sangue dela. Para tornar outra pessoa vampira você tem apenas de morder sem sugar nenhum sangue. Se sugar um pouco será muito para a vítima.
Postar um comentário