Eternamente Dourado - Capítulo 10: Port Angeles - Parte 2

La Bella Italia, traduzido literalmente significa a Bela Itália. E Bella era belíssima… Encantadora… Deliciosa… Seu aroma estava me deixando louco. Eu estacionei rapidamente o carro enquanto a ouvia falar.

“Como você sabia onde. . ?” Mas ela não completou sua frase e balançou a cabeça em vez disso.

Fiquei agradecido que aquela era uma pergunta que ela parecia não querer a resposta naquele momento. Abri a porta e comecei a sair, inalando o fresco ar noturno.

“O que você está fazendo?” Ela perguntou.

Purificando-me de todos os males. “Estou te levando para jantar. “

Se havia qualquer coisa que poderia forçar-me a perder o apetite o mais rápido possível, comida humana certamente faria o trabalho. E mais importante, Bella precisava de comida. Ela ainda não havia entrado em choque e eu estava ficando bem preocupado que ela estivesse bem mais traumatizada do que eu imaginava.

Dei um sorriso a ela, que ela não retornou, e eu soube que minhas tentativas de ser amistoso falharam. Sem dúvida, minhas feições alienígenas estavam apenas traumatizando-a ainda mais. Saí do carro e fechei a porta. Esperei por ela na calçada. Eu não iria impor minha natureza monstruosa mais que o necessário.

Não havia objetivo algum em minimizar como eu me sentia, minha raiva ainda era intensa. Eu estava na maior parte em controle de mim mesmo quando chegamos, entretanto eu sabia que o monstro em minha cabeça precisava de bem pouco incentivo para lançar-se em ação novamente.

Eu também estava em um conflito horrível. Esta era a mulher pela qual eu estava apaixonado, uma humana. Ainda assim, aqui estava eu, um vampiro e assassino natural, levando-a para jantar. Durante todo o tempo nutrindo sentimentos assassinos contra quatro homens humanos.

Humanidade — minha fantasia que permitia que eu existisse nessa vida, bem como o maior espinho em minha mão.

Falei assim que ela alcançou a calçada. “Vá parar Jessica e Angela antes que eu tenha que buscá-las também. Não sei se conseguiria me segurar se encontrasse seus outros amigos novamente. ”

Só no caso de eu precisar de um álibi. Bella e suas amigas humanas eram o disfarce perfeito. Eu ainda estava indeciso se iria ou não matar aqueles homens.

Bella arrepiou-se e eu fiquei tenso, preocupado que ela talvez tentasse discutir, mas ela não tentou.

“Jess! Angela!” ela gritou atrás delas, acenando quando elas viraram. As humanas correram até Bella, uma variedade de emoções em suas mentes. Não consigo dizer o processo de seus pensamentos nesses segundos, era como se elas tivessem perdido toda a noção de lógica.

Ah, graças a Deus que Bella está bem… Angela Webber pensava gentilmente.

Finalmente! Pensei que ela nunca fosse aparecer… Jessica Stanley reclamou.

Espera… Aquele é quem eu acho que é?

Sim, você está certa, Angela.

Ai… Meu… Deus … Edward … Cullen… O cérebro de Jessica pareceu ser feito de mingau.

Verdadeiras para com seus instintos humanos, elas hesitaram a alguns passos de nós. Não era bem por medo, mas, elas estavam bastante apreensivas.

“Onde você estava?” A voz de Jessica estava duvidosa. Ela estava com Edward esse tempo todo?

“Eu me perdi, ” Bella admitiu timidamente. “E aí encontrei com Edward. ” Ela apontou para mim. Entendi aquilo como minha deixa.

“Tudo bem se nós nos juntássemos a vocês?” Perguntei com a voz calma que eu reservava para humanos. As duas garotas piscaram e pareceram deslumbradas.

“Er… Claro, ” Jessica respirou. Junte-se a nós… Beije-me… Ou beije-nos… Ou o que ele quiser… Não sei… Não me importo…

“Hum, na verdade, Bella, nós já comemos enquanto esperávamos – desculpe, ” Angela confessou. Eu me sinto tão mal… Ela ainda não comeu nada e eu fui lá e jantei… Que péssimo… Uau, ele é realmente lindo…

“Tudo bem – Eu não estou com fome. ” Bella encolheu os ombros.

“Acho que você deveria comer alguma coisa, ” eu disse em uma voz baixa e autoritária. Eu sabia muito bem quão teimosa ela podia ser, e não queria que ela discutisse sobre meu tão necessário plano. Além disso, seria difícil o suficiente manter meu disfarce com três humanas em meu estado conturbado de mente. A súbita possibilidade de apenas uma humana era uma idéia maravilhosa para mim.

Olhei para Jessica e falei levemente mais alto. “Você se importa se eu levar Bella para casa essa noite? Assim vocês não precisarão esperar enquanto ela come. “

“Uh, sem problemas, eu acho…” Ela mordeu o lábio e encarou Bella. É isso mesmo que ela quer? Ficar sozinha com Edward Cullen? Algo suspeito está rolando aqui… Ah ótimo, ela piscou para mim… Foi um código para ‘encontro secreto, por favor vá embora’?

Felizmente, Angela tinha uma mente mais rápida… E menos suja também.

“Ok, ” Angela disse. Não faço idéia do que está acontecendo, mas, não é da minha conta… “Te vejo amanhã, Bella… Edward. ” Ela agarrou a mão de Jessica e a puxou em direção ao carro que estava estacionado um pouco distante, na Primeira Rua. Enquanto entravam, Jessica virou e acenou, seu rosto impaciente de curiosidade. Bella acenou de volta e esperou até que elas dirigissem para longe, e então virou para me encarar.

Lá vem, pensei, a teimosia dela…

“Honestamente, não estou com fome, ” ela insistiu, olhando para cima e examinando meu rosto.

Eu não aceitaria uma discussão, não dela, não essa noite.

“Faça-me rir, ” respondi.

Andei até a porta do restaurante e a segurei aberta para ela. Dei a ela um olhar firme, deixando claro que não haveria mais discussão. Ela cambaleou um pouco enquanto passava por mim e entrava no restaurante com um suspiro.

Eu sabia que o restaurante não estaria cheio, considerando que não era a alta temporada em Port Angeles. Entretanto, entrando naquele lugar quase vazio foi desanimador. Então em um flash, percebi que essa seria, talvez, minha única oportunidade de cortejar Bella. Era uma tolice e eu sabia disso, mas, já que eu estava mantendo um disfarce humano, fazia sentido que eu também fingisse que eu poderia estar com meu amor.

Eu estava enganando a mim mesmo por acreditar que este era nosso primeiro encontro. Claro que ela não pensaria algo desse tipo, ela não mentiria para si mesma, fingindo ser algo que não é. Tudo o peso estava sobre meus ombros, então indiquei o caminho.

“Uma mesa para dois?” pedi à recepcionista, cujos pensamentos eram uma bagunça sem sentido, então a desintonizei rapidamente. Ela nos levou a uma mesa no centro da área mais cheia do lugar.

Não, isso não serviria de forma alguma.

Balancei a cabeça para Bella antes que ela sentasse. “Talvez algo mais particular?” Insisti calmamente para a recepcionista, enquanto discretamente dava a ela uma nota de vinte dólares.

“Claro, ” a recepcionista disse com surpresa. Cara gato, mas vou aceitar os vinte…

Humanos podem ser tão previsíveis as vezes.

Ela virou e guiou-nos por uma volta até um pequeno número de mesas – todas vazias. “O que acha disso?”

“Perfeito. ” Sorri da forma mais amigável que pude reunir.

“Hum” – ela sacudiu a cabeça, piscando – “sua garçonete vira em um instante. ” Ela foi embora trocando os passos.

“Você realmente não devia fazer isso com as pessoas, ” Bella criticou. “Não é muito justo. “

“Fazer o que?” Considerando todos os acontecimentos da noite, a que exatamente ela estava se referindo?

“Deslumbrá-las desse jeito – ela provavelmente está hiperventilando na cozinha agora mesmo. “

Eu simplesmente a encarei, podia sentir a confusão em meu rosto. Eu estava meramente sendo educado e amigável pelo bem de meu disfarce humano. Deslumbrar pessoas não era parte do jogo.

“Ah, faa sério, “ela disse duvidosamente. “Você tem que saber o efeito que você causa nas pessoas. “

Agora eu estava curioso. “Eu deslumbro as pessoas?”

“Você não notou? Você acha que todo mundo consegue o que quer tão facilmente?”

Ignorei suas perguntas quando comecei a entender o significado por trás de suas palavras. “Eu deslumbro você?”

“Frequentemente, ” ela admitiu.

Eu estava sem palavras. Sua percepção sobre a atração perigosa que todos os vampiros possuem, nossa beleza inumana, ela estava chamando isso de ‘deslumbrar’? Como se nossa beleza atrativa pudesse ser algo bom. Mas, eu ainda estava curioso. Ela me achava deslumbrante… como pessoa ou como um monstro?

Eu estava tentando desvendar este enigma quando ouvi as palavras, e os pensamentos, de nossa garçonete.

Crystal estava totalmente certa, completamente lindo… “Olá. Meu nome é Amber e serei sua garçonete essa noite. O que posso trazer para você beber?” Qualquer coisa que quiser… Qualquer coisa mesmo…

Olhei para Bella.

“Eu quero uma Coca. ” Ela parecia incerta, talvez nervosa. Ela estava entrando em choque agora? Se sim, precisaria de uma boa quantidade de açúcar.

“Duas Cocas, ” eu disse.

“Eu já volto com seu pedido, ” disse Amber. Eu não lhe dei atenção e mantive meus olhos em Bella.

“O que?” ela perguntou quando a garçonete saiu.

Meus olhos permaneceram fixados no rosto dela. “Como você está se sentindo?”

“Estou bem, ” ela respondeu, parecendo surpresa.

“Você não se sente tonta, enjoada, com frio… ?”

“Deveria?”

Eu ri de seu tom confuso.

“Bem, na verdade, estou esperando você entrar em choque. ” Sorri.

“Eu não acho que isso vá acontecer, ” ela disse depois de respirar fundo. “Sempre fui muito bia em reprimir coisas desagradáveis. “

“Mesmo assim, vou me sentir melhor quando você tiver um pouco de açúcar e comida em você. “

O que ela revelou de sua personalidade não me confortou. Apenas significava que levaria mais tempo até que ela desmoronasse diante de meus olhos. Eu estava muito tenso, esperando o inevitável.

Eu estava vagamente ciente de que nossa garçonete retornou e estava colocando as bebidas bem como uma cesta na mesa. Eu ainda estava observando Bella, esperando pelo menor sinal de que ela não estava tão bem quanto afirmava estar. Seu coração e respiração pareciam normal o suficiente. Apesar daquela longa inspirada que ela deu antes me confundir. Era isso que ela queria dizer sobre deslumbrar? Certamente não era uma coisa boa se eu causasse asfixia a ela.

“Você está pronto para pedir?” disse Amber. Olhei para cima e percebi que ela estava falando diretamente comigo. Mas, não era eu quem precisava.

“Bella?” perguntei, agradecidamente virando meus olhos para ela. A garçonete era lenta em reconhecer sua outra cliente.

“Hum…, ” Bella olhou para o menu, “Vou querer o ravioli de cogumelo. “

“E você?” Ela virou de volta para mim com um sorriso.

“Nada para mim, ” eu disse.

“Avise-me se mudar de idéia. ” Houve uma pausa e a garçonete finalmente saiu resmungando em seu pensamento, Não sei o que ele vê nela…

“Beba, ” eu ordenei.

Ela deu um pequeno gole obediente, e então bebeu mais profundamente. Depois que ela terminou toda a bebida, empurrei meu copo na direção dela. Obviamente, eu não poderia beber e ela claramente precisava do açúcar.

“Obrigado, ” ela murmurou. Ela parou de beber e de repente arrepiou-se violentamente.

“Você está com frio?” Eu estava muito preocupado que os arrepios fossem o primeiro sinal do choque.

“É apenas a Coca, ” ela explicou, tremendo de novo.

“Você não tem um casaco?” Eu disse em desaprovação.

“Sim. ” Ela olhou para o assento vazio a seu lado. “Ah – deixei no carro de Jessica, ” ela percebeu.

Eu não estava pensando, simplesmente tirei meu casaco e dei para ela.

“Obrigado, ” ela disse de novo, deslizando os braços no meu casaco.

Ela arrepiou-se de novo e eu me bati mentalmente. Claro que meu casaco não proporcionaria o calor que ela desesperadamente precisava. Claro que eu não podia reamente dar nada que ela precisasse. Mas aí, ela fez a coisa mais estranha — ela cheirou meu casaco, um olhar de prazer passou por seu rosto. Ela arregaçou as mangas para liberar suas mãos delicadas mas manteve o nariz firmemente pressionado contra o colarinho.

Preocupou-me, este simples gesto. Ela estava tomando cada aspecto perigoso do que eu era e encontrando prazer em todos. Era bastante perturbador assistir a uma humana tão disposta a aceitar o monstro.

Talvez fosse culpa da suave iluminação do restaurante. Ou talvez fosse a cor do meu casaco em comparação com sua própria roupa e sua pele de marfim. Ela nitidamente brilhava. Seria seguro oferecer um elogio ao meu encontro imaginário?

“Essa cor azul fica adorável com sua pele, ” eu disse, observando-a. Seus olhos arregalaram-se em surpresa e ela olhou para baixo. Rosa pintou suas bochechas. Simplesmente delicioso.

Empurrei a cesta de pão em direção à ela como distração para mim mesmo.

“Sério, não vou entrar em choque, ” ela protestou.

Isso estava saindo do controle. Sua teimosia era ridícula.

“Deveria entrar, ” respondi, “uma pessoa normal entraria. Você não parece nem abalada. ” Era desconcertante quão calma ela estava enquanto, ao mesmo tempo, eu estava tentando juntar o que restava da minha sanidade. Olhei bem nos olhos dela, tentando com toda minha força mental adivinhar a verdade em sua mente.

“Eu me sinto muito segura com você, ” ela confessou silenciosamente.

Segura? Ela perdeu seu juízo? Era como um cordeiro alegremente aproximando-se do açougueiro e dizendo ‘Você tem minha permissão para me abater. ‘ Eu sacudi a cabeça, franzindo as sobrancelhas, tentando apagar aquela imagem horrível.

“Isso é mais complicado do que eu planejei, ” murmurei para mim mesmo.

Foi um pequeno alívio quando ela pegou um pedaço de pão e começou a mordiscar a ponta. Seus olhos pareciam curiosos.

“Normalmente você está mais bem humorado quando seus olhos estão tão claros, ” ela comentou.

Eu a encarei, abismado. “O que?”

“Você sempre está mais ranzinza quando seus olhos estão negros – Eu espero seu mal humor assim, ” ela continuou. “Tenho uma teoria sobre isso. “

Meus olhos se estreitaram. “Mais teorias?”

“Mm-hm. ” Ela mastigou um pequeno pedaço de pão, se fazendo de indiferente.

“Espero que tenha sido mais criativa dessa vez… Ou ainda está roubando de revistas em quadrinhos?” Era engraçado, de uma forma doentia, que ela conseguisse me ver como algum tipo de super-herói colorido.

“Bom, não, não tirei de uma revista em quadrinhos, mas, também não inventei sozinha, ” ela admitiu.

“E?” Incitei. Por que ela sempre tinha que me torturar com pensamentos incompletos?

Senti o cheiro da comida antes que a garçonete contornasse a repartição da área onde estávamos sentados, e então, de repente, lá estava ela. Bella e eu nos endireitamos com a aproximação da garçonete. Ela colocou o prato na frente de Bella e se virou para mim.

Olá, gracinha… “Mudou de idéia?” ela perguntou. “Não há nada que eu possa oferecer a você?” Meu telefone? Uma longa e forte… . . Bebida?

“Não, obrigado, ” recusei todas as três ofertas, “mas, mais refrigerante seria bom. ” Fiz um gesto para os copos.

“Claro. ” Ela retirou os copos vazios e foi embora.

“Você estava dizendo?” Perguntei.

“Eu te conto sobre isso no carro. Se… ” ela pausou, torturando-me novamente.

“Há condições?” questionei cautelosamente, levantando uma sobrancelha.

“Eu tenho de fato algumas questões, claro. “

“Claro, ” eu cedi.

A garçonete voltou com mais duas cocas. Colocou-as na mesa sem uma palavra e saiu novamente. Sua mente, no entanto, não estava silenciosa, mas, ignorei suas reclamações.

Bella tomou um gole.

“Bem, vá em frente, ” pressionei. Algo me dizia que sua última teoria não me agradaria mas, eu estava muito ansioso para descobrir. Tudo que eu precisava era passar por suas perguntas o mais rápido possível.

“Por que você está em Port Angeles?”

Olhei para baixo, entrelaçando minhas mãos juntas na mesa. Bem, essa era uma pergunta que podíamos pular facilmente. Olhei para cima, sabendo que ela contestaria.

“Próxima. “

“Mas, essa é a mais fácil, ” ela discutiu.

“Próxima, ” repeti.

Ela mordeu seu lábio enquanto olhava para baixo e desenrolava o guardanapo de seus talheres. Ela pegou seu garfo e cuidadosamente espetou um ravioli. Colocou na boca lentamente, mastigando enquanto parecia estar pensando. Essa mulher ia me matar. Ela tomou outro gole de coca antes de olhar para cima.

“Ok, então. ” Ela me encarou e continuou lentamente. “Digamos, hipotéticamente claro, que alguém… poderia saber o que as pessoas estão pensando, ler mentes, sabe – com poucas excessões. “

Bem no alvo.

“Apenas uma excessão, ” corrigi, e adicionei seguramente, “hipoteticamente. “

“Tudo bem, com uma excessão, então. ” Ela sorriu levemente, embora parecesse estar fingindo indiferença.

“Como isso funciona? Quais são limitações? Como esse alguém… poderia… encontrar outra pessoa exatamente na hora certa? Como ele saberia que ela estava com problemas?”

“Hipoteticamente?” perguntei, entrando no joguinho dela também.

“Claro. “

“Bom, se… esse alguém…”

“Vamos chamá-lo de ‘Joe’, ” ela sugeriu.

Eu sorri ironicamente. “Joe, então. Se Joe estivesse prestando atenção, o tempo não precisaria ser tão exato. ” Balancei a cabeça, virando os olhos. “Só você poderia entrar em apuros em uma cidade pequena assim. Você teria devastado o índice estatístico de crimes deles por uma década, sabia?”

“Estávamos falando de um caso hipotético, ” ela me lembrou friamente.

Ri calorosamente para ela.

“Sim, estávamos, ” concordei. “Devemos chamar você de ‘Jane’?”

“Como você sabia?” ela exclamou, inclinando-se para mim com intensidade.

Eu não conseguia entender sua disposição de se inclinar para mais perto de mim. Ela parecia tão destemida. Claro que ela não sabia o que eu era, mas mesmo assim, ela deveria ser mais reservada que isso. Meus olhar se travou no dela, e eu fiquei espantado mais uma vez com a profundidade de seus belos olhos castanhos.

Eu estava pensando rápido, quais eram minhas escolhas? Eu ainda tinha alguma? O que eu iria falar para ela? Restava apenas uma coisa a dizer — a verdade.

“Você pode confiar em mim, sabe, ” ela murmurou. Ela estendeu a mão para tocar as minhas, que estavam entrelaçadas. Tão suave, tão quente, que me assustou. Puxei minhas mãos para longe instantaneamente.

“Eu não sei se tenho mais escolha, ” sussurrei. “Eu estava errado – você é muito mais observadora do que eu te dei crédito. “

“Pensei que você sempre estava certo. “

“Eu costumava estar. ” Balancei minha cabeça de novo. “Eu estava errado a seu respeito sobre outra coisa também. Você não é um imã para acidentes – não é uma classificação ampla o suficiente. Você é um imã para problemas. Se houver qualquer coisa perigosa dentro de um raio de quinze quilômetros, irá, invariavelmente, encontrar você. “

“E você coloca a si mesmo nesta categoria?” ela chutou.

Nesse instante toda a graça me deixou. “Inequivocamente, ” eu disse, sério.

Ela esticou a mão através da mesa novamente e eu instantaneamente afastei as minhas mais uma vez. Não queria que ela conhecesse a sensação repulsiva de minha pele. Mas, ela tocou as costas da minha mão timidamente com a ponta de seus dedos. O carinho que ela demonstrou me percorreu e apunhalou meu interior.

“Obrigado. ” Sua voz fervia de gratidão. “Já são duas vezes agora. “

Eu cedi levemente ao seu calor, sua bondade. “Não vamos tentar uma terceira, combinado?”

Ela bufou, mas concordou. Tirei minha mão da dela, colocando-as embaixo da mesa. Era uma sensação incrível mas, eu não podia confiar em minhas próprias reações à proximidade dela. Eu não podia ficar perto dela como ela parecia tão disposta a estar comigo, mas eu queria, queria tanto. Inclinei-me em sua direção.

“Eu segui você até Port Angeles, ” confessei, permitindo que as palavras fluíssem livremente. Era tão fácil na presença dela. “Eu nunca tentei manter uma específica pessoa viva antes, e é muito mais problemático do que eu imaginava. Mas, provavelmente é só porque é você. Pessoas normais parecem conseguir passar o dia sem tantas catástrofes. ” Pausei, esperando pela reação dela, com medo de que ela sairia correndo e gritando a qualquer momento. Então, eu comecei a questionar meus olhos. Seus lindos e cheios lábios estavam curvando-se em um gentil sorriso.

“Você já pensou que talvez eu tivesse minha hora havia chegado na primeira vez, com a van, e que você está interferindo no destino?” ela especulou, mudando de assunto.

“Aquela não foi a primeira vez, ” eu disse, horrorizado comigo mesmo por admitir que quase a matei. Olhei para baixo com vergonha. “Sua hora havia chegado na primeira vez que te vi. “

Ela não disse nada por um longo momento. Eu olhei para ler seus olhos e fiquei chocado com o que descobri. Não havia medo, apenas reconhecimento.

“Você se lembra?” perguntei gravemente.

“Sim. ” Ela estava calma.

“E ainda assim, aqui está você sentada. ” Eu não podia acreditar que ela estava contente em jantar com seu próprio assassino em potencial. Ergui uma sobrancelha para esta incrível criatura em minha frente.

“Sim, aqui estou… por sua causa. ” Ela pausou. “Porque de alguma forma você soube como me encontrar hoje… ?” ela induziu.

Pressionei meus lábios juntos, encarando-a com olhos afiados. Ela era tão inacreditavelmente teimosa. Olhei para seu prato e então de volta para ela.

“Você come, eu falo, ” barganhei.

Ela rapidamente escolheu outro ravioli e colocou na boca.

“É mais difícil do que deveria ser, ” comecei, “manter o olho em você. Normalmente eu posso achar alguém muito facilmente, uma vez que já ouvi sua mente antes. ” Olhei para ela, ansioso, quando ela congelou. Ela saiu de seu devaneio e forçou-se a engolir e então, apunhalou outro ravioli e enfiou na boca.

“Eu estava de olho na Jessica, ” continuei, “não cuidadosamente – como eu disse, só você poderia entrar em apuros em Port Angeles – e a princípio eu não percebi quando você saiu sozinha. Então, quando vi que você não estava mais com ela, fui te procurar na livraria que havia visto na cabeça dela. Pude ver que você não tinha entrado e que tinha ido para o sul… E eu sabia que você teria que fazer a volta logo. Então eu estava apenas esperando por você, casualmente procurando pelos pensamentos das pessoas na rua – para ver se alguém havia te notado para que eu assim pudesse saber onde você estava. Eu não tinha razão para me preocupar… Mas eu estava estranhamente ansioso… ” Eu estava de volta àquele momento, há apenas um pouco tempo antes. Olhei além dela, vendo o que saberia que viria a seguir.

“Comecei a dirigir em círculos, ainda… ouvindo. O sol finalmente estava se pondo, e eu estava prestes a sair e seguir você a pé. E então –” eu parei, apertando os dentes em fúria. Mal posso esperar para pegá-la… Esforcei-me para me acalmar.

“E então… ?” ela sussurrou. Eu continuei a olhar por cima de sua cabeça.

“Eu ouvi o que eles estavam pensando, ” rosnei. “Vi seu rosto na mente dele. ” Apoiei um cotovelo na mesa e cobri meus olhos com minha mão. Eu sabia que isso não apagaria as imagens horríveis que vi mais cedo nessa noite mas, era difícil demais olhar para ela e não ver como aqueles homens a viram.

“Foi muito… difícil – Você não pode imaginar quão difícil – para mim, simplesmente tirar você de lá e deixá-los… vivos. Eu podia ter deixado você ir com Jessica e Angela mas, eu estava com medo de que se você me deixasse sozinho, eu iria atrás deles, ” admiti em um sussurro.

O silêncio que se seguiu era palpável. Nenhum de nós disse uma palavra enquanto eu lutava contra a tortura ainda impressa em minha mente.

Então olhei para cima, meus olhos procurando os dela, minha mente cheia de minhas próprias perguntas. Eu havia falado demais? Ela está bem?

“Você está pronta para ir para casa?” Perguntei.

“Estou pronta para ir embora, ” ela qualificou.

A garçonete apareceu. Sabia que era uma boa idéia ficar de olho neles…

“Como estamos?” Ela me perguntou.

“Estamos prontos para a conta, obrigado, ” eu disse quietamente. Se eu falasse mais alto, tenho certeza que todo o estresse que eu estava sentido seria ouvido claramente. A garçonete não disse nada. Olhei para cima, esperando.

“C-claro, ” ela gaguejou. “Aqui está. ” Ela puxou uma pasta de couro do bolso da frente de seu avental preto e entregou para mim.

Deslizei uma nota de cinquenta dólares dentro da pasta e entreguei de volta para ela.

“Sem troco. ” Sorri. Então levantei e Bella cambaleou desajeitadamente ficando em pé.

A garçonete sorriu para mim. “Tenha uma ótima noite. “

Murmurei meu muito obrigado, mantendo meus olhos em Bella, com receio de que ela tropeçasse e caísse bem ali.

Andei ao lado de Bella até a porta, cuidadoso para não tocá-la. Emergimos na noite fria e eu me preocupei com o quanto a frígida temperatura afetaria o seu corpo frágil e humano. Ela suspirou de repente, sem nenhuma razão que eu pudesse ver. Olhei para ela com curiosidade. Ela não olhou de volta e manteve seus olhos na calçada.

Abri a porta do passageiro, segurando para que ela entrasse, e a fechando suavemente atrás dela. Dei a volta pela frente do carro e entrei no lado do motorista. Dei a partida e liguei o aquecedor no máximo. Humanos precisavam de calor muito mais do que eu. Eu nem sequer merecia sentir calor.

Saí do estacionamento, fiz o contorno e fui sentido a auto-estrada. O tempo todo pensando sobre as perguntas dela.

“Agora, ” eu disse significativamente, “é a sua vez. ”

2 comentários:

Ka kah disse...

Eu sempre odiei aquela garçonete

Dama disse...

Amei esse capítulo!

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