Eternamente Dourado - Capítulo 4: Não Convidado

**Nota da autora: O poema é Relutante de Robert Frost. E também, a briga que os Cullens tem é apenas minha própria interpretação.

Alice estava esperando por mim do lado de fora do hospital.

“Eu trouxe o seu carro,” ela disse. “E limpei o estacionamento.” Nenhum traço de evidência sobrando.

“Obrigado,” murmurei.

“Eles não estão felizes com você nesse momento.” Apenas para te avisar…

Encolhi os ombros, fingindo indiferença.

“Eles querem que você volte para casa imediatamente. E conversar…”

Suspirei. “Tudo bem, melhor acabar com isso. Você quer uma carona?”

Ela acenou com cabeça, seu rosto triste.

“Você não deveria ter feito isso,” ela murmurou no carro.

“Tive de fazer.”

“Mas por que?”

“Se o sangue dela tivesse sido derramado logo ali, você realmente acha que eu poderia ter me contido?” Dei a única desculpa que eu tinha.

“Você não a teria matado.”

“Então o que teria acontecido?” Exigi.

“Ela teria sido transformada,” ela disse quietamente.

“Nunca,” sussurrei. E não dissemos mais nada.

Esme, Rosalie, Emmett e Jasper estavam esperando por mim na sala de estar. Cada um estava tão quieto e duro como uma estátua, seus pensamentos apagados. Houve um breve momento de silêncio então a gritaria começou.

“O que diabos você estava pensando?!” Rosalie gritou em meu rosto.

“Você expôs a todos nós!” Jasper gritou, sem dúvida se alimentando com a raiva na sala.

“Por que você faria isso com a gente?” Emmett gritou.

Eu me encolhi. “Não fiz nada intencionalmente, foi simplesmente algo que tive de fazer.”

“Você tinha de salvar a vida de uma patética humana?” Rosalie zombou.

“Nós todos já estivemos nessa situação,” repreendeu Emmett. “Todos temos trabalhado tão duro e você simplesmente arruinou tudo!”

“Se você não tem o peito para cuidar dela, eu irei,” disse Jasper ferozmente.

“Não!” Gritei para ele.

“Por que não?” ele disse rebeldemente.

“Você está apenas sendo egoísta, Jasper,” cuspi. “Você faria qualquer coisa pela oportunidade de trapacear em sua dieta. Não permitirei que você faça isso com Bella!” Ele recuou da minha acusação, que era completamente falsa

“Por que ela é tão importante assim de repente?” Rosalie jogou os seus braços para cima com frustração.

“Ela apenas é,” afirmei.

“Então nos esclareça, oh grande Edward, por que não devemos nos livrar dela?” Jasper provocou.

“Eu não permitirei. Se algum de vocês tocarem em um fio de cabelo dela, eu os matarei!”

“Você mataria sua própria família antes de machucar alguma humana?” Emmett disse incrédulo, furiosamente.

“Sim,” murmurei. E eu iria, qualquer coisa para proteger Bella. Choque ressonou em seus pensamentos. Então Carlisle entrou.

“Não estamos partindo esta família por causa deste incidente,” ele disse calmo.

“Incidente?” Rosalie gritou. “Ele decidiu bancar o super-herói na frente de um monte de humanos.” Ela apontou um dedo acusatório para mim. “Eu dificilmente chamaria isso de um incidente.”

Carlisle suspirou. “Enquanto concordo que ações de Edward causaram uma bela reviravolta, por outro lado, ele não foi pego. Falei com Tyler Crowley eu mesmo, ele nunca viu Edward lá.”

“E quanto à menina humana?” Rosalie encarou.

“Isso não importa,” falou Alice, “ela irá ser uma de nós de qualquer maneira.”

“Perdão?” Interpus. “Eu não concordei com isso!”

“Você não teve que concordar, Edward.”

“O que vocês não estão me contando?”

Alice se inquietou. “Estive tentando ver caminhos diferentes depois desta manhã, mas todos eles levam à mesma coisa. Bella Swan será uma vampira.”

“Não,” murmurei.

“Então a transforme agora!” Jasper exigiu.

“Não!” Gritei em resposta.

“Não acho que temos escolha!” Rosalie gritou.

“NÃO!”

“E por que não?” Emmett perguntou.

“Não irei condená-la a essa vida!” Insisti.

“Você ainda acredita que estamos todos condenados?”

“Claro que não, Carlisle, não é o que quis dizer. Bella… ela é… ela é especial.” Franzi o rosto.

“Especial!” Rosalie disse a palavra como uma maldição. “Ah, agora ela é especial! Isso é impagável.”

“Cale a boca, Rosalie,” sibilei alto.

“Cale a boca você, Edward! Você realmente ferrou com tudo dessa vez! Ela irá tagarelar para a escola inteira como Edward O Herói salvou sua vida com sua força inumana!”

“Não, ela não irá,” eu discordei.

“Como você pode estar tão seguro? Eu já sei que você não pode ouvir os pensamentos dela.”

“Porque,” eu disse entre meus dentes, “ela disse que não iria dizer a ninguém.”

“E você acredita nela?” Rosalie disse incrédula.

“Sim.”

“Se ela realmente contar, teremos de cuidar disso,” disse Jasper. Teremos que matá-la.

“Eu disse não e ponto final!”

Ele cruzou os seus braços. “É o que os Volturi fariam.”

“Os Volturi e suas regras,” ridicularizei. “Não somos os Volturi.”

“Você preferiria que eles fossem interferir então?” ele zombou.

“Claro que não,” franzi.

“Então o que você quer que a gente faça?!” Emmett disse, exasperado.

“Seremos cuidadosos,” eu disse, um plano já formulando em minha mente, “pelos próximos poucos dias. Se Bella sugerir qualquer coisa a alguém que possa nos expor…” Não vou matá-la. “Então partirei.”

“Não,” Esme falou pela primeira vez, “Confio em você, Edward. Faça o que você tiver de fazer, mas por favor fique conosco.” Fique comigo, não posso perder outro filho, por favor…

Suspirei. “Tudo bem, Esme, ficarei. Simplesmente vou ignorar Bella Swan de agora em diante. Ela vai esquecer com tempo, humanos sempre esquecem.” Algo bem dentro de mim se revirou com o pensamento de ignorar Bella, mas o coloquei de lado.

“Concordo,” apoiou Carlisle. “Ignorá-la seria a melhor opção.”

“Ela ainda poderia contar…” Rosalie murmurou.

“Apenas me dê um dia,” supliquei. “Um único dia, por favor.”

“Tudo bem, Edward,” disse Carlisle calorosamente, “você tem um dia para lidar com esta situação.” Um dia para limpar esta bagunça.

Acenei com a cabeça, depois virei para o resto de minha família. Eles viraram o olhar para longe de mim em decepção, eu os tinha envergonhado. Engoli meu orgulho e corri para o meu quarto.

Todos o dia seguinte, escutei cada mente juvenil que queria uma nota em primeira mão do acidente de Bella. O que foi, naturalmente, todo o corpo estudantil. E alguns professores no meio. Fiquei admirado pela coerência de Bella. Ela contou a mesma história repetidas vezes, nunca vacilando nenhuma vez: Eu estava ao lado dela e a tirei do caminho.

Uma parte muito pequena de mim se sentiu culpada por forçar Bella a contar minha mentira. Contudo, a culpa foi logo substituída por ternos sentimentos. Bella insistia que eu era o herói, que eu tinha salvado a sua vida. Claro que eu tinha, mas escutá-la dizer essas palavras me enchia de prazer.

Então veio o momento de passar uma hora em nossa aula juntos – Biologia.

‘Olá, Edward,’ ela disse agradavelmente.

Virei minha cabeça uma fração em sua direção sem encontrar o seu olhar, acenei uma vez, e logo olhei pro outro lado. Se eu ousasse olhar naqueles aconchegantes olhos castanhos, eu com certeza cairia ao seus pés. Tinha de ignorá-la, ficar afastado, impedi-la de ver o monstro que eu era.

Aquela foi a última vez que tive qualquer contato com Bella Swan.

Ainda assim me sentei ao lado dela diligentemente, todos os dias, cinco dias por semana. As suas expressões eram infinitamente fascinantes. Embora eu apenas a observasse pelo canto do meu olho, não mais do que isto. E uma vez ou outra, ela revolveria o ar com a sua mão ou um giro rápido de sua cabeça, e o seu cheiro bateria em mim tão poderosamente como naquele primeiro dia. Mas a ignorei apesar de tudo, apesar da dor…

Eu estava deitado no chão do meu quarto, usando fones de ouvido explodindo música. Olhei o teto ressentidamente. Esme se deitou ao meu lado e removeu uma das partes da orelha.

“Podemos por favor conversar, Edward?” ela perguntou sinceramente.

Suspirei e arranquei o meu fone de ouvido.

“Você tem estado miserável, estou preocupada você,” ela disse gentilmente.

“Já faz duas semanas, três dias e catorze horas.” Anunciei.

“Desde?”

“Desde… que comecei a ignorar Bella.”

“Ah, sei. Isso te machuca, não é?”

Rolei de lado, olhando para longe de Esme e de seu rosto cheio de preocupação.

“Ela irá me esquecer com o tempo,” resmunguei. Esme pôs uma mão em meu ombro, mas eu não fui consolado. “Por favor, apenas me deixe em paz,” sussurrei.

Estava me deixando louco, eu tinha de fazer alguma coisa…

Afora pelos campos e os bosques

E por cima dos muros dirigi-me;

Eu tenho subido pelas colinas da visão

E olhado o mundo, e descido;

Vim pela estrada de casa,

E então, está terminado.

As folhas estão todas mortas no chão,

Salvo aquelas que o carvalho está mantendo

Para se desfazer uma por uma

E deixá-las ir se roçar e se arrastar

Afora pela neve incrustada,

Quando outros estão dormindo.

E as folhas mortas deitam paradas,

Não mais levadas para cá e para lá;

O último longo áster se foi;

As flores da aveleira murcham;

O coração ainda está doendo de buscar,

Mas a pergunta chave ‘Aonde?’

Ah, quando no coração do homem

Foste isso alguma vez menos que uma traição

Ir com a correnteza das coisas,

Ceder com a graça de raciocinar,

E se curva e aceita o fim

De um amor ou uma estação?

Cuidadosamente copiei o poema no meu melhor papel e o dobrei cuidadosamente. Ninguém tinha me proibido de dar a Bella um poema, ao menos isso eu podia fazer. Bella saberia que vinha de mim, por minha caligrafia. Mas a minha família não precisava saber. Eu ia deslizar o poema para dentro do armário dela.

Fiquei de pé lá, em frente ao seu armário, o nariz pressionado ao metal. Eu podia sentir o cheiro do seu sangue mas também o cheiro de seu shampoo de morango. Eu quase podia sentir sua pele suave e ver o seu sorriso quando ela lesse o poema. Mas então me movi para longe.

Tolo! Reprimi a mim mesmo. Ela nem iria saber o que o poema significava para mim, ela não sabe o que sou. Se ela realmente soubesse, a correria e a gritaria começariam. Amassei o papel em uma bola e joguei em uma lata de lixo próxima… onde Alice por acaso estava parada bem ao lado.

“Ela teria gostado do poema,” disse Alice suavemente.

Droga, se Alice sabia então toda a família saberia.

“Esqueça isso, Alice, não estou dando nada a ela. a estou ignorando, se lembra?” Comecei a andar pelo corredor vazio.

Ela me observou tristemente. “Você não será capaz de ignorá-la por muito mais tempo, considerando as suas excursões noturnas.”

Parei os meus passos.

“Não direi para ninguém, não se preocupe. Mas sei como você passa as suas noites, assistindo Bella dormir por sua janela.”

Baixei a minha cabeça. “Não acontecerá novamente,” murmurei.

“Oh, eu sei que vai,” ela disse alegremente.

Seis semanas, dois dias e sete horas…

Mike Newton estava estranhamente quieto enquanto ele acompanhava Bella para a nossa aula de Biologia.Apenas a convide, ele estava pensando. Muito estranho. Eu tensionei quando ele se sentou em nossa mesa.

“Então,” Mike disse, olhando para o chão, “Jessica me convidou para o Baile de Primavera.”

“Isso é ótimo.” Bella soou entusiasmada. “Você irá se divertir muito com a Jessica.”

“Bom…” Mike se atrapalhou enquanto olhava para Bella. Por que ela está feliz? “Eu disse a ela que tinha que pensar no assunto.”

“Por que você faria isso?” Ela disse com desaprovação. O que ela estava fazendo? Claramente, ela estava mentindo, mas por quê? Pelo bem dos sentimentos de sua amiga? Se você pudesse chamar Jessica Stanley de amiga…

“Eu estava me perguntando se… bom, se você possa estar planejando em me convidar.” Diz que sim, diz que sim…

Inclinei a minha cabeça ligeiramente na direção dela, querendo ouvir sua resposta.

“Mike, acho que você deveria dizer sim para ela,” ela disse.

“Você já convidou alguém?” Os olhos de Mike voaram rapidamente para mim e tive de lutar um pouco para reprimir o meu riso.

“Não,” ela o assegurou. “Não vou a baile nenhum.”

“Por que não?” Mike exigiu. Eu gostaria de saber isso também…

“Estou indo para Seattle no sábado,” ela explicou. Outra mentira óbvia.

“Você não pode ir em outro fim de semana?”

“Não,desculpe,” ela disse. “Então você não devia fazer a Jessica esperar mais tempo – é grosseria.”

“É, você tem razão,” Mike resmungou, e virou, abatido, para voltar ao seu lugar. Ela fechou os seus olhos e apertou seus dedos em suas têmporas. Por causa de fadiga? Culpa? Ela realmente tinha planos de ir a Seattle e secretamente queria ir ao baile com aquele idiota do Mike Newton? Sr. Banner começou a falar. Ela suspirou e abriu os seus olhos.

Olhei em seus olhos, desejando com toda a minha força tirar os seus pensamentos de sua mente. Por que ela estava mentindo? Qual parte era mentira e qual era verdade? Por que não posso ler a sua mente?

Ela olhou de volta, uma expressão de surpresa em seu rosto. Continuei olhando para ela. Nenhum pensamento estava vindo. Suas mãos começaram a tremer.

“Sr. Cullen?” o professor chamou. Vamos, é o Ciclo Krebs, não temos o dia todo…

“O Ciclo Krebs,” respondi, relutantemente virando para olhar o sr. Banner.

Ela moveu seu cabelo para cobrir o lado do seu rosto, o ocultando de mim. A culpa então me preencheu. Eu tinha sido tão detestável para ela e ela não me tinha esquecido em absoluto.

O sinal tocou e ela começou a reunir as suas coisas. Tive de falar a ela.

“Bella?” Perguntei.

Ela virou lentamente. O seu rosto pareceu cuidadoso. Mantive o meu próprio rosto limpo de qualquer emoção.

“Que foi? Está falando comigo de novo?” ela finalmente perguntou, uma nota de petulância em sua voz.

Reprimi um sorriso. Ela tinha uma mente tão forte, era absolutamente adorável. “Não,na verdade não,” admiti.

Ela fechou os seus olhos e inalou lentamente pelo seu nariz, rangendo os seus dentes.

“Então o que você quer, Edward?” ela perguntou, mantendo os seus olhos fechados. Por que ela tem de se esconder de mim?

“Desculpe,” eu disse sinceramente. “Estou sendo muito rude, eu sei. Mas é melhor assim, realmente.” Certamente muito melhor do que a outra alternativa… sua morte.

Ela abriu os seus olhos.

“Não sei o que você quer dizer,” ela disse, a sua voz mantida.

“É melhor que não sejamos amigos,” expliquei. “Confie em mim.”

Os seus olhos se estreitaram. Bizarro, não podia ler a mente dela, mas era como se ela pudesse ler a minha, se pudesse ver diretamente por minhas mentiras.

“É péssimo que você não tenha chegado a essa conclusão antes,” ela sibilou entre seus dentes. “Você poderia ter se poupado de todo esse arrependimento.”

“Arrependimento?” Eu estava chocado. “Arrependimento de que?”

“De simplesmente não deixar que aquela estúpida van me esmagasse.”

Eu a encarei com descrença.

“Você acha que me arrependo de ter salvado sua vida?” Eu disse, tentando cuidadosamente controlar minha raiva. Depois de tudo eu tinha feito por ela, isso é o que ela pensa?

“Eu sei que sim,” ela soltou.

“Você não sabe de nada,” eu disse, a raiva transbordando.

Ela virou para longe de mim, seu maxilar apertado, então reuniu os seus livros. Ela estava enfurecida comigo? Ela começou a andar para fora da sala, mas a ponta de sua bota prendeu no batente da porta, espalhando os seus livros pelo caminho. Automaticamente me levantei e reuni os seus livros em uma organizada pilha em uma mão. Eu entreguei à ela.

“Obrigada,” ela disse friamente.

Os meus olhos se estreitaram. Ela deveria estar agradecida por tudo que eu tinha feito.

“Não há de que,” respondi.

Ela se endireitou prontamente,novamente se virando para longe de mim , e pisando forte.

Arrependimento? Incrível! Depois de tudo que eu tinha feito. Lutei com a minha própria família por ela! Quase expus todos nós por ela! Aturei semanas de dolorosa solidão por ela! E todo esse tempo ela acreditava que eu me arrependia de salvar a sua vida daquela van ‘estúpida’. E eu não tinha ninguém além mim mesmo para culpar. Eu a levei a esta conclusão com o meu comportamento cruel. Minha raiva ferveu.

“Ei, calma,” disse Jasper quietamente atrás de mim enquanto colocava uma mão nas minhas costas. A raiva evacuou. “O que está acontecendo?”

“Nada,” eu disse rapidamente, “nada mesmo.” E parti para a minha última aula do dia.

Arrependimento claramente tinha muitas letras quando deveria ser uma palavra de apenas quatro.