Meia-Noite Envenenada - Capítulo 02: Passado Desconhecido

Edward segurou a minha mão me levando para sentar no sofá ao lado de Rose e eu puxei Renesmee ainda na proteção dos meus braços – não havia como eu deixá-la a partir de hoje –, mas senti as mãos de Jacob ainda segurando-a para impedir que viesse comigo. Ele não fazia menção de nos seguir e ainda queria ficar com Nessie. Eu o encarei com uma mortal censura – não, não havia como eu deixá-la desprotegida – e ele rapidamente a soltou. Carlisle era o único que continuava em pé ainda olhando para as nossas reações cautelosas, mas eu sabia que qualquer fosse a história que ele estava escondendo – Edward já sabia. Carlisle suspirou profundamente de novo.

- Você a conhece melhor do que eu conheço! Acho que seria mais apropriado se você contasse a história. – ele claramente estava falando com Edward e nós viramos pra encará-lo ainda intrigado. Após alguns segundos silenciosos, ele começou:

- Em 1919 eu e Carlisle estávamos morando em Ashland, Wisconsin e um dia eu estava voltando de uma caçada quando me deparei com uma mulher jovem com cerca de dezoito anos morrendo em um beco escuro afastado da cidade. Ela era diferente de todas as mulheres que eu havia visto, seus traços lembravam seda e porcelana. Eu ouvi seus pensamentos: seu nome era Layla Mercy DeChantelle, ela era francesa e estava á visitar parentes do seu falecido pai. Ela havia sido estuprada por três dos seus primos e abandonada naquele lugar para morrer com a coluna fraturada e a perna quebrada. Eu não estava confortável com a proximidade, mas os pensamentos daquela mulher eram tão bons, honestos e carinhosos, que me fizeram levá-la até Carlisle pedindo para que de qualquer forma ele a ajudasse. Ela sabia o que havia acontecido e sabia que a morte estava chegando para ela, mas mesmo assim a única coisa que ela pensava era pra que Deus perdoasse aqueles homens que a haviam machucado e tivesse piedade deles.

- Eu não sabia que o Doutor tinha outra filha! – o comentário de Jacob fez com que o olhar de Carlisle caísse. Edward continuou como se ele não tivesse falado.

- Carlisle fez o possível para salvá-la e deixá-la humana, mas os ferimentos dela eram graves e haviam lhe sobrado apenas mais alguns minutos de vida. Eu achava que era um desperdício alguém com uma alma tão boa estar entregue á esse destino cruel, como se o nosso fosse melhor, mas assim como foi, eu pedi á Carlisle para transformá-la e ele de acordo com os meus pensamentos o fez. Nós passamos três dias totalmente silenciosos esperando por ela. Extremamente silenciosos; ela não havia gritado sequer uma vez em reação ao veneno e nem mesmo quando Carlisle a mordeu, e então eu me vi dominado pelos seus pensamentos. Ela sentia a dor e a queimação, mas ela receava que os seus gritos pudessem ferir os sentimentos do anjo que havia salvado-a. Ela não sabia no que estava se transformando, mas conseguia sentir as mudanças no seu corpo e na tentativa de ignorar a queimação ela ficou pensando em sua família. Carlisle ficou tão surpreso quanto eu com a rápida consciência e o autocontrole que ela adquiriu.

A despeito da pequena raiva que ameaçava desatar dentro de mim conforme Edward descrevia com certa admiração essa mulher que eu nem mesmo conhecia, e odiava imensamente, vagarosamente essa história me fez recordar da minha própria transformação – a maneira a qual eu me agarrei pelas beiradas para não cair naquela convidativa escuridão e o controle que eu tive com até mesmo as mínimas ações do meu corpo para não me entregar á vontade de gritar, – tudo para que não ferisse os sentimentos dele e o fizesse sofrer comigo. Eu suportei em silencio porque o amava.

- Quando a transformação acabou após três dias ela simplesmente acordou e se levantou como se estivesse despertando de uma noite de sonhos e sua consciência era perfeitamente organizada, não havia um traço de confusão em seus pensamentos! Ela sabia que estava diferente apesar de se sentir a mesma, mas quando olhou para mim e Carlisle pensou que não poderia ser tão ruim, independente de qualquer que fosse seu destino a partir daquele momento. Ela ficou consciente por apenas um segundo, então começou a gritar como se estivesse sendo torturada. Durante seis minutos era a única coisa que nós podíamos ouvir, nós não entendemos primeiramente e as imagens eram rápidas demais nos seus pensamentos para que eu pudesse entender, porém então ela abriu os olhos e sua mente estava novamente organizada sem deixar qualquer vestígio do que havia machucado-a nesse tempo. Carlisle e eu explicamos pra ela no que havia se transformado e ela surpreendentemente reagiu tão bem quando Emmett, sem nem se incomodar com as regras e com o estilo de vida que havíamos adotado mesmo com a opção de seguir seu próprio caminho. Eu estava apenas considerando a idéia de levá-la ao sul da América para sua primeira caçada quando ela me respondeu que adoraria conhecer o Brasil e, para nos deixar mais surpresos, ainda me chamou pelo nome e se referiu á Carlisle como Dr. Cullen, respondendo á todas as perguntas confusas que nós estávamos pensando sobre ela. Naquele momento a única coisa que nós pensamos era de que assim como eu, ela também conseguia ouvir pensamentos e não havia como eu negar que estava feliz por encontrar alguém assim também… Foi reconfortante. Então, nós seguimos para o Brasil e nunca, nos dois anos em que esteve conosco, ela desejou sangue humano.

- Você deve estar brincando! Uma vampira recém-nascida com uma consciência rápida e autocontrole suficiente para ignorar sangue humano sem nem mesmo sentir a tentação por ele?! – Emmett parecia aborrecido com a falta de emoção de história. Bom, no entanto eu estava bem intrigada. – Isso não é possível! Nem mesmo a Bella resistiu quando foi caçar pela primeira vez. Somente Carlisle tem esse autocontrole.

- Exatamente! – o comentário de Edward me deixou mais intrigada ainda.

- Isso não é possível! Você?! – Jasper despertou rapidamente minha atenção e sua expressão estava horrorizada com qualquer que fosse a verdade por trás daquela história. Ele olhava Carlisle com uma estranha intensidade. – Você está me dizendo…

- Por favor, Jasper! Deixe Edward terminar antes que tire suas conclusões!– a sua voz parecia exatamente como a de um médico vencido por anos de experiência.

- Nas primeiras semanas nós viajamos pelo mundo testando as habilidades dela como uma vampira e quando estávamos na Alemanha encontramos mais um talentoso grupo amigo de longa data de Carlisle. Anthony, o líder deles, possuía um poder muito interessante: ele tinha a capacidade de bloquear a sua localização e seus pensamentos para qualquer outro vampiro, era como se ele não existisse para sua própria espécie, e os outros também possuíam suas habilidades: Aldous era o oposto do líder, ele tinha a capacidade de rastrear qualquer vampiro e também conseguia sentir quando alguém o localizava com tempo de sobra para fugir da perseguição. Já Benedikt tinha o poder de manipular os objetos sem nem mesmo usar as mãos, apenas com o controle da mente. – Edward suspirou desnecessariamente e eu soube que o realmente importante iria vir agora. – Há essa altura eu já estava realmente conectado mentalmente á Layla, nós tínhamos essa ligação realmente especial de conversarmos entre pensamentos, então eu vi como ela reagiu ao encontro com os amigos de Carlisle. Ela não gritou dessa vez, mas eu senti que dentro dela as sensações eram como se estivesse sendo torturada e a sua mente ficou novamente desorganizada em rápidas imagens que foram impossíveis de decifrar. Era exatamente como ela reagiu quando nos sentiu pela primeira vez, mas dessa vez quando ela ficou consciente de novo, tudo ao redor dela começou a levitar e eu não ouvi mais os seus pensamentos. Ela fez exatamente o que os outros faziam.

- Espere, espere, espere! Exatamente como os outros, como isso é possível?– a pergunta de Emmett ecoava as minhas próprias e eu tinha certeza de que dos outros também. Renesmee se ajeitou nos meus braços se sentindo intrigada com a história.

- Assim que voltamos á Ashland, Carlisle fez todas as pesquisas possíveis sobre a história de origens da nossa espécie atrás de alguma pista que nos ajudasse a entender o que havia acontecido e enquanto isso eu fiquei ajudando-a controlar os seus poderes para que não fossem perigosamente contra as leis de exposição dos Volturi. Ela estava tão assustada quanto nós, mas então as pesquisas de Carlisle progrediram e achamos a definição para uma vampira com a mesma capacidade de Layla. Ela era uma safira e a principal definição para aquele nome era, apesar de simples, intenso:perigosa!

- E o que diabos é uma safira? – o tom de Jacob parecia enojado com o nome e também tão curioso quando eu estava. Edward olhou sereno á Carlisle brevemente.

- Há muitos anos quando os Volturi iniciavam seu império descobriu-se entre os vampiros uma nova espécie extrema e surpreendentemente evoluída onde os sentidos eram muitas vezes mais aguçados e potentes do que havia sido encontrado antes e por muitos anos eles passaram despercebidos pela nossa história devido ao forte senso de preservação que eles possuíam. Os poderes eram… Absolutamente incríveis! Qualquer vampiro se curvava diante da força latente deles, era inevitável, e apesar de não serem muitos foram suficientes para causarem um grande estrago na história humana. E esse motivo causou a quase extinção deles quando os Volturi decidiram agir. Ainda existem alguns dessa espécie entre nós, mas eles aprenderam a serem mais discretos para não chamarem atenção novamente. – eu estava tentando imaginar essa nova espécie que Carlisle descrevia com um perceptível senso de perigo e me lembrei da minha escura vida humana quando eu acreditava que não havia nada mais perigoso que os Cullen. – Entre essa nova espécie surgiu outra extremamente limitada, porém mais poderosa do que qualquer geração da nossa história. Elas eram exclusivamente mulheres e todas as características de antes eram milhares de vezes multiplicadas; elas eram conhecidas como mulheres de beleza traiçoeiras porque eram extremamente lindas, portanto elas receberam o nome de safira: únicas, belas e poucas! A safira tem um poder perigoso e tão potente que ninguém é imune á ele seja humano, vampiro ou lobisomem, ninguém consegue escapar do que ela consegue fazer com eles: safiras absorvem poderes!

A sala entrou em um profundo silêncio conforme a realidade nas palavras de Carlisle entrava com extrema violência nos meus ouvidos e a verdade de que iríamos perder de repente fez perfeitamente sentido pra mim. Nós não iríamos vencer – não importava quantos amigos nós conseguiríamos reunir –, não havia como lutar contra alguém que tinha a capacidade em luta de milhares de vampiros poderosos. Safiras absorvem poderes,Carlisle havia dito e então a única coisa que eu conseguia pensar era em alguém – apenas uma vampira – possuindo todos os poderes que eu conheci: os choques de Kate, a tortura de Jane e o antídoto de Alec, as habilidades de Edward e Aro, as visões de Alice, o poder rastreador de James e o senso de fuga de Victoria, a influencia de Jasper, o controle dos quatro elementos de Benjamin e as imagens tão reais quanto a verdade de Zafrina.Safiras absorvem poderes! Apenas uma vampira com a capacidade inimaginável de absorver quantos poderes lhe fosse conveniente. Não havia como vencermos isso. Alice tinha visto o nosso futuro; não iríamos.

Eu estava vagarosamente consciente das reações da minha família entregues aos pensamentos assim como eu estava. A única pessoa que realmente importava se encolhia nos meus braços, consciente da realidade que nos aguardava: Renesmee já tinha suportado tanto para os seus poucos anos que me enlouquecia a idéia de que novamente um novo peso estava sendo colocado em suas costas. E então olhei para Edward na esperança de que talvez – uma chance muito pequena – ainda houvesse uma saída pelo menos pra nossa filha, mas ele simplesmente abaixou a cabeça como se temesse a minha reação e sofresse com minhas preocupações, e continuou:

- Layla era uma safira. A rápida consciência e autocontrole foram absorvidos de Carlisle assim como a habilidade de ler mentes tinha sido absorvida de mim e as novas capacidades de bloqueio e manipulação de objetos, do grupo da Alemanha. Ela estava tão surpresa quanto nós com a descoberta e eu senti em seus pensamentos o medo de que ela se tornasse perigosa para as pessoas que ela amava, Carlisle e eu, mas também senti um novo medo na mente dela: ela temia que nós fôssemos destruí-la já que eram claros os perigos que uma safira representava. Foi com essa finalidade que ela fugiu de nós depois de dois anos juntos; ela bloqueou a sua localização e os seus pensamentos, e nós nunca mais a encontramos de novo. Ela simplesmente partiu e eu nem sequer fui capaz de falar á ela que jamais seríamos capazes de destruí-la, nós a amávamos!

- Como… – Rose parecia sem palavras. – Como os Volturi permitiram isso? Elas são perigosas e vão contra todas as regras deles… Como eles simplesmente deixaram?

- Eles não permitiram! – a resposta de Edward me deixou confusa. Até onde a Alice havia nos falado, os próprios Volturi tinham umasafira e ela ia nos destruir. – Quando os Volturi tomaram conhecimento dessa nova raça eles imediatamente foram inclinados á tomarem uma atitude já que não puderam ignorar os riscos iminentes que elas representavam. Existiam seis tipos de safira e de cada tipo só podia existir uma: a Scarlet é a mais poderosa de todas e, portanto a mais perigosa; Layla era do tipo Anika e categorizada tão perigosa quanto, mas há também mais quatro tipos:Fernilia, Iydao, Raseline e Alexis. As iniciais delas formam a palavra safira. Naquela época existiam as quatro últimas da linhagem, mas não existiam ainda tantos vampiros poderosos então seus poderes conseqüentemente eram limitados e, os Volturi conseguiram destruí-las. Quando eles extinguiram as quatro, acreditaram que haviam interrompido a linhagem e que as outras duas jamais existiriam. O tempo só os fez acreditar ainda mais nisso, e as histórias foram deixadas de lado; de lendas passaram a serem fantasias e então elas nunca mais foram contadas. Mais de novecentos anos se passaram quando a linhagem Anika foi despertada em Layla e nessa época já existiam vampiros com extraordinários poderes então ela se tornou assim a mais perigosa de toda a espécie safira, e eu creio que Scarlet deve ter surgido pouco tempo depois. Como ela se tornou uma dos Volturi, eu não faço idéia, mas acredito que Aro tenha estimado melhor os benefícios que uma safira pode representar e tenha repensado melhor na sua decisão de destruí-las.

- Os poderes dessa Layla… Até onde foram? – Jasper ainda estava cauteloso.

- Layla tinha oitenta e nova poderes quando partiu! – Carlisle que respondeu. – Mas você, assim como eu, sabe muito bem que uma safirapode absorver muito mais…

- Espere, espere, espere! Edward disse “nós precisamos dela”– o comentário de Jacob estalou na minha cabeça e em menos de um segundo eu já havia entendido para que Edward nos contou toda aquela história. – O que? Vocês estão pensando em convidar a pedra preciosa para a festa também? Eu não acho essa uma boa idéia!

Havia certo tom de deboche em sua voz e eu rapidamente percebi que pela primeira vez Jacob estava receoso em uma luta – agora ele parecia muito mais com o menino que ele sempre foi –, mas se era por nossa família, Renesmee ou ele mesmo; eu não fazia idéia. Edward e Carlisle optaram por contar uma história do passado – e tão pessoal – que eles nunca haviam mencionado antes, com o que podia ser apenas para um propósito: conhecer a história da vampira que talvez numa mínima chance se juntasse á nós contra os Volturi. Eu olhei pra Carlisle esperando sua decisão.

- Eu não vou tolerar ficar com os braços atados esperando pelos Volturi sendo a nossa destruição o objetivo deles, e apesar de eu não gostar de idéia, acredito que seja uma vantagem ter a Layla ao nosso lado além dos amigos que estiveram conosco antes e também correrem os riscos agora. Entretanto, entendam, não devemos subestimar a capacidade dela, uma coisa que vocês devem saber sobre as safiras, é que cada poder que ela absorve complementa e intensifica o outro. Nós não sabemos quantos poderes ela pode absorver e certamente, nem com quantos vampiros talentosos ela esteve nos últimos anos, mas jamais, os subestimem. Nós não a conhecemos mais, ela é perigosa!

- Ela não é perigosa! – a voz de Edward era teimosamente convicta e aquilo me despertou a atenção. Eu lhe encarei questionando-o e querendo contra-argumentar as palavras dele, quando muito sobre os perigos de uma safira foram expostos, mas alguma coisa em sua expressão me convenceu que eu teria perdido a discussão.

- Você não tem como saber disso! – Jacob me fez o favor. – E além do mais, não será necessário nos preocuparmos com uma vampira que nem conseguimos localizar…

- Isso é uma verdade á se considerar, Edward! Como poderemos contar com sua ajuda se nem mesmo sabemos como encontrar essa Layla?! – os sinos na voz de Esme trouxeram uma nova realidade que eu não havia sequer considerado antes.

Eu estava um pouco chateada que Edward havia escondido uma parte da vida dele tão importante de mim, mas ela não parecia se preocupar com isso, muito pelo contrário. No decorrer da conversa, Esme tinha alcançado Carlisle para entrelaçar a sua mão na dele como se estivesse confortando-o pelas dores do passado que devia certamente aborrecê-lo. Provavelmente nunca haveria nem mesmo uma chance de Esme desconfiar do amor de Carlisle, eles eram o perfeito equilíbrio de todos nós: a relação era tão pessoal como em Alice e Jasper, eles eram amantes assim como Rose e Emmett e se amavam eternamente namorados assim como eu e o Edward.

- E quanto á Nessie e os lobos? O que acontece com eles perto de uma…Safira? – ainda era difícil pronunciar aquele nome para mim, mas eram tantas as perguntas á serem feitas que eu quase me esqueci das essencialmente mais importantes.

- Nós não sabemos como ela pode reagir á Nessie, seria como conectar as duas lendas da história dos vampiros, mas acredito que Renesmee não corre nenhum perigo que nós também não estamos correndo! – foi Carlisle quem me respondeu. – Quanto ao bando, eu diria que eles correm mais perigo quando lobos do que quando humanos porque tecnicamente eles não existem quando se transformam e seria um alvo fácil de eliminar. Devemos ser cautelosos, naturalmente, mas acredito que o perigo não muda!

Meus pensamentos ficaram novamente bem ocupados enquanto imaginava a irmã – era difícil usar essa palavra á alguém que eu considerava um risco para minha família, mas ainda assim era a verdade – que por desencontros do destino nós ainda não tínhamos conhecido, mas antes que eu pudesse passar mais tempo tentando – inutilmente – caracterizá-la, Alice caiu de joelhos no chão com as mãos na cabeça e, gritando ensurdecedoramente alto como se ela estivesse sendo torturada. Eu sequer havia tomado total consciência do que tinha acontecido e então Jasper estava ao seu lado chamando desesperadamente o seu nome, obtendo mais gritos de volta.

Aquela imagem de Alice entrou lenta e dolorosamente na minha mente como se estivesse deixando profundas cicatrizes na minha mente e o que me despertou de novo foram os baixos soluços e lágrimas de Renesmee em meus braços, chamando pela tia também inutilmente. Eu olhei para Edward na esperança de que ele pudesse fazer alguma coisa – qualquer coisa – para tirar Alice das visões que estavam machucando-a e tive tempo suficiente para registrar a expressão cheia de agonia antes de ele ter agarrado-a firme pelo braço e então violentamente atirado-a contra a parede.

A reação de Jasper talvez tenha sido mais rápida ainda que o ataque louco de Edward – eu só conseguia pensar nisso para a sua reação exagerada –, porque menos de um segundo depois, Emmett estava contendo-o de atacar o meu perfeito marido. Eu percebi que Jacob havia dado um passo á frente com o inesperado acontecimento e fiz sinal para que ele assumisse o meu lugar ao lado de Renesmee indo em direção á Edward para o caso se Jasper ousasse alguma coisa. Eu sabia que ele poderia muito bem se livrar de Emmett se quisesse, mas ele ainda tinha a consciência de que depois se arrependeria se o fizesse. Edward ignorou o fato de estar sob ameaça e olhou para Alice enquanto ela se levantava consciente, mas com a expressão desgostosa.

- Me desculpe Alice! Você precisa entender isso, a Layla não permite que outros a localizem e se alguém tenta fazê-lo sente uma dor extremamente insuportável como se estivesse queimando o seu cérebro. Os poderes mentais dela são muito fortes e não há quem seja imune á potência deles, infelizmente nem mesmo a Bella consegue detê-los. Foi por isso que não conseguimos encontrá-la quando ela nos deixou! – Edward foi até Alice colocando as suas mãos nos ombros pequenos dela despertando ainda mais a fúria de Jasper. – Eu realmente sinto muito Alice! Você precisa acreditar nisso!

- Eu acredito em você, Edward! – ela suspirou longamente. – Obrigada, estava realmente sendo insuportável. – ela entortou os lábios em um fraco sorriso que mais ficou parecendo uma careta e foi até Jasper envolvendo-o em um abraço. – Eu estou bem, Jasper, eu prometo! Você não vai machucá-lo, Edward fez aquilo para me ajudar!

Mesmo parecendo mais controlado com a Alice em seus braços, Jasper olhava mortalmente na direção de Edward me fazendo ficar imóvel entre o caminho deles. Ele sabia tão bem quando eu que Edward jamais seria capaz de fazer qualquer coisa que machucasse a sua irmã favorita e talvez tenha sido justamente por esse motivo que ele desistiu de posição de ataque com um profundo e pensativo suspiro.

- Ela… Layla… A safira… Ela é realmente necessária? – Jasper estava cauteloso.

- Agora é tarde demais! – Edward suspirou profundamente como se estivesse cansado. – Quando Alice tentou localizá-la despertou a sua atenção, pois ela consegue sentir quando alguém está á sua procura. Nesse exato momento eu não duvido que ela esteja ouvindo a nossa conversa e já tenha ouvido nossos pensamentos para saber que nós precisamos dela. Ela está ciente e há essa altura ela já deve estar á caminho!

- Sumiu… – as palavras de Alice ficaram totalmente sem sentidos para mim. – O nosso futuro simplesmente sumiu. Em dois dias, não há nada… É como se nós nem… Existíssemos! Absolutamente nada! – ela olhou visivelmente preocupada pra Edward.

- Teoricamente nós não existimos… – ele sorriu suavemente. – Dois dias então?

- Nós temos muito á fazer! Eu e Rose vamos atrás de quem pudermos encontrar dos nômades e vocês precisam avisar os outros antes que Layla chegue. Mesmo que os riscos sejam os mesmos independente de quantas pessoas nós chamarmos, acho que é importante que todos estejam aqui para conhecê-la! Eles merecem saber a verdade, o mesmo futuro está aplicado á eles! – Emmett parecia inteiramente focado no que era necessariamente importante enquanto que o resto de nós mal tinha digerido tudo.

- Eu não poderia concordar mais. Eu e Esme vamos procurar as amazonas e os romenos, e no meio do caminho tentar localizar Benjamin e Tia! Alice, eu acho melhor que você e Jasper fiquem com Edward e Bella para o caso de acontecer isso… De novo! Jacob, eu acho melhor você conversar com Sam, o futuro de vocês também está aqui…

- Posso só fazer uma pergunta que ninguém considerou pelo menos até agora?! – Jacob estava profundamente pensativo. – Vocês disseram que o poder da safira é a habilidade de absorver poderes. O que acontece então quando ela entra em contato… Com outra safira? Elas podem absorver os poderes uma da outra? Porque se sim então pode ser perigoso envolvê-las em uma briga. Imagine quantos poderes elas trocariam?

- Na verdade elas não podem absorver os poderes uma das outras, mas eles sim funcionam uma contra a outra! – Edward sorriu divertido com a observação cautelosa de Jacob. – Não vai haver mais perigo do que já estamos naturalmente correndo!

- Então, eu acho melhor não perdemos mais tempo aqui! Há muito que fazer!– a voz de Carlisle parecia um pouco mais animada e eu me deixei acreditar que talvez ainda houvesse a probabilidade de tudo acabar bem.

Emmett segurou na mão de Rosalie e a escoltou até o quarto com cautelosas olhadas pela parede de vidro da sala – ele ainda estava com a expressão de como se fosse a qualquer momento sair correndo com Rose. Jacob beijou ternamente Nessie na testa e com um significativo olhar para Esme ele se retirou da sala sem dizer mais nada enquanto ela assumiu o seu lugar pra confortar minha filha – pelos olhos caídos dela eu sabia que em poucos minutos Renesmee estaria dormindo profundamente. Carlisle se retirou pensativo também para organizar a sua viagem com Esme.

Eu não fiz menção de me mover um milímetro que fosse, eu ainda estava com os olhos atentos em Jasper para o caso dele tentar alguma coisa. Ele ainda possuía os olhares mortais na direção do meu marido de dezessete anos enquanto andava com Alice até o computador, mas Edward não parecia se importar ou então sabia – com o seu talento especial – que Jasper jamais seria capaz de machucá-lo. Com olhares um tanto serenos e até pensativos ele se encostou na parede de vidro e ficou encarando a paisagem. Eu odiava a distância entre nós naquele pequeno espaço então cruzei a sala e fui para o lado dele cautelosamente querendo confortá-lo de alguma maneira.

- Você está bem? – foi a única coisa que geniosamente eu consegui perguntar. Edward sorriu para mim, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que estava lhe dando trabalho fazer aquilo. – Posso fazer uma pergunta? – não esperei resposta. – Quando Carlisle disse que essa Layla era perigosa e evidentemente estava certo com todas as provas eminentes comprovando isso, você o contradisse de uma forma… Não sei, mas você parecia certo do que estava falando… Porque você não a acha perigosa?!

Edward desviou o seu olhar de volta para a paisagem da campina através da parede de vidro e por um momento eu duvidei se ele estava consciente da pergunta. Durante um longo minuto humano a única coisa que eu podia ouvir era o coração de Renesmee cochilando profundamente no colo de Esme. Ele suspirou pensativo.

- Ela nunca bloqueou os seus pensamentos quando estava comigo apesar de ter absorvido esse talento com aquele grupo que encontramos na Alemanha. Eu dizia para ela que não me importava se quisesse um pouco de privacidade, mas ela sempre dizia que não tinha nada para esconder de mim. E então quando ela aprendeu á bloquear os pensamentos das outras pessoas, ela o fez comigo e com Carlisle pretendendo nos dar privacidade. – Edward tinha aquele memorável tom de admiração em sua voz. –Ela sempre teve bons pensamentos, era uma pessoa extremamente feliz apesar de tudo e adorava ouvir as histórias de Carlisle, mais pela mente do que pela boca… – ele soltou uma fraca risadinha de humor negro. –Eu não consigo acreditar que ela seja perigosa! Layla sempre foi muito esforçada em aprender a controlar os seus poderes, pois tinha medo de machucar alguém. Ela não queria ser perigosa, não acredito que ela seja!

Minha mente estava ocupada demais absorvendo as palavras de Edward para ter percebido imediatamente quando ele trocou um significativo olhar com Jasper na cola de Alice. Sorrindo á qualquer que fossem os pensamentos dele, Edward soltou a perfeita e divertida risada que eu tanto adorava e voltou sua atenção para me olhar enquanto os seus dedos se moldavam carinhosamente ás linhas da minha bochecha. Ele devia fazer aquilo de propósito para me acalmar de qualquer que fosse o humor que Jasper certamente havia sentido. Ele sabia o efeito que tinha sobre mim.

- Você não precisar ficar com ciúmes dela, amor! Eu e Layla nos dávamos muito bem, mas os meus sentimentos por ela eram limitados ao amor entre dois irmãos… Ela lembra muito a minha relação louca com a Alice de certa forma. Nós nos entendemos!

Eu olhei rapidamente para Jasper encarando-o do que eu chamava de olhada mortal – seu poder era extremamente inconveniente algumas vezes –, mas então em um movimento tão rápido que não teria existido para os olhos humanos Alice cruzou a sala em um milésimo de segundo e beijou Edward carinhosamente no rosto, depois voltando para o seu lugar em frente ao computador e ao lado de Jasper. Aquele jeito espontâneo dela fez com que fosse impossível nós não sucedermos em risadas.

- Eu te amo também, Alice! – as palavras dele derreteram de sinceridade.

- Eu sei disso! Por mais que eu não consiga ver o nosso futuro agora, eu sei que se conseguisse, veria você sempre na minha vida, Edward! – ela riu docemente como a criança que provavelmente sempre existiria nela e, eu e Edward acompanhamos.

Eu não conseguia acreditar que tudo estava perdido para nós, ainda deve ter um futuro – escondido –, mas em algum lugar por ai, reservado para a minha família. Talvez nem tudo estivesse perdido, talvez ainda tivéssemos uma chance de vencer e sermos felizes. De uma coisa eu tinha absoluta certeza além de Edward, não havia a mínima chance para mim também, de viver sem o som divertido dos sinos da minha irmã favorita. Deve existir um futuro para nós… Esperança de que tudo ia dar certo.

4 comentários:

Kaline disse...

A Bella sempre tem um pouco de ciúmes mas eu fiquei meio desconfiada do Edward com a Layla

NessCullen disse...

Esta história é extremamente e completamente perfeita, em termos pessoais.
Em termos profissionais, esta fanfiction tem um texto otimamente estruturado, foi escrito por uma fã-escritora que usa e abusa da criatividade. Mas está simplesmente perfeito.

Eu digo, em termos profissionais/pessoais porque, eu estava dando a minha opinião como leitora, e depois dei a minha opinião como escritora que sou. 

Para visitarem o meu blog, acessem no Google e escrevam "Fics da Tia Ness", vai aparecer logo. 

Sem mais nada a dizer,
Despeço-me,
Beijocas,
A escritora,
Mais conhecida por,
NessCullen

silvia disse...

eles tem que ganha essa luta

BellaCullen disse...

Sabe Kaline, eu nem fico desconfiada, porque quando Edward tava no Alasca ele não sentia atração nenhuma por Tanya. E ainda levou Bella lá na casa do Clã de Denali!

e Bella não tem ciúmes de nenhuma garota que Edward conheceu. '-'

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