Meia-Noite Envenenada - Capítulo 03: O Veneno da Safira

Os últimos dois dias foram extremamente agitados para minha família. Tanya com o clã Denali – e dessa vez com o aventureiro Garrett como companhia de Kate – foram os primeiros á chegarem apenas algumas horas depois da breve explicação de Carlisle pelo telefone. Felizmente Edward não gastou muitas palavras para explicar o que estava acontecendo – eles conheciam as lendas sobre as safiras –, mas a grande surpresa é que oposto de minha família, eles viram certa esperança com Layla entre nós. Eleazar foi o mais cauteloso em aceitar, pois havia ouvido dos próprios Volturi a capacidade perigosa da espécie, mas também acreditou na vantagem de tê-la.

Esme e Carlisle voltaram algumas horas depois da chegada de Tanya junto das amazonas – Renesmee adorou a visita de sua amiga Zafrina apesar das circunstancias – e os nômades Peter e Charlotte que eles tiverem a sorte de encontrar no meio do caminho. Assim como foi antes não foi preciso muitas palavras para explicar á eles o que estava acontecendo, mas os velhos amigos de Jasper não ficaram mais felizes do que eu por saber que os Cullen também estavam esperando uma visita interessante em poucas horas e devido á amizade de longa data com a família de Carlisle, Kachiri não se importou em rebater a decisão de terem criado uma safira no passado.

Rose e Emmett chegaram pouco depois acompanhados de Mary, um relutante Alistair, os romenos Vladimir e Stefan, Benjamin e Tia com Amun e Kebi e então o clã de Siobhan. Foi necessário um pouco mais de paciência para explicar aos nômades – sequer ouviram falar da existência de outra espécie de vampiros –, mas Edward não parecia incomodado de explicar a mesma história várias vezes, para falar a verdade a impaciente era eu. Me incomodava profundamente ficar ouvindo que o nosso futuro estava perdido o tempo todo, como se assim estivesse confirmando essa história. Eu continuava teimosamente acreditando que talvez ainda houvesse esperança.

O clã de Siobhan – que inteligentemente havia acreditado em uma reação dos Volturi logo quando havíamos acabado de vencê-los dez anos atrás – foram os mais relutantes em aceitar a história de Carlisle e expressaram claramente a abominação por ele ter criado Layla, mas como o destino estava aplicado á eles tanto quanto aos outros, eles aceitaram a única opção que tínhamos. O bando também reagiu com a mesma aversão, mas mais uma vez ficaram do nosso lado ainda que completamente cientes de que essa luta, certamente, seria mais perigosa que todas as outras.

Sam surpreendentemente havia aceitado passar longas horas dentro da casa da minha família organizando as muitas estratégias com Edward e Carlisle para que ninguém estivesse correndo mais riscos do que o necessário com a chegada de Layla. Ele não gostou de idéia de estar humano com o bando diante dos eminentes perigos que todos nós corríamos – a transformação os deixava mais vulneráveis aos poderes de umasafira – e insistiu para que ficasse com sua forma de lobo. Jacob concordava com isso e eu sabia que ele se sentia melhor estando pronto para uma defesa.

A grande surpresa ficou por conta de dois amigos que Garrett conseguiu para se juntar á nós nessa missão suicida. Makenna e Charles – os dois nômades que não apoiaram a decisão dos Volturi de nos destruir no nosso primeiro confronto – foram uma adição curiosa á esse grupo já intrigante. Eu fiquei completamente curiosa com a chegada deles e até meio receosa, mas então Charles me deu uma resposta que me deixou um pouco mais confortável com a sua presença; eles admiravam o que Esme e Carlisle haviam construído conosco e não achava que merecíamos esse futuro que Alice tinha visto. Charles era tão velho quanto Jasper e também um sobrevivente dos tempos sombrios na história dos vampiros. Makenna havia sido sua liberdade.

Além de minhas principais preocupações com minha família vampira, também havia a minha preocupação com minha família humana. Charlie para ser específica. Há cerca de seis anos ele havia começado uma vida com Sue Clearwater – era irônico pensar que no meio de tudo isso meu pai conseguiu alguém para partilhar o resto de sua vida – e apesar de devidamente protegido com os lobos mais novos que haviam sido deixados para trás, eu sabia que eles seriam inúteis aos poderes de Layla se ela realmente fosse perigosa como a maioria de nós temia. Não deveria demorar muito para que ela descobrisse sobre Renée e Phil vivendo felizes na Flórida também.

Minha mãe logicamente não sabia a verdade por trás de toda a minha história com Edward, mas quando veio nos visitar pela primeira vez – logo após estar curada da minha suposta doença – ela havia notado as diferenças em mim. Eu lhe disse que era resultado de tudo que havia passado nos últimos meses e que estive muito perto de morrer e obviamente ela não discordou de mim. Estava sendo mais fácil conviver com a distância que havia começado assim que eu me mudei para Forks ao longo dos anos. Minha divertida mãe não era forte suficiente pra suportar o meu mundo.

Eu percorri os olhos pela longa floresta distante da campina ao redor da casa dos Cullen, mas não havia sinal de nossa esperada convidada. Nós estrategicamente estávamos arrumados em linhas soltas de costas para a parede de vidro mostrando o estranho vazio no seu interior. Eu estava com os dedos entrelaçados firmes na mão de Edward e alguns passos na frente de Renesmee entre Jacob lobo e, Alice e Jasper. Nós não sabíamos como Layla iria reagir á Nessie e era completamente inútil deixá-la na casa quando se tratava de uma safira. Paredes de vidro não deteriam Layla.

Os mais próximos de nós eram Carlisle e Esme, Rose e Emmett e Zafrina junto com as amazonas. Os lobos estavam espalhados entre minha família e os convidados – surpreendentemente a população de lobo havia aumentado novamente desde que eles passaram a conviver mais conosco – eles eram vinte e dois agora. Eu tinha que admitir que a presença deles trazia certo conforto á mim apesar de temer pelas suas vidas. Olhei para Jacob ganhando rapidamente sua atenção e ri baixinho quando ele bufou para mim como se soubesse meus pensamentos. Bom… Ele me conhecia.

Edward inconscientemente trocou o peso de sua perna e eu olhei para aquele rosto sereno e perfeito. O meu coração teria instintivamente ganhado velocidade. Eu sabia que o jeito que o amava era insanamente não-saudável, nunca haveria alguém que agüentasse esse sentimento tão esmagador que eu sustentava por ele. Edward era o melhor futuro que eu poderia desejar e agüentaria qualquer coisa somente pra ficarmos juntos. Eu era feliz com a vida que eu escolhi e ele era o maior motivo.

Edward percebeu a intensidade desnecessária da minha avaliação por todo o seu corpo e pelo seu rosto e sorriu para mim sem nem mesmo me olhar. Certamente ela sabia o que eu estava pensando e se divertindo com a minha distração enquanto havia tanta coisa substancialmente mais importante para pensar naquele momento. Eu também não desconfiava que Jasper tinha encontrado um humor diferente entre todos aqueles pesados que certamente o aborreciam, chamando sua atenção. Dessa vez isso não incomodou, eu gostava da idéia dele saber o seu efeito sobre mim.

Se eu não estivesse atentamente ligada nas expressões dele jamais teria visto como o seu rosto perdeu o brilho e se contorceu seriamente surpreso. Eu não sabia o que tinha causado aquilo. Não, até que eu olhei em direção á floresta encostada na margem do outro lado do rio e descobri o que tinha provocado aquela mudança no seu humor. Apesar da grande distância e da fraca névoa que abaixava depois de um dia parcialmente nublado, eu consegui visualizar a estonteante mulher parada com o olhar fixamente preso em duas pessoas em especial. As únicas que ela conhecia.

Não houve sequer uma mudança ao vento para dizer que ela estava chegando e nem mesmo um cheiro diferente que a denunciasse, ela simplesmente apareceu do outro lado do rio. Até aquele momento eu sempre tinha confiado nos meus sentidos aguçados, mas era simplesmente impossível eu não ter percebido a chegada dela se eles fossem mesmo garantidos. Eu facilmente teria continuado nesse pensamento se não tivesse notado que todos ao meu redor também estavam surpresos e então eu entendi que o problema não era só comigo. Era ela…Safiras não tinham cheiro.

Apesar de ainda estar completamente imóvel na margem do rio eu notei que Layla era exatamente como os meus maiores medos: não importava os poderes que ela tinha, os seus traços era a característica mais marcante dela. Ela era exatamente da minha altura e sua pele lembrava seda e porcelana exatamente como Edward nos descreveu – era de um tom suave de creme e parecia muito delicado –, mas a grande surpresa ficou pelos olhos incrivelmente azuis – será que safiras tinham olhos azuis? – que eram num tom tão forte que qualquer humano á metros teria enxergado. Seus cabelos – pretos e perfeitamente lisos até a sua cintura – balançavam ao vento.

Layla usava roupas meio inadequadas para a situação de hostilidade e mesmo assim conseguia ser assustadora. Sua blusa de alça num tom verde escuro havia sido rasgada dessimetricamente logo abaixo do seu peito e o short excessivamente curto estava arranhado em alguns pontos. O que mais se destacava em todo o seu figurino era a bota preta altíssima que deslizava até acima do joelho – que certamente Alice e Rose teriam adorado se não fosse as circunstâncias. A idéia soava absurda e ridícula, mas eu até poderia dizer que ela estava caçando ao estilo clássico de Emmett.

Eu não vi quando ela se aproximou de nós, se é que ela tinha se mexido, mas com um movimento tão rápido que surpreendentemente passou despercebido pelos meus olhos, ela agora estava parada a apenas alguns metros de distância de nós. Eu sabia que qualquer poder se tornava inútil perto dela – Edward tinha me garantido – mas eu teimosamente deixei que o escudo saísse livre de mim para proteger a minha extensa família enquanto a desconfiança pela presença dela se tornava um rosnado dentro do meu peito sendo acompanhado por outros ao meu redor. O dos lobos era claramente mais audível, mas ela não parecia se incomodar com a resistência.

Layla estava com uma perceptível expressão maliciosa quando os seus dentes perfeitos foram expostos em um caloroso sorriso e então graciosamente ela deu dois passos para mais perto de nós despertando reações hostis. Eu rapidamente percebi que muitos de nossos convidados haviam se curvado para um ataque assim como os lobos e a única coisa que me impedia de fazer o mesmo era a minha mão firmemente presa na de Edward – ele provavelmente não conseguia ler os pensamentos de Layla, mas alguma coisa na sua expressão me dizia que ele saberia se ela nos atacasse.

Havia algo elegante na sua caminhada: cada movimento que ela fazia deixava seus membros bem delineados. Eram tão suaves e ao mesmo tempo tão selvagens que deixavam a sua aparência assustadoramente mais perigosa. Era impossível negar a beleza que gritava daquele corpo agora que ela estava mais perto – era engraçado pensar que eu sempre achei que nunca haveria vampira mais bela do que Rose – mas os traços de Layla eram ameaçadoramente convidativos e impossíveis de desgrudar os olhos. Eu olhei para Edward tentando imaginar qual seria o efeito daquela visita á ele – na verdade eu receava o quanto Layla iria provocá-lo – mas em seu rosto havia apenas uma sutil sensação de conforto. Ele estava aquecido com sua presença.

Layla deixou uma baixa risada escapar e o som lembrava o cantar de um lindo pássaro em uma tarde de verão. Eu sabia que ela realmente devia estar se divertindo com as nossas tentativas inúteis de proteger essa família – principalmente do meu escudo – porque independente do que fosse certamente não era suficiente para ela. Meus pensamentos ficaram ocupados por uma questão que eu havia ignorando: será que ela conseguiu absorver nossos poderes? Quanto perigosa será que ela era?

- Se você quiser, eu posso te mostrar, Bella! – Layla respondeu.

Sua voz era tão doce quanto sua risada, mas a única coisa na qual eu pensava naquele momento foi na escolha de suas palavras. A mão de Edward apertou ainda mais a minha e de repente eu me lembrei do que ele disse: Os poderes mentais dela são muito fortes e não há quem seja imune á potencia deles, infelizmente nem mesmo a Bella consegue detê-los. Bom, certamente eles eram potentes para ouvir mesmo os meus pensamentos. A sensação de perigo que ela causava fez o meu rosnado intenso se tornar mais audível e o meu escudo mais grosso. Ela riu parecendo divertida.

- Não se preocupe, não há o que temer! – não acreditei naquilo. – Olá Carlisle!

- Layla… – Carlisle também parecia aquecido com a presença dela, mas sua voz ainda era cautelosa apesar do sorriso. – Você está adorável! Como tem passado?

- Maravilhosamente bem, obrigada! Vejo que então você conseguiu sua família!

Os seus olhos perfeitamente azulados percorreram pela multidão na campina parando em lugares estratégicos que eu sabia serem os Cullen e então ela deixou por último o rosto complacente de Edward. Por um longo segundo sua expressão estava indecifrável e o único som audível era o coração de Renesmee acompanhado ainda de alguns rosnados – mais baixos ao perceberem que Layla estava sendo cordial, mas não menos perigosa –, e então um perfeito sorriso desatou nos seus lábios.

- Eu sei disso. Nós dois sabemos que vocês não iam me machucar…

- Então porque você foi embora? Você poderia ter feito parte dessa família!

A voz de Layla parecia carinhosa enquanto a de Edward era visivelmente meio confusa assim como os seus pensamentos eram óbvios pelo rumo daquela conversa. Naquele momento eu percebi que não importava o quanto ela pudesse ser perigosa, Edward jamais pensaria nela como uma inimiga e se recusava a acreditar que ela iria machucar a nossa família. Eles se amaram no passado. Eu sabia que não era igual ao que ele sentia por mim – era da mesma forma que ele amava Alice – mas, no entanto eu sabia que era forte o suficiente para magoá-lo. Layla sorriu rapidamente pra mim como se estivesse concordando comigo e então voltou o seu olhar á Edward.

- Vocês não iam me machucar Edward, mas eu não conseguiria conviver comigo mesma se eu machucasse você ou Carlisle. – ela soou sincera. –Nós não sabíamos até onde o meu poder poderia ir e eu não estava disposta a arriscá-los pra descobrir!

Edward continuou encarando-a em profundo silêncio e Layla riu novamente:

- Muito mais do que isso! Provavelmente muito mais do que uma safira antes já atingiu e quando eu cheguei aqui consegui mais alguns bem interessantes… Aliás, devo me desculpar com você, Alice! – ela voltou com sua atenção para a minha irmã. – Não tive intenção de machucá-la, mas o bloqueio é um poder que se tornou parte de mim e eu não pude controlá-lo quando você tentou me localizar. Eu também não tenho como lhe devolver as suas visões… Isso na verdade não é um poder, é uma defesa da própria espécie safira. Enquanto vocês estiverem comigo, você não poderá ver mais nada!

Alice assentiu com a cabeça cautelosamente enquanto Jasper encarava Layla com uma intensidade assombrosa. Ele parecia pronto para pular no pescoço dela se ela tentasse alguma coisa e avaliava todas as suas atitudes esperando pelo ataque do qual não duvidada. Parte de toda essa precaução eu sabia que era porque seu poder não funcionava com ela e Jasper devia se sentir completamente cego sem saber das emoções de Layla e a maior parte eu tinha certeza que era porque ele temia que ela fizesse mal á Alice. Layla riu para mim novamente e me incomodou como ela reagia á um momento tão tenso quanto aquele e como ela parecia concentrada somente nos meus pensamentos. Eu comecei a desconfiar que ela só me ouvisse e Edward.

Na verdade, eu consigo ouvir os pensamentos de todos, mas os seus são os mais altos, Bella. Eu fiz o possível pra não agir surpresa com a voz dentro da minha cabeça, mas uma baixa resfolegada alertou Edward de que algo tinha passado despercebido pelos seus olhos e ele imediatamente me encarou alarmado. Negue com a cabeça e ele vai pensar que você se irritou com a minha falta de seriedade, o que é uma verdade. A voz de Layla ainda em mim riu divertida e apesar de não fazer idéia do por que, eu fiz como ela tinha me dito. Não queria que Edward se preocupasse comigo.

- Nós discutiremos isso mais tarde, Carlisle! Não é o mais importante agora! – o comentário dela me chamou a atenção rapidamente, sua voz era mais severa e o seu olhar encarava Carlisle com uma intensidade mais assombrosa que a de Jasper.

- Estes são a minha família e os meus amigos, Layla! Eu confio em você, mas nós precisamos saber a dimensão do que estamos lidando e os perigos que corremos tanto pelo seu lado quanto o de Scarlet, principalmente. Nós precisamos da história toda!

- Carlisle está certo, Layla. – Edward ratificou. – Não podemos ficar no escuro…

- Isso não é o mais importante! – a voz dela o interrompeu convicta. –Números são substancialmente desprezíveis nesse caso, Edward, o que vocês devem saber sobre uma safira é que os seus poderes quando combinados conseguem formar outros ainda mais perigosos ocasionando pra nós mais de uma maneira de se matar um vampiro, eu posso simplesmente gritar nos seus pensamentos matando tudo o que te mantém vivo e você iria cair nesse chão sem nunca mais acordar! Com os lobos é ainda mais fácil, eu preciso apenas olhar para eles então tenho me controlado muito para não fazer isso! – Layla olhou para Carlisle e então falou com a voz mais calma. – O que eu quero dizer é que não importa a quantidade, o que importa são os poderes de uma safira. Scarlet é a mais forte em números, mas ela certamente não tem os poderes que eu tenho!

A agressividade inicial nas palavras de Layla fez os meus instintos ficarem mais cautelosos ainda esperando pelo momento em que o seu perceptível autocontrole se tornaria em ataque contra a minha família. Meus pensamentos ainda absorviam suas palavras quando a minha mente se tornou consciente da perceptível mudança visual no ambiente da campina. Eu não desconfiava que Layla estivesse por trás daquilo apesar de seu sorriso malicioso encarando diretamente as nossas expressões acusá-la, mas ainda assim era simplesmente inacreditável que alguém poderia fazer algo da magnitude do que ela estava fazendo. Os rosnados então, ficaram mais fortes.

A maravilhosa vista da campina ficou rapidamente assustadora para os nossos olhos e Layla de repente parecia muito mais perigosa com sua expressão autoritária. Absolutamente tudo aos nossos olhos – as árvores, a água do rio, as folhas secas e o que estivesse entre aquele verde da floresta – começou a lentamente subir aos céus enquanto que o tempo escurecia em trovões ensurdecedoramente altos e o vento se tornava mais audível conforme ganhava energia. Era ao mesmo tempo simplesmente incrível e aterrorizante e, então não havia mais dúvidas para mim do tanto que Layla era perigosa; a maneira na qual ela controlava a natureza me deixou assustada.

Os braços de Edward se envolveram protetoramente na minha cintura quando Renesmee nos alcançou em poucos passos e eu a envolvi entre os nossos corpos. Os barulhos um tanto grosseiros e o tempo enegrecido estavam assustando minha filha e eu queria muito que aquilo parasse, mas não sabia como. Uma pequena parte dos meus pensamentos notou que ao meu redor todos estavam com as mesmas reações alarmadas enquanto os cabelos voavam violentamente com a intensidade do vento e as gotas do rio assim como as plantas das árvores continuavam ininterruptamente o seu caminho aos céus. Selvagem… Perigoso… Assustador… Assim como ela era.

Um estrondoso trovão ecoou alto pelas montanhas.

E então foi isso. A tempestade foi rapidamente cedendo lugar para a claridade de um dia com o sol entre nuvens e a campina da casa dos Cullen ficou terrivelmente silenciosa conforme tudo voltada ao seu devido lugar – a água corria no rio de novo e as plantas estavam caídas pelo gramado como deveriam estar. Meus olhos pararam de percorrer pela óbvia situação de que tudo estava voltando ao normal e conforme eu sentia o coraçãozinho de Renesmee recuperando as suas batidas normais eu olhei com toda a indevida intensidade na direção de Layla. Não importava se ela era mais perigosa – e louca – do que eu, sempre que alguém machucava ou assustava Nessie a minha reação era igual: eu sentia uma imensa vontade de morder seu pescoço.

Comece atacando pelas laterais que as suas chances são melhores. Layla riu em ultraje dentro da minha cabeça e o veneno em minha boca aumentou a vontade de parti-la ao meio. Se eu não estivesse atentamente observando todas as suas atitudes jamais teria percebido os dedos se torcendo nas mãos de Layla como se estivesse me convidando para fazer o que minha raiva tanto desejava. Vamos ver como isso afeta Renesmee então! E aquelas palavras foram o suficiente para me lembrar do que era o mais importante naquele momento: Nessie ainda estava protegidamente encolhida entre Edward e eu. Apesar de concentrada nela agora, eu ainda olhava a safira.

- Para a safira é fisicamente possível usar todos os poderes ao mesmo tempo, e o tempo todo, especialmente para mim, porque essa é uma característica da Anika! Eu não faço muita questão deles toda a hora, na verdade eu acho bem monótono fazer de tudo. Eu caço mais pela diversão do que pela necessidade, eu posso estar em qualquer lugar á qualquer momento, posso bloquear tudo em mim, até mesmo o meu cheiro… – Layla sorriu para mim lembrando-se dos meus pensamentos anteriores. – O meu veneno é forte… Diferente, rígido o suficiente para paralisar qualquer espécie. Imagine viver o pra sempre sem poder se mexer! Sentir o perigo se aproximando de você e não poder fazer absolutamente nada para se afastar dele; ver e ouvir tudo, mas sem poder tocar… – algo na sua voz parecia diverti-la enquanto suas palavras nos acautelavam. – Ele pode matar, sim ele pode… Mas acredito que há destinos piores que a morte!

Enquanto a aspereza das palavras dela criava uma tensa corrente de energia dentro do meu corpo – percorrendo desde meu coração adormecido até a ponta dos dedos entrelaçados nos de Edward; o que o fez apertar ainda mais a minha mão – osolhos intensamente azuis e distantes de Layla vagaram na campina meio entediados e seus lábios delineados não se abriram para nem mais uma palavra. Eu não gostava do silêncio, ele era pior – muito mais perigoso – porque era imprevisível.Vazio.

- Os meus poderes defensivos e principalmente de ataque são tão fortes que se eu estivesse usando agora todos eles, não sobraria nada para contar história!… – Layla voltou com sua atenção para Carlisle então; uma nova chama queimando viva dentro daquele oceano. – Se vocês estão correndo perigo?!… Sim, vocês estão! Tanto comigo quanto comScarlet, a única diferença entre nós são os motivos para entrarmos na luta e o que viemos defender aqui. Eu passei quase noventa anos aprendendo a controlar o meu instinto, as minhas habilidades, para que um dia eu fosse segura o suficiente para poder vê-los de novo e não vou permitir que eles destruam tudo o que protegi durante toda a minha vida… É por isso que vim, por isso que não sou um perigo para vocês!

- Espere… Protegeu? – Edward notou assim como eu o termo que ela usou. Eu não tinha entendido também e então Layla olhou para nós sorrindo divertida.

- Você pensou que o escudo de Bella era só obra do destino? – ela revirou seus olhos azuis parecendo entediada. – A minha habilidade de ver o futuro é diferente do poder de Alice, não é tão limitada á decisões quanto á dela, eu posso enxergar além de depender particularmente disso. Eu dei esse meu poder para Bella porque eu consegui ver que vocês precisariam dele contra os Volturi no confronto de dez anos atrás…

- Não, espere. Mesmo em sua vida humana Bella tinha esse escudo mental!

- E você acha que eu lhe dei essa característica quando? – seu sorriso cresceu. – Eu vi Bella na sua vida antes mesmo dela nascer e vi todo o futuro de vocês, até Nessie, muito antes de você sequer voltar para Forks. Eu posso ver o que vocês vão fazer daqui cem anos e o que vai acontecer na batalha contra os Volturi em uma semana, eu posso ver o futuro dos lobos, os objetos de impressão deles que nem mesmo nasceram. Alice vê conforme as decisões enquanto eu vejo pelas conseqüências. – Layla voltou o olhar para Renesmee entre meus braços. – O objetivo do poder de Nessie vocês descobrirão daqui oito anos exatamente. – subitamente ela olhou para Carlisle. – Sim… Eu consigo ver tudo isso, vocês terão um futuro porque me escolheram, são conseqüências de um só fato. Eu devo reforçar que os perigos ainda existem, pois também há o futuro deles á ser considerado, mas quanto á vocês não há nada para temerem por enquanto!

Eu deixei que o meu escudo recuasse para proteger apenas a minha mente ao mesmo tempo em que todos se arrumavam das posições defensivas e um profundo silencio dominava a campina. As palavras de Layla me deixaram conscientes – assim como eu tinha certeza de que os outros também – de que se ela queria nos machucar então já teria feito há muito tempo. Ela era umasafira e poderia ter poupado toda a conversa nos atacando assim que chegou aqui, mas surpreendentemente ela teve a cordialidade de nos deixar informado do perigo que corríamos. Então, também havia o ponto de que ela poderia não ter se importado com os Volturi nos destruir.

Layla era perigosa, mas ela havia deixado claro que não era pra minha família e então todos nós pudemos enxergar esses pontos óbvios que havíamos ignorado. A mão de Edward se apertou na minha e por conhecê-lo tão bem eu sabia o que aquilo significava. Renesmee astutamente deixou que a mão de Alice a guiasse para trás de nós enquanto eu e Edward nos aproximávamos de Layla meio receosos – não porque ela era perigosa – porque mesmo com tudo esclarecido, ela ainda tinha a aparência um tanto intimidadora e selvagem. As roupas rasgadas a deixavam assustadora.

- Devo me desculpar pelas roupas inapropriadas pra situação! – provavelmente os meus pensamentos estavam alto suficientes para ganhar a sua atenção. Bingo! Eu ouvi a confirmação na minha cabeça. – Eu estava brigando com alguns leões na África quando decidi que não faria mais vocês me esperarem. A impaciência foi até divertida!

- África? – a cabeça de Renesmee desviou das minhas costas olhando animada diretamente para Layla. Eu não consegui conter as risadas pelo jeito espontâneo de minha filha e outras ao meu redor também desataram. Layla apenas sorriu para ela.

- Sim, África! Eu fiquei sabendo que você queria experimentar alguns leopardos! Gostaria de conhecê-los agora? – Layla estendeu sua mão para Renesmee e então ela me olhou esperançosa. – Sua mãe quer que você tenha uma vida normal e como você está em período escolar, por isso não havia deixado, mas eu posso te levar pra África e ainda voltar antes do amanhecer! Ela e Emmett também podem ir conosco, claro!

A mão de Nessie me alcançou ao mesmo tempo em que Emmett sorrindo deu um passo á frente. Os pedidos dela eram ansiosamente claros, mas nas suas imagens ela também via Jacob e Edward. Eu olhei para o rosto perfeito do meu marido com a esperança de que ele pudesse me dar uma dica de como sair daquela situação – pois mesmo que eu não temesse tanto a Layla, ainda não achava apropriado que com as circunstancias Renesmee ficasse longe de casa – mas o sorriso de Edward me indicou que eu não tinha contra o que objetar. Certamente ele se via entre os planos.

Você queria um pouco de normalidade á ela, então aqui está sua chance. Ela vai precisar no meio de toda essa bagunça. Você sabe que Nessie estará segura comigo, eu não a levaria se tivesse perigo e posso voltar em apenas um piscar de olhos se alguma coisa acontecer aqui – mas não vai. Eu continuava odiando essa idéia, mas Layla tinha razão: talvez fosse melhor para Renesmee ficar longe, pelo menos algumas horas, de toda a agitação que rondava esse lugar. Se eu estivesse com Edward então não seria tão ruim e com Emmett seria no mínimo engraçado. Jacob poderia ir também.

Jacob. Eu não havia pensado nisso, mas Layla certamente não poderia levá-lo e ele devia estar contanto com a minha resposta negativa ao passeio. Eu até o levaria se ele não se recusasse em ficar humano durante a viagem. Eu sorri disfarçadamente e neguei com a cabeça para sua voz. Jacob sempre via mais perigo do que o necessário e com certeza não concordaria em ficar humano ao lado de Layla, mas também não haveria jeito de ele deixá-la ir – mesmo que eu e Edward fossemos junto. Eu também o levaria como lobo se ninguém se importasse de perdê-lo no meio do caminho. Ela riu divertida quando eu a olhei com a minha careta de censura. Foi o que eu pensei.

- Agora que tudo está esclarecido, posso fazer uma pergunta? – a voz de Tanya falou pela primeira vez desde que estávamos na clareira. –Você disse que caça mais pela diversão do que pela necessidade… Safirasnão precisam se alimentar então?

- Naturalmente precisam, mas um de meus poderes foi a habilidade de produzir dentro do meu corpo qualquer coisa que eu precisasse então consigo fabricar o sangue e satisfazer a minha queimação antes mesmo que ela comece! – ela sorriu pra Edward então. – Eu nunca provei o sangue humano, se é o que você quer saber, eu não sinto o cheiro mais do que Carlisle sente. Mas Scarlet é completamente o oposto de mim!

- Quem é ela? Como os Volturi a deixaram viver? – Benjamin perguntou ecoando os nossos pensamentos.

3 comentários:

Larissa Prates disse...

Nossaa... Amei!

BellaCullen disse...

Q Layla estranha '-'

Letícia Ingrid disse...

Mds FINALMENTE encontrei uma história que me prendesse!!
Estou completamente chocada com tamanha criatividade !!
Ok autora vc pode já ter ouvido isso de outras mas o que vou dizer vai soar clichê mas vc realmente merece...PARABÉNS, vc é ótima, criativa e tem O DOM !!
Ohh god tô tããão animada com essa história !!!!!!!

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