Os olhos intensamente azuis de Layla pousaram silenciosos em minha família por alguns segundos – certamente avaliando se seria apropriado contar a história – e então repentinamente a sua expressão se tornou serena para responder á Benjamin:
- Vocês realmente querem saber? – havia uma diversão sombria na sua voz.
- Sim, nós queremos mesmo saber, docinho… – o tom irônico de Kate acordou ainda mais meu receio. – Não pode ser tão ruim… Já tivemos surpresas suficientes!
Layla assentiu ignorando as provações e voltou-se serenamente á Carlisle:
- Seu nome é Gabriela Del Rio, ela é espanhola, e tinha vinte e dois anos quando a transformaram! Os Volturi mesmo não acreditando que a linhagem tinha continuado caçaram em todos os cantos do mundo mulheres que demonstrassem sinais de possuir o sangue enegrecido, que é como eles chamavam; mulheres que vagamente possuíam alguns poderes antes mesmo da imortalidade. Eles a encontraram em 1936 morando á moda da antiga Barcelona e rapidamente a trancaram no seu reino italiano para que a transformassem e a treinassem – Alec e Jane foram seus principais mentores. Gabriela nunca conheceu outra realidade á não ser os Volturi, eles eram seus criadores… pais, e ela os ama como tal. Durante muitos anos eles viveram viajando pra que ela pudesse absorver extraordinários poderes – eu tive a chance de ver a mente dela e aquilo era… Surpreendente! Gabriela tinha necessidade por poderes, era como se fosse uma droga á ela – a sensação quando você os absorve e o que eles fazem no seu corpo depois, ela era totalmente viciada nisso – como uma queimação de sede na garganta muitas vezes mais forte. – Layla deve ter percebido a corrente elétrica assombrada que percorreu a campina, pois um fraco sorriso ameaçou nos seus lábios. – Aro chegou á considerar chamá-lo, Jasper… Para que você pudesse mantê-la em ordem, por assim dizer… – um furioso assobio saiu pelos lábios de Alice ganhando a atenção de Layla. – Mas a idéia foi rapidamente descartada quando eles perceberam que a magnitude do que estavam lidando era muito mais intensa, pior… As características que Gabriela apresentava não era como eles pensavam! Nada poderia detê-la, você não poderia detê-la, não importa o quando influente seja o seu poder… As coisas que ela podia fazer, a força dela…
- Os Volturi acharam que ela era a Anika? – a pergunta de Edward era a minha.
- Sim, tanto que mesmo com ela, eles nunca pararam de procurar pela Scarlet… Você sabe que Aro não tolera segundos lugares. Mas a capacidade dela era muito além do que eles esperavam – eles ficaram receosos com o tempo ao verem o tanto que ela se fortalecia. Caius fez algumas viagens de pesquisa e voltou com a grande notícia… Ele descobriu que Gabriela era, na verdade, a primeira de todas as safiras – isso foi como o bônus de ouro para eles! – Layla trocou o peso da perna chamando a minha atenção. O movimento parecia muito… Entediado. Mas ainda assim, era muito graciosa.
- Porque os Volturi nunca procuraram por você então? Se eles sabiam que havia outra safira, que a sua espécie deveria nascer antes da Scarlet… – Jasper estava cético. – Aro pode não apreciar o segundo lugar, mas ele também não gosta que exista…
- Eles continuaram a sua procura por mim, eu os senti muitas vezes, mas sabia o porquê me queriam, naturalmente para me destruir… Como você disse, Aro não gosta de nada que possa comprometer o seu poder. Saber que há alguém para desafiar a sua safira preciosa… Não, isso certamente não o agrada! – seu olhar vagou até Carlisle. – Por muitos anos da minha vida eu passei longe de qualquer coisa que os levasse á mim até que eles finalmente aquietaram – não desistiram, mas escolheram dar prioridade á outros assuntos. Aro só descobriu quem havia me criado quando Edward foi á Itália em uma tentativa ridícula de se matar, e ele ouviu seus pensamentos. – Layla soltou uma curta risada de deboche voltando-se pra Edward. – Eles viram a oportunidade imensa que você representava para me atrair; nós safiras, temos certa simpatia, como se fosse uma ternura, um calor por quem nos transforma e Aro sabia disso por experiência… Eu consigo sentir Carlisle muito mais intensamente do que qualquer outro. – eu não sabia dizer se a voz de Layla remetia pelo menos um pouco do carinho que eu desconfiava que ela sentisse por Carlisle, mas certamente ela parecia aquecida. – Eles elaboraram o plano todo e você estava tão afogado na inexistência que não notou isso, mas então, na tentativa de fazê-lo recuperar parte do juízo que havia restado, Bella os atrapalhou heroicamente. Desde aquele dia o maior desejo dos Volturi é destruir vocês, a despeito desse passado que descobriram, os Cullen era uma família muito interessante… Há dez anos, eles tentaram usar Nessie para me fazer aparecer e quando o plano de Alice deu certo sem obterem sucesso… Bom, acharam que seria adequado dessa vez envolver as safiras! – o seu sorriso era vago. – E aqui estou eu… Eles finalmente conseguiram!
Um suave silêncio percorreu a campina por breves segundos e seu olhar ainda era exclusivamente de Edward – preso firmemente na minha mão. Eu não fazia idéia do que ele estava pensando de tudo aquilo – o quanto aquela visita estaria afetando-o e o quanto eu deveria temer por isso –, até Layla tornar óbvio com a sua resposta:
- Porque essa é a coisa certa á se fazer… Você faria a coisa certa no meu lugar… Eu sei que faria! É por isso que eu estou aqui agora… Mas senti sua falta, Edward!
- Acredito que eu tenho muito a lhe agradecer, não é mesmo… Pelo que parece, você nos tem protegido desde sempre, nunca verdadeiramente nos deixou, e devido á isso Alice pode ver um futuro para nós todos os dias… – depois de tudo que havia sido dito eu infelizmente não podia argumentar contra as palavras de Edward apesar de teimosamente desejar muito. Eu ainda estava cautelosa – Eu também senti sua falta!
- Eu ainda não posso deixá-lo ouvir os meus pensamentos, Edward… Me perdoe por isso, mas quando o momento certo chegar você vai entender, entretanto, eu posso responder as suas perguntas, se você assim desejar…– o sorriso malicioso de Layla se esticou enquanto deliberadamente ela se aproximou mais poucos passos até nós. –Durante todo esse tempo viajei pelo mundo procurando mais informações, histórias da minha espécie, em países com lendas antigas parecidas com a das safiras. Nunca fiquei muito tempo em um lugar, mas gostava particularmente da Índia e da Turquia – nesses países eu descobri um pouco mais sobre nós e isso ajudou a melhor controlar os meus poderes. É extremamente difícil mantê-los quietos e foi uma grande batalha, porém eu tinha grandes motivos para conseguir! – os olhos oceano de Layla queimaram Carlisle por alguns segundos e depois em Edward novamente. – Claro que eu me encontrava ao máximo com vampiros poderosos… Isso foi importante com o que nos espera agora e eu não sinto mais a queimação por absorver poderes, o meu corpo maneja melhor as dores e estou como se fosse anestesiada depois de tantas vezes. Durante muito tempo eu também vivi em minha forma Anika para evitar mais atenção que o necessário!
As palavras dela pareciam completamente desorganizadas. Eu não via como a aparência de Layla não ser notada por outros vampiros, os seus traços suaves e a sua beleza de porcelana era convidativo aos olhos – como se houvesse um mistério atrás dela que fosse intrigante. Os meus pensamentos rápidos tentavam imaginar quanto ela deveria ser diferente na sua forma Anika para que não fosse notada – isso era um absurdo –, mas eu não fazia idéia do que era a forma Anika então não ajudou muito.
- A forma Anika é a minha verdadeira aparência como safira, eu não sabia muito sobre isso apesar de sentir que poderia ser diferente e que eu poderia me transformar, não sabia no que, mas eu sentia. Em uma viagem á Ucrânia, eu estive com um humano que entendia muito mais sobre lendas de vampiros do que os Volturi jamais pensariam e ele me ajudou a encontrar a minha forma. – Layla riu suavemente divertida. – Vocês acharão irônico, eu tenho certeza, é mesmo irônico, mas é completamente comum pra ser notada… E até mesmo mais capaz de sustentar meus poderes do que em humana…
Era surpreendente que apesar de sua aparência meio selvagem ela conseguia ainda possuir uma voz tão delicada como o bater de asas de um pássaro. Layla andou um passo para trás se virando graciosamente de costas para minha família e quando eu esperava vê-la se afastando de nós, o corpo de Layla diminuiu para as formas de um pequeno gato branco. Assobios surpresos percorreram pela minha família e ouvi o coraçãozinho de Renesmee ganhar mais velocidade com a adrenalina do momento – tudo estava completamente contagiado pela surpresa e pelo assombro. Eu estava vagamente consciente quando a nova forma de Layla se virou até nós de novo.
Os olhos memoravelmente azuis nos encaravam com uma intensidade soando divertida e o ângulo formado em seu rosto parecia sorrir para nós. Depois de tudo o que já havíamos presenciado com a sua visita não parecia realmente impossível que tudo aquilo estivesse mesmo acontecendo – o gato com pêlos sedosos consciente de nossa presença –, mas ainda assim foi simplesmente surpreendente e até… Irônico… Assim como Layla havia dito. Certamente as formas de gato são comuns o suficiente pra ninguém reparar neles mais do que o necessário, mas eu não conseguia imaginar como poderia suportar tantos poderes – que como ela havia dito – nem a sua forma humana parecia agüentar. O gato parecia muito vulnerável apesar de quem era.
Meus pensamentos confusos rapidamente notaram quando a mão de Edward se apertou um pouco mais na minha enquanto ele virava o rosto para olhar Carlisle com uma expressão dividida entre assombro e receio. Pela sua expressão eu percebi que aquele simples gesto de Layla ter se transformado num gato branco significava muito mais do que eu havia imaginado. Diga á Jasper que suas teorias estão corretas! A voz soou na minha cabeça. Definitivamente, o gato estava bem consciente de nós:
- Ela… – minha voz receosa ganhou a atenção de Edward no silêncio que ardia na campina. Meus olhos foram até Jasper. – Ela disse que suas teorias estão corretas!
- O quê? Como? – a voz de Edward estava surpresa. – Você pode ouvi-la?
Eu ainda estava olhando para Jasper estudando enquanto a sua expressão se tornava cautelosa e surpresa, mas balancei a cabeça confirmando á Edward. Mesmo sabendo que aquilo não seria o suficiente para satisfazer a curiosidade dele teria que ser o suficiente por enquanto – eu realmente queria saber o que Jasper pensava –, e eu não sabia se Edward tinha entendido isso, mas a sua atenção também voltou até ele. Jasper andou dois passos cautelosos para frente sob olhares de censura de Alice.
- Isso não é possível! – Jasper estava claramente surpreso. – Elas jamais foram capazes de se transformarem. Isso vai contra a verdade da nossa espécie, ao vampiro é simplesmente impossível qualquer mutação no corpo, naturalmente não há vida já que dentro de nós está tudo congelado. Vampiros não conseguem mudar a fisionomia, não há possibilidade de Layla ter absorvido esse poder de alguém – não existe esse poder…
- Layla é mais safira do que vampira… – a voz de Carlisle soava os esforços que os seus pensamentos faziam para acompanhar a teoria de Jasper. Edward balançou a cabeça suavemente compreendendo o que quer que estivesse na cabeça dele. – Essa pode ser uma característica própria de sua espécie, não necessariamente do vampiro…
- Mas Layla está tão morta quanto nós estamos, então eu só consigo pensar que nós não estamos vendo-a como um gato necessariamente, é apenas… Uma ilusão… – a voz de Jasper parecia convicta do que estava dizendo. – Uma ilusão tão forte que tem a capacidade de se transformar sem nenhuma alteração perceptível no ambiente… Ela, na forma humana, é que está ali e não o gato branco, mas, mesmo assim não há como duvidarmos do que vemos – seu corpo agora nem mesmo está ocupando espaço lá. Se eu não tivesse tanta certeza de que vampiros são seres imutáveis, teria acreditado!
Meus olhos se desgrudaram da intensidade no rosto de Jasper e voltaram ao rosto inflexível do gato branco com certa compreensão. Não parecia difícil acreditar que estávamos vendo uma ilusão – Layla havia deixado claro que seus poderes eram fortes – mas, mesmo assim, era surpreendente pensar que aquilo não existia de fato. A sua imagem era tão real e tão instigante que os meus olhos eram atraídos por seu segredo – qualquer que fosse ele. Eu fiquei claramente intimidada com a sua forma pequena e ainda assim… Graciosa. Os seus pêlos pareciam suaves como ela era.
Eu estive com os pensamentos tão ocupados processando aquela idéia que só notei Carlisle ao meu lado quando ele suspirou profundamente parecendo intrigado. Meus olhos voltaram imediatamente pra ele e então notei a intensa troca de olhares com Edward; ele parecia conversar com Edward através do pensamento. Em passos graciosos Carlisle voltou a encarar o gato enquanto aproximava deliberadamente em sua direção – claramente receoso pela reação dela. Não o deixe se aproximar de mim!
- Não! – eu soltei o mais rápido que pude e senti olhos queimarem em cima de mim. Carlisle parou á poucos metros de distância e vi que Layla recuou um pouco. – Ela não quer que você se aproxime… – Carlisle voltou o olhar me questionando. – Eu não sei por que… –Diga que é perigoso á ele! Eu ouvi. – Talvez seja perigoso demais…
O gato andou mais dois perceptíveis passos para trás e se virou de costas com as pálpebras fechando os olhos intensamente azuis. Sua pequena fisionomia de pêlo branco e sedoso deu lugar ás formas do corpo de Layla – ainda de costas para nós – usando as roupas rasgadas que ainda deixavam a aparência selvagem e assustadora. Durante longos segundos um silêncio intrigante percorreu pela campina – a água ao rio transformava o momento mais tenso – e então, ela se virou para encarar Carlisle.
- Me desculpe. – a voz dela queimou em sinceridade e ela sorriu suavemente para nós. – Essa é a forma Anika… Irônico, eu disse. Jasper está certo, é uma ilusão! Eu realmente preciso ser primeiro vampira pra depois ser safira e não posso mudar o que sou muito mais do que vocês podem. Mas, mesmo assim… Apesar de ser uma ilusão, a minha capacidade o transforma em um corpo que pode ser tocado e sentido, como um gato verdadeiramente deve ser – com as mesmas proporções. Logicamente eu sentiria. – ela voltou a olhar Carlisle. – Será um prazer responder ás suas curiosidades, Carlisle!
- Será que eu poderia… – ele parecia mais preso em seus pensamentos do que na realidade e cauteloso deu mais um passo até Layla, mas ela voltou á recuar. O seu comentário pode ter sido confuso, mas sua atitude deixou clara a frase que ele não terminou: Carlisle parecia querer tocá-la… Senti-la… Saber que a filha que ele amou em silêncio por tantos anos, realmente estava lá. – Eu… Me Desculpe… Eu… Eu não sei… – havia dor em seu tom de voz pela primeira vez desde que Layla apareceu.
- O ser humano… A essência dele com a qual estamos tão associados. – a voz de Layla parecia imersa em reflexão enquanto seu olhar era intenso em Carlisle. – Você nunca se perguntou por que vampiros só existem associados á forma humana?!… Por que a nossa natureza está tão ligada á eles?… Porque sentimos dor… tristeza, emoção, mesmo quando tudo dentro de nós está adormecido á tanto tempo?!… Por que somos seres extraordinários e estamos presos ás mesmas sensações humanas infantis, banais da vida… – um fraco sorriso se esboçou no rosto de pérola. –Nós somos fracos, tanto quanto eles são!… Se não houvesse perigo, eu teria realmente adorado Carlisle. Senti a sua falta, mas esse reencontro mexeu muito com o meu… Autocontrole! – as palavras que saíram de sua boca estavam fervendo e uma estranha sensação passou pelo meu corpo. Durante todo o tempo em que Layla estava aqui, essa era a primeira vez que a senti tão infeliz. – Não houve um dia passado sequer em que eu não pensei em você…
- Espero não ser rude da minha parte, mas… – a voz de Esme estava cuidadosa. – Como você… Vai deter os Volturi?! O que nós devemos fazer quando eles chegarem?
- Os Volturi sabem que eu estou com vocês. Scarlet tem a mesma capacidade de Alice e há essa altura está tão cega quanto ela – tenho certeza de que os Volturi não se importaram com isso levando em conta o que significa; eu estou aqui afinal. – Layla riu brevemente á Edward com os olhos vagamente pensativos. – Eu consigo escondê-los com muita facilidade, bloquear os cheiros e localizações, ninguém nem mesmo saberia se vocês ainda existiriam, mas acredito que não irão concordar com isso e também não é recomendável… Eles irão se separar e será difícil manter o controle enquanto acabo com muitos vampiros ao mesmo tempo e em lugares diferentes; se eu me exceder irei machucá-los também. – o rosto de Layla estava sereno. – Vocês jamais… Subestimem o meu autocontrole, cada momento é um tremendo esforço á mim e os riscos existem. Os Volturi ensinaram Scarlet á se conter, mas eu garanto que ela será mais perigosa do que eu. Irei protegê-los é claro, meu escudo será capaz de deixá-los seguros enquanto eu acabo com ela. Os Volturi tentarão atacar com essa chance, mas serão destruídos…
- Layla… – Carlisle parecia procurar pelas palavras certas. – Os Volturi mantêm o equilíbrio no nosso mundo. Apesar do que vai acontecer, deve haver um modo…
- Eu pedirei pela sua paciência e pela sua confiança, Carlisle. Posso ver o futuro, não farei nada pra comprometê-lo! – por algum motivo eu acreditei na sua convicção.
- Você consegue derrotá-los sozinha? – Emmett disse claramente debochando. Eu receei o que esse jeito despreocupado dele despertaria em Layla, mas ela apenas sorriu divertida para ele e não ousou responder. O seu rosto virou-se até mim.
- Você pode mudar a sua aparência? – a minha curiosidade por seus olhos azuis intensos ganharam voz inconscientemente e eu rapidamente desejei recolher minhas palavras com receio de tê-la ofendido. Entretanto, fiquei surpresa que ninguém lhe perguntou sobre o mais óbvio de sua aparência. Eles eram tão… Maravilhosos.
- Sim, mas os meus olhos não têm nada com esse poder! – aquilo me confundiu um pouco e Layla certamente percebeu isso na minha mente tanto quanto na minha expressão. Ela sorriu maliciosa para mim. – Bom, os olhos de vampiros são vermelhos quando bebem o sangue humano, são pretos quando estão com sede e, dourados para os que se alimentam de animais. Para a safira é a mesma coisa, só as cores mudam… É violeta quando se alimenta de sangue humano, cinza quando está com sede e rosado á que se alimenta de sangue animal… O azul indica a capacidade de satisfazer as minhas necessidades! – seu rosto estava sereno. – Scarlet terá os olhos violeta ou então cinza!
Uma estranha sensação percorreu pelo meu corpo quando as palavras dela se afundaram na minha mente e inconscientemente eu tremi os meus dedos na mão de Edward chamando a sua atenção. O seu olhar apesar de um tanto suave continha um teor de questionamento e sabia que ele me perguntava se eu estava bem. Depois de tantos anos juntos não era necessário palavras para entendermos um ao outro e eu apenas balancei a cabeça calmamente sabendo que ele acreditaria que estava tudo certo… Ou pelo menos fingiria que acreditaria. Eu nunca conseguia enganá-lo nessas situações – mesmo ele não ouvindo os meus pensamentos… Ele me conhecia.
Não mesmo! Ele ainda continua preocupado com você! Risadas suaves como os pássaros cantando em uma manhã de verão ecoaram dentro dos meus pensamentos com uma reconhecível diversão. Eu desejei ardentemente que ela parasse com essa implicância de me irritar com as suas respostas cínicas e aos poucos as risadas foram se controlando – com muito esforço – dentro da minha mente. Se você assim deseja, eu vou deixá-la com privacidade.Jasper está tento um pensamento interessante…
- Você quer experimentar? – Layla olhou maliciosamente no rosto desconfiado dele e sorriu divertida. Eu não entendi aquilo, mas Edward deu um passo para frente.
- Não é necessário… Apenas… – Jasper estava cauteloso. – Responda!
- A sua habilidade dança no meu corpo… Posso adormecer qualquer vampiro!– a voz de Layla era cuidadosa sem necessidade; impossível não se assustar com o que ela havia acabado de dizer. Eu sempre ouvi de Edward a dificuldade para se matar um vampiro e sentia isso no meu corpo rígido, mas a potência dos seus poderes era clara nas suas palavras. – Não se sinta responsável, não farei nada que você não faria!
Eu não sei por que, mas estava confortável na presença dela agora – eu não queria me sentir assim –, mas era impossível. A segurança que Layla transmitia – em paralelo com seu jeito meio selvagem e autoritário – tinha uma intensidade forte ao ponto de me convencer que tudo poderia dar certo com ela aqui. Poderia ser errado me sentir bem com uma safira, mas uma parte de mim estava tão desesperada para salvar minha família que agarrava com força em todas as chances que surgiam.
- Acredito que está na hora de eu partir… – o som suave da voz de Layla havia nos surpreendido. Minha expressão certamente era de choque e eu não sabia dizer se ela havia feito aquilo de propósito, mas ela parecia divertida. – Eu não posso ficar com vocês até que a hora certa chegue… Pode ser perigoso demais, e não vou arriscar!
- Mas… – a expressão de Edward estava pensativa encarando-a intenso.
Eu sabia que ele procurava qualquer desculpa para que Layla ficasse conosco e procurei não deixar que aquilo me afetasse – tinha que admitir para mim mesma que eu também me sentia um pouco mais segura com sua presença. Repentinamente os olhos de Edward pousaram em mim; silenciosos e ainda assim tão quentes que meu corpo ficou eletrizado involuntariamente com isso e eu esqueci o raciocínio. Mesmo que a minha mente tivesse espaço suficiente para pensar em muitas coisas, ele ainda conseguia me deixar totalmente confusa em situações inesperadas como essa.
Edward certamente havia percebido isso – o dom de Jasper sequer foi preciso –, ele apenas olhou dentro dos meus olhos para vê-los deslumbrados. Alguns breves segundos silenciosos se passaram e ele abaixou o rosto certamente para esconder a ameaça de um sorriso desatar nos lábios. Mais composto, ele voltou a encarar Layla concordando com a cabeça e desnecessariamente suspirou fundo aliviando a tensão:
- Você provavelmente está certa… – eu sabia que foi difícil pra ele admitir isso.
- Não se preocupe, eu estarei de volta dentro de três dias… Vocês estarão livres para discutir sobre o quiserem e Jacob quer conversar com vocês desesperadamente… Não vou mais prolongar isso apesar de que me agrada!– o seu tom de escárnio seguiu o pequeno rosnado nervoso do peito de Jacob. – Eu também tenho algumas coisas para resolver enquanto isso, mas estarei de olho em vocês caso precisem falar comigo!
Eu não havia parado para pensar naquilo até aquele momento, mas eu devia imaginar que ela não ficaria na sala branca dos Cullen vivendo em harmonia conosco – acredito que seria entediante para uma safira, até para uma que curiosamente não achava graça em fazer de tudo ao mesmo tempo e preservava simplicidade na vida –, mas uma pequena parte de mim parecia entendê-la e imaginava que ela não partiria por tédio, e porque realmente corríamos riscos na sua presença. Eu gostei um pouco mais dela por isso – apenas um pouquinho mais –, ainda estava relutante em aceitar uma safira na família. Layla sorriu pra mim… Esqueci de que ela podia me ouvir.
- Você sabe que eu a levaria com muito prazer Renesmee… – rapidamente seus olhos azuis pousaram em minha filha ainda ao lado de Alice e Jacob. – Mas eu não o farei se Bella e Edward não me deixarem… – ela olhou um tanto instigada para mim.
- Eu não acho que seja apropriado… Agora. – minha voz estava um pouco mais tremida do que pretendia. – Depois… Quando não houver tanto perigo… Acredito que a África não vai a lugar nenhum, de qualquer jeito… – eu me virei pra olhar Renesmee em tempo de ver as suas covinhas se fecharem; tristes e ainda assim compreensíveis.
- Está tudo bem então, mamãe… – ela parecia saber que eu queria ouvi-la para ver que ela me entendia. Seu sorriso aumentou um pouquinho ao ver a preocupação no meu rosto. – Mas você ainda me deve uma viagem á África… E Layla também…
- Bom, então eu tenho mais uma coisa para ajeitar por aqui, não é mesmo…– o sorriso ficou profundamente pensativo no rosto de Layla, mas eu não me preocupei.
A espontaneidade com que Renesmee falou o nome de Layla despertou minha atenção e eu tive a leve impressão de que a minha filha – totalmente despreocupada com seu jeito ainda meio selvagem e assustador –, sentia certo carinho e compaixão por nossa convidada. Nessie tem a alma muito gentil e acolhedora… É confortável ficar perto dela. Eu olhei para Layla com certo ceticismo – eu sabia daquilo; Nessie possuía muito de Edward na personalidade. Muito de você também… Ela é meio teimosa para o que quer, mas tem o coração compreensivo quando se trata do conforto de quem ela ama. Soava realmente como eu e não pude deixar de me sentir feliz com isso.
- Depois que tudo isso estiver acabado eu não poderei cumprir com a promessa, Renesmee… – ela ignorou os questionamentos e a confusão que certamente estava nos pensamentos de todos –porque ela não poderia cumprir com a promessa depois que não houvesse mais perigo? Não seria mais fácil… – e sorriu maliciosa e pensativa para Nessie. – Mas eu concordo com você, continuo lhe devendo uma viagem à África, então… Já que sua mãe não me deixa levá-la até lá… Eu trarei a África até você…
- Hã? – Renesmee certamente expressou o que estava na cabeça de todos nós.
Layla desapareceu. Simplesmente e inacreditavelmente não estava mais lá. Eu fiquei completamente horrorizada com aquilo, meus olhos muito capacitados sequer haviam notado o movimento – qualquer movimento –, se é que ela tinha se movido. Inconscientemente eu corri para Nessie com Edward ao meu lado e preso em minha mão – eu percebi que todos estavam tão amedrontados quanto eu –, e a prendi ao meu corpo enquanto o escudo protegia tudo ao meu redor. Eu não sabia exatamente pelo que procurar e o que temer, mas aquela atitude de Layla me despertou.
- Onde ela foi? – Tanya perguntou ao mesmo tempo em que o bando começou a rosnar. Ela olhava Edward um tanto nervosa. –Se Layla persistir com essas atitudes será extremamente difícil conviver com ela… – eu concordei com isso. Meu consciente já havia esquecido toda segurança que ela havia transmitido até àquela hora.
- Edward? – eu perguntei receosa e os meus olhos continuaram pela campina.
- Eu não sei… Não faço idéia de onde ela está… – ele me respondeu.
- África talvez? – a pergunta de Emmett fez um pouco de sentido para mim. Eu tratei a África até você… Ela havia dito. Eu não fazia idéia do que aquilo significava.
Um tremendo cheiro delicioso vindo das montanhas nos denunciou que algo estava diferente depois de breves segundos silenciosos na campina. O fogo na minha garganta queimou intenso mostrando que eu ansiava de sede pelo que estivesse nas cordilheiras do Olympia e rapidamente o meu instinto era de seguir naquela direção, mas Renesmee se mexeu intrigada nos meus braços assaltada pelo novo cheiro e foi o suficiente para organizar os meus pensamentos. Eu olhei para o rosto de Edward – notei que seu sorriso era vagamente divertido – e ganhei a sua atenção rapidamente.
- Leopardos… – Edward disse. Isso explicava o cheiro diferente então. – É uma espécie completamente selvagem, com hábitos alimentares carnívoros… – meu olfato pareceu intensificado sob suas palavras, pois um suave cheiro os deixou mais doces. – Estes vivem especialmente nas estreitas florestas tropicais no centro da África, então possuem um cheiro mais curioso. – ele sorriu para Carlisle. – Parece que Layla trouxe a África para nós como havia dito… E ainda da melhor qualidade, por assim dizer!
Layla lentamente – comparado com as outras vezes – saiu da floresta ao leste da campina e caminhou pra nós até que estivesse há apenas quatro passos de mim e Edward – seu caminhar selvagem ainda capturava a minha atenção; denunciava que ela era perigosa com certa graciosidade. Ela estava muito mais perto do jamais havia chegado antes e o seu sorriso divertido fazia contraste com o rosto tranqüilo.
- Quinze quilômetros á leste… Eles estão encurralados nas montanhas. – o olhar deslumbrantemente azul pousou sereno em Carlisle. –Apenas três dias… Eu voltarei!
- Você tem certeza? – Carlisle perguntou se aproximando alguns passos.
- Será mais seguro… E mais fácil se eu ficar longe… Vocês precisam dos lobos, e eles também precisam de vocês, mas não podemos ficar todos juntos. Eles são muito… Sensíveis aos meus instintos e eu não posso me deixar levar nem por um instante, mas agora… – ela voltou á sorrir para mim e Edward. – Renesmee está ficando impaciente!
- Muito! – a sua voz suave confirmou firmemente. – Obrigada Layla… Será que você também não gostaria de nos acompanhar? Eles realmente cheiram melhor que os ursos daqui… – Nessie olhou para Emmett brevemente vendo-o abrir o largo sorriso.
A minha garganta queimou sob a afirmação de Renesmee. Meus pensamentos estavam conscientes de que havia outras prioridades naquele momento, mas aquele convidativo cheiro africano vindo das montanhas parecia delicioso. O meu olhar foi até Layla na tentativa de lhe agradecer por satisfazer os desejos de minha filha sem a necessidade de viajarmos e então, o seu sorriso cresceu atrás dos dentre brilhantes – ela sequer me olhou, mas certamente ouviu meus pensamentos. Foi um prazer!
- Outro dia quem sabe, Renesmee… – ela respondeu. – Mas eu teria adorado!
Layla olhou intensamente na direção de Edward e Carlisle por mais um longo segundo antes de se virar de costas para a minha família em uma caminhada suave e se dirigir para longe de nós – novamente, seus movimentos foram mais deliberados – mas, o seu caminhar pareceu anos envelhecidos. Exatamente como de uma safira de noventa anos. Vê-la desaparecer pela campina despertou dentro de mim algo meio inesperado… Eu estava preparada pra sentir preocupação, receio e insegurança com a sua presença, mas surpreendentemente eu fiquei com uma estranha vontade de ir até ela e pedir para que ficasse conosco…É perigoso demais. Eu tentei me convencer fazendo com que esse sentimento saísse da minha mente. É perigoso demais…
O cheiro vindo das montanhas repentinamente soou mais forte ao meu nariz e percebi que o de minha família também. Não eram todos os nossos convidados que adotaram a mesma maneira que os Cullen viveram por décadas, então apenas Tanya e o resto dos Denali reagiram áquele sabor diferente pairando no ar – eu sabia que a sede também queimava para eles. Jacob bufou chamando nossa atenção e sua boca enorme se abriu deixando a língua cair ao lado, ofegando como deveria ser a imagem da diversão. Eu senti o olhar fixo de Edward no meu rosto instantaneamente.
- A despeito do desconforto com Layla, Jacob quer brigar com alguns leopardos! – eu sorri para Edward. Isso parecia exatamente como Jacob. – Então… Vamos caçar?
As palavras do meu marido perfeito soaram mais acesas do que o apropriado para visitas e uma involuntária – mas não nova –, corrente elétrica percorreu dentro do meu corpo. Eu sempre reagia á ele dessa forma quando o seu sorriso caloroso e o olhar castanho em ouro queimavam sobre o meu rosto, e um espontâneo sorriso se desdobrou nos meus lábios. Dessa vez nós iríamos caçar os leopardos nas montanhas – presentes de uma inesquecível safira de olhos azuis – mas Edward sabia que eu iria até o fim do mundo apenas para ficar com ele… Toda a minha essência se resumia no amor imenso que eu sentia. Se ficássemos juntos… Eu seria eternamente feliz.
Eles ainda esperavam pela minha resposta, mas Edward olhou para Renesmee significativamente e segundos depois ela estava montada em suas costas preparada com a devida antecipação de uma caçada. Essa visão me prendeu por algum tempo… Eu sentia que havia esperança para minha família agora; era extremamente doloroso imaginar um mundo em que Edward e Nessie não estivessem. Layla estava aqui e eu devia me sentir mais confortável com isso… Ela representava nossa única esperança de que tudo daria certo; eu não perderia a família que amava irracionalmente.
Layla…
Os meus olhos percorreram a floresta onde ela havia nos deixado procurando teimosamente por algo que eu sabia que não estaria lá. Agora que ela não estava ali era fácil me deixar sentir compaixão por sua história… Layla nunca verdadeiramente deixou a família que sempre amou, mesmo que estes não estivessem lá para amá-la de volta. Eu queria muito dar á ela a companhia que por tantos anos lhe foi negada, mas não fazia idéia de como estar com ela. Edward disse que ela não era perigosa e Layla certamente comprovou isso – pelo menos não á nós… Talvez então, houvesse esperança para ela também. Esperança de que ao final de tudo ela estaria ocupando devidamente o lugar nessa família que nunca realmente deixou de ser seu.
4 comentários:
Eu amei a Layla de verdade agora sei o qe o Edward pensa hsuahushausa
a Bella poderia ser 1 safira, só q por causa do escudo ela n conseguia absolver os poderes, ai ela descobriria na luta, assim q ela abaixa (completamente) seu escudo pois ela tah mt fraca, ela recebe os poderes de todos a sua volta...
Ela é mt forte e ela q deveria salvar a família a layla tinha q trair os cullen ai Bella vai lutar e fica fraca o escudo dela some... ( o resto contei em cima )
Vc nessa fic desvalorizou Bella, n q esteja ruim, mas bem q poderia valorizar +, ai os volturi dizem q vão matar bella por serem 1 safira, mas eles tbm "adestraram" 1, por isso n matam, mas juram vingança ...
tbm axo que seria legal se a Bella fosse uma vampira ainda mais forte do que as safiras!! A unica de sua especie!! Mil vezes mais poderosa do que todos os outros!! Só que ela tem o escudo e pra isso acontecer o escudo some de repente pq Layla o tirou dela.... assim ela suga os poderes de todos a sua volta sendo safiras ou não!!
Concordo! Acho q a Bella poderia ser uma safira única no mundo dos vampiros! E que ela vai conseguir derrotar a Layla...
Postar um comentário