Meia-Noite Envenenada - Capítulo 05: Intimidade

Não houve muito que fazer durante os últimos quatro dias que se arrastaram mais lentamente do que o necessário em minha opinião. Carlisle e Edward chegaram á questionar algumas estratégias com Jasper e então mais tarde com Sam; Charles se juntou á eles algumas vezes – fiquei surpresa com sua imensa habilidade estrategista para batalha, o que me lembrou muito do próprio Jasper –, mas Alice os convenceu de que seria insignificante qualquer planejamento em uma luta de safiras, então eles desistiram. Alice provavelmente estava certa…Safiras eram seres inconstantes.

Eu passei grande parte do meu tempo treinando com Emmett na campina da casa de minha família – ainda não era prazeroso lutar com ele, parecia mais com uma revanche por todas as lutas que ele havia perdido quando eu ainda era uma vampira recém nascida – mas ainda havia muito que aperfeiçoar, então eu não podia perder tempo. Sempre ficava muito agradecida quando Kate se oferecia para substituí-lo e assim a luta parecia mais igualitária já que os seus choques não funcionavam comigo. Claro que Renesmee ficava na beira da campina – onde eu poderia constantemente olhar para ela – na companhia do inseparável Jacob e de uma animada Zafrina.

Apesar da inconveniência de um futuro que uma parte de mim sentia que ele ainda nos aguardava, eu estava feliz por estarmos juntos novamente. Eu sentia falta das amazonas, dos nômades – principalmente do talentoso Benjamin e sua Tia, e até mesmo dos resmungos de Alistair. Todos eles, junto com os lobos e os Denali eram a família que eu amava loucamente e que faria de tudo para proteger; me trazia certo conforto tê-los por perto novamente para encarar o novo destino que nos esperava. Porém, apesar de eu ver que estavam realmente todos aqui, eu não sentia isso.

Algo dentro de meus pensamentos dizia que Layla também deveria estar aqui conosco e, – apesar de saber que nunca seria capaz de admitir isso para mais alguém – eu sentia falta dela. Poderia ser errado me sentir assim, mas a segurança que Layla nos transmitiu era extremamente reconfortante ao ponto de fazer a sua companhia de certa forma muito agradável – pela primeira vez desde que Alice viu nosso futuro, nós fomos capazes de acreditar que tudo daria certo no final… Que ainda havia uma pequena esperança para a minha família. Uma esperança que eu não queria perder e que essa distância de quatro dias estava destruindo com o medo e o desespero.

Foi necessário todo o meu esforço para que eu não deixasse transparecer essa insegurança que lutava por espaço dentro dos meus pensamentos; eu não queria ver Nessie mais preocupada ainda com o que estava acontecendo e também não queria que Edward se chateasse com minhas perturbações enquanto ele certamente havia muito em que pensar. Eu estive constantemente temendo o quando a visita de Layla o afetaria e se em algum momento eu deveria esperar que isso o deixasse deprimido de alguma forma; ele havia amado ela silenciosamente durante muitos anos – como o amor dele e Alice, eu me lembrava disso mais freqüentemente ainda –, mas então para minha grande surpresa percebi que todos nós estávamos intrigados nela.

Edward apertou suavemente as suas mãos na minha me despertando de meus pensamentos e eu rapidamente notei que estive parada por muito tempo sentada no sofá – certamente o preocupando mais do que o meu absoluto silêncio já que eu não estava acostumada á ficar imóvel por tanto tempo. Eu sabia que não o enganava com muito sucesso – acho que ele via um pouco além de mim – mas com o melhor sorriso que eu consegui colocar no meu rosto eu voltei o olhar para o rosto perfeito e sereno de Edward e me mexi apenas um pouco para tranqüilizá-lo sem atrapalhar o sono de Renesmee no meu colo. Minha mente rapidamente se tornou consciente dos outros ao meu redor combinando elegantemente com a sala branca da minha família.

Carlisle e Esme estavam sentados no sofá mais próximo de nós – pensamentos tão perdidos como o meu estava – e não pude deixar de notar a mão com que Esme, de uma forma gentil, acarinhava a perna de Carlisle parecendo querer confortá-lo. Eu apenas podia imaginar o quanto estava sendo difícil pra ele conviver com a distância que já durava quatro longos dias da filha que ele esperou mais de oitenta anos para rever – eu ainda precisaria de muito tempo nessa vida para adquirir uma perspectiva suficiente que me ajudasse a compreender um pouco da expressão de Carlisle.

Rose e Emmett estavam sentados perto deles com as expressões tão intensas que me perguntei se sequer estavam conscientes de todos ao redor. Eu reconheci os braços de Emmett protetoramente nos ombros de Rose preparado para defendê-la de qualquer que fosse o ataque apesar de nem mesmo haver sinais de ameaça com o silêncio da sala. Eu não sabia dizer como Layla havia afetado Rose, ela não nos disse como se sentia por ter uma safira no meio de nossa família – para falar a verdade ela mal falou nesses últimos dias – mas a parte de mim que a conhecia parecia entender que mesmo não gostando nada da história, ela sentia falta da irmã que nem mesmo conhecia. Até mesmo Emmett esteve um tanto silencioso durante esse tempo.

Jasper suspirou profundamente alto despertando a minha atenção. Ele e Alice eram os mais afastados de todos nós em um silêncio tão intenso e tão íntimo que me sentia uma intrometida apenas de olhar para eles – também totalmente alheios dos outros. Apesar de eles estarem com os corpos distantes um do outro, eram os dedos de Alice presos firmemente na mão de Jasper que tornava aquele um momento tão particular enquanto observavam a tempestade sombria acobertar a campina da casa através da parede de vidro. Deveria estar sendo extremamente difícil á Jasper nesses últimos dias – a sua expressão dura e entediada refletida no vidro denunciava isso –, enquanto ele era torturado pela tensão que certamente estava em todos nós.

Eu teria tido tempo de ficar pesarosa com todo sofrimento dele se não tivesse visto o rosto de Alice logo em seguida. A expressão que ela carregava era certamente a mais angustiante de se olhar – dividida em sofrimento e amargura – e o meu corpo se congelou sob o efeito dos seus olhos caídos e o seu sorriso apagado. Eu senti uma imensa vontade de dormir ou chorar – qualquer uma das minhas reações quando eu era humana que me pudesse desligar da realidade tão exaustiva – mas é claro que os meus sentidos não me traíram assim. Alice também sentia falta de Layla – talvez até mesmo mais do que todos nós apesar de não a conhecer tão bem assim – e ela sentia que também seríamos incompletos enquanto que Layla não estivesse entre nós.

Jacob e Seth também estavam conosco – como sempre. O bando teve alguns problemas em aceitar uma safira no começo e após a visita de Layla eles se demonstraram ainda mais cautelosos, mas Sam com muito esforço os convenceu de que ela era necessária com o que está para vir agora – todos nós dependíamos dela. O rosto de Jacob estava profundamente despreocupado encarando Nessie dormir no meu colo com muita naturalidade – eu sabia que ela o deixava tranqüilo – enquanto que Seth, meio sonolento, se ajeitada no pequeno espaço do sofá ao lado dele.

Minha mente se recusou impetuosamente á imensa vontade que o meu corpo sentia de olhar para o rosto de Edward. Em parte eu receava pelo que veria no rosto duro e perfeito do meu marido de dezessete anos e em parte eu receava pelo que ele veria no meu rosto quando encontrasse os meus olhos – eu me perguntei o quanto a minha expressão deveria ter de Carlisle, Esme, Rose, Emmett, Alice e Jasper – talvez fosse suficiente para chateá-lo. Eu me sentia extremamente agradecida pelos nossos convidados terem dado um momento de privacidade á minha família aproveitando para caçarem ou se distraírem com os muitos passatempos espalhados pela casa – já era bastante doloroso ter que suportar a agonia no rosto dos que estavam ali.

Renesmee se remexeu suave no meu colo sendo o suficiente pra me despertar dos pensamentos distantes. Não haviam se passado sequer algumas horas desde que ela caiu no sono e eu estava pronta para lhe dizer que descansasse por mais algumas horas quando os seus olhos – meus olhos – chocolates me encararam acompanhados de um pequeno bocejo dos seus lábios rosados. Não existia sensação mais agradável do que olhar para o rosto de minha filha, simplesmente tão perfeita que era irônico pensar que eu tinha espaço entre seus traços. Claro que o pai só poderia ser Edward. Uma pequena ruga formou-se entre os seus olhos quando ela avaliou as expressões na sala e eu me forcei a abrir um sorriso quando ela voltou-se para me encarar:

- Descanse mais um pouco Renesmee! Ainda está muito cedo… – minha voz era um pouco mais tremida do que eu gostaria. Nessie olhou para o rosto de Edward por um longo segundo e então depois voltou ao meu rosto suspirando profundamente.

- Vejo que Layla ainda não chegou… – seus sinos eram um pouco preocupados.

- Não se preocupe, ela virá… – Edward garantiu.

A voz suave com que ele respondeu a nossa filha imediatamente despertou a minha curiosidade – ele não soava como alguém que estivesse sofrendo e havia certa autoridade em seu tom que indicava certeza no que disse. Eu olhei para o seu rosto e vi que Edward também não estava com a expressão que me deixaria pior do que me sentia – os seus olhos castanhos claros observavam Nessie com uma grande ternura e os lábios eram um sorriso perfeito… Havia paz em sua figura serena e perfeita.

- Layla… Ela é um pouquinho de todos nós! – Edward sorriu para Nessie. Ainda sem olhar para mim apesar de ter notado como o meu corpo ganhou adrenalina com a sua expressão. – Ela é… Ou era… – seu tom de voz caiu com o tempo passado, mas Edward não conseguiu disfarçar isso de minha atenção com sua rápidarecuperação. – Ela era engraçada e carinhosa como Alice, vaidosa como Rose, serena como Carlisle e amorosa como Esme… Tinha uma habilidade estrategista incrível e era tão inteligente como Jasper! – seus olhos de repente queimaram amorosos em meu rosto. – Era tão corajosa quanto sua mãe e teimosa como eu sou… – e então voltaram a Nessie. – Ah, e não podemos nos esquecer do mais importante, adora uma briga… Como Emmett!

Emmett não bufou como certamente teria feito se as palavras de Edward não tivessem atingido todos nós como apunhaladas rígidas no coração adormecido.

- Eu gosto dela! – os sinos da voz de Renesmee soaram meio tristonhos e senti muitos olhares queimarem sobre ela pela sua escolha despreocupada de palavras. Eu ouvir Jacob bufar – tão alto que certamente estava achando minha filha irônica:

- Você parece muito com a sua mãe… Sempre gostando das coisas erradas…

Edward riu – completamente divertido com o comentário audacioso de Jacob – e foi simplesmente impossível resistir á aquele som perfeito que saiu suave de seus lábios elegantes e convidativamente delineados. O clima na sala foi se suavizando e outras risadas se tornaram audíveis; baixas e ainda assim em completa sintonia.

- Talvez… – Renesmee entrou na brincadeira. – Eu tenho muito da minha mãe!

- E melhor ainda… – eu sorri carinhosa á ela. – Você tem muito mais do seu pai!

Eu senti Edward ao meu lado revirar os olhos, mas com um suspiro profundo e divertido ele se aproximou para beijar a minha testa suavemente e então Renesmee ainda deitada no meu colo. Estive tão envolvida com a beleza daquele momento que fui totalmente surpreendida quando risadas um tanto provocantes soaram na minha mente – tão altas que meus olhos percorreram pela sala estudando se mais alguém a ouvia e, sem encontrar nada além de sorrisos em direção á minha filha. Eu soltei o ar baixo e entrecortado o suficiente para ganhar a atenção e a preocupação de Edward.

- Bella? – a sua voz estava claramente cautelosa, mas o ignorei.

Eu senti muitos olhares na minha direção enquanto ainda procurava pela única pessoa que tinha a risada tão doce quanto a que soou na minha mente – eu procurava por ela – mas não havia nada que não devesse estar ali. Eu estava quase desistindo quando os meus olhos pousaram em baixo do arco na porta da parede de vidro – mais perto de Alice do que Jasper gostaria – e então eu a vi com o sorriso branco aberto no rosto maliciosamente e os olhos azuis nos encarando divertidos… Exatamente como eu me lembrava dela.

Olá Bella!

E a mesma voz de pássaros.

A mão de Edward se apertou na minha e eu tive certeza de que ele também já estava ciente da visita inesperada de Layla assim como os outros. Jacob me alcançou e à Nessie imediatamente, com Seth em seu encalço e, as ondas de calor emanavam dele de uma forma tão grosseira que eu sabia que ao menor movimento de Layla ele iria se transformar. Os meus olhos também foram capazes de captar todas as reações ao meu redor – o pulo alto de Emmett do sofá, a postura vagamente protetora com que Jasper se colocou sutilmente na frente de Alice e o olhar distante de Carlisle ficar aquecido conforme ele se levantava surpreso com a mão entrelaçada na de Esme. Eu e Edward fizemos o mesmo enquanto Nessie astutamente se posicionou entre nós e cautelosa ela alcançou o braço tenso de Jacob sabendo que isso iria acalmá-lo.

- Se controle lobo! Você não pode se transformar comigo aqui! – a voz de Layla estava rudemente áspera de uma forma que me deixou meio receosa, mas seu corpo imóvel não parecia tão ameaçador quanto seu tom, apenas familiarmente selvagem.

Layla também vestia as mesmas roupas desde nosso último encontro – a bota extremamente altíssima, a blusa rasgada e o short curto – mas o mais curioso na sua aparência era a adição de pequenas camadas de gelo que estavam grudadas pelo seu corpo aparentemente tão suave como seda e porcelana, mas tão duro quanto pedra. Eu fiquei me perguntando onde possivelmente ela esteve durante todos os dias em que não ficou conosco. Everest, Himalaia. Devia ter me lembrado de que ela ouviria meus pensamentos. Essa era a parte que eu não sentia falta em Layla – ela riu.

- Alice, você quer me fazer uma pergunta? – a voz suave dela era divertida.

Eu me virei intrigada na direção de Alice e vi que o seu olhar não estava preso no rosto de Layla como achei que estivesse; ela olhava intensa na direção de Jasper e eu senti a memorável necessidade de desviar a minha atenção para dar privacidade. Após mais alguns breves segundos de silêncio percebi que o sorriso no rosto de Layla cresceu enquanto Alice soltava da mão de Jasper para se aproximar mais dela.

- Você disse que enquanto estivermos com você eu não serei capaz de ver nada, mas ontem eu estava pensando no que você queria dizer comdescobrir o propósito do poder de Nessie daqui oito anos, e… Eu consegui ter uma visão; oito anos no futuro… – os sinos na voz de Alice eram questionadores e vagamente divertidos. Ela aproximou mais alguns passos de Layla e eu vi que Jasper suspirou claramente desconfortável. – E… Se eu consegui ver o futuro… Significa que você não pretende ficar conosco?!

Eu finalmente fui capaz de entender a expressão angustiada que a minha irmã favorita carregou com certo exagero nesses últimos dias. Ela realmente queria Layla.

- Você sacrificaria o seu poder para poder viver comigo? – o tom de Layla soou divertido, mas não combinou com a estranha intensidade nos seus olhos azuis.

- Acredito que sim… – Alice ponderou um pouco. – Sim, eu sacrificaria… Você é tão parte dessa família quanto eu sou, e talvez até mais, Carlisle a transformou mesmo que há noventa anos… Você mesma disse que tem essa ligação especial com ele, e não sou capaz de lhe negar isso, Layla! Além do mais, eu já estou acostumada em ficar cega com Nessie e os lobos sempre conosco. Não será tão difícil me adaptar á isso também!

- Carlisle ama você e Jasper assim como ama qualquer outro filho que ele criou. – Layla respondeu simplesmente com um sorriso malicioso no rosto. Ela não parecia inclinada em responder mais nada e então com um suspiro Alice voltou para ficar ao lado de Jasper. Eu sabia que não deveria estar olhando para eles, mas os meus olhos captaram a ternura quando os dedos suaves de Jasper alisaram a mão de Alice.

Layla andou alguns passos para mais perto de nós – os movimentos selvagens e graciosos exatamente como eu me lembrava – e imediatamente despertou a minha atenção. Seu braço aveludado como seda e porcelana se levantou deliberadamente enquanto os dedos se posicionaram convidativamente em direção á Carlisle. Eu olhei para ele ao mesmo tempo em que Edward entendendo rapidamente o que o gesto significava, mas Carlisle sequer se incomodou conosco. Ele sorriu sereno para Esme e com os passos sempre elegantes caminhou em direção ao rosto tenso de Layla.

- Espere… Carlisle, você tem certeza? – a voz de Emmett era incomodada e foi o suficiente para fazer Carlisle parar por alguns segundos e voltar o seu sorriso á ele:

- Sim, Emmett… Não é necessário se preocupar! – Carlisle respondeu convicto.

Eu estava imensamente receosa – desejando ardentemente que o meu escudo fosse até Carlisle e o protegesse de qualquer coisa que pudesse acontecer – mas uma parte de mim sabia que Layla jamais seria capaz de fazer algo que pudesse machucar ele, então talvez fosse seguro e eu utilizei desse raciocínio para me tranqüilizar. Com um gesto tão simples que combinou com a graciosidade dela, Carlisle estendeu a sua mão deliberadamente para tocar Layla fazendo um diferente brilho ofuscar de leve os meus olhos. Eu tive de piscar algumas vezes para entender o que aconteceu.

Onde os dedos dele tocaram na mão de Layla havia uma claridade mais intensa, destacando-se do branco de mármore na sua pele. Eu fiquei extremamente surpresa com aquilo – apesar de que uma parte de mim imaginava que era possível á umasafira; até então eu não sabia de nada que Layla não soubesse fazer – mas ainda assim era inacreditável o tanto que ela ainda podia nos surpreender; o brilho em sua pele era simplesmente maravilhoso. Meus olhos acompanharam os dedos de Carlisle subir vagarosamente pelo braço dela fazendo o brilho em sua pele acompanhá-lo. Eu compreendi agora porque Layla tanto evitou o contato físico quatro dias atrás – ela deveria estar temendo nossa reação, talvez com medo de que a repudiaríamos.

Isso me despertou. Eu deixei que toda simpatia que crescia no meu peito por Layla dominasse o meu corpo – deixando-o livre para admirá-la sem a insegurança e o medo – e, uma sensação diferente de conforto me fascinou. A distância criada por ela junto com as suas ações sempre cautelosas na nossa presença – que eu até então via como um método de estabilizar o controle sobre os seus poderes perigosos – era apenas por temer nossas reações. Layla não queria nos assustar com a magnitude de suas habilidades. Ela realmente não era perigosa para nós… Estava controlada.

Eu não sabia dizer como a minha família estava reagindo aquilo – todos muito estáticos; suas respirações muito suaves e as expressões ilegíveis – mas eu notei que as ondas de calor no corpo de Jacob se tornaram mais suave. Eu não sabia se os seus pensamentos estavam de acordo com os meus ou se era a mão de Nessie apertando gentilmente o braço dele, que o acalmaram… Talvez a mão de minha filha… Eu sabia que seria meio impossível que Jacob se sentisse confortável com Layla conosco.

- Ela está… Confusa… Feliz até, mas um pouco confusa! – a voz de Jasper estava cautelosa chamando a minha atenção. Eu percebi que olhares queimaram nele.

- Você consegue senti-la? – a pergunta de Edward também era a minha.

- Sim, acredito que ela me desbloqueou… – um pequeno indício de choque era audível na sua voz. – Os sentimentos dela são os mais fortes aqui… Mais intensos!

- Por que ela está confusa?! – Rose notou o que havíamos ignorado antes.

- Eu não sei os motivos Rose, apenas o que ela está sentindo… – a sua voz tinha um tom de diversão. Jasper certamente devia estar melhor por também sentir Layla e isso era reconfortante… Pelo menos eu sabia que ele também tinha visto o mesmo que eu. Ela estava controlada… Mas confusa? Os meus olhos foram até Edward.

- Eu não sei… Ainda não consigo ouvi-la… – aquilo estava sendo especialmente difícil para ele. Á princípio eu estranhei o porquê Layla não podia deixar que Edward a ouvisse, ainda mais ele que era tão especial para ela, mas então eu a entendi.

Eu olhei de volta para o rosto suave de Layla em tempo de ver a intensa troca de olhares com Carlisle – era tão forte que eu senti a mesma necessidade de desviar minha atenção como quando acontecia entre Alice e Jasper, mas eu não fiz isso dessa vez –, e o seu rosto voltou-se ao meu antes de me sentir incomodada. Ela podia me ouvir e sabia que eu estava certa… Layla estava escondendo alguma coisa de nós. Era tão assombroso que ela não podia deixar que Edward a ouvisse por enquanto.

- Espero que tenham gostado dos leopardos… – a voz dela soou deliciada com os dedos de Carlisle agora presos em sua mão. Os olhos azuis foram para Nessie.

- Muito obrigada por isso… O tio Emmett tinha razão, eles têm um gosto melhor do que os ursos que temos por aqui… – os seus sinos eram vagamente divertidos.

- Eu prefiro os elefantes da Índia… O sangue deles é mais quente e doce. – a voz de Layla parecia distante conforme ela falava de suas memórias. – As panteras no sul da América também são interessantes… Se não me engano é a preferência de sua avó!

- Sim, você está certa! – Carlisle que respondeu. – A localização das ilhas Esme foi proposital. – um perfeito sorriso formou-se em seu rosto ofuscando a minha visão tanto quanto a sutil claridade que saia do toque entre ele e Layla. Eu ainda sentia a enorme necessidade de piscar toda a vez que olhava para o encanto de Carlisle.

Um cheiro diferente – e ao mesmo tempo tão familiar – chegou forte ao meu nariz e eu notei que todos olharam para a campina atrás de Layla assim como eu. Ela ficou imóvel ainda sorrindo para nós enquanto que Sam se aproximava cauteloso por trás – surpreendentemente em sua forma humana – com os olhos fixos na safira que ele aceitou com muito esforço nos últimos dias apesar de ter se recusado ficar como humano com ela aqui. Não foi difícil compreender o que Sam queria com sua atitude – obviamente ignorando os receios que ele preservava á ela para que conversassem.

- Em que posso ajudá-lo, Sam? – a voz de Layla estava muito mais composta do que jamais esteve em todas as vezes que ela se dirigiu ao bando, mas ela ainda não o olhava. Sam suspirou profundamente algumas vezes ainda encarando-a intenso e eu notei que ele claramente não estava confortável por ter que falar com Layla.

- Eu gostaria de pedir um favor pra você, se possível! – aquilo me surpreendeu. Eu não conseguia sequer imaginar o que Sam poderia querer com uma safira.

- Vocês também são da família de Carlisle… Estarei protegendo-os assim como á qualquer outro… – a intensidade dentro dos olhos azuis de Layla era inquestionável. A resposta direta dela fez Sam suspirar novamente desconfortável com a ausência de privacidade de seus pensamentos. – Eu passei esses últimos quatro dias viajando… Fui a lugares onde existem outros de sua espécie – nascidos dessa mesma lenda, assim eu pude me preparar melhor para conviver com essa ocasião. Aprendi a controlar mais os meus instintos e vocês se tornaram mais tolerantes aos meus sentidos… Devo reforçar apenas que vocês evitem fazer a transformação na minha presença – isso é algo muito convidativo para assafiras, vê-los tão vulneráveis enquanto passam para o ilusório!

Edward estava certo desde o inicio e agora eu não tinha problemas de admitir isso. Eram admiráveis todos os esforços que Layla estava fazendo para não ser muito perigosa para a minha família – todos eles. Eu percebi que a claridade nas mãos dela e Carlisle aos poucos foi cessando conforme ela o afastava com um visível cuidado e então o seu corpo voltou-se muito deliberadamente para encarar a tensão de Sam.

- Eu sou responsável por eles… Eles são a minha família… – o rosto dele estava muito mais apreensivo por estar encarando Layla diretamente pela primeira vez. – Se houvesse outra saída eu não pediria isso á você – sei que é difícil para nós dois, mas se você puder realmente protegê-los então eu já serei eternamente grato e lutarei ao seu lado… Não importa qual seja o resultado de tudo isso depois! – Sam soou convicto.

Eu e Sam nunca verdadeiramente conseguimos recuperar a proximidade que havíamos criado quando Edward partiu muitos anos atrás e minha vida se resumia á Jacob. A escolha que eu havia feito para a minha vida não o deixou muito feliz e ele se sentia traído – segundo Jacob me disse – por eu não ter odiado os vampiros tanto quanto ele odiava. Mesmo que com os anos a convivência se tornou mais fácil á Sam, eu entendia que ele ainda se sentisse um pouco mais relutante quanto á mim – nos anos passados procurei não deixar que isso me afetasse – mas hoje vi a falta que me fazia o Sam que conheci naqueles tempos. Sempre muito intenso com quem amava, ele lembrava muito de mim mesma – disposta a qualquer sacrifício para protegê-los.

- Acredito que está na hora de partirmos! – a voz de Layla me despertou.

Eu estive tão afundada em pensamentos que não percebi que o seu rosto nos encarava novamente – o sorriso perfeito apesar do que havia dito. Nós tínhamos que partir. A clareira que sempre esteve em nossas vidas mais uma vez era o palco que decidiria o nosso futuro e dessa vez eu me sentia preparada. Layla estava conosco e a confiança nela me deu forças para acreditar que tudo daria certo para as pessoas que eu amava. O fim estava se aproximando, todos nós sabíamos disso.

Eu olhei para o rosto de Layla tentando expressar a fúria que crescia dentro de mim e vi que seus olhos oceano me encaravam… De uma forma muito mais intensa.

3 comentários:

Cilenecarlos disse...

essa historia e muito envolvente e ao mesmo tempo emocionante

Bella_** disse...

Eu acho que a Bella ainda tem que fazer todos se surpreenderem, a Bella deveria de alguma forma ser uma safira mas no corpo de uma vampira! Seria tão divertido!! Essa fic vai ter continuação?? Preciso da resposta logo!

BellaCullen disse...

Atée q fiim Bella começou a confiar em Layla '-'

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