A Visita dos Franceses - Capítulo 43: Ticunas

[Bella]

Um som altíssimo ecoou na floresta. De arrepiar os pêlos da nuca. Era um som defensivo, carregado de ódio. E muito familiar.
O rosnado assustador de Edward desencadeou uma série de respostas. Jane curvara-se para o solo, graciosa e intimidante, e soltara uma pesada carga contra a parede elástica de meu escudo. Em vão.
Chelsea disparava olhares selvagens dos Colbert até a nova integrante dos Denali, como se esperasse que eles fossem contra a manifestação de meu marido. Nenhum deles se abalou; a linda Pheobe parecia saber que devia aparentar confiança – e apesar de estar cabisbaixa por algum motivo, obteve sucesso. Os Colbert pareciam estranhamente encantados com todos nós, e, como o de costume, irritados com a presença dos Volturi.
– Então – continuou Aro, com sua voz perigosamente macia – presumo que todos saibam a verdade, não?
Edward balançou rigidamente a cabeça, revoltado.
Aquilo era nauseante; eu tinha vontade de concretizar meu elástico, envolvendo a todos os que eu amava em uma espécie de cúpula, e levá-los todos para bem longe dos Volturi. Mas ao mesmo tempo eu desejava fervorosamente pulverizar cada pedaço de cada um dos italianos que eu odiava.
Claramente ignorando as reações, Aro prosseguiu em seu discurso.
– Os Cullen aqui, incompletos – fui incapaz de evitar um rosnado furioso quando Jane deu mais um de seus odiosos sorrisinhos cínicos – reunidos aos Colbert, família britânica antiga, respeitável, de fácil convívio com humanos... Os Denali, novamente se envolvendo em discussões por causa de crianças especiais – ele lançou um olhar furtivo para a trêmula Phoebe – Eu receio dizer que isso tudo é inútil.
Ele fez uma pausa teatral e suspirou.
– Imagino que as suas queridas amigas do clã amazônico tenham alertado a adorável Alice. Não que ela precise disso, é claro. Mas a situação ficou insustentável. Imagino que meus caros Cullen conheçam as lendas e mitos da tribo dos Ticunas?
Levei um choque ao notar para onde a conversa estava indo. Claro que eu lembrava; aquela mulher, que ansiara pela minha proteção no final abrupto de minha lua-de-mel, era membro dos Ticunas.
– O pai de sua... principal testemunha – Aro falou em voz desdenhosa – Nahuel, não era menos cheio de más intenções do que ele descreveu para nosso conselho. O homem estendeu seus experimentos para uma frequência absurda, gerando mais híbridos que poderíamos ser capazes de lidar. Mas ele acelerou o processo, curiosamente, pouco tempo depois que descobriu que o conhecíamos.
Carlisle fechou os olhos, entristecido. Eu lutava para não pensar no final que aquilo teria.
– Ele tinha contatos, claro. Um deles, nós nunca fomos muito amigos deste, é curiosamente, o pai desta criança.
Ele apontou para Arthur, sua cabeça pendendo para o lado, com curiosidade.
– Eleazar? – ele sussurrou.
Eleazar estremeceu, seus olhos ficaram injetados. Ele parecia confuso.
– Jane?
No mesmo instante, Eleazar segurava a cabeça com desespero e curvara-se no chão com gritos que não seriam ouvidos por ninguém além de nós. Os humanos daquela área jaziam drenados.
Carmem suplicava de joelhos.
– Parem! Soltem-no, por favor – ela chorava sem lágrimas.
Renesmee tocava-me pesarosa, querendo consolá-la, enquanto palpáveis lágrimas escorregavam por sua face perfeita e tão semelhante à de Edward. Eu a segurei mais forte.
– C-cura – Eleazar sussurrou.
Os Volturi se entreolharam, abismados.
– Cura? – repetiu Aro, transtornado e fascinado ao mesmo tempo.
– Sim – ele respondeu vaziamente – O garoto cura o que está ferido, super-acelera o processo de cicatrização.
Eles ficaram boquiabertos.
– Isso é... encantador – disse Aro, após grande silêncio – Por que não me avisou, Stuart? Por que não me apresentou sua adorável esposa? E seus “sobrinhos” talentosos?
Dyllan e Lilith rosnaram. Fiquei assustada – Lilith era tão suave e delicada que aquela agressividade não combinava com suas feições de fada. Mas eu e todos os outros a acompanhamos.
– O garoto, infelizmente, é fruto de uma ilegalidade – ele sentenciou – Isso faz com que não tenhamos escolhas além de...
– Espere! – Dominique o interrompeu, sua voz sofrida – Toque-me. Deixe-me mostrar toda a verdade sobre Arthur. Deixe-me defender meu único filho.
Mais uma tentativa de Chelsea. Frustrada, claro.
Aro, crente de sua falsa benevolência, aproximou-se dela, com Renata grudada às suas costas.
E então tocou sua mão.

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