Um Novo Sentido Para A Existência - Capítulo 09: Convidado

Os anos se passaram. Foram quase 200 anos de aperfeiçoamento, mas eu consegui. Nunca havia provado sangue de humano, e dez anos após minha transformação eu possuía olhos dourados e andava normalmente entre os humanos. Apenas onde havia sol, descobri que não poderia me mostrar, minha pele brilhava em milhões de cristais, parecido com diamantes.

Havia salvo muitas vidas, mas quando começava a me adaptar a um local percebia que as pessoas começavam a me olhar diferente pois não envelheceria jamais. Precisava de uma companhia, foram muitos anos de solidão, não podendo amar ninguém por inteiro, pois logo essa pessoa morreria ou eu teria de partir sem poder dar nenhuma explicação.

Estava em Volterra, aperfeiçoando meus conhecimentos, quando fui avisado de que teria um jantar em minha homenagem no Palazzio Del Piori. Duas pessoas com roupas pretas e debaixo de uma capa preta, que pelo cheiro deduzi que não eram humanos me trouxeram a mensagem.

- Sr. Carlisle Cullen, meu nome é Demetri, Demetri Volturi e este é o Sr. Felix Volturi, somos guardas reais dos senhores Aro Volturi, Marcos Volturi e Caius Volturi, temos ordens a serem cumpridas de levá-lo até o castelo para um jantar em homenagem a sua inesperada chegada, pois nossos senhores querem saber o porquê de sua vinda até Volterra sem a autorização. Por favor, queira nos acompanhar ou a situação ficará muito ruim para o senhor se tentar fazer algo que não agrade á nós nem a nossos senhores.

- Sim, eu os acompanharei. Só me dizer qual o caminho a ser seguido que estarei bem atrás os senhores.

- Por aqui Sr. Cullen. – Disse Felix que até então estava calado.

Caminhamos até o Palazzio Del Priori, e caminhamos em direção ao que seria o portão de entrada do castelo. Estava sendo escoltado pelos guardas da realeza Volturi, sem saber o que eu havia feito para estar sendo guiado desta forma naquele palácio e muito menos por dois vampiros que eram guardas de uma realeza.

Entramos no salão principal e avistei três vampiros, que estavam muito bem vestidos e que sentavam-se em seus tronos reais. Um deles levantou-se e dirigiu a palavra para mim:

- Sr. Cullen, perdoe-me pela grosseria de meus servos, mas se não fossem assim o senhor não concordaria em vir aqui conosco para uma pequena refeição não é? Ah, novamente, perdoe-me por não estar sendo cordial com o senhor, nem sequer me apresentei, meu nome é Aro, e estes são meus irmãos Caius e Marcus. Em nossa cidade Volterra não permitimos outros vampiros a não ser que sejam nossos criados como Felix e Demetri. Nós somos reis, o poder absoluto em Volterra, aqui nada passa despercebido por nós. Quando sentimos seu cheiro, pedimos a nossos guardas para trazê-lo aqui. Me diga Sr. Cullen, o que o traz a nossa linda cidade?

-Perdoe-me pois nunca havia encontrado outros de nossa espécie e não tinha conhecimento de uma realeza entre vampiros. Vim a Volterra para aperfeiçoar meu conhecimento em medicina... Sim meu caro Senhor Aro, sou médico e nunca me alimentei de sangue humano. Como o senhor pode perceber minha íris não é de um vermelho vivo como a do senhor e de seus irmãos. Eu me alimento de sangue animal, sobrevivo apenas de sangue animal. Com o passar dos anos eu consegui aperfeiçoar meu autocontrole e nunca atacar humanos. Comecei a estudar e então adquiri conhecimentos médicos e desde então ajudo a salvar vidas humanas e não me alimentar delas.

- Brilhante meu jovem Carlisle, mas acho totalmente estranho o senhor nunca ter provado de sangue humano, não é possível um vampiro não render-se a essa luxuria. Peço que permita-me verificar se o senhor está falando a verdade, pois caso esteja mentindo, temo pela sua vida meu caro.

- Como posso provar ao senhor que digo a verdade? Olhei em meus olhos meu senhor, eles são dourados e não vermelhos como deveriam ser caso eu me alimentasse de sangue humano.

- Meu querido, perdoe-me novamente... creio que deva estar a muito tempo sem a companhia de outro ser igual a você e por isso nunca tenho mesmo ouvido falar sobre nós! Eu tenho um poder especial, consigo ler todos os seus pensamentos com apenas um toque. Permita-me verificar se o que dizes é a pura verdade. Por gentileza, estenda sua mão para mim.

- Sim meu senhor.

Estendi a mão e fiquei observando os outros dois irmãos olharem cuidadosamente para nossa direção. A mão de Aro tocou a minha e segundos depois ele a retirou e me encarou com um olhar surpreso, um olhar de quem realmente não acreditava no que tinha visto através de minhas lembranças.

- Como conseguiu isso meu amigo? Como consegue resistir a tanto sangue humano? Em tantos anos, você trabalhando em hospitais, em casas, como nunca atacou nenhum humano? Isso não era para ser possível!!!

- Meu senhor Aro...

- Não me chame mais de senhor meu caro amigo... Me chame apenas de Aro, e a meus irmãos de Caius e Marcus... teremos muito prazer em convidá-lo a ser nosso hospede em Volterra e pedir ao meu nobre amigo que cuide das pessoas em nossa cidade de Volterra. Adoraríamos poder contar com seus serviços de medicina por um tempo em nossas terras.

Estava preso em meus pensamentos, preso com o convite que a realeza dos vampiros haviam me feito. De repente, Aro me tirou de onde estava.

- Carlisle, está tudo bem meu amigo? ? O que aconteceu? ?

- Senhor, agradeço o convite, mas prefiro ficar em alguma casa pela cidade de Volterra. Tenho dinheiro para pagar pela casa, creio que para mim seria muito difícil ver os senhores se alimentando de sangue humano, uma vez que eu faço de tudo para salva-los.
- Meu caro, nosso palácio estará sempre aberto para suas visitas. Peço apenas que continue mantendo sua descrição na cidade, pois não gostaríamos de terminar nossa amizade por conta de um descuido de sua parte! Volterra é a única cidade que está livre da ameaça de vampiros. Não caçamos em nossa cidade. Nossos guardas saem à procura de alimento para nós bem longe de nossos muros.

- Entendo sua preocupação, e cuidarei para não me tornar um problema para os senhores. Agora se me derem licença, estarei indo procurar uma casa para comprar.

- De jeito algum, Demetri o levará a uma das casas que são de nossas posses por Volterra. Demetri, leve Carlisle até a casa próximo à floresta de Volterra. Lá ele ficará seguro.

- Aro, meu amigo, poderei voltar em uma outra oportunidade para escrever sobre o tipo de vida de cada um dos senhores?

- É claro meu querido Carlisle, volte amanhã, teremos um pintor fazendo quadro de nossa sala real. Gostaria de possuir um exemplar para sua residência? Peço então que esteja aqui, amanhã, às 18h00. Depois que pintar nosso quadro, teremos um jantar. Uma farta refeição. Se mudar de idéia e quiser juntar-se ao nosso banquete de amanhã, também está convidado.

- Agradeço a oportunidade meu amigo, amanhã estarei apenas para possuir o exemplar de um quadro sobre minha passagem à Volterra e sobre os vampiros mais civilizados que conheci em minha existência.


- Até breve meu amigo Carlisle.

Demetri me acompanhou até a casa na qual os Volturi haviam me concedido. No meio do caminho, havia um humano caído no chão com a perna sangrando. Corri para ajudá-lo e Demetri virou-se e nem sequer se despediu por estar com sede.

- Calma meu senhor, sou Carlisle Cullen, sou médico. Vamos para minha residência, lá cuidarei de você e de seus ferimentos.

- Mas doutor, não tenho nem dinheiro para sequer alimentar-me, o que dirá pagar pelos serviços do senhor? ?

- Não se preocupe, não cobrarei nada. Apenas deixe-me cuidar de seus ferimentos e depois arrumarei algo para comer. Fique tranqüilo.

- Que Deus o abençoe doutor. Nunca houve um ser tão bom em toda Volterra. O Senhor até parece um anjo.

As palavras dele me lembraram os ensinamentos que trouxe da minha vida humana, os pensamentos que minha mãe, havia me ensinado. Bondade, esse era meu dom.

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