Livro II - Renesmee
Eu ainda estava meio sonolenta, tinha certeza que podia ouvir os passos do meu pai dentro do quarto de um lado para o outro, minha mãe já havia saído e eu estava muito mais calma agora sabendo que eu tinha os dois próximos de mim.
O sono começou a dominar meus olhos e minhas pálpebras já estavam quase entregues a ele quando senti o toque dos lábios do meu pai na minha bochecha, ele sabia que eu lutava contra o sono então debruçou seu corpo até que seus lábios pudessem alcançar o meu ouvido e sussurrou:
- Não se preocupe filha, nada acontecerá a você, nós nunca deixaríamos algo assim acontecer.
Eu queria responder a ele, mas estava muito cansada eu havia chorado tanto aquela noite, aquele sonho estava me perturbando e eu não conseguia entender por que ele se repetia tantas vezes.
Eu não queria preocupar meu pai e nem minha mãe, na verdade quem estava preocupada com eles era eu, em meu sonho eu não me via em perigo, mas sim os dois e isso me deixava cada dia mais triste. Eu ouvi quando eles conversavam sobre irem embora e ouvi quando minha mãe disse que finalmente ela estava feliz em fazer algo de que gostasse, meu pai com certeza sabia que eu estava acordada ouvindo essas coisas, mas ele não a quis fazer com que se sentisse culpada e na verdade nem eu queria que ela se sentisse assim.
Eu sabia o quanto ela havia enfrentando para que eu pudesse existir e não queria causar a ela mais nem um tipo de dor alem das que ela já tivera quando esteve grávida de mim.
Já era difícil de mais pra ela ter uma filha de dois anos, na verdade quase três com uma aparência agora de dez. Ainda havia isso, eu acabara de crescer mais um pouco e minha mãe sempre tentava agir o mais normal possível quando se tratava do meu crescimento acelerado. Para uma menina de dez anos eu tinha uma maturidade muito alem das outras crianças, mas eu procurava me portar sempre como uma criança da idade que eu aparentava e era fácil esconder isso de todos exceto claro do meu pai. Quando eu estava perto dele me concentrava em pensar em casinhas de boneca e borboletas coloridas, talvez por isso antes eu sonhasse tanto com elas, mas este sonho estava se repetindo com mais freqüência do que o esperado e isso estava me deixando nervosa, agora estava difícil controlar minhas ansiedades.
Eu procurava não explodir em emoções, não gostava de chorar, mas estava sendo difícil, eu tinha que me controlar, afinal era as minhas lágrimas que permitiam a minha tia Alice que pudesse me ver, mas como controlá-las se tia Alice saberia antes de mim.
A primeira vez que a tia Alice conseguiu prever algo sobre mim eu tinha supostamente três anos de idade, um ano de minha existência.
Estávamos em casa quando o tio Jake disse que teria que ficar fora por alguns dias e eu fiquei muito triste, idiota da minha parte ter começado a chorar eu sei, mas o que eu poderia fazer, eu adorava o tio Jake e odiava que ele fosse embora.
Tia Alice entrou na sala saltitante como sempre e ela sorria enquanto as lagrimas caiam dos meus olhos, tio Jasper entrou atrás dela e sorrindo ele se virou para ela em um abraço.
- Alice você a conseguiu ver, aconteceria mesmo. – Ele disse a ela e a abraçou.
Ela devolveu o abraço e veio em minha direção. – Oh Nessie não chore, ele ira voltar em breve.
Minha mãe e meu pai não estavam entendendo muita coisa e perguntaram o que afinal estava acontecendo.
- Eu consegui ver por um instante o futuro de Nessie, bem não foi como ver o de vocês, mas eu só podia vê-la chorando. - Ela disse virando se para os meus pais.
Após isso ela tentou focalizar em mim mais algumas vezes, mas tudo que ela via era uma imensa sessão de imagens de choro. Tia Alice ficou tão frustrada, ela queria ver os meus melhores momentos, ver o que seria o meu futuro, mas tudo que ela conseguia ver eram cenas minhas chorosas.
- Talvez você só a veja chorando por que este é seu momento mais humana Alice. – O vovô Carlisle disse a ela, tentando consolá-la da frustração de ver apenas cenas de lágrimas. – Você mesmo disse que não á via antes por que ela não era nem um tipo de raça da qual você tivesse vivido, mas na realidade ela é os dois.
- Sim Carlisle. Talvez você esteja certo.
- Não fique assim Alice, já é um começo. – Jasper disse a ela enquanto a abraçava confortando a.
- Sim. – Ela respondeu meio sem graça e saiu da sala de nossa casa.
Meus olhos estavam mais pesados agora e eu já podia sentir a escuridão se aproximando, de repente eu já não ouvia mais meu pai dentro do quarto, eu não ouvia mais a conversa na sala no andar de baixo, apenas o silêncio.
Em um instante eu estava em uma floresta tão parecida com a Floresta onde a vovó Esme havia construído a primeira casa que meus pais tiveram, a primeira casa onde moramos.
Havia arvores tão alta e flores por todos os lados, de todos os tipos, os pássaros cantavam dando ao ambiente uma sensação harmônica de paz, o sol brilhava entre as copas das arvores no fim da tarde e eu podia ver entre as folhas verdes nos alto de cada arvore o azul esplendoroso que o céu formava, as nuvens passavam lentamente tomando aos poucos o azul do céu, era o crepúsculo preparando-se para encobrir o dia e ganhar a noite.
Eu corria entre as arvores e sentia o cheiro das folhas enquanto corria, eu podia perceber que estava gostando de sentir aquele cheiro e por uma razão que não sei explicar eu estava feliz, feliz em estar ali.
De repente senti uma mão tocar a minha mão esquerda e olhei para o lado era o meu pai, ele sorria para mim e eu sorri de volta para ele, senti um toque em minha mão direita e olhei para o meu outro lado, agora era minha mãe quem segurava minha outra mão e ela também sorria para mim, eu me senti feliz em ter a companhia dos dois em um ambiente tão agradável, eu realmente me sentia feliz.
Eles me levantavam no ar me fazendo pular grandes pedras e algumas valas que apareciam pelo chão, era prazerosa a brincadeira eu estava realmente me divertindo ao lado dos dois, eu amava ter esses momentos com os meus pais e eles eram as pessoas que eu mais amava no mundo, me sentia muito feliz em ter eles comigo.
O Crepúsculo se foi, a tarde virou noite e a Floresta ficou escura, eu senti medo, mas meu pai me abraçou ele me disse que eu não deveria temer, pois estávamos juntos e enquanto estivéssemos juntos nada de mal nos aconteceria.
- Nessie, sempre estaremos aqui para você e por você, para sempre. – Ele me disse e me deu um beijo no rosto, minha mãe também me abraçou e de repente o medo havia passado, estava tudo bem.
A floresta ficou mais escura de repente, não senti mais o toque dos meus pais sobre minhas mãos, olhei para um lado e para o outro, mas eu não conseguia vê-los. Onde eles estavam?
Comecei a correr desesperadamente, eu não olhava para nada, apenas segui meus instintos e comecei a correr mais depressa, minha respiração estava irregular e eu parecia cansada.
Gritei por eles entre as arvores, mas nada, nenhuma resposta, nenhum sinal dos rostos que eu tanto amava, eu estava ficando desesperada, será que eles poderiam ter me abandonado?
Não. Meus pais nunca me abandonariam, eles me amavam, eu tinha certeza disso. Fiz um esforço maior para correr mais rápido ainda, passei minha pequena mão infantil para limpar o suor que sentia escorrer da minha testa para os meus olhos, tentei focalizar o que via em minha frente, mas tudo era escuridão.
A noite estava escura, não havia lua nem estrelas e não havia mais o canto dos pássaros, tudo estava quieto e silencioso e eu estava novamente com medo, eu queria os meus pais, queria seus rostos de volta, seus sorrisos, mas eu não via nada a minha frente, nada alem da noite escura.
Algumas nuvens começaram a se movimentar no céu dando espaço a lua cheia que se formava naquela noite, a luz da lua me ajudaria a enxergar um pouco mais através da escuridão da floresta.
Parei de correr para observar os primeiros raios da luz da lua que começaram a invadir a floresta escura e de repente eu podia enxergar melhor as arvores, o chão, mas tudo estava diferente. As arvores pareciam mortas, não havia mais flores no chão, nem um sinal de que a vida havia passado por aquela ali, aquele lugar já não se parecia mais com a Floresta de Forks, não era mais um lugar que me lembrava paz.
O ar estava frio agora, a floresta havia perdido o seu calor, respirei profundamente, mas não consegui sentir o cheiro das folhas, apenas o cheiro de plantas mortas, aproveitei o ar que acabara de dar aos meus pulmões e voltei a correr, corri o mais rápido que pude e comecei novamente a gritar por meus pais, mas nada nem uma resposta.
Percebi em meio às arvores que havia um ponto onde a luz da lua era mais claro, o lugar estava mais iluminado, me aproximei lentamente, a cada passo meu medo aumentava, caminhei devagar ao que parecia ser um pequeno campo entre as arvores, um pequeno espaço aberto, senti um arrepio passar pela minha espinha enquanto passava por uma arvore, de repente eu pude vê-los.
Uns alivio passou por minha cabeça, meu coração estava batendo mais acelerado, eles estava la parados, em pé, de costas para mim, me aproximei de meus pais e tentei agarrar a mão de ambos, mas pareceu como se meu toque tivesse ativado um botão de desmoronamento, quando os toquei instantaneamente seus corpos caíram sobre o chão, eles estavam mortos.
Fiquei paralisada, horrorizada com a cena, era meu pai e minha mãe a minha frente, instantes atrás estávamos brincando de saltar pedras e valas e eles me seguravam com suas mãos, mas agora eles estavam mortos.
Senti o medo, a tristeza, a raiva e o ódio de quem pudesse ter feito aquilo com eles, meu coração estava mais acelerado e eu sentia vontade de chorar, mas eu tentava me controlar, minhas emoções estavam explodindo como um vulcão em erupção, mas eu me controlava para não chorar. Era inútil, as lágrimas já estavam descendo pelo meu rosto.
Cai de joelhos ao chão, eu não queria acreditar no que os meus olhos estavam vendo, eu queria que meus olhos estivessem mentindo para mim, não era verdade, meu pai havia me prometido: “Com você e por você, para sempre”. Ele não mentiria, meu pai não mentiria para mim, então por que agora ele estava morto?
Sentei-me entre os corpos dos dois, toquei o rosto de minha mãe, depois encostei minha cabeça contra o peito morto do meu pai, as lagrimas já não tinham nenhum controle e eu chorava, chorava como nunca chorei.
Ajeitei meu pequeno corpo infantil entrei eles, puxando minhas pernas contra o meu corpo e abraçando os meus joelhos com meus pequenos braços, fiquei ali ao lado dos cadáveres de meus pais, observando a beleza morta das pessoas a quem eu mais amava no mundo.
Percebi um barulho pela floresta, mas eu não me preocupei em olhar, pareciam passos vindo em minha direção, mas quem quer que fosse já não me preocupava, se fosse quem tivesse feito aquilo aos meus pais, poderia fazer comigo também eu não me importaria.
Ouvi meu nome sendo chamado e levantei minha cabeça para observar, eu estava sem vontade alguma de ver o rosto do meu possível assassino, mas senti uma curiosidade tomar conta de mim e conhecer a pessoa que havia matado os meus pais.
- Nessie? Nessie! Venha comigo Nessie. – Era uma voz masculina quem me chamava, eu não podia ver seu rosto, a luz da lua cintilava contra sua face e eu não conseguia identificar aquela voz, não era nem uma voz que eu já tivesse ouvido.
- Por que? Por que você fez isso. – Eu perguntei enquanto as lágrimas rolavam em minha face mais forte do que antes. A voz embargada por soluços e ódio.
De repente eu estava gritando. – Por que? Por que? O que eles te fizeram? Meus pais, eu quero meus pais de volta.
Transportei meus gritos de meus sonhos à realidade e ao abrir meus olhos meu pai e minha mãe estavam ao meu lado, vivos e preocupados com os gritos que eu havia emitido durante o meu sonho.
- Nessie, acorde. – Minha mãe, falava enquanto me chacolhava levemente. – Filha esta tudo bem, foi só um sonho, estamos aqui.
Eu olhei os olhos preocupados de minha mãe e vi a expressão de tristeza nos olhos do meu pai, eu havia sonhado, apenas sonhado mais uma vez, mas eu estava tão feliz por estar acordada, por eles estarem do meu lado, por estarem vivos.
Senti-me tão calma de repente e pude ver o Tio Jasper parado na porta sorrindo para mim, eu sabia que era ele quem estava fazendo aquilo, já tinha ouvido uma vez mamãe e papai comentarem sobre seu estranho poder de acalmar as pessoas e eu estava feliz por me sentir calma e acolhida pelos braços dos meus pais.
- Filha você quer que fiquemos aqui com você? Nós podemos não ir a faculdade por uns dias se quiser. – Minha mãe disse enquanto me tomava em seus braços.
Ainda com a voz um pouco roca e áspera de quem acabara de acordar eu respondi a ela limpando as lagrimas dos meus olhos.
- Não mamãe, você e papai podem ir à faculdade, foi só um sonho não foi?
- Sim Nessi, só um sonho. – Meu pai repetiu.
- Vocês podem dormir comigo essa noite? – Eu pedi a eles, soava até engraçado dormir ao lado de dois vampiros que se quer fechariam os olhos, mas eu me sentiria feliz em saber que eles estavam ali.
- Claro Nessie. – Meu pai respondeu. – Essa e todas que você quiser.
- Obrigado papai. – Eu respondi e me acomodei metade no colo da minha mãe, metade no do meu pai.
Tentei pensar em borboletas cor de rosa, meu pai ficava menos preocupado quando eu pensava nessas coisas, em instantes eu estava dormindo novamente, mas naquela noite pelo menos eu não voltei a sonhar.
4 comentários:
caranba eu que ão ia querer sonhar comessas coisas como os meu pais
Nossa muito estranho esse sonho
Eu também já fiquei uma semana sonhando com a morte da minha mãe. Foi horrível! Mas eu não demonstrava quando acordava e depois nem me lembrava detalhes do sonho.
tbm mas eu me lembro de tudo tinho 3anos mas me lembro
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