Livro VI - Renesmee
“Pra você e por você sempre que precisar, pra você e por você sempre que precisar”
Acho que eu já tinha repetido essas palavras em minha mente um milhão de vezes pelo menos e ainda assim elas continuavam indo e vindo em meus pensamentos, onde eles estavam e o que essa tal Jane teria feito com eles? Eu me fazia essas perguntas todos os dias desde que meus pais haviam desaparecido.
Já haviam se passado quatro meses, quatro meses sem a presença de minha mãe e de meu pai, a dor dentro de mim era insuportável e eu me perguntava o que teria acontecido a eles, onde afinal eles poderiam estar, estariam vivos?
Tia Alice não conseguia ver muita coisa, um flash ou outro como ela dizia, com certeza era a presença de Nahuel que a impedia de ver o futuro dos meus pais, ela só os enxergava quando Nahuel provavelmente se afastava, mas ela não perdera as esperanças e procurava sempre alguma imagem, qualquer coisa que fosse, mas tudo era muito vago, ela não conseguia ver onde eles estavam, mas ao menos sabíamos que eles ainda estavam vivos, Jane os estava mantendo assim, mas por que? Afinal o que ela queria?
Eu já havia chorado tanto e o meu avô Carlisle sempre estava próximo a mim me consolando nesses momentos, ele havia saído de Forks finalmente, adiantando seus planos de morar conosco no próximo ano devido ao desaparecimento de meus pais, todos queriam ir embora de Dartmouth, mas fui eu quem os convenci a ficarem, se haveria um lugar no mundo em que meus pais poderiam nos procurar caso voltassem seria Dartmouth e eu me recusava a sair dali.
Meus tios mantiveram o disfarce da faculdade a pedido do vovô Carlisle, ele disse a eles que assim seria melhor, as pessoas já tinham muito que desconfiar com o desaparecimento dos meus pais e se eu insistia tanto em ficar em Dartmouth eles teriam que agir normalmente.
Tia Rosálie me disse que no campus eles haviam contado que meus pais teriam ganhado uma bolsa de intercâmbio de qualquer coisa em outro país, e que estariam de volta no próximo ano. Não tínhamos essa certeza, mas essa era a melhor desculpa a dar aos curiosos.
Eu realmente não me preocupava com o que qualquer um perguntava-se em Dartmouth, para mim a vida passou a não ter mais sentindo na noite em que meus pais foram capturados por Jane e Nahuel.
Nahuel.
Eu me lembrava vagamente de Nahuel de alguns anos atrás, a lembrança que eu tinha era de seu olhar atento e curioso em Forks anos atrás, mas agora ele não era mais o garoto de quem minha falava com tanta ternura que nos ajudara contra os Volturis, agora ele era um discípulo de Jane, tio Emmet jurou que o mataria com as próprias mãos, nossa família estava em frangalhos, éramos trapos de uma ceda que um dia foi o tecido mais belo, mas hoje sobrevivíamos com a falta de quem amávamos e eu apenas lutava com todas as minhas forças para não perder a esperança de um dia reencontrar os meus pais.
- Nessie, abra a porta.
Era a voz de Jacob que ressoava do outro lado da porta do meu quarto, ele já tinha vindo me ver pelo menos umas quatro vezes e eu não queria falar com ninguém, nem mesmo com Jacob a quem eu antes adorava a companhia.
- Vá embora Jake. Eu não quero ver ninguém.
- Você precisa sair desse quarto Nessie. – Sua voz era impaciente do outro lado da porta, eu não culpava Jacob por se preocupar comigo, todos se preocupavam, mas eu sentia que Jacob era diferente e desde de meu ultimo crescimento eu comecei a vê-lo com outros olhos, meus sentimentos por eles não eram mais tão fraternais e eu apenas me sentia péssima por ter meus pais ausentes e sentir o que estava sentindo por Jake, era tudo tão confuso e eu queria minha mãe por perto, eu sabia que se ela estivesse ali ela saberia o que me dizer sobre o que eu estava sentindo em relação a Jacob.
Eu havia crescido mais quatro vezes desde que meus pais se foram, o vovô Carlisle não sabia o que dizer em relação ao aceleramento do meu crescimento, era algo que ninguém esperava nem mesmo ele, a única explicação que ele havia encontrado é que a ausência de meus pais e toda a pressão em relação a esse fato nos últimos quatro meses afetou de alguma forma meu metabolismo causando a aceleração ainda mais do meu crescimento, em quatro meses eu já havia alcançado a idade adulta o que deveria acontecer só nos próximos três ou quatro anos.
- Nessie se você não abrir essa porta eu juro que irei colocá-la no chão. – A voz de Jacob era urgente e irritada, eu não deveria ser tão rude com ele, mas eu odiava a mim mesma por sentir o que estava sentindo, não era o momento para este tipo de sentimento, não com os meus pais não situação em que se encontravam e eu havia prometido a mim mesma que não deixaria que esse sentimento ainda desconhecido se propagasse dentro de mim de alguma forma.
- Jake, eu já disse que não vou abrir, por que você tem que ser tão teimoso? Me deixe em paz! – Eu respondi a ele tentando parecer o mais áspera possível, eu não queria ser áspera com Jake, não com ele, mas eu não poderia me permitir outro tipo de atitude, não agora.
- Nessie, você esta trancada a uma semana se não abrir eu irei arrombar, vou contar até três... um... dois... três...
Ouvi o som da madeira rompendo, a porta não foi ao chão, mas com certeza Jacob fez um bom estrago nela, eu não me virei para olhar, estava de costas para porta, eu olhava pela janela admirando os pingos de chuva que teimavam em bater contra o vidro, a tarde estava muito chuvosa em Dartmouth o que para mim não fazia nenhuma diferença já que o sol da minha vida estava perdido em qualquer lugar do mundo, meus pais.
- Nessie, desculpe, mas eu precisava saber se você estava bem. – Jacob disse com a voz mais calma agora, ele ficou parado na porta aberta, pois eu não ouvi seus passos adentrando o quarto, Jacob apesar de estar tão preocupado comigo se afastara de mim depois de meu ultimo crescimento, era como se ele lutasse para não estar perto de mim de certa forma eu também lutava para não estar perto dele.
Eu podia ver seu reflexo contra o vidro, Jacob olhava fixamente para mim, como alguém que admira uma estatua de costas, eu queria me virar para vê-lo, queria abraçá-lo, chorar em seus braços a falta da luz do sol da minha vida que me fora arrancada, mas era Jacob ali na porta, o homem que por tanto tempo foi meu melhor amigo, a quem eu amava brincar de qualquer coisa que fosse mas que agora eu alimentava um estranho sentimento ao qual dentro daquela situação eu não poderia me permitir.
- Nessie, você tem que sair um pouco desse quarto, tomar um banho, trocar de roupas, Bella nunca ira me perdoar se souber que não estou cuidando de você.
O nome de minha mãe trouxe aos meus olhos uma avalanche de lágrimas silenciosas enquanto eu admirava a chuva que caia la fora, eu me virei para Jacob deixando que um pouco do cobertor que eu usava para me proteger do frio daquela tarde escorregasse de meus ombros, não que eu estivesse me preocupando com isso, mas aquele era o cobertor do quarto dos meus pais e eu sempre que podia estava enrolada nele, seus perfumes ficaram alojados ali e era como de certa forma sentir seus braços me moldando novamente, me confortando, claro que não haviam comparações, mas essa era uma pequena parte deles que eu ainda podia sentir.
- Ela não esta aqui para se preocupar Jake. – Eu respondi a ele em prantos, as lágrimas eram teimosas e por mais que eu me esforçasse para não chorar elas não paravam de rolar do meu rosto.
Jacob deu um passo à frente e resistiu por um segundo, os meus olhos estavam embaçados por todas as lágrimas que eu derrubara eu mal conseguia vê-lo agora, ele desistiu da resistência e seguiu em minha direção me tomando em seus braços quentes, me confortando com o toque do seu abraço, eu queria resistir a ele e eu não queria me sentir como eu estava me sentindo por ter sua pele quente tão próxima a minha, mas era Jacob ali e de alguma forma eu não conseguia criar resistências.
Aninhei-me em seu peito deixando que minhas lágrimas molhassem sua camiseta, ele me puxou mais forte contra o seu corpo acariciando os meus cabelos que agora iam até a minha cintura, eu não hesitei em abrir meus braços para envolvê-lo deixando que o cobertor que eu estava enrolada caísse no chão, permanecemos nesse abraço por alguns instantes em silêncio pelo qual não eram necessárias palavras até que Jake o quebrou.
- Nessie, eles vão voltar. Nós não desistimos deles você sabe disso.
- Sim. Eu sei. – E eu realmente sabia, tio Jasper e tia Alice haviam saído àquela manhã para procurá-los, ninguém havia desistido.
Tia Alice havia tido uma visão um pouco antes do amanhecer, mas ela não quis levar-me com ela, eu ainda havia insistido, mas foi inútil, eu tinha esperanças que Alice nos trouxesse alguma boa notícia sobre o paradeiro de meus pais e estava ansiosa por seu retorno.
Tio Emmet e tia Rosálie também estavam se esforçando, eles estavam a procura de Morris, o estranho vampiro que aparentemente era o único a conhecer os planos de Jane, mas ninguém o conhecia, ninguém tinha informações dele e isso estava nos deixando cada vez mais preocupados.
Meu avô Carlisle havia conseguido uma pista a respeito deste vampiro Morris e ele juntamente com Esme, Rose e Emmet estava seguindo esta pista afim de que ao menos Morris pudessem nos ajudar.
Todos estavam fazendo alguma coisa para recuperar a presença dos meus pais de volta a nossa casa, todos, exceto eu, que me sentia inútil em não poder fazer nada.
Jacob ficara com a função de cuidar de mim, justo Jacob, a única pessoa em minha casa em que eu queria estar próxima e a única que eu não me permitia e agora eu estava em seus braços, acolhida por seu abraço quente e seus braços fortes.
Era a primeira vez desde que eu havia crescido da ultima vez que eu me permitia tocar Jacob e a sensação da sua pele contra a minha era muito boa, tão boa e quente quanto um banho de sol, eu me sentia bem em estar ali, em ser Jacob mas também me sentia culpada, bruscamente me soltei de seu abraço dando ao meu corpo e o dele algum espaço.
- Jake, eu quero ficar sozinha. – Eu procurei firmeza em minhas palavras para pronunciá-las, mas acho que elas não saíram exatamente como eu queria, estava mais para “Jake, fique aqui”.
- Tudo bem Nessie você pode ficar sozinha. – Ele me disse encarando o chão, Jacob não conseguia fixar seus olhos aos meus e de certa forma eu estava agradecida por isso. – Mas antes você vai tomar um banho e comer alguma coisa.
Eu não respondi, eu não queria comer, eu não queria fazer nada e Jacob ficava insistindo por isso.
- Você tem 30 minutos Nessie, se em 30 minutos você não estiver la embaixo para comer algo eu voltarei aqui. – Ele me disso isso e saiu do meu quarto.
Era inútil lutar contra Jacob então decidi fazer o que ele me pediu. Peguei de volta o cobertor que eu havia deixado cair no chão e o abracei contra o meu peito a fim de sentir mais uma vez o cheiro dos meus pais que agora se confundia ao cheiro de Jacob deixado em minha pele, pousei delicadamente o cobertor sobre a minha cama desarrumada e segui em direção ao banheiro.
Imergi no banho por tempo suficiente para que eu anulasse de mim todos os sentimentos que eu estava sentindo pelo toque do abraço de Jacob, deixei a água cair sobre o meu rosto e permaneci um tempo parada deixando a água cair sobre o meu corpo.
Quando sai do banho fui até meu closet, ele estava todo desarrumado, eu sempre fui muito organizada com minhas coisas, mas nos últimos quatro meses eu não sentia vontade para fazer nada, procurei algumas peças de roupa para me vestir e encontrei algumas sacolas de compra deixadas ali por tia Alice, as compras em relação a roupas estavam sendo feitas mais que o de costume para mim nos últimos meses, algumas ainda estavam intocadas, sem nenhum uso, mas eu não tinha nenhuma curiosidade para vê-las, peguei um vestido lilás no meio das sacolas e me vesti, não pretendia me demorar muito em escolher roupas.
Dei uma breve passada em frente ao espelho para me ver, percebi as marcas profundas de olheiros sobre meus olhos, era o sinal de noites mal dormidas e as lágrimas derramadas.
Me olhar no espelho era algo que me deixava infeliz, não por que eu não conseguisse ver qualquer tipo de beleza em mim, muito pelo contrário eu era tão bonita quanto meu pai, minha mãe ou qualquer um dos outros, mas ao me olhar no espelho era como vê-los a minha frente.
Minhas feições eram exatamente como a de meus pais e toda vez que eu me encarava no espelho era como vê-los, mas não eram eles, era apenas eu e minha dor em não te-los, eu definitivamente eu deveria evitar essa dor, decidi comigo mesma.
Eu já estava alcançando a porta do meu quarto preparando-me para descer quando um trovão soou mais forte na chuva, olhei de longe para a janela e pude ver o céu acinzentado demonstrando que a tempestade não cessaria tão rapidamente, vi uma sombra se mover entre as arvores do lado de fora na floresta que ficava a frente de nossa casa e corri até a janela para observar quem poderia ser.
Um raio brilhou no céu iluminando um pouco da tarde escura de Darthmouth e a figura estava parada entre uma arvore do lado de fora, ele se moveu em direção a nossa casa e por mais que eu devesse sentir algo parecido com medo não consegui, apenas fiquei parada observando pela janela.
A figura me olhou e sorriu, meus olhos se arregalaram mas eu não sabia dizer o que estava sentindo, em um impulso abri o vidro da minha janela para poder vê-lo melhor, uma atitude não pensada.
Em segundos que não sei explicar pude apenas ver o homem correr em minha direção, ele saltou facilmente a janela do meu quarto e quando me virei ele já estava parado em minha frente.
- Você deve ser Nessie? – Ele me disse calmamente, sua voz era terna e apesar da estranha situação ele não parecia me fazer nem um mal.
- Quem é você? – Eu estava intrigada e essa foi a única frase que em meu estado eu pude pronunciar.
- Nessie, eu posso ajudá-la a encontrar seus pais. – Ele me respondeu ignorando minha pergunta.
- Meus pais? O que você fez com eles, eu quero os meus pais? Onde eles estão? – Eu já estava em lágrimas ao ouvir que ele poderia me ajudar a reencontrar a luz do sol da minha existência.
- Nessie, não temos tempo, venha comigo.
Suas palavras me despertaram para a lembrança de meu sonho, meu pesadelo pessoal. Desde que meus pais haviam sumido aquele sonho cessara e de repente era como vê-lo acontecer em minha frente.
- Quem é você? – Minha voz saiu calma apesar de toda a tensão presente no ar, ele com certeza era a peça que faltava em meus sonhos, aquele que eu não sabia identificar e agora talvez eu pudesse ter algumas respostas, um lampejo de esperança em reencontrar os meus pais tocou meu coração, mas antes eu precisava saber quem era aquele vampiro parado em meu quarto.
- Nessie eu me chamo Joseph Morris, mas eu não tenho como explicar tudo a você agora, preciso que você venha comigo.
Então era isso, era Morris a minha frente à peça do quebra cabeça que todos estavam procurando e agora ele estava bem ali na minha frente. Jacob por sorte ainda não havia subido para me procurar e então decidi agir rápido antes que ele tentasse me impedir, Jake com certeza não concordaria em me deixar sair com um vampiro desconhecido para tentar ajudar meus pais, eu precisava ser rápida.
Assenti que sim para Morris e ele caminhou de volta em direção a janela, eu o segui, mas antes que pudéssemos pular para fora da casa Jacob entrou em meu quarto, seu rosto pasmo em ver a figura do vampiro ao meu lado ele trazia consigo uma bandeja de frutas que deixou cair no chão assim que seus olhos cruzaram com o de Morris.
O corpo de Jacob começou a tremer descontrolado e eu sabia o que vinha a seguir, antes que ele pudesse completar a transformação me coloquei entre os dois o restante nem sei explicar ao certo como aconteceu.
1 comentários:
Nessie!! Vc éh doida!!
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