O hall estava bem cheio, ainda mais que de costume. O clã de Denali estava lá, Garrett, Zafrina e Senna, Benjamin e Tia, Maggie, Siobahn e Liam, Charlotte e Peter. Pensei se Jake poderia sequer lembrar seus nomes. Não importava na verdade, porque nenhum desses vampiros realmente conversava com Jacob, exceto a nossa família. Era bem engraçado, na verdade, porque eles falavam comigo quando eu estava sentada em seu colo e o ignoravam completamente.
O restante da minha família, exceto titia Alice e titio Jasper é claro, estava esperando por nós no meio da sala.
“Bom dia, docinho, feliz Natal,” titia Rosalie sorriu. “Bom dia, Edward, Bella,” ela disse, mas não disse nada a Jake. Eu dei uma risada.
“Feliz Natal, loira!” Jake disse animadamente. Algumas pessoas deram uma risadinha; titio Emmett foi um deles. Titia Rosalie lhe deu uma cotovelada.
Rapidamente toquei a bochecha de Jake e então pulei para baixo para correr e abraçar titia Rosalie. Ela se ajoelhou para ficar menor que eu.
“Você precisa de um banho,” ela disse em voz alta. “Por alguma razão inexplicável, você está com cheiro de cachorro molhado.”
Jacob riu. E eu também, e mamãe e papai.
“Podemos pular os comentários maldosos?” mamãe disse. “O Natal deve ser uma época de boa-vontade e paz entre todos os homens e tudo mais.”
“Bem, então mulheres e cachorros não contam,” titia Rosalie retrucou.
“De toda forma, nós realmente temos que chegar logo à casa de Charlie,” mamãe disse.
“Como se eu algum dia fosse deixar que chegássemos atrasados,” papai provocou.
Vovó Esme suspirou. “Não os encoraje,” ela disse.
Vovô Carlisle riu calmamente. “Vamos aos presentes?” ele disse. Eu sorri largamente.
Kate riu de onde ela estava, Tanya, Carmen e Eleazar estavam juntos assistindo. “Não é estranho que, até onde eu percebo, você ganha coisas da sua família o tempo todo e nem se importa, mas se estiver embrulhado e for dado com cerimônia, é a coisa mais empolgante do mundo?”
Pisquei. Eu não tinha pensado nisso.
“Não estrague a animação pra ela, Kate,” Carmen disse em sua voz engraçada com um sotaque e seu ‘a’ se prolongou e soou parecendo mais de uma letra. “É Natal, afinal de contas.”
Garrett, o que deveria realmente ser companheiro de Kate, ficou olhando da janela. “Eu nunca entendi de verdade o Natal,” ele disse preguiçosamente. “É uma festividade porque uma criança nasceu. E uma criança humana.”
“Mm,” titia Rosalie disse. Ou murmurou, eu suponho. “Agora, o aniversário da Renesmee deveria ser um feriado nacional.”
Franzi a testa. “Mas aí eu só iria ganhar um!” eu disse.
Todos riram, mas eu não sabia o que era engraçado. Talvez aquilo fosse um pouco ganancioso.
“Bem certo também,” papai disse. Então eu não estava fazendo nada de errado.
Jake limpou a garganta. “Vamos começar com isso?” ele disse. Pensei que ele provavelmente queria ficar livre de todos os vampiros que não eram como nós. Ele não gostava que eles matassem humanos.
Depois disso, foi um redemoinho de presentes. Titia Rosalie me deu um novo vestido de festa para usar hoje, que ela mesma fez. Era verde, como uma árvore de Natal ou folhas de cereja, ela disse. No pacote com o vestido estava um cardigã que era da cor de cereja. Titio Emmett me deu sapatos vermelhos para combinar com o vestido e o cardigã, mas pensei que titia Rosalie provavelmente os comprou por ele. Vovô Carlisle me deu uma pequena Bíblia para eu ler, para que eu pudesse descobrir a história do Natal por mim mesma. Estava coberta num material vermelho e era da mesma cor dos meus sapatos. Titio Emmett achou que aquilo era meio estranho.
“Você está dando uma Bíblia para a criança?” ele perguntou.
“Ao contrário de você, Emmett, ela gosta de ler,” vovô o relembrou.
Vovó Esme me deu um álbum de fotos. Metade já estava cheia de fotos da minha família, e metade estava vazia para que eu pudesse adicionar fotos mais tarde.
Em seguida, Tanya me deu uma pequena presilha do seu cabelo e Zafrina me mostrou muitas imagens de sua casa no inverno, as mais belas paisagens de inverno que ela tinha visto. Muitos dos outros convidados vieram me dar um abraço e desejar feliz Natal: o animado Benjamin e a quieta Tia, Maggie, a que era sempre tão firme, a grande Siobahn, todos os de Denali, de quem Jacob gostava, e a gentil Charlotte. Jake começou a ficar inquieto atrás de mim novamente. Ele estava na porta, e eu sabia que ele queria sair.
“Uh, pessoal,” ele disse. “Nós, tipo, temos que chegar à casa do Charlie logo e a Nessie nem está pronta ainda…”
Mamãe sorriu para Jake. “Ok, te encontraremos no carro em cinco minutos ou menos,” ela prometeu.
Jake sorriu largamente de volta, acenou para mim e saiu correndo pela porta.
“Posso vesti-la?” titia Rosalie imediatamente perguntou à mamãe.
Vovó Esme riu. “Ela não é uma boneca, sabia?” ela disse.
Mamãe estava rindo também. “Não tem por que me pedir. Se for o que Renesmee quer, por mim tudo bem,” ela disse.
“Nessie?” titia Rose me perguntou, se ajoelhando novamente para olhar para mim. Mamãe suspirou. Ela não gostava do meu apelido.
Coloquei minha mão em sua bochecha para mostrá-la uma imagem de mim colocando meu novo vestido verde com a sua ajuda. Também mostrei para ela uma imagem do meu cabelo em duas tranças francesas. Eu estava querendo tranças hoje.
“É claro, amorzinho,” ela disse. “Então venha.”
Pulei em seus braços e ela me carregou para cima, pegando meu vestido e sapatos enquanto ia. Tínhamos apenas cinco minutos então tinhamos que ser muito rápidas. Rapidamente tiramos meu pijama e eu coloquei o vestido de seda verde e titia Rosálie fechou as centenas de botões nas costas. Ela pegou belas meias brancas de uma gaveta cheia das minhas roupas e escorregou-as nos meus pés, seguidas dos meus novos sapatos vermelhos.
Em seguida, coloquei o cardigã vermelho. Alguém já tinha colocado meu music player no meu bolso, provavelmente o papai. Eu queria levá-lo para mostrar para o vovô Charlie, então o papai me ouviu pensar isso, eu imaginei.
“E nunca se esqueça dos acessórios!” titia Rosalie sorriu e em seguida se virou rapidamente para uma outra gaveta para encontrar um longo pedaço de seda vermelha que ela amarrou na minha cintura. Uma faixa, percebi. Como na canção: “garotas de vestidos brancos e faixas de cetim azul”. Essa era uma que mamãe cantava para mim. Papai dizia que ela tinha uma queda por musicais antigos. Ela dizia que simplesmente gostava de coisas antiquadas.
“Você vai ficar usando esse bracelete?” titia Rose perguntou. Ela não parecia gostar dele, mas eu sabia que era porque Jake tinha me dado. Era realmente muito engraçada a forma como eles não gostavam assim um do outro.
Quando eu mostrei a ela que definitivamente iria ficar usando o bracelete, mesmo se tivesse cheiro de cachorro, ela suspirou e me colocou em sua enorme cama para trançar meu cabelo. Sentei com minhas pernas cruzadas enquanto ela se ajoelhou atrás de mim. Fechei meus olhos enquanto sentia a grande escova passando pelos meus cabelos e desembaraçando todos os cachos, como se eu fosse um animalzinho fofo e ela estivesse acariciando meu pelo. Em seguida, ela puxou os cachos da minha testa e começou a separar as madeixas em pequeninas mechas na frente. Em seguida, ela começou a torcer o meu cabelo, escovando minha cabeça toda vez que adicionava mais cabelo à trança enquanto ela crescia nas costas da minha cabeça. Seus dedos se moviam muito rapidamente porque tínhamos muito pouco tempo, e eu podia imaginá-los voando para dentro e para fora por entre meus cachos acobreados: vermelho e branco, vermelho e branco. Senti quando a trança estava terminada e presa com um laço e a próxima começou. Ambas as tranças levaram somente um minuto; eu não sabia quanto tempo levaria para um humano fazê-las. Os laços, eu vi, eram do mesmo verde que o meu vestido.
“Obrigada, titia Rosalie!” eu disse, porque ela estava atrás de mim.
“De nada, querida,” ela disse enquanto se levantava. “E agora é melhor irmos nos encontrar com sua mamãe e papai.”
“E Jacob,” eu a lembrei em voz alta.
Pensei ouvir titio Emmett dar uma risada em algum lugar abaixo de nós, mas titia Rose apenas suspirou novamente e me pegou da cama. Voamos escada abaixo e para fora da porta; me virei para acenar para todos pela porta aberta antes de virarmos a esquina da casa e estarmos em frente à garagem.
“Cinco minutos e… quarenta e oito segundos,” Jake disse enquanto titia Rose me colocava no carro.
Ela o ignorou.
“Ei, você não retrucou!” ele disse feliz. “Marque o dia,” ele me disse. Dei uma risada.
“Simplesmente porque eu não me rebaixo a responder a todas as suas injúrias, não quer dizer que eu não seja capaz,” minha tia sibilou.
Jake franziu a testa. “Mas você respondeu agora” ele apontou.
Mamãe riu. “Ei Jake, achei que você na verdade queria chegar à casa de Charlie.”
“Claro, claro,” ele disse, ainda sorrindo. Ele andou ao redor do lado do carro para escorregar para dentro ao meu lado. Ele se ergueu para puxar meu sinto de segurança e prendê-lo com um click alto.
Mamãe e papai entraram nos bancos da frente e o papai ligou o carro. Titia Rosalie se afastou de um jeito meio com raiva, sem dar tchau. Não importava realmente, eu suponho, porque eu a veria mais tarde, mas eu não gostava quando as pessoas não diziam tchau, nem que fosse um aceno rápido. Eu ficava com medo de que eles não fossem voltar, como titia Alice e titio Jasper. Eu sempre dizia tchau à noite antes de ir para a Pequena Cabana, e sempre que eu ia a algum lugar sem qualquer pessoa da minha família, eu sempre encontrava todos e dizia tchau.
Não mencionei isso, contudo. Falar sobre a titia Alice deixava a mamãe triste, mais ainda desde que ela desapareceu foi quando tínhamos ido à casa do vovô Charlie da última vez.
“Você embrulhou a… coisa de pescaria do Charlie?” mamãe perguntou ao papai.
“É um sistema de pescaria por sonar, na verdade, e a resposta é não; Esme se ofereceu para fazer isso por nós.”
“Você podia só ter dito sim,” Jake disse.
“E privar minha querida esposa de mais uma chance de ouvir Esme dizer ‘você não tem que me agradecer, querida’?”
Mamãe deixou sair um pouquinho de ar em um som huff que significava que ela queria rir mas estava tentando segurar. “Você me conhece tão bem,” ela disse para o papai.
“Mm, estou começando a pensar que eu não me importo tanto de não ouvir seus pensamentos,” papai disse, como se ele não estivesse realmente se concentrando, mas eu o vi olhar fixamente para mamãe.
Mamãe se virou para olhar para ele e em seguida rapidamente de virou de novo. Naquele segundo eu vi que ela estava espantada, e então ela estava encabulada, e então ela ficou entristecida. Muitos sentimentos começados com ‘e’. Senti a pele da minha testa franzir porque eu estava confusa. Papai estava dizendo alguma outra coisa para mamãe? Ele estava mentindo sobre não ouvir os pensamentos dela? Mas mentir era uma coisa ruim, não era?
Papai não respondeu nenhuma das minhas perguntas e minhas sobrancelhas enrugaram juntas ainda mais. O mundo estava ficando mais e mais confuso.
“Ei, Ness, não faça caretas, porque se o vento mudar você nunca mais vai sorrir de novo,” Jake me disse. Ele estava sorrindo, mas eu pensei que ele parecia um pouco confuso também. Então ele não entendia também.
Me ergui e ele se inclinou para que eu pudesse tocar seu rosto; eu não podia me mover para mais perto por causa do cinto de segurança. Como o vento muda? perguntei a ele. Não é sempre apenas vento? E por que eu não vou sorrir? Eu vou ficar triste ou meu rosto não vai se mexer?
Ele fez uma pequena careta quando fiz minhas perguntas e eu pensei que ou ele não sabia a resposta ou não queria ter que falar a coisa sobre o vento, em primeiro lugar.
“Uh, bem, o vento muda de direção. É isso que eu quis dizer. E seu rosto deve ficar congelado, mas não vai de verdade.”
Eu estava ainda mais confusa agora.
“É um ditado antigo,” papai disse. “Os pais contavam isso a seus filhos para fazê-los se comportarem bem e pararem de ficar fazendo caretas.”
Então aquela era uma outra mentira que não tinha problema. Havia muitas delas. Jacob e titia Rosalie as usavam mais. Coisas como “Eu vou arrancar a sua cabeça” não eram exatamente sem problema, mas todos sabiam que não eram verdade então não importava realmente. E também havia coisas como “nunca para de chover aqui”, que era um tipo especial de mentira chamado exagero. Às vezes as pessoas mentiam para tornar as coisas mais fáceis para elas mesmas. Como sempre que alguém perguntava para outra pessoa “Como vai?” todo mundo sempre dizia “Bem”. Isso era quase sempre uma mentira. E havia muitas formas diferentes de mentira. Você podia mentir omitindo coisas, ou mentir fazendo parecer que você quis dizer outra coisa, mesmo se você estivesse realmente falando a verdade. À vezes isso não tinha problema, às vezes tinha. Geralmente era tudo bem se você estivesse brincando, mas à vezes era ok se você não estava. As pessoas eram simplesmente muito muito confusas.
O carro virou à esquerda na rua do vovô Charlie e eu parei de pensar sobre mentira. Havia alguns modelos de renas e Papai Noel do lado de fora das casas. Era um lembrete do Natal novamente e meus lábios rapidamente se curvaram em um sorriso e papai parou o carro de fora da casa do vovô.
1 comentários:
muito fofo esse fanfic! adorei
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