Winter - Capítulo 16: Triste Aurora

[Alice]

Já haviam se passado três anos desde que, Nessie... Sumiu. Eu realmente prefiro caracterizar usando esse termo. Dizer que ela... Minha sobrinha... Não vai mais voltar. Dizer que ela está morta... É a pior coisa que alguém pode nos dizer. Me destrói por dentro.

Aqueles últimos anos, pareciam se arrastar. Cada badalada do relógio, era como sangue pulsando por um hematoma.

Ninguém mais era o mesmo.

Bella e Edward, ficavam sempre trancados em algum cômodo. Na maioria das vezes mantinham o olhar vazio, e choravam sem as preciosas lágrimas dos humanos. Mas mesmo sem elas... Eles não deixavam de mostrar o sofrimento iminente aos olhos de qualquer um.

Entre os vampiros... Nessie havia sido dada como “morta”, de certa forma. Nunca conseguirei apagar de minha mente o dia em que os dois receberam a noticia de que ela não iria mais voltar. Fora um dia terrível. O cenário era perfeito. Tempestade torrencial. Frio. O clima mais natural de Forks. A nuvem negra que pairava sobre o céu escuro de Forks, agora estava pensa sobre as nossas cabeças.

Nada mais fora igual nesses anos. Nada.

Bella e Edward já não conseguiam mais sorrir, para ser mais sincera... Eles se assemelhavam mais a dois zumbis, do que dois vampiros. Nem ao menos caçar eles gostavam mais. Certa vez, eu havia ouvido Bella comentar que tudo o que mais queria, era mesmo... Poder deixar de existir. Ela havia dito: “Não sei se ainda sou capaz de continuar. Talvez... Se eu deixasse de viver aqui, eu seja capaz de vê-la novamente. Nem que seja só mais uma vez. Somente para me assegurar de que ela está bem. Mas... Não sou capaz disso. Tudo o que ainda me mantém aqui- capaz de não provocar um suicídio, de certa forma- é você Edward. Sinto muito.”

Nem ao mesmo Emmett, fazia as suas habituais piadinhas sem graça. Ele parecia perder a alegria. E... A vida. Mesmo que logicamente, ele nem a possuísse.

Rose não gostava mais de se arrumar, ou de se observar nos espelhos. Ela passava horas no quarto de Renesmee junto de Bella. Acariciando as pelúcias antigas, e alguns livros que minha sobrinha mais gostava de ler.

Esme e Carlisle, eram semelhantes a Rosalie, mas... Eram muito deprimentes. Deve ser horrível para eles perder a única... Neta. Biológica.

Jasper, passava a maior parte do tempo junto de Bella e Edward, tentando manter as emoções de ambos, teoricamente estáveis. Mas isso não o impedia de se lamentar por Nessie.

Eu... Bem, ficava com Bella na maior parte de meus dias. Tentava distraí-la. Sem sucesso algum, admito.

As minhas horas “vagas” eu passava no quarto de Renesmee- assim como quase todos aqui de casa. Era bom ter um momento do dia para... Reflexões.

Jacob, agora morava conosco. Ele passava o dia todo na biblioteca. Grande parte das vezes, chorando. Outras refletindo e se lamentando não ter podido ajudar Nessie quando ela precisou.

A única ”regra” que tínhamos, era a que Bella e Edward estabeleceram:“Podíamos passar quanto tempo quiséssemos no quarto de Nessie, desde que não mudássemos nada do lugar. Tudo deveria ser deixado da maneira com que ela deixou.”

-Alice. Eu agradeceria muito se você fosse mais razoável com os seus pensamentos. E que os guardasse para si- Edward, é claro, me pediu, aparecendo na minha frente em meu quarto enquanto eu folheava a nova edição da Vogue.

“Desculpe”pensei.

-Está tudo bem. Só não gosto muito de lembrar.

“E Enie? Ela disse que viria nos visitar... Alguma noticia dela?”

-Ela ligou... Vai vir ainda hoje.

“Boas noticias?”

-Sobre o que? Exatamente...

“Sobre quem, exatamente”

-Já chega Alice! Já te pedi educadamente... Nada me impedirá de mudar de postura.

“Está certo... Está certo. Me desculpe. Mas ela tem alguma noticia?”

-Agora basta! Minha paciência tem um limite Alice, e você o está testando.

“Eu só tenho esperança... É cruel ter um pouco de esperança?”

-Não. Há. Mais. Esperança- ele parecia tremer através das palavras. Tristeza em abundância. Não creio que algo o ajudará... Tão menos as minhas palavras- Estes últimos três anos... São como um inverno frio. Rigoroso. Sem vida. Triste. Mortificado...

“Sempre há esperança. Mesmo hoje... Mesmo para nós. Ela sempre existe”

-Alice... Eu te entendo mas... Não compreendo qual a razão de toda essa... Convers
a.
“É só que... Sinto tanto a falta dela...”

-Sei disso... Eu também sinto.

“Sinto muito”

-Por que?- agora ele me parecia confuso. O que foi que eu não disse? Não me lembro exatamente... Mas talvez seja mais claro, eu esclarecer.

“Por ela... Por eu não ter conseguido cumprir a minha promessa. Eu não a mantive a salvo. Não a protegi. Quebrei a minha promessa...”

-Não foi sua culpa. Você leu as cartas.

“Somente a minha... Eu somente a li”

-Não lerá a carta que Ness escreveu a mim e a Bella! Sinto muito... Aquela não será lida.

“Mas você e Bella a leram! Não é justo!”

-Era para nós. Eu não li a sua carta. Nem a de Enya.

“Ela não mostrou a dela para ninguém”

-É dela... Ela tem esse direito de privacidade.

“Eu sei...”

Então tive um rápido momento para uma visão. Enie. Ela e nossos amigos da França estavam vindo para cá. Chegariam logo.

Olhei para Edward, “Temos visita” pensei.

-O que eles querem? Achei que viriam mais tarde...

“Não sei ainda. Eles não se decidiram se fazem isso agora”

-Estão perto... Já posso captar os pensamentos de Enya.

“Vou esperar na sala”

Ele somente assentiu, e fui correndo até a sala, e me sentei ao lado de Bella.

-Quem são Alice?

-Nossos... Err... Conhecidos de Paris.

-O que eles querem aqui?

-Ainda não sei... Eles não se decidiram exatamente.

Uma fração de segundo depois o cheiro dos “visitantes” adentrou nossa casa, seguido por três batidas leves na porta da frente.

Atendi a porta e abracei Enie. Nesse momento, as lembranças do último dia que eu havia passado com Enie e Nessie adentraram a minha mente. A última vez que vi minha sobrinha... Viva.

-Olá... Alice- disse Enya, provavelmente tentando se livrar do meu abraço.

-O que trouxe vocês até aqui tão cedo, Enya?- Edward apareceu não-sei-de-onde e perguntou.

Ela não respondeu, só fechou os olhos. Ela devia estar mostrando a ele alguma lembrança, ou algo do tipo.

-Meu Deus!- Ele exclamou depois de alguns segundos boquiaberto.

Foi então que vi... O motivo de toda a confusão. E de toda aquela “Visitinha Surpresa”. Mas era algo meio que... Inexplicável.

-Impossível...- Falei, e fitei todos os outros rostos curiosos. Impossível.