O Dia das Mães - Capítulo 05

[Edward]

Enquanto eu esperava Bella colocar a lingerie que comprei, mil coisas passaram por minha mente. Primeiro, eu estava feliz de ter comprado este presente em específico. Sem nenhuma exceção, era Alice quem vestia a todos nós. Desde as meias até as roupas de baile, era minha irmã quem decidia o que íamos usar. Foi até fácil. Eu não tinha decidido nada. Tudo aconteceu de repente, sem tempo para que Alice me impedisse. É claro que depois ela reclamou, e reclamou muito, mas meus argumentos acabaram por convencê-la: na próxima vez, ela, pelo menos, iria junto comigo. Sorri com a lembrança de Alice saltitando em minha frente tendo uma visão de como Bella ficaria feliz. Ela se esforçou para afastar isso e dei meu melhor para não ler a mente dela. Eu realmente queria ser surpreendido. Ouvi Bella bufar no banheiro e voltei minha atenção para o presente. Cheguei a abrir a boca para perguntar se estava tudo bem, mas desisti. Era melhor ela ter o tempo que precisasse para se vestir sem nenhuma interrupção.

Bella não se via claramente. Isso já vinha desde a época em que era humana. Agora ela estava um pouco mais perceptiva, mas nem tanto. Na maioria das vezes ela pensava em si mesma como uma adolescente. Melhorou um pouco depois do nascimento de Nessie. Agora ela também era mãe. Só que antes de tudo, Bella era uma linda mulher. Minha mulher. Eu estava orgulhoso do seu amadurecimento em tão pouco tempo, não que ela fosse infantil, não isso. Apenas que as responsabilidades que ela tinha antes com Renee, depois com Charlie, nem se comparavam ao que a vida dela tinha se transformado. Imortal. Mãe. Esposa. Ao que parecia, Bella tinha se rendido. Estava vestindo a lingerie que eu escolhi. Ouvi um gemido. Ela me mantinha longe de seus pensamentos. Ou seja, cada reação que eu ouvia fazia com que eu reavaliasse o que a estava praticamente obrigando a fazer.

- Edward, por gentileza você pode fechar os olhos? – Bella me perguntou ainda no banheiro.

Estava tudo muito estranho. Coloquei as duas mãos sobre os meus olhos.

- Já não vejo mais nada. Há algum problema, amor?

Senti Bella atravessando nosso quarto em direção ao armário e voltando ao banheiro. – Posso olhar?

- Agora pode. Mas não venha aqui, ok?

Ela tinha virado o jogo? “De menina a uma vampira sedutora”, pensei. Resisti firmemente deitado em nossa cama. Os segundos pareciam dias.

- Edward?

- Não movi sequer um milímetro. Juro. – fiz uma pequena pausa esperando alguma resposta de Bella – Amor? O que você está esperando?

A porta do banheiro foi aberta lentamente e Bella apareceu. Aquela era mesmo a minha mulher? Difícil acreditar.

- Linda. – foi só o que consegui dizer, me postando imediatamente à sua frente, antes mesmo de outro passo dela. Bella havia prendido os cabelos e estava de salto. Deve ter sido isso que ele foi buscar no armário. Os sapatos. Eu queria que ela se sentisse mulher, mas eu não poderia me sentir mais homem.

- Gostou? – a voz dela era firme, segura.

- Se gostei? Ah como eu queria que você pudesse ler meus pensamentos.

Devagar, aproximei meu rosto em seu pescoço e senti seu aroma natural, que agora não queimava mais a minha garganta. Rocei meus lábios até seu ombro e voltei para seu pescoço. Tracei um caminho de beijos desde o pescoço até sua boca. Bella pôs as mãos atrás do meu pescoço e me manteve apertado, prolongando o beijo. Eu a abracei pela cintura. Fiquei firme e forte, sem qualquer reação exagerada. Curti o momento e deixei que ela terminasse o beijo. Ela afastou seus lábios há poucos centímetros do meu. Seus olhos eram o espelho da confusão que ela sentia.

- Não vai arruinar minha roupa? Nem me pegar nos braços e me jogar na cama?

Só balancei a cabeça negativamente dando brecha para que ela continuasse.

- Nada selvagem?

Não pude evitar soltar uma risada com a palavra “selvagem”. Era um adjetivo que se encaixava bem na minha descrição.

- Nada selvagem. Sei que você gosta de ir devagar. Então estou indo devagar. E não vou arruinar sua roupa. Você ficou perfeita demais com ela para eu ver apenas uma vez. – A afastei um pouco e olhei seu corpo de cima a baixo.

- Edward, obrigada.

- Pelo quê?

- Para começar, se não fosse por você, hoje eu não teria nada a comemorar. Você me deu a coisa mais preciosa que eu poderia desejar ter. É por você que sou quem sou.

- Uma vampira?

- Mulher. – Bella me beijou levemente nos lábios e continuou. – Tento ser melhor a cada dia por você. A companheira que você merece, a melhor mãe para a sua filha, a criatura obediente ao seu criador, a esposa perfeita, sua melhor amiga, sua mulher.

Como ela ainda podia ter tanta devoção a mim? Essa dedicação chegava perto de ser absurda e me dava certeza de uma coisa: não havia homem neste mundo (ou em qualquer outro) que fosse mais abençoado que eu. Mesmo que eu não merecesse. Mesmo que eu fosse um monstro desalmado. Ali, eu era apenas o marido da Bella e lutaria eternamente para corresponder todas as suas expectativas. A abracei apertado.

- É suficiente ficar assim com você. – Bella sussurrou.

De repente, uma dezena de imagens inundou meus pensamentos. Eram os pensamentos de Bella. Ela os estava compartilhando comigo. Reconheci na hora. Estávamos na nossa clareira. Foi a primeira vez que mostrei para ela quem eu realmente era. Ficamos abraçados por um bom tempo naquela tarde. Ela estava me mostrando como se sentiu, logo após eu declarar todo amor que sentia e o desejo de matá-la. Para ela, um abraço seria o suficiente. Isso não seria um problema. Eu sempre estaria disposto a oferecer mais.