Olhei no meu relógio de pulso pela décima vez desde que entramos no carro. 4:42 am. Em pouco mais de quinze minutos, estaríamos chegando no aeroporto Seattle Tacoma International... Eu estava agora espremido entre Emmett e Jasper, suando mais do que alguém jamais foi capaz de suar em uma temperatura de 14º. Bella estava no banco do carona, enquanto Edward dirigia a mais de 150km/h pela reta infindável a nossa frente. Atrás de nós, outros dois carros nos acompanhavam, transportando os componentes restantes do grupo à nossa excursão ao desconhecido. A noite em claro que passamos entre discussões e planejamentos começava a ficar para trás, cedendo lugar a um dia deprimentemente nublado que lançava gotas inconstantes de chuva no pára-brisas. O ronco quase silencioso do motor se misturava a um assoviar gélido do vento entre a fresta de alguma das janelas. Quis ser capaz de alcançar uma delas, pra vomitar aquele desgosto que eu estava sentindo crescer dentro de mim. Tudo aquilo era culpa minha... Eu deixei acontecer, bem debaixo do meu nariz!
Adentramos o largo estacionamento, depois seguimos adiante e nossos carros se enfileiraram junto com os outros na frente da entrada do aeroporto. A porta ao meu lado direito se abriu e Emmett desceu, me liberando passagem. Saltei pra fora e fui correndo desvairado até os guichês.
Basicamente, nossas idéias e argumentações noturnas resultaram no seguinte: A despeito da orientação que eu havia meticulosamente recebido, foi desconsiderada logo de cara a hipótese de eu ir sozinho ao encontro do meu rival – não sem muita resistência minha, obviamente! Se tivéssemos que ir a algum lugar, então melhor que todos os lobos estivessem juntos dali pra frente, por desencargo de consciência... Edward também argumentou que eu não me encontrava em condições de equilibrar meu ódio e meu bom senso de um jeito seguro, por isso iríamos no maior número possível!
Entretanto, havia a questão de Renesmee e os gêmeos. Eles não poderiam ir, claro, e nem poderiam ser deixados sozinhos por um dia inteiro. Nessie ainda estava adormecida e carente de supervisão médica, e os bebês eram novinhos demais para serem submetidos a uma viagem daquelas, muito mais em se tratando de uma situação de risco. Ficou acertado então que Carlisle e Esme permaneceriam em Forks incumbidos dessa tarefa familiar, assim como meu pai e Rachel. Seth se viu em uma posição difícil por ter que abandonar Lilly temporariamente, mas não teve escolha. Eu e ele agora éramos as duas pessoas que mais tinham ganas de acabar com aquele desgraçado!
Baseado naquilo que sabíamos a respeito do inimigo, organizamos então um plano tanto de resgate, quanto de contensão e extermínio de Gabriel Drachen, de uma vez por todas!
Os dons de Alice e Edward não funcionavam contra o híbrido maldito, logo os de Jasper provavelmente também seriam inúteis... Contudo, o lasso protetor de Bella operou perfeitamente contra o “dom” dele, eliminando-o sem deixar vestígios. Concluímos que, sob o escudo, talvez tivéssemos uma chance de atingi-lo, além de claro, não sermos afetados pelas suas investidas ofensivas. Desse modo então, nem ele suspeitaria da nossa aproximação em massa, nem teria meios de fugir de nós, uma vez que finalmente estivéssemos cara a cara para o embate em conjunto que ele tanto havia tentado evitar.
Uma questão óbvia também nos fez meditar: alguém que conseguia dominar dois transfiguradores jovens e experientes com tanta facilidade assim, ou era muito poderoso realmente, ou no mínimo contava com algum reforço... Zach e Leah com certeza não se entregaram sem lutar, o que só acrescentava pontos ao desgraçado pelo seu triunfo sobre eles. Claro, ele tinha aquela habilidade de ofuscar o raciocínio e bagunçar as emoções das pessoas... Ainda assim, transportá-los de Washington até Oregon exigia um mínimo de colaboração criminosa.
Que armadilhas ele havia plantado?! Com que tipo de ajuda ele estava contando naquele momento?! Armas?! Explosivos?! ... Vampiros?!?!...
Tínhamos que pensar em tudo, se estávamos mesmo dispostos a neutralizá-lo.
Jasper sugeriu que eu encenasse a programação de Gabriel à risca, me apresentando inicialmente sozinho ante ele, para sondar se os nossos dois amigos estavam bem sob sua custódia. Todos permaneceriam escondidos pelos arredores – até mesmo dentro da estação de metrô – para que fosse viável a Bella me envolver em seu escudo mental durante a minha aproximação... Uma vez constatada a integridade física do casal, eu os acionaria discretamente por celular, para que se juntassem a mim. A emboscada seria perfeita, nosso opositor não teria como ler o plano em minha mente e perderia mais tempo tentando descobrir o motivo disso do que se preocupando em escapar!
Às 3:00am, com todos os detalhes previamente definidos, partimos. Foi duro deixar minha Nessie e meus filhotes para trás, mesmo sabendo que estavam em boas mãos. Eram as suas presenças que geravam a força e coragem dentro de mim! Mas o nosso plano era infalível e a oportunidade não poderia ser desperdiçada. A hora do confronto havia, finalmente, chegado!
...
“Atenção passageiros do vôo 886, com destino a Portland: embarque imediato no portão 4!”
A chamada iniciou a movimentação massacrante de pessoas na direção dos portões. Foi impossível, porém, que todas as atenções não se voltassem para o nosso batalhão, singularmente composto por brutamontes indígenas seminus e amostras pálidas de supermodelos da alta escala fashion, costurando com uma pressa incomum a barreira de gente que se movimentava com lentidão a nossa frente. Tentávamos conciliar nossos esforços tanto de atravessar logo aquela multidão, quanto de não esbarrar em ninguém... O estrago seria grande demais para ignorar.
– Ow!! – um cara exclamou com mau humor, ao ser ultrapassado na fila do check-in – Vocês estão pensando por acaso que vão chegar mais rápido a Portland com essa correria?!
Seria ótimo se isso fosse humanamente possível... mas nossa pressa, nesse caso, era em razão de conseguir para nós acomodações mais afastadas da multidão! Alice tinha falado alguma coisa sobre nos infiltrarmos no bagageiro, em consideração à Jasper. Sam não pareceu muito animado com a idéia...
– Tá com medo de turbulência, Sam! Qual é, como se umas balançadinhas de nada fossem capazes de nos derrubar! – Emmett definitivamente era o que mais se empolgava diante de possibilidades estranhas como aquela
– Eu sei disso... – Sam retrucou, enquanto corríamos através da ponte de acesso – Eu estou mais preocupado em ter que agüentar o barulho ensurdecedor da turbina no meu ouvido por 1 hora inteira!
Eu e a maioria dos garotos lobos nunca havíamos voado na vida e eu comecei a ter certeza de que aquela não seria uma boa viagem de estréia.
Edward se revelou também um mestre em engenharia de aviões, por que assim que adentramos o interior da aeronave, ele nos conduziu a uma portinhola escondida que dava acesso à casa de máquinas. Eu já não estava gostando nada daquela idéia meio clandestina pra começo de conversa... mas quando ele disse que iríamos ter que atravessar um duto de ventilação para chegar ao bagageiro no outro extremo, eu sinceramente duvidei da sua estabilidade mental! Não era possível que ele esperava mesmo que fossemos caber naquele tubo minúsculo. Alice e Jasper foram os primeiros, depois Bella, seguida por Emmett. Bom, se o membro mais robusto do clã Cullen conseguiu, eu já não tinha mais argumentos para resistir. Fui o próximo!
Depois de engatinharmos por uma extensão de, pelo menos,
– Não Alice, – Edward falou do nada – você não vai roubar esse!!
– Mas Edward... – ela resmungou – nós vamos precisar de um veículo pra chegar lá. Ou você sugere que nós peguemos um ônibus?!
Eu esperava ouvir dele uma réplica sensata àquela maluquice, mas em vez disso ele falou:
– Eu sei disso. Na rua, a gente pega alguns!! Se pegarmos esse, a polícia virá atrás de nós, espertinha.
Ela deu de ombros e eu me sentei sobre um caixote, tentando me fazer acreditar que eles estavam apenas brincando...
Sam estava certo, o barulho da turbina era tão violento que eu quase esmaguei minha caixa craniana, tentando tapar os ouvidos!
– Você não poderia ter escolhido um lugarzinho menos barulhento, Edward?! – eu berrei, e nem assim consegui repercutir a voz como queria
– Isso aqui é um avião de pequeno porte Jake, não é um Boeing 747... Qualquer lugar seria tão barulhento quanto esse! – escutei com dificuldade ele responder – Daqui a pouco você se acostuma.
Credo, os Cullens nem sequer estavam tapando os ouvidos, era de fazer inveja... “Qualquer coisa por nosso querido Jasper!!” eu pensei {o barulho dificultava até isso, por sinal!}.
Cerca de uma hora depois, o solavanco do avião freando no solo de Portland nos arremessou pra frente com tudo {menos os Cullens, é claro}! Alguns containeres mais a frente brecaram nosso tombo. Eles ficaram bem amassados em algumas partes e eu me preocupei que o estrondo pudesse ter chegado aos ouvidos dos passageiros lá em cima.
– Mais vocês são uns molengas mesmo, hein?! – Emmett não podia deixar essa passar. Pelo menos, alguém estava se divertindo ali...
– Não quero nem saber... Na volta, eu vou ficar lá em cima! – Paul disse, cuspindo uma lasca de madeira – Poxa, o meu acento era na janela!!
– Muito bem, vamos voltar logo para a casa de máquinas... – Alice deu a ordem – Não teremos muito tempo antes que o avião se esvazie!
Olhei para o meu relógio mais uma vez. 8:32 am. “Fila de guichê estúpida... Agüentem firme, amigos. Já estamos a caminho!”
...
Caía uma chuva torrencial na cidade. Meus ouvidos ainda estavam zumbindo muito e era como se a sensação nunca fosse ir embora. Estávamos na entrada do Aeroporto Portland Internacional, e os olhares de Edward e Alice varriam meticulosamente o perímetro do estacionamento a nossa frente. Ah não, nunca pensei que iniciaria a minha vida no crime quando concordei com a vinda deles... Os dois gatunos fizeram um sinal de cabeça para nós, então demos início ao que eu classifiquei como “investida de rato”, indo sorrateiramente a pé no sentido contrário à chegada dos carros. Um pouco mais na frente, viramos à esquerda e entramos no estacionamento coberto. Havia uma parte reservada de veículos, lá no final.
– É ali que ficam os carros das pessoas que viajam... – Emmett fez a gentileza de me explicar, apesar de eu não ter perguntado nada. Quanto menos detalhes eu soubesse a respeito, melhor...
– Relaxa, Jake – Edward disse, se virando pra mim enquanto caminhava – Em duas horas, estourando, nós os traremos de volta.
– Eu aprecio o seu otimismo, Edward, mas isso não muda o fato de estarmos cometendo um delito! Ou vocês acham que a legislação aqui em Portland abre uma brecha para roubo de carros agora?! – berrei, ainda meio surdo
– Shhhh!! – Alice me repreendeu – Quer calar essa boca, Jacob! Você vai arruinar tudo!
– Ótimo, é isso mesmo que eu quero!
– Drama, drama, drama!! – Rosalie caçoou – Eu pensei que você estava pretendendo salvar seus amigos...
– Eu estou!!
– Então vê se controla essa sua TPMzinha, garoto histérico... Vai dar tudo certo!
Ah, sobre aquele meu pensamento em relação a Rosalie estar subindo no meu conceito: Risquei aquilo da minha memória! Ela tinha voltado a ser a vampira tratante de sempre! Lá estava eu, tentando não enlouquecer com a idéia de Leah e Zach sendo reféns de um assassino, e ela fazendo piadinha de humor negro pra cima de mim... Quis dar um tabefe naquele cabeção loiro e desmantelado dela!
Nosso grupo freou de repente e eu me bati com as costas de Edward. Ele então fez sinal para que nos escondêssemos detrás da fileira de carros do nosso lado, a última antes da esquina que dividia os estacionamentos. Ficaram somente ele e Alice à mostra. Cinco segundos depois, vi através da janela do veículo em que eu estava encostado um guardinha gordo sair da guarita amarela na entrada do mini estacionamento. Estávamos a uns poucos metros de distância dele e não entendi porque os dois gênios não vieram se esconder também. Foi aí que Edward passou o braço em volta dos ombros da irmã e os dois deram mais alguns passos juntos pra frente.
– Senhor! – Edward o chamou – Eu e minha esposa deixamos nossos carros aqui antes de viajarmos e gostaríamos de retirá-los, por favor!
O gorducho veio arrastando a pança até eles, com uma prancheta nas mãos.
– Nomes?! – ele perguntou, com a cara enterrada nas folhas de registro.
Edward apertou um pouco os olhos e eu vi que ele estava lendo descaradamente os pensamentos do homem.
– Terry Johnson! – ele mentiu – São aquelas duas vans ali. As deixamos aqui na semana passada, no horário das 14:20 se não em engano...
– Ah sim, sim... – o homem confirmou os dados – Posso ver um documento de identidade por favor, Sr. Johnson?!
“Agora ferrou de vez”, eu pensei.
Edward sorriu tranquilamente.
– Ah, senhor... – ele olhou para o crachá do sujeito – ... Jackman, minha carteira ficou na bagagem junto com as crianças, lá na recepção!
O homem olhou desconfiado para eles. De certo, achou que eram muito jovens para terem filhos. Rosalie se virou para Jasper e cochichou:
– É a sua deixa!
Jasper então mirou os olhos na direção do guarda. O gordão pareceu suavizar a expressão do rosto.
– Está certo, eu vou deixar passar dessa vez... Venham comigo, vou lhes dar as chaves e registrar a saída dos veículos.
Os dois atravessaram a cancela preta e amarela seguindo o homenzinho ingênuo.
– Admita Jacob, se você tivesse vindo sozinho, ainda estaria pegando fila no aeroporto de Seattle a essas horas! – Rosalie disse, presunçosa, enquanto nos erguíamos das nossas posições agachadas.
Eu sibilei e nós nos afastamos dali para aguardar o retorno deles com os veículos. Alguns minutos depois, duas vãs – uma vinho e outra preta – deixaram o estacionamento reservado e vieram até onde estávamos. As portas laterais rolaram e eu me enfiei apressadamente junto com Seth, Sam, Quil e Paul pra dentro da que Edward dirigia.
– Vocês são completamente loucos! – eu disse a ele, amedrontado – Quando os verdadeiros donos vierem buscar as vans, vão chamar a polícia e aquele cara vai dar a descrição de vocês dois!
– Isso não vai acontecer! – ele afirmou, com segurança – Primeiro, porque nós as deixaremos lá fora quando voltarmos. E segundo, por que esse guarda está aqui apenas substituindo um amigo. O departamento dele é outro, que nem fica nesse aeroporto por sinal! Ele não estará aqui quando os verdadeiros donos vierem reclamar os veículos, e foi por isso que eu e Alice armamos aquela farsa!
Eu fiquei sem argumentos {típico} e ele pareceu muito satisfeito consigo mesmo.
– Poupe suas energias, Jake – Bella pediu, depois de se sentar na frente com o marido – Os fins justificam os meios às vezes! Temos problemas maiores pra resolver agora.
Ela estava certa, eu tinha que parar de me importar com detalhes bobos... A segurança dos meus amigos era mais importante. E destruir Gabriel Dranchen também!
Deixamos o aeroporto enfim.
Estávamos bem servidos de meio de transporte... no painel daquela van velha tinha até GPS! Alice deve ter adivinhado. Aqueles dois se dariam muito bem como ladrões profissionais... eram praticamente a versão moderna de Bonnie e Clyde! Ainda assim, foi mesmo um golpe de pura sorte encontrar veículos como aqueles ali, dando sopa.
Os segundos iam se passando e minha sede de vingança só fazia aumentar. Eu e Seth nos olhávamos constantemente e eu via nele um aliado, alguém que agora partilhava da minha raiva com quase a mesma intensidade mortal! Seqüestraram a irmã dele, ameaçaram tomar a minha esposa de mim... Estávamos unidos pelo ódio à mesma pessoa! Ele apertou a minha mão, solidário, e eu lhe lancei um sorriso de parceria.
– Vai acabar tudo bem. Nós vamos dar um fim nesse sujeito! – ele afirmou, como se já conhecesse o que o destino nos reservava.
Não sei quanto tempo levamos para percorrer o trajeto do aeroporto ao Pioneer Courthouse Square. Me perdi em pensamentos injuriados pouco depois que passamos da segunda rua... Quando voltei a mim, Bella estalava os dedos na minha frente:
– Acorda Jake, já chegamos!
Sim, estávamos mesmo no local indicado por Gabriel Drachen, o próximo finado da história dos seres sobrenaturais dessa terra! A chuva começou a encharcar o meu corpo no instante em que sai do carro. O grupo da outra van se juntou a nós, então nós encaramos o cenário ao nosso redor, sem nos incomodarmos em buscar um abrigo. A larga e exótica praça estava deserta, nenhuma alma viva sequer se movimentava pelas redondezas. Me estiquei um pouco e, ao longe, avistei algumas gruas estacionadas ao lado de uma construção pequena.
– É ali! – apontei, já me dirigindo para o local. Todos correram para me acompanhar.
Eu atravessei a extensão completa da enorme praça, atingindo as poças gigantes com passadas fortes, que elevavam espirros de água quase até a minha cintura! A vontade de chegar logo ao meu destino produzia um leve rugido em minha garganta, numa amostra da ira que eu mal podia conter. Um muro de grade delimitava o canteiro de obras, mas ele não foi um obstáculo difícil de ultrapassar. O solo de areia e britas dentro do terreno tinha virado um completo lamaçal, que foi o que amorteceu nossos sapatos quando aterrissamos sobre ele.
A menos de cinco metros estava o acesso mencionado por Gabriel Drachen às plataformas subterrâneas do metrô, bloqueada por uma mureta de concreto e algumas faixas amarelas. Quando nos aproximamos dele, pude ver em seu interior cinco grandes lances de escada e parte do andar inferior em construção. Pulamos para dentro e descemos até o fim.
Lá embaixo, após a grade de catracas, uma gigantesca e clara galeria nos recebeu. Era um local certamente grande e bonito demais para uma estação de metrô. Mesmo subterrânea, era bem iluminada, por que recebia muita claridade através de clarabóias imensas – que teríamos visto de lá de cima, se tivéssemos nos dado ao luxo de olhar com mais atenção todo o terreno. A altura do piso até elas devia passar de vinte metros!
Adiante, estavam as valas vazias dos trilhos. Esses avançavam para o interior de dois túneis sombrios e com extensão desconhecida, chegando até a se parecerem com dois portais para o além!
Quando nos aproximamos mais dos trilhos, Bella inspirou alguma coisa no ar:
– Estou sentindo o cheiro deles dois!! O rastro vem de dentro dos túneis!
– Sim – Edward concordou – Sem dúvida, estão lá!
Nossos amigos vampiros então fizeram expressões confusas em seguida. Pareciam estar identificando um novo cheiro que os pegou desprevenidos.
– O que foi?! – perguntei, inquieto com o silêncio deles
– Agora está claro o porquê de não termos conseguido identificar o rastro do nosso fugitivo! – Jasper falou – O cheiro é tão semelhante ao de Nessie, que nós não fomos capazes de diferenciá-lo do dela.
Meu queixo despencou devido ao abalo com aquela afirmação.
– Vocês estão sentindo o cheiro de Nessie aqui?! – balbuciei
– Não é o cheiro dela, propriamente dito... – Alice interferiu, inalando mais ar – Há uma distinção, só que sutil demais para que tivesse chamado nossa atenção. Agora eu consigo notar a particularidade que os difere!
– Filho da mãe! – eu exclamei
– Muito bem Jake, – Edward falou – agora é com você! Não sabemos a que distância daqui eles se encontram, então vamos te acompanhar até um certo ponto, por causa do escudo de Bella... Mas você se mostrará sozinho primeiro. Está lembrado do que tem que fazer, assim que perceber que Leah e Zach estão bem?!
– Sim – disse, meio afetado pela ansiedade – eu vou dar um toque do meu celular para o seu!
– Isso. Vou colocá-lo no vibra call... coloque o seu no silencioso, antes que se esqueça!
– Certo! – obedeci, retirando o aparelho do bolso imediatamente – Podemos ir?!
– Mais uma coisa! – ele falou
– O quê?!
– Procure... se controlar! O seu olhar às vezes evidencia demais as suas intenções. Esse é um bom plano, não ponha tudo a perder!
– É mesmo, Jacob... – Emmett disse – Não vá ficar parecendo uma besta quadrada quando encontrar o cara. Ele não pode saber que você é inconseqüente!
Olhei pra ele com seriedade.
– Não estou indo encontrá-lo a fim de causar boa impressão... – disse, entre dentes – Eu quero mais é arrancar a cabeça dele fora!
Ninguém disse nada em resposta.
Saltamos para dentro da vala dos trilhos e começamos a adentrar o primeiro túnel, de onde o cheiro aparentemente havia saído. A escuridão foi, aos poucos, tomando conta da visibilidade ao nosso redor. Entre mim e meus companheiros havia uma distância de uns
O percurso se prolongou bastante, muito além do que eu esperava... Já estava começando a pensar que havíamos errado o caminho, quando avistei uma claridade fraca mais pra frente. Apressei meu passo em direção ao ponto de luz, que parecia vir de uma pequena galeria infiltrada na parede do túnel.
Vencendo mais alguns metros, já consegui ver os corpos desacordados de Leah e Zach, suspensos no ar por correntes presas ao teto baixo. Dois pequenos holofotes iluminavam o cativeiro. Não soube se corria até eles de uma vez, ou se me aproximava com calma, para averiguar se uma terceira presença também me aguardava no local. Estanquei então onde estava, meu corpo a ponto de pegar fogo!
O inesperado choque térmico da mão gelada de alguém me sobressaltou.
Era Edward.
– O que aconteceu?! Pensei que vocês ficariam afastados... – sussurrei pra ele
– Tem alguma coisa estranha... – seu bafo glacial atingiu minha pele quente – Os rastros de Leah e Zach se intensificaram na medida em que nos aproximávamos, mas o de Gabriel não. Pelo contrário, o rastro se enfraqueceu.
O resto do grupo nos alcançou.
– O que está havendo, meu amor?! – Bella inquiriu sem entender
– Não sei... Mas vamos nos aproximar. O perímetro parece estar seguro.
Corremos o espaço que faltava e escalamos a borda da vala, até o patamar de cima.
Realmente, apenas eles dois se encontravam no vão. Estavam amordaçados, seus corpos sem ferimento algum, mas com evidências de regeneração e alguns hematomas discretos. A cautela nos prendeu à beirada da vala por uns instantes, em posição defensiva... Havia no ar uma eminência macabra de perigo, e qualquer ruído causava arrepios no corpo inteiro.
Por fim, cedemos ao impulso de libertá-los finalmente dos grilhões. Seus elos eram feitos de chumbo e estavam bem apertados. Mesmo assim, foram facilmente rompidos pelos esforços de Emmett e Edward. Seth e eu amparamos Leah, enquanto Sam e Paul seguraram Zach. Em meus braços, ela começou a abrir os olhos com dificuldade. Retirei a mordaça da sua boca.
– J...Jake?! – Ela tossiu. Parecia dopada, seus membros estavam magros e frágeis – É você?!
– Sim Leah, sou eu!
– Por... que... vocês demoraram... tanto?!
– Me perdoe, por favor... A culpa foi toda minha! Eu achei que vocês tivessem...
Me interrompi, sem coragem de completar a frase. Ela demonstrou compreender os meus motivos:
– Tudo bem... seu cretino... eu te perdôo! – disse, com um sorriso fraco nos lábios. Sua visível melhora me deixou contente ao ponto de abraçá-la. Ela gemeu.
– Me desculpe! – retirei o abraço, sem querer lhe afligir com o esforço de me parar.
Esperei até que ela tivesse energia para abrir os olhos por completo, então lhe perguntei:
– Leah, onde “ele” está?!
Ela franziu a testa.
– Ele não está aqui, Jacob – foi Edward quem respondeu. Olhei pra ele, surpreso com a certeza em sua exclamação:
– Como você sabe?! – perguntei.
Leah pareceu se apavorar de repente:
– Ele está lendo em minha mente! Por favor, pare com isso – murmurou cansada, se dirigindo a Edward – Já foi assustador demais suportar isso durante duas semanas...
DUAS SEMANAS?! Que horror meu Deus, como podemos ser tão insensíveis?! Um sumiço tão longo como esse deveria ter merecido a devida importância! Acho que precisaria de uma eternidade inteira pra me redimir com eles dois...
– Aonde ele foi?! – perguntei, desgostoso com a notícia da sua ausência
– Não sei Jake, ele não vem aqui há dois dias... – Leah disse. Eu olhei espantado pra ela:
– Isso é impossível! Ontem mesmo eu falei com ele, e depois a ligação foi passada pra você...
– Sim... mas foram os dois capangas que ele deixou aqui que me passaram o celular, dizendo que era você! Mas a chamada caiu antes que eu ouvisse sua voz... Não foi você que ligou pra cá?!
– Não Leah, foi Gabriel que ligou pra mim!
– E onde estão esses dois capangas, Leah?! – Seth perguntou
– Eles aplicaram uma injeção em mim e no Zach e aí foram embora. Eu não me lembro de mais nada depois disso.
Sam e Paul conseguiram reanimar Zach. Eu entreguei Leah aos cuidados do irmão e comecei a andar de um lado para o outro, como um leão enjaulado.
– Onde esta você, seu rato asqueroso?! – Berrei para o vácuo do túnel – Eu estou aqui como você me pediu... APAREÇA!!
O eco foi o único a me responder. Baixei a cabeça, em meio a frustração da minha mente e o descontrole do meu corpo.
A campainha de um celular começou a tocar. O barulho vinha de um dos bolsos da bermuda de Zach. Paul enfiou a mão e o retirou de lá, conferindo o visor.
– O nome do usuário é “Para Jacob!”! – ele informou, estendendo o aparelho para mim.
Arrebatei-o de suas mãos com fúria e aceitei a ligação:
– Quem está falando?! – foram minhas palavras iniciais.
Era o próprio!
Parecia estar de muito bom humor, por que sua primeira reação à minha pergunta foi uma risadinha maléfica.
“Por que você não está aqui, seu nojento!!” rosnei mentalmente. Ele deu um suspiro de satisfação.
– Diga-me, Jacob “Black”... Você gosta de xadrez?! – inquiriu, enigmaticamente
“Que pergunta é essa agora?!”
– Você sabe qual é a melhor maneira de se vencer em uma partida de xadrez?!
“Eu não faço idéia, seu doente!“
– É distrair o oponente com jogadas soltas... falsas... até que ele abandone sua estratégia inicial e, então, te abra caminho para o ataque!!
Aonde ele estava querendo chegar?! Algo em seu tom de voz o fazia parecer confiante demais, e isso passou a me causar desconforto.
– Eu estava certo quanto às minhas conclusões sobre o seu caráter passional e o dos seus amiguinhos Cullens, sempre tão cuidadosos... Você iria com tanta sede ao pote, que eles souberam que não poderiam te deixar cumprir a missão sozinho! E o melhor: Todos gastaram tanto tempo e energia discutindo os detalhes do resgate, que nem se preocuparam com o mais elementar dos detalhes...
As gotas de suor escorriam em minha testa enquanto ele falava. Cada um dos pares de olhos pousados em mim buscava nas minhas reações algo que declarasse o que se passava.
– Que detalhe?! – eu perguntei em voz alta sem perceber
– Não é atrás de você que eu estou! – ele declarou.
Nesse momento, senti o ar abandonando meus pulmões.
Edward levou as mãos à cabeça, incrédulo e... neutralizado pela derrota evidente! As garotas se apavoraram com o gesto dele, e os lobos se limitaram a encarar nós dois.
– Desde o princípio, quando surgi pela primeira vez na mansão Cullen, eu estava atrás de uma única coisa... E agora, eu a consegui. – ele começou a rir de novo nesse ponto – Jacob, você a entregou de bandeja para mim, sem se dar conta... Estava cego demais pela raiva, a emoção falou mais alto que a razão! Mal consigo acreditar em como foi fácil distraí-lo com essa jogada do “seqüestro”, meu caro oponente!
Houve naquele momento uma avalanche de imagens se projetando em minha lembrança. As memórias mais bonitas da minha Renesmee... suas facetas mais perfeitas... Seus olhares mais estonteantes... os sorrisos avassaladores... seu toque tão delicado... a emoção inigualável do seu beijo... Tudo que me era mais valioso, de repente ardeu em chamas bem diante de mim e daquela ligação!
Eu estava sufocando... Estava na entrada do inferno!
“O que ... acontece... agora?!” indaguei sem forças, já de joelhos no chão e o rosto coberto de lágrimas “O que vem em seguida?!”
O anjo da morte lançou para mim um sorriso fatal, e o prazer da sua vitória veio como uma espada afiada sobre minha cabeça:
– XEQUE-MATE!
4 comentários:
Que horrivel... to sem palavras...como ele deixou isso escapar!!!!! NÂO ACREDITO!!!!...AAHHHH...
esse g.b pensa muito bem em sua estratgia coitado do Jake
Como eu queria arancar a cabeça dese g.b!
O.O O.O O.O
MERDA MERDA MERDA...
Não consigo acreditar... Ai... Meu... Deus!
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