Coração Inquieto - Capítulo 32

“Então… Acho que ela está chateada.” Eu ouvi Derek ressaltar. Revirei meus olhos, muito agravada para rir dele.

“Cala a boca, garoto.” Jacob cuspiu. “Bella…” Parei no corredor para que eu pudesse ouvir o que ele tinha para dizer para ela. “Eu sinto muito que ela reagiu daquela forma. Pensei que ela tinha liberado toda a sua frustração ontem à noite. Eu vou falar com ela.”

“Não,” Minha mãe disse friamente. “Deixe-a ir. Ela precisa pensar nisso agora. Eu conheço minha própria filha”.

“Eu realmente sinto muito, Bells”. Jacob sussurrou.

“Tudo bem, Jake. Ela tem o direito de saber, mas eu queria que ela…”.

“Não, Bella. Ela não tinha o direito de reagir assim.”

“Aquilo ali prova que ela é ainda uma criança. Jacob, ela pode parecer e às vezes agir como se ela tivesse quinze anos, mas ela só tem dez anos. Aquilo ali, aquela birra que ela acabou de dar apenas prova de que ela não é tão velha quanto você acha que ela é.”

“Eu sei, mas eu não posso impedi-la de sentir do jeito que ela sente.”

“Bem, tente. Não é hora para ela ainda.” Minha mãe disse suavemente.

Eles estavam errados. Eu estava pronta para estar em um relacionamento com Jacob. Eles não iam me parar. Eu preciso estar com ele. Ponto final.

“Então, eu estou me sentindo um pouco fora de lugar. Posso ir para outro lugar?” Balancei minha cabeça para Derek. Eu me virei e espiei pela fresta da porta. Ele tinha saído da piscina e estava em pé perto de Jacob.

“Uau, você é realmente irritante!” Jacob cuspiu e deu um tapa com a palma da mão contra a testa de Derek, empurrando-o de volta para a piscina.

“Ou a piscina aqui está boa.” Murmurou Derek.

Eu tive que ir embora antes que eu começasse a rir.

Passei pela porta da sala e fui para o saguão. Eu não me importava que ainda estivesse na minha roupa de banho. Passei pela pequena família que se preparava para se registrar.

“Existe algo que eu possa fazer por você senhorita Cullen?” O homem na porta me perguntou.

“Não, obrigado”. Sorri educadamente para ele e continuei a sair.

O jardim da frente era grande e silencioso. O sol estava brilhante e quente, assim que eu encontrei um banco me sentei, abraçando os joelhos em meu peito. As palavras do meu pai ecoavam na minha cabeça. Ele estava certo. Mamãe tinha arriscado muito para me manter viva. Eu estava errada em reagir da maneira que reagi, mas aquilo foi apenas uma birra momentânea. Agora eu tinha que provar que era madura o suficiente para estar em um relacionamento com Jacob. Espero que este tenha sido o último dos segredos. Eu não sei quantas surpresas mais eu posso agüentar.

“Ei,” Ouvi alguém dizer atrás de mim. A voz pertencia à Derek. Eu me virei para vê-lo andando no banco para se sentar ao meu lado.

“Então, você sabia que seus pais não podem vir aqui atrás de você? É por isso que eles me mandaram.” Ele disse orgulhoso que eles tivessem pedido sua ajuda.

“Eu sei que eles não podem vir aqui.” Suspirei. “A pele deles não reage ao sol da mesma maneira como a minha ou a sua.”

“Sério? Eles queimam?” Derek inclinou-se aguardando a minha resposta.

“NÃO!”

O rosto de Derek passou de empolgação para decepção em um piscar de olhos. Ele pegou o meu olhar arregalado para ele e explicou-se rapidamente.

“Oh, eu não queria dizer que eu gostaria que eles queimassem. Por favor, não fique brava, eu não quero que você beba o meu sangue ou qualquer outra coisa… É apenas que… bem… isso é o que dizem as histórias”.

Revirei os olhos. “As histórias também dizem que temos presas.” Abri minha boca e fechei meus dentes juntos. “Parece que eu tenho presas?”

“Não, mas eu também não vejo o que acontece à noite quando você vai fazer sua caça.” Ele estendeu a mão e cutuvou minha gengiva. Eu recuei. “Elas podem crescer ou algo assim.”

“Ugh! Derek! Nós não temos presas, e eu durmo à noite, idiota”.

“Oh, certo. Bem, seus pais e resto de sua família dormem? Eu nunca vi o quarto deles, eles-”

“Não diga caixão!” Eu cuspi. “Eles não dormem, e eles não têm um caixão em seu quarto, eles têm uma cama”.

“Mas você acabou de dizer…” Ele diminuiu sua voz quando ele me viu balançando a cabeça.

“Não pergunte.” Murmurei.

“Entendi.” Ele acenou com a cabeça uma vez.

“Então, eles te enviaram aqui para ser engraçado ou fazer-me voltar para dentro?”

“Nenhum dos dois”, Derek deu de ombros. “Eles só queriam ter a certeza de que você estava bem.”

“Oh, ok.” Eu relaxei.

“Mas”, Ele falou baixo e puxou a toalha que estava envolta em seus ombros. “Seu pai queria que eu dissesse para você enrolar isso em torno de você. Ele disse que não queria que você ficasse queimada já que a sua pele é tão clara,” Derek olhou por cima do ombro e se inclinou para que o seu queixo estivesse em meu ombro e seus lábios em meu ouvido. “Mas eu acho que é porque você está mais da metade nua”.

“Você é rápido.” Eu disse sarcasticamente e peguei a toalha dele.

“Falando sério agora,” Derek falou sem uma pitada de humor. “Eu acho que seus pais estão certos… até certo ponto. E você me conhece, eu não sou aquele a concordar com os adultos.” Derek olhou para longe do meu rosto para que ele pudesse falar sem o meu comentário facial. “Sua mãe parecia realmente chateada. Ela é uma pessoa legal. Muito bonita, mas de qualquer maneira, seu pai assusta o diabo de mim, então basicamente irei concordar com tudo o que ele disser. Ele está me observando agora?” Derek contraiu enquanto ele olhava nervosamente ao seu redor.

Eu me dobrei de tanto rir. Assim como eu normalmente faço quando Derek e eu saímos.

“Eu disse que isso é sério. Não estou tentando ser engraçado.”

“Derek, você nunca tenta ser engraçado. Você é naturalmente assim.”

Derek parecia pensar sobre isso e sorriu. “Legal!”

Eu gemi.

“Então, você ainda está zangada com sua mãe?”

“Não realmente. Eu sei que isso foi bem antes de eu nascer, mas ainda é muito estranho.”

“Você acha que é estranho, imagine como ela sente. Ela beijou o namorado da filha. Estou contente por eu não ser um vampiro. Acho que eu precisaria de uma baita terapia fosse você”.

Bufei. “Eu estive pensando nisso.” As palavras de Derek me fizeram estremecer. Ele realmente não entendia o perigo que ele corria por minha causa.

“Renesmee,” a voz de Jacob veio rápida. Ele pegou minha mão e puxou-me para ficar de pé. “Derek, vamos lá.” Ele bufou e empurrou-me para andar na frente dele.

“Você não deveria segurar a mão dela quando atravessasse o estacionamento? Ela não tem idade suficiente para-” Eu não sabia de onde isso veio. Eu odiava ser chamada de criança. Eu tinha quinze anos, não dez! Eu girei tão rápido que nem sequer Jacob reagiu para me deter até que meu punho entrou em contato com o nariz de Derek. Eu ouvi ele quebrando e pulei para trás.

“Eu sinto tanto, tanto, tanto, tanto, tanto, Derek!” Tirei minha toalha e apertei-a contra seu nariz.

Jacob ficou em silêncio ao meu lado enquanto ele olhava com a boca aberta em um perfeito O.

Derek estava de olhos arregalados. “Acho que você quebrou meu nariz.” Ele ressaltou como se ele estivesse comentando sobre os meus sapatos.

“Eu não sei o que deu em mim! Sinto muito!” Eu disse novamente.

“Eu acho que merecia isso?”

“Não, você não merecia. Acho que só fiquei nervosa com alguém mais falando da minha idade.”

“Bem, me dê um aviso na próxima vez que eu te der nos nervos. Eu prefiro meus ossos no lugar. Mas tenho que dizer que você dá um soco fera.”

“Obrigada.” Murmurei. Jacob guiou Derek para dentro enquanto eu seguia lentamente atrás deles.

“Eu sabia que senti cheiro de sangue, o que aconteceu?” Minha mãe estava puxando a toalha para longe do rosto de Derek, logo que voltamos para o quarto.

“Não, não é sangue. Eu derramei ketchup. Fiquei com fome lá fora. Comi um cachorro quente.” Derek gaguejou e fechou os olhos encolhendo para longe de minha mãe.

Ela balançou a cabeça e riu. “Está tudo bem. O cheiro não me incomoda. O que aconteceu?” Ela perguntou enquanto inclinava sua cabeça para trás para obter uma melhor visão.

“Eu.” Eu disse calmamente.

“Você bateu nele?” Meu pai perguntou, a sua voz levantou-se pelo choque.

“Dei um soco nele”. Murmurei. “Eu pedi desculpas.” Adicionei.

“Isso aí, garota!” Quil socou o ar e meu pai se virou para rosnar para ele.

“Bella, ela o quebrou?” Meu pai apertou meu ombro enquanto ele passava por mim para inclinar-se por cima do ombro dela.

“Sim, mas eu hmm…” Ela olhou por cima do ombro para ele.

“Parece que sim.” Ele respondeu a sua pergunta em silêncio.

Ela respirou fundo e guiou Derek até o sofá. “Querido, eu preciso que você se sente.”

“Sim, senhora.” Derek deixou-a empurrar seus ombros para baixo, para ele sentar no sofá. Ela apertou os ombros dele para trás de modo que ele se encostasse na parte de trás do sofá. Ela se curvou e se inclinou para ver melhor o nariz. Eu não estava prestando muita atenção, mas notei os olhos de Derek se arregalarem quando a minha mãe inclinou-se suficientemente longe para que sua blusa se pendurasse para fora de seu pescoço. Os olhos de Derek seguiram seu queixo, desceram pelo seu pescoço, e meu pai voou atrás do sofá, ao mesmo tempo sua mão bateu na testa Derek forçando a cabeça dele de volta na almofada, então ele estava olhando para o teto.

“Eu não sei do que você está falando!” Derek gritou, assustado com a reação súbita.

Todos riram menos meu pai. “Eu não disse nada.” Meu pai disse friamente.

“Oh,” murmurou Derek suas bochechas estavam tão vermelhas quanto o sangue escorrendo de seu nariz.

“Feche os olhos e respire profundamente.” Minha mãe ignorou a comoção acontecendo ao seu redor.

“Por quê?” Derek perguntou.

“Porque eu disse.”

“É suficiente”. Derek fechou os olhos e respirou fundo. Minha mãe olhou para o meu pai e ele concordou aumentando seu aperto na cabeça de Derek.

“Ok, querido, deixe o ar sair.” Ela disse rapidamente e enquanto ele deixava, eu ouvi um outro som de ossos quebrando.

“Ah! Poxa, desculpe por olhar para sua camisa! Eu juro que nunca vou olhar pra outra mulher de novo! Você não tem que quebrar meu nariz novamente. Agora eu sei onde sua filha herdou isso.”

“Derek, eu tive que recolocar o seu nariz. Você quer que ele cure torto? Posso deixá-lo como estava novamente se quiser.” Minha mãe sorriu e estendeu a mão para seu nariz. Ele tirou as mãos dela e se encolheu no encosto do sofá.

“Não, está legal. Estou bem.”

“Renesmee, você pode, por favor, buscar um curativo do kit de primeiros socorros no banheiro para mim?” Minha mãe me pediu. Concordei e peguei o que ela precisava. Eu não percebi o cheiro de sangue Derek até que cheguei mais perto dele. Estávamos lá fora quando seu sangue começou a sair, além do mais o vento estava soprando na direção oposta do meu nariz.

Estávamos agora em um quarto fechado. Eu estava de pé em uma janela aberta antes de minha mãe me pedir para pegar o curativo. Esta foi a primeira vez que eu cheirei sangue humano sendo derramado. Por um momento, o vermelho que estava escorrendo de seu nariz era tudo que eu podia ver. O sangue Derek era o mais doce que eu já cheirei. Nenhum cheiro animal poderia se comparar. Nem mesmo o sangue doado que lembro beber enquanto criança. Vi meu pai andando em minha direção para pegar o curativo. Eu rapidamente travei meus músculos para saltar antes que ele me alcançasse. NÃO! O que eu estava pensando? Rapidamente coloquei meus pensamentos na cabeça de meu pai. Eu sabia que não poderia controlar isso sozinha. Este era o meu melhor amigo. Por que eu quero beber o sangue do meu melhor amigo? Eu me aproximei, os dentes à mostra. Soltei um grunhido leve, ao mesmo tempo meu pai engasgou e minha mãe se virou para ver porque eu estava rosnando.

Os braços de meu pai se travaram na minha volta e minha mãe tomou uma postura de proteção em frente à Derek. Bom. Eles estavam me levando a sério.

“Edward?” Jacob perguntou freneticamente, quando ele ouviu meu grito de dor enquanto meu pai aumentava seu aperto mim. “Nessie você está bem?”

“Não fale com ela agora. Me dê um minuto.” Meu pai disse friamente. “Estou falando sério Jacob, se afaste”.

Nem percebi que Jacob estava perto de mim. A única coisa na qual eu poderia me concentrar era o doce cheiro vindo do meu melhor amigo. Eu não podia ver seu rosto por trás da minha mãe e eu estava contente. Lutei contra o aperto de meu pai, mas ele era muito forte. Ele nos moveu para trás, e em seguida saiu pela porta. Estávamos sozinhos no corredor. Felizmente, nós éramos os únicos no andar superior.

Eu sabia que a imagem que meu pai e eu estávamos exibindo não era normal. Lutei até que ele me tivesse em meus joelhos. Seu peito pressionado firmemente contra as minhas costas. Seus braços travados em volta do meu peito. Ele tinha agarrado meus pulsos e os prendido contra meu peito para que então eu não atacasse ele. Não que eu fosse machucá-lo. Eu percebi que estava ofegante, mas o barulho soava muito animalesco para estar vindo dos meus lábios. Mesmo que a porta estivesse fechada eu ainda podia sentir o cheiro de seu sangue. Eu agora estava procurando por ele. Eu sabia o que procurar. Eu realmente era um monstro.

“Shh.” A voz de meu pai era seda em meu ouvido. “Eu sei que é difícil, mas você deve controlar. Sei que você pode fazer isso. Feche seus olhos e pense em outra coisa. Qualquer outra coisa. Pense em Jacob. Veja o rosto de Derek em sua mente. Seu amigo Derek. Você não quer machucá-lo. Ele é um amigo. Veja o rosto de Jacob, você não quer que ele se preocupe com você. Lute querida. Eu sei que é difícil”. A voz de meu pai soava com dor. Ele se machucava ao me ver assim. Eu gostaria que ele não tivesse que me ver dessa maneira, mas eu precisava dele.

“Estou bem aqui.” Percebi que ainda estava colocando meus pensamentos em sua mente. Isso era uma coisa boa. Ele precisava ver tudo o que eu estava pensando agora. Alguém passou pela porta e uma nova onda do cheiro inebriante explodiu por baixo dela, direto para meu nariz.

“Eu quero!” Rosnei e comecei a lutar para me soltar.

Meu pai se levantou comigo nos braços. Ele me enfiou debaixo do braço e puxou-me para o canto mais distante da sala. Ele empurrou a janela aberta e mais uma vez eu estava ajoelhada no chão, com ele sobre mim. Seus braços estavam mais apertados do que qualquer restrição em todo o mundo, mas eu ainda lutava para se soltar.

Inclinei minha cabeça para trás e a apoiou em seu ombro. “Converse comigo, papai”. Implorei. Eu não queria pensar dessa maneira. Eu não queria planejar maneiras que eu pudesse matar o meu melhor amigo.

“Eu não vou deixar você machucá-lo. Sei exatamente como você se sente e não, não é porque você está me mostrando agora. Você sabe como o sangue de Derek cheira para você?”

O fogo na minha garganta respondeu sua pergunta. Eu o senti recuar com o pensamento e ele tomou aquilo como a minha resposta.

“Sim, desse jeito. Quando encontrei a sua mãe pela primeira vez eu me senti da mesma maneira. Claro que eu era séculos mais velho do que você é agora, mas eu tive que sair do estado para fugir dela. Eu queria matá-la. Eu também não me importava com quem mais eu teria que matar para chegar até ela. Eu queria seu sangue…”

Fechei os olhos e inclinei-me nele enquanto eu escutava essa nova história. Sua mão levantou para o meu peito, para que ele pudesse sentir meu coração. “É claro que o único assento vazio na classe estava ao meu lado. O cheiro era ainda pior com ela ao meu lado.”

“Você podia cheirar o sangue dela sem que ele derramasse?” Ele teve isso pior do que eu. Eu nunca notei como inebriante Derek cheirava até agora.

“Sim, eu passei toda a duração da aula planejando formas de matá-la. Como facilmente eu poderia trabalhar meu charme nela e pegá-la sozinha. Eu parti por um tempo e quando voltei eu lentamente percebi que queria protegê-la mais do que queria beber seu sangue. Fui capaz de suprimir o meu desejo em torno dela. Até mesmo suguei veneno para fora de seu sangue uma vez.”

“Sério?”

“MmHm, eu ainda continuei a desejar o seu sangue, mas meus sentimentos por ela eram mais fortes do que a minha necessidade de prová-la”.

“Como? Como você fez isso? Derek…” Me encolhi no peito do meu pai quando eu pensei na maneira como seu sangue cheirava. Agora que eu estava de frente para a janela aberta, não era tão ruim.

“Eu conhecia essa sede, mas a dominei com amor. Você tem que controlá-la. Eu sei que você pode. Você tem isso em você. Você sabia que na primeira caçada de sua mãe, eu a levei para fora enquanto você ficou com Jacob e o resto da família? Bella pegou o cheiro de um trilheiro. Ela percebeu o que ela estava caçando e focou a sua caça para longe deles. Ela estava com horas de ter nascido e mesmo assim foi capaz de sair do transe que o sangue humano tem sobre nós. Ela nunca provou sangue humano. Bem, além do sangue doado que ela bebeu quando estava grávida com você. Se ela pôde fazer isso, eu não tenho dúvidas de que você possa também. Você tem muito dela. Canalize o desejo para algo mais”.

“Eu posso fazer isso.” Acho. Não, eu tinha que fazer. Este era Derek. O cara que estava lá para me ajudar depois de Luke… eu rapidamente parei o meu pensamento, quando senti meu pai ficar tenso.

“Desculpe”, eu sussurrei.

Os lábios do meu pai se pressionaram contra o topo da minha cabeça. “Está bem. Pense no que você precisar. Controle o desejo. Ninguém está julgando você. Você é jovem, é compreensível.” Sua mão repousou na minha testa. A sensação era agradável e fresca. Ele deslizou a mão pela minha testa tentando tirar o suor que estavava se formando nela.

“Eu não vou deixar você fazer algo do qual você vai se arrepender mais tarde. Relaxe, estou bem aqui.” Ele sussurrou e encostou-se à parede, me puxando para o seu colo e me embalando. Seus braços ainda estavam apertados em torno de mim, me imobilizando. Eu não lutava mais. Fechei os olhos e me concentrei no som suave de sua voz. Apertei meu ouvido em seu peito e pude ouvir o eco de sua respiração. “Sabe, quando sua mãe estava grávida de você, você falou comigo.”

Virei-me em seus braços para olhar para ele. “Eu falei?”

Ele balançou a cabeça e inclinou-se para beijar minha testa. “Perto do final da gravidez eu podia ler seus pensamentos. Por uma fração de segundo eu pensei que de repente estava ouvindo sua mãe, mas a mente dela estava, como sempre, completamente silenciosa. Eu tive que perguntar o que ela estava pensando, apenas para ter certeza. Ela falou e seus pensamentos encheram a minha cabeça.”

“No que eu estava pensando?” Eu perguntei ansiosamente.

“Você gostava do som da voz dela. Você queria que eu a mantivesse falando, a voz dela te ajudava a dormir melhor.”

“Sério?”

Ele balançou a cabeça e continuou. “Nós estávamos conversando e eu podia entender o amor inegável que você sentia por ela. O amor de uma criança à sua mãe. Você gostava do som da minha voz também, sabe?”

“Ainda gosto”. Suspirei. “Me conte mais.” Insisti. O doce aroma de Derek estava sumindo, minha sede estava esfriando à medida que mais me concentrei nas histórias do meu pai.

“Bem, sua mãe costumava sentar com você em seus braços enquanto você estava dormindo e manter sua mão pressionada contra a bochecha dela, para que ela pudesse ver os seus sonhos. Enquanto você esperava por ela acordar após a mudança, você gostava de se sentar no quarto comigo enquanto eu tocava piano para vocês duas. Acho que você queria que ela acordasse, tanto quanto eu. Você não entendia porque ela não podia segurar você. Oh, mas no dia que ela acordou nós não achamos que ela seria capaz de se conter perto de você. Seu cheiro não é tão forte quanto de um humano, mas ainda cheira maravilhoso. Como sempre, sua mãe me surpreendeu, ela estava tão ansiosa para te abraçar, tanto quanto você estava para que ela te segurasse. Aquele foi um dos melhores dias da minha vida. Ver vocês duas juntas novamente.”

“Uau”, eu respirei. Era bom ouvir histórias de quando eu era um bebê. Fazia-me sentir normal.

“Como estamos por aqui?” Minha mãe disse baixinho enquanto ela espreitava a cabeça para fora da porta.

“Nós estamos bem.” Meu pai concordou.

Minha mãe caminhou rapidamente até nós, e se ajoelharam diante de mim. “Não se envergonhe por isso. Você é parte vampiro. Apenas fique atenta em torno de Derek. Mesmo um pequeno corte de papel pode te deixar louca.” Minha mãe riu e meu pai rosnou. Eu decidi não perguntar.

“Ele está com raiva de mim?”

“Não, querida. Ele mal entendeu o que aconteceu. Embora Jacob está um pouco nervoso.”

Concordei. “Eu vou falar com ele.” Me movi para levantar, mas os braços de meu pai me apertaram ao mesmo tempo, minha mãe estendeu a mão para me parar. “Eu estou bem, honestamente.” Meu pai me deixou levantar sozinha. Dei um passo em direção à porta aberta e um passo para trás entre meus pais.

“Me segurem”. Ambos colocaram uma mão no meu ombro e a outra mão segurando minha cintura. Não que eu precisasse que ambos me segurassem. Eu não era tão forte assim. Eu só queria o apoio deles e eles sabiam disso.

Entrei na sala com as mãos dos meus pais ainda nos meus ombros e cintura. O rosto de Derek ainda era Derek. Exceto seu olho direito que estava preto e azul pelo nariz quebrado, mas ele olhou para mim e sorriu. “Então, Leah me disse que eu sou tentador para você. Não sei se isso deveria ser um elogio ou não.”

“Derek, eu não posso nem começar a dizer o quanto lamento.” Murmurei ainda encolhendo em meus pais.

“Não se preocupe com isso. Não é todos os dias que eu tenho a minha melhor amiga querendo beber o meu… er… ketchup”.

A atmosfera na sala ficou leve quando eu me dobrei rindo dele. Ambos os meus pais me deixaram ir, mas ainda estavam logo atrás de mim.

Eu voltei para trás e peguei a mão do meu pai para me envolê-la novamente em torno da minha cintura. Ele a deixou lá e peguei Jacob assistindo do canto do meu olho. Lancei visões para meu pai do meu abraço em Derek para se desculpar com ele. Mas eu queria que seu braço ficasse em torno de mim. Não havia mais sangue em qualquer lugar, a minha mãe limpou perfeitamente, mas eu queria ter certeza. Meu pai disse algo baixinho para minha mãe e ela se afastou de mim. Meu pai foi comigo enquanto eu caminhava até Derek. Ele se levantou, com ar descontraído como sempre. Isso não parece incomodá-lo.

“Não fique tão chateada Ness. Eu sei o que você é. É natural. Só não faça isso novamente.”

“Eu prometo”. Eu disse rapidamente e joguei meus braços em volta de sua cintura. Ele me abraçou de volta, mas o movimento pareceu estranho com o peito do meu pai pressionado contra as minhas costas. Eu estava ok. Eu não era o monstro que eu pensava que era. Ele leu meu pensamento e senti suas mãos deslizarem da minha cintura.

“Você realmente não está zangado comigo?” Perguntei enquanto me afastava de Derek.

“Um pouco intimidado por você, mas zangado? Não, zangado não.” Ele balançou a cabeça e acariciou minhas costas.

Suspirei e me virei em direção de Jacob. “Você quer falar sobre isso?” Minha voz tremeu.

“Você está bem?”

Concordei com a cabeça.

Ele atravessou a sala e me puxou para um abraço apertado. “Então não há nada para se falar.”

Esqueci as outras pessoas na sala, especialmente os meus pais, até que eles limparam suas gargantas ao mesmo tempo. Eu me obriguei a parar de beijar Jacob, e senti meu rosto corar um vermelho brilhante.

Derek puxou o ar por entre seus dentes fazendo um som chiado. “Oooooh, o primeiro beijo na frente dos pais… que vergonha.”

Escondi meu rosto no peito de Jacob. Eu podia sentir as vibrações de seu riso. Jacob passou seus braços em minha volta e me puxou para o sofá.

Encontrei o olhar de minha mãe sorri para ela.

Sinto muito pelo o que aconteceu mais cedo. Podemos falar sobre isso mais tarde. Eu pensei, e lhe mandei minhas memórias dela e eu juntas, mostrando para ela o quanto eu a amo.

Ela acenou e sorriu de volta para mim. Meu pai foi para trás e ela recostou-se contra ele. Eu conhecia aqueles olhares. Eles tinham algo a dizer.