Mais um dia em que eu caminhava pelo acampamento com mil coisa na cabeça. Descanso era um privilégio que eu não tinha.
- Major Whitlock?
- Sim?
- Correspondência para o senhor.
Eu não lembrava quanto tempo fazia desde que recebi as últimas notícias de casa. 15 dias? 30? 50? Não importava. Eu sabia que as notícias seriam as mesmas: “estamos bem, mas estamos preocupados com você.” Conversa de família.
Sabia que não havia sido fácil para meus pais quando eu saí de casa para a guerra antes de ter idade para isso. Ser alto e carismático nunca me pareceu uma grande vantagem até o dia do alistamento.
Mas não era como se a guerra fosse durar para sempre, afinal, as pessoas não vivem pra sempre. Em breve tudo estaria terminado. Bem, era o que nós esperávamos todas as noites.
Meu pai escrevia com uma sua letra cansada sobre o trabalho para manter a família e como todos sentiam orgulho de mim. No final, como sempre, preocupação e recomendações para que eu tomasse cuidado. Mas eles não precisavam temer, nada de errado tinha acontecido até agora e se tudo corresse bem, o máximo seria eu voltar para casa com alguma marca de guerra, como uma cicatriz talvez.
Eu queria responder a carta, mas havia tanto a se fazer por aqui. Eu não era um soldado que seguia ordens. Ok. Eu seguia ordens também, mas era diferente. Eu era diferente. Se não fosse, teria ficado em casa esperando a hora de ser convocado. Ou teria uma namorada me esperando quando voltasse para casa.
Namorada.
Eu tinha responsabilidades maiores para me preocupar: uma guerra. Eu era um major em uma batalha e precisa agir como tal. Amanhã eu responderia. Hoje, não.
Em algumas horas, teria que me certificar de que mulheres e crianças estivessem a salvo. Isso era mais importante que parar para escrever uma mensagem. Meus pais não teriam com o que se preocupar novamente. O que poderia dar errado com isso? São apenas mulheres.
Autora: Vitoria Scritori
1 comentários:
Digamos que esse "São apenas mulheres" ... não é tão frágil assim ....
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