O Anjo - Capítulo 08: Desconfiança

Um ano desde a partida de Charles já havia passado, mas o que eu desconfiava e não sabia era se ele continuava vivo ou morto. Perguntas que eu não tinha respostas. Meus pais haviam se mudado para uma pequena casa do redor da cidade e eu nunca mais os vi desde então.

Recebia apenas cartas, dizendo como eles estavam e o que andavam fazendo da vida. Eu cuidava da casa e lia, fazia compras dos itens que precisava com o pouco dinheiro que meu sogro enviava. O que sobrava eu poupava, pra um dia, quem sabe eu precisasse de dinheiro.

Ouvi uma batida na porta e fui atender, não recebia visitas desde que o major Willow levou Charles com ele para a Guerra.

- Senhora Everson? - Um jovem loiro, olhos azuis que aparentava ter no máximo 18 anos me dirigiu a palavra.

- Sim, sou eu. Esme Everson. Em que posso ajudá-lo? - Eu esperava pelas piores noticias.

- Eu lhe trouxe essa carta de seu marido! Eu apenas vim entregá-la à senhora!! - Eu peguei a carta e nem reparei quando o soldado desapareceu de minha frente.

O envelope estava muito bem lacrado, para que ninguém, além de mim mesma pudesse ver o que nele estava escrito.

Ao abrir notei que era a letra dele, Everson. A resposta da pergunta que acabara de fazer: Ele estava vivo naquela maldita Guerra. Toquei a carta com as pontas dos dedos, notando o quão suave era sua escrita. Comecei a ler a carta e imediatamente senti um aperto em meu peito.

“Local: Eu não sei.

Dia: Não tenho idéia.

Para minha querida e adorável esposa Esme Everson;

Eu sinto tantas saudades de você meu amor, das noites em que em seus braços eu dormi, e do amor ilimitado que sinto por você querida. Minha pequenina e doce Esme.

Espero que esteja aproveitando a minha ausência, mas sei que quando eu retornar, voltaremos a ser a família feliz que sempre fomos.

Quando eu voltar, você voltará a ser a pessoa feliz que era, entende não é querida?

Vou tomá-la em meus braços novamente e te amar, como sempre fiz.

Eu estou no inferno agora e não deixo de pensar em você um minuto sequer, sei que também pensa assim.

Isso aqui está para acabar, eu sinto isso e quando tiver fim, voltarei inteiramente para ser seu.

Eu te amo!

Charles Everson”

Não acreditava no que lia em minhas mãos, Charles não estava morto e ainda voltaria para cobrar o que por direito era dele. Mas eu não iria resistir, eu derramaria as mesmas lágrimas? A dor novamente voltaria para me assombrar? Nossas perguntas que surgem quando se consegue respostas de outras.

Apenas uma coisa eu tinha certeza: Charles estava vivo e meu inferno retornaria o quanto antes.